Crianças Verdes de Woolpit: Um Enigma Medieval Sem Respostas Definitivas

Crianças Verdes de Woolpit: Um Enigma Medieval Sem Respostas Definitivas

2021 - O episódio envolvendo as crianças verdes de Woolpit teve lugar na Inglaterra durante o século XII, e sua verdadeira origem permanece desconhecida até os dias atuais. A narrativa em torno dessas crianças, situada na Inglaterra medieval do século XII, continua sem uma explicação definitiva. A ocorrência teve início quando habitantes locais, durante uma colheita em Suffolk, depararam-se com dois jovens, um menino e uma menina, incapazes de se comunicar em inglês e utilizando uma língua estranha e desconhecida.

Apesar das circunstâncias, Richard de Calne, residente na vila, acolheu os jovens em sua casa. Além das questões mentais confusas e da coloração esverdeada da pele, as crianças estavam em estado de desnutrição. Curiosamente, elas inicialmente recusaram qualquer alimento oferecido pelos moradores, mas começaram a se alimentar quando descobriram o feijão. Consequentemente, a saúde dos dois melhorou, ao mesmo tempo em que a coloração verde de suas peles desaparecia. Entretanto, apesar da melhora na alimentação, o menino sucumbiu à doença e faleceu.

Por outro lado, a menina sobreviveu e aprendeu a falar inglês. Identificada como Agnes, ela relatou à nova família e aos habitantes da vila que ela e seu irmão provinham de um país caracterizado por cavernas e passagens subterrâneas. Nesse lugar, um pôr-do-sol eterno e um rio separavam a região de um local mais iluminado. Após deixarem a chamada terra de St Martin, Agnes e seu irmão teriam percorrido túneis subterrâneos por dois dias até alcançarem a superfície.

Contexto Histórico

As crônicas históricas sobre as crianças verdes de Woolpit são majoritariamente provenientes de duas fontes. Nem um dos autores teve contato direto com as crianças. Ralph, um abade residindo em um condado próximo, já estava ciente da história. Após interagir com Richard de Caine, que adotou as crianças, ele documentou o caso em seu livro Chronicon Anglicanum, datado de 1189.

Além disso, a obra do monge e historiador William de Newburgh também abordou o caso. Publicado alguns anos mais tarde, em 1220, seu trabalho, Historia rerum Anglicarum, complementou as narrativas disponíveis. Apesar de inúmeras tentativas de explicação ao longo do tempo, a verdade por trás da origem das crianças permanece desconhecida até os dias atuais.

Possíveis Explicações

Em 1998, o historiador Paul Harris ofereceu uma análise do episódio das crianças de Woolpit, sugerindo que elas poderiam ter se escondido nas florestas da região, resultando no desenvolvimento de anemia devido à falta de alimentação.

Atualmente, uma explicação plausível poderia envolver a clorose, uma condição de saúde que provoca uma coloração esverdeada da pele, relacionada ao desenvolvimento de anemia.

Adicionalmente, os eventos traumáticos decorrentes da privação de alimentação poderiam ter afetado a memória e a capacidade de raciocínio das crianças, contribuindo para a versão fantasiosa da história contada por Agnes.

Com base na análise dos eventos históricos da época, a teoria predominante sugere que as crianças verdes estavam fugindo da perseguição do rei Henrique II contra os invasores flamengos (belgas). Nesse contexto, a terra de St Martin poderia ser identificada como o vilarejo de Fornham St Martin, destruído pelo exército britânico durante um ataque.

 

Do Subterrâneo à Realidade: A Fascinante Jornada das Crianças Verdes de Woolpit

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2023 - A origem de algumas lendas pode estar relacionada a eventos reais. Nesse sentido, é comum que estudiosos examinem os mitos mais difundidos de uma região para tentar compreender as circunstâncias que deram origem a essas narrativas. Um exemplo notável é a história das crianças verdes de Woolpit, que por muitos anos foi considerada um relato de contato com seres extraterrestres.

Segundo a lenda, em um dia tranquilo do século XII, um par de crianças surgiu desacompanhado no vilarejo de Woolpit, localizado em Suffolk, Inglaterra. Até aqui, nada extraordinário, não é mesmo? Casos de crianças desaparecidas são, de fato, comuns até os dias atuais. Contudo, essas crianças não se comunicavam em inglês e, mais surpreendente ainda, apresentavam coloração verde em sua pele. Importante ressaltar que essa coloração não era resultado de pintura; a pele das crianças era naturalmente esverdeada. Desamparadas, a menina e o menino foram conduzidos à residência de um dos habitantes do vilarejo, Richard de Calne, que passou a cuidar delas até a possível chegada de seus responsáveis, o que nunca aconteceu.

O Sr. Calne enfrentou um desafio ao tentar alimentar as crianças, pois tudo o que oferecia era recusado por elas, até que descobriram os feijões. Em algumas versões da lenda, relata-se que as crianças consumiram feijões crus, colhidos diretamente no quintal de Calne. Com o passar das semanas, elas teriam gradualmente aceitado outros tipos de alimentos. Alguns relatos mencionam que o irmão mais jovem, o menino verde de Woolpit, veio a falecer alguns dias após ser acolhido, enquanto a menina se tornou adulta, integrando-se completamente à rotina do vilarejo.

Após aprender inglês, a garota compartilhou com os moradores a sua suposta origem: ela e o irmão seriam provenientes de um mundo subterrâneo, onde não havia luz solar, a língua falada diferia da superfície e os alimentos consumidos eram distintos.

Curiosamente, após adotar uma dieta apropriada, a garota perdeu a coloração verde, adquirindo uma aparência convencional.

Historiadores que investigaram a história das crianças verdes de Woolpit chegaram a uma conclusão diferente do relato da sobrevivente. Em 1998, o historiador Paul Harris sugeriu que a coloração verde mencionada seria resultado de uma séria anemia, uma vez que as crianças teriam passado semanas sem se alimentar adequadamente. O menino, inclusive, teria falecido de desnutrição.

A comunicação distorcida que nenhum habitante do vilarejo conseguia entender era, de acordo com essa análise, simplesmente um idioma diferente, já que os pequenos teriam sido perseguidos por serem descendentes de flamengos. A ausência de lembranças sobre sua história, criando uma narrativa de serem moradores subterrâneos, seria atribuída a um possível trauma, correlacionando-se com a hipótese de terem sido vítimas de um severo ataque, provavelmente resultando na morte de toda a sua família. A menina foi batizada como Agnes e teria se casado com um militar local, enquanto seu irmão veio a falecer após o batismo, ainda na infância.