Ouroboros, também chamado de oroboro ou uróboro, é um dos símbolos mais intrigantes e antigos da humanidade. A imagem de uma serpente, ou dragão, mordendo a própria cauda carrega um significado profundo e misterioso. De origem grega, o nome é formado por duas palavras: "oura", que significa cauda, e "boros", que quer dizer devorar. Assim, ouroboros é literalmente “aquele que devora a própria cauda”. E isso já nos dá uma pista: o ciclo sem fim, o eterno retorno, o recomeço contínuo. Curioso, não é?
Esse símbolo é amplamente associado à alquimia, muitas vezes retratado como duas criaturas míticas mordendo o rabo uma da outra. Já pensou que o símbolo do infinito (∞), que todos conhecemos, pode ter sido inspirado nessa ideia de dois ouroboros lado a lado? Fascinante, né?
O Ouroboros e o Eterno Retorno
De acordo com o Dictionnaire des symboles, o ouroboros representa o ciclo da evolução que se volta sobre si mesmo. Imagine um círculo sem começo ou fim, sempre se renovando. Ele nos lembra que a vida é um movimento contínuo, que se auto-fecunda, e que tudo está em constante transformação. E, claro, essa noção do "eterno retorno" tem muito a ver com as leis do universo, como o ciclo das estações, a sucessão dos dias e noites, e até mesmo com as nossas próprias vidas.
Albert Pike, no livro Morals and Dogma, fala da serpente enrolada em um ovo como símbolo de criação, uma ideia comum entre egípcios, druidas e indianos. Isso nos faz pensar que o ouroboros não é apenas sobre o fim e o começo, mas sobre a essência da criação, o nascimento do cosmos, o ciclo do universo em si.
Simbolismos e Interpretações
O ouroboros tem muitas interpretações e cada uma parece trazer uma camada extra de significado. Sua forma circular, por exemplo, pode ser vista como uma representação do mundo infernal, enquanto o círculo representa o mundo celestial. É como se a serpente unisse esses dois mundos — o terreno e o divino — num ciclo perpétuo. Outros autores sugerem que a serpente morder a cauda é uma metáfora para a ruptura de uma evolução linear, como se o tempo fosse espiralado, e não apenas uma linha reta. Assim, cada vez que o ciclo se fecha, estamos num novo patamar de existência.
Agora, se você pensar na roda da existência, um símbolo solar presente em várias tradições, isso complica um pouco as coisas. Ao contrário do círculo perfeito, a roda traz uma sensação de imperfeição, de algo que está sempre se transformando, nunca estático. É o ciclo da criação contínua, do perecível, do que está por vir. Meio poético, não acha?
O Ouroboros na Alquimia e na Filosofia
É comum encontrar o ouroboros em obras alquímicas, onde ele carrega a ideia de "alimentar o fogo com fogo até que ele se extinga". Essa ideia remete à transformação alquímica, onde a união dos opostos gera uma nova forma de existência. Interessante notar que o ouroboros aparece nesse contexto como algo que destrói e renasce, um símbolo tanto de morte quanto de criação.
Outro fato curioso: alguns estudiosos especulam que a palavra "ouroboros" pode ter raízes etimológicas intrigantes. Em copta, "ouro" significa rei, e em hebraico, "ob" quer dizer serpente. Seria, então, o ouroboros o "rei serpente", ou até mesmo um símbolo de poder supremo e cíclico?
Conexão com o Budismo Tibetano
O ouroboros também ressoa com algumas práticas espirituais, especialmente no budismo tibetano, onde conceitos como dzogchen e mahamudra fazem referência à ideia de "morder a própria cauda". Em estados meditativos profundos, o praticante pode experimentar essa sensação de observar a si mesmo de uma forma que transcende o tempo e o espaço. É como se, nesse estado, a pessoa se tornasse ouroboros, em uma experiência de autossuficiência e de completude.
Curiosidades: A Alcachofra e a Fênix
E se o segundo símbolo que frequentemente acompanha o ouroboros fosse... uma alcachofra? Sim, isso mesmo! Há quem diga que a alcachofra é o análogo vegetal da Fênix, aquela mítica ave que renasce das próprias cinzas. Após ser exposta ao calor, a flor da alcachofra perde sua cor vibrante e fica totalmente branca — uma metáfora de renascimento.
Nos antigos textos, o ouroboros também costuma vir com a expressão "Hen to pan", que significa "O Um, o Todo". É uma clara referência ao tema da ressurreição, e uma representação simbólica do renascimento do iniciado, como um novo ser que surge após um ciclo de transformação.
O Ouroboros na Cultura Contemporânea
Esse símbolo antigo também faz aparições na cultura pop. Filmes, séries e livros adoram usá-lo para simbolizar ciclos infinitos, conflitos internos e dilemas filosóficos. Seja como um dragão ou uma serpente, o ouroboros segue fascinando e trazendo questionamentos profundos sobre a natureza da existência. Como você pode ver, a simplicidade aparente desse símbolo esconde um mundo de significados.
No fim, o ouroboros nos lembra de que tudo está interligado. A criação e a destruição caminham lado a lado, e o fim sempre leva a um novo começo. Um ciclo sem fim, tão antigo quanto o próprio tempo.
REFERÊNCIAS: youtube, dicionario de simbolos, mundo estranho