A Verdade Sombria por Trás de Glamis

A Verdade Sombria por Trás de Glamis

O Castelo de Glamis: O Lugar Mais Bonito da Escócia… e o Mais Amaldiçoado. Se você achava que castelos eram só torres altas, jardins bem cuidados e nobres com cara de quem nunca riu na vida, pense de novo. Porque o Castelo de Glamis, escondido ali no leste escocês como um segredo mal guardado, é tudo isso — mas também é muito mais. É beleza de tirar o fôlego, sim. É história milenar, com pedras que já viram reis chorarem e traições florescerem em salas silenciosas.

Mas é, principalmente, um lugar onde a realidade parece se partir ao meio, deixando espaço para fantasmas, maldições, monstros presos em paredes e almas vendidas ao Diabo num jogo de cartas. E olha: não estamos falando de conto de fadas. Estamos falando de um lugar real, que você pode visitar, tocar, sentir o cheiro úmido das pedras antigas. E ainda assim, quem entra por aquelas portas pesadas sabe que está cruzando uma linha fina entre o mundo dos vivos e o dos que nunca foram embora.

Glamis: Não é só um castelo. É um personagem

castelo glamis vista

Localizado na pequena vila de Glamis, no condado de Angus, este colosso de pedra tem mais de 1.000 anos de história. Fundado no século 14, ele pertence à família Bowes-Lyon, um dos clãs mais antigos e influentes da nobreza escocesa. Sim, é daquele clã: o mesmo da rainha Elizabeth, a Rainha Mãe, mãe da rainha Elizabeth II. Ela cresceu aqui. Dormiu aqui. Andou pelos corredores escuros onde dizem que coisas estranhas acontecem. Hoje, o castelo abre suas portas ao público. Você pode pagar seu ingresso, fazer o tour guiado, tomar um chá na sala de estar da condessa e até comprar um chaveiro com a imagem do monstro da torre. Tudo muito civilizado. Mas todo guia, antes de começar o passeio, solta um sorriso meio amarelo e diz algo como:

“Agora eu vou contar as histórias oficiais. Depois, se quiser, posso te falar o que realmente acontece à noite.”

A Dama Cinza: A primeira assombração que ninguém consegue ignorar

Vamos direto ao ponto: quem passa perto da capela do castelo ou da torre do relógio, especialmente ao anoitecer, precisa ficar atento. Porque lá, segundo centenas de testemunhas, anda a Dama Cinza. É uma figura feminina, vestida com roupas antigas, cinza como cinzas de fogueira. Ela não fala. Só aparece. Às vezes parada numa janela. Outras vezes desaparecendo atrás de uma parede como se fosse feita de névoa. Alguns dizem que ela chora. Outros juram que sentem um frio cortante quando ela passa. Mas quem diabos é ela? A versão mais aceita? Lady Janet Douglas. Uma nobre acusada de bruxaria no século 16 pelo rei Jaime V da Escócia. A acusação? Tentativa de envenenamento. A prova? Praticamente nenhuma. O veredito? Queimada viva em 1537, na praça pública de Edimburgo.

Ela gritou inocência até o fim. E agora, segundo a lenda, seu espírito volta toda vez que um membro da família morre. Como se o castelo soubesse quando alguém vai partir. Tem gente que diz que ela só quer justiça. Outros acreditam que ela está presa ali porque foi traída pela própria família — afinal, muitos acreditam que os Bowes-Lyon tinham motivos para se livrar dela. Ela era rica. Era poderosa. E estava no caminho.

Outras almas que não descansaram

Se você pensa que a Dama Cinza é a única inquilina sobrenatural do castelo, prepare-se: o lugar é lotado. A mulher sem língua. Sim, isso mesmo. Um fantasma feminino que corre pelos jardins, pelas varandas, às vezes até batendo nas janelas dos quartos. Ela não fala — óbvio. Só aponta para o rosto, mostrando a boca mutilada. Dizem que foi punida por falar demais, talvez ter revelado um segredo proibido. Foi torturada. Teve a língua arrancada. E agora, séculos depois, ainda tenta contar sua história.

Tem também o jovem negro que assombra uma pedra perto do quarto da rainha. Isso mesmo: um homem de origem africana, servente do castelo há cerca de 200 anos. Ninguém sabe ao certo quem ele era, de onde veio, ou como chegou ali. Mas várias testemunhas relatam vê-lo sentado naquela pedra, como se estivesse esperando alguém. Alguns funcionários noturnos dizem que ele sorri. Outros dizem que ele some de repente, como se nunca tivesse estado ali. Será que era escravo? Um empregado livre? Um prisioneiro? O castelo guarda esse segredo tão bem quanto guarda os outros.

A Maldição de Sir John Lyon: Quando você mexe no que não deve

Toda tragédia tem um começo. E a do Castelo de Glamis começa com um homem chamado Sir John Lyon, conde de Strathmore no século 14. Lenda conta que ele roubou um cálice sagrado do trono de Forteviot — um objeto considerado sagrado pelos druidas e protetor do território. Ao levá-lo para Glamis, teria invocado a ira de uma velha feiticeira local, que lançou uma maldição sobre ele e todos os seus descendentes.

“Enquanto o sangue de Lyon correr nas veias, o castelo será abençoado e amaldiçoado. Terás riqueza, poder, glória… mas jamais conhecerás a paz.”

Desde então, eventos estranhos começaram a acontecer. Mortes repentinas. Doenças inexplicáveis. Crianças nascendo com defeitos. E, claro, os fantasmas. Interessante notar que, mesmo nos registros históricos, a família Bowes-Lyon viveu momentos turbulentos. Herdeiros morrendo jovens. Escândalos envolvendo casamentos proibidos. E um segredo tão bem guardado que até hoje ninguém confirma ou nega.

Falando nisso…

A Sala Secreta: O Coração Podre do Castelo. Essa é a parte que faz qualquer um arrepiar. Todo mundo já ouviu falar da Sala Secreta de Glamis. Uma câmara escondida dentro de uma torre, sem janelas por dentro, mas com janelas falsas do lado de fora. Inacessível. Inexplicável. Proibida. Existem várias versões sobre o que tem lá dentro. Mas a mais famosa — e a mais perturbadora — é essa: Em 1821, nasceu um bebê deformado na família. Segundo os rumores, ele tinha membros curtos, cabeça gigantesca, dentes pontiagudos e força descomunal. Em vez de aceitar o filho, a família decidiu fingir que ele havia morrido. E o escondeu. Vivo. Naquela sala secreta.

Alimentado por criados leais, mantido em segredo absoluto, ele teria vivido décadas. Centenas de pessoas juram ter ouvido ruídos vindos da torre: batidas, risadas guturais, uivos. Um trabalhador, no século 19, disse ter encontrado a entrada ao derrubar uma parede durante reformas. Viu uma figura encapuzada, sentada num banco de pedra, virar o rosto para ele. Saiu correndo. Nunca mais voltou ao castelo.

Em troca de silêncio, dizem que deram a ele uma fortuna. Ele aceitou. Mas passou o resto da vida dizendo que "o monstro ainda está lá". Outra versão? Pior. Essa sala não abriga um monstro. Abriga cadáveres. Segundo documentos anônimos (nunca confirmados), era ali que a família enterrava vivos os inimigos. Nobres traidores. Servos que sabiam demais. Rivalidades internas resolvidas com fome e escuridão. Os corpos apodreciam lentamente, sem testemunhas, sem julgamento. E tem quem diga que a sala ainda existe. Que é trancada com sete cadeados. Que nem mesmo os atuais membros da família entram lá. Por medo. Ou por culpa.

Earl Beardie e o Jogo com o Diabo: A Alma Perdida no Sunday Night

Agora segura o copo. Imagina um domingo à noite. Chuva fina caindo sobre o castelo. Um grupo de nobres bêbados. E um lorde chamado Earl Beardie, conhecido por ser cruel, arrogante e viciado em jogos de azar. Ele convoca todo mundo para uma partida de cartas. Ninguém aceita — era domingo, dia sagrado. Ele fica furioso. Grita: “Se ninguém quer jogar comigo, então que venha o Diabo!” E nisso, tac-tac-tac, alguém bate na porta. Um homem alto, vestido de preto dos pés à cabeça, entra sem dizer nada. Senta. Começa o jogo. Os servos ouvem gritos, risadas demoníacas, vidro quebrando. Um deles, curioso, espreita pelo buraco da fechadura… e vê uma luz tão intensa que cega seu olho na hora. Ele desmaia. Quando a porta finalmente se abre, o homem de preto sumiu. Earl Beardie está lá, pálido, tremendo, com os olhos vazios.

Ele nunca mais falou. Nunca mais saiu do castelo. Morreu dias depois. E desde então, toda vez que um domingo chuvoso chega, dizem que dá para ouvir baralhos sendo embaralhados na mesma sala. E, às vezes, uma risada baixa, vinda de lugar nenhum. Tem gente que jura que viu a sombra dele sentado à mesa, esperando um novo parceiro de jogo. Você topa?

Por que tantas lendas? Verdade ou exagero?

Claro, tem quem diga que é tudo invenção. Turismo barato. Histórias exageradas para atrair visitantes. E olha: faz sentido. Glamis recebe milhares de turistas por ano. Tem lojinha de souvenirs, café temático, passeios noturnos com lanternas. Mas aqui vai o detalhe que incomoda: As histórias são antigas. Muito antes do turismo existir. Registros do século 17 já falam da Dama Cinza. Relatos de servos, padres, soldados. Pessoas que não tinham motivo para mentir. E muitas delas, após contarem o que viram, pediram transferência. Ou simplesmente sumiram. Além disso, o próprio ambiente do castelo ajuda. É labiríntico. Tem túneis subterrâneos, passagens secretas, salas escondidas atrás de estantes. A acústica é estranha: sons ecoam onde não deveriam. Ventos sopram por corredores fechados. E o silêncio? É denso. Pesado. Como se o lugar estivesse sempre prestes a contar um segredo.

castelo glamis portao

E hoje? O que a família diz?

Oficialmente? Nada. Os Bowes-Lyon mantêm um silêncio diplomático. A Condessa de Strathmore, atual responsável pelo castelo, permite as visitas, apoia os eventos, mas nunca comenta as lendas. Nem confirma, nem nega. Será que têm vergonha? Medo? Ou simplesmente sabem que algumas portas são melhor deixar fechadas? Tem quem diga que, nos anos 1950, um jornalista conseguiu entrar na sala secreta. Tirou fotos. Mas o filme saiu completamente preto. Como se a câmera tivesse sido “corrompida” pelo que estava lá dentro. Outros afirmam que um padre foi chamado para exorcizar o castelo, nos anos 1980. Ele entrou. Saiu dez minutos depois, pálido, dizendo apenas: “Não é trabalho para homens. É trabalho para santos. E nem eles deviam tentar.”

Conclusão: Um castelo que respira segredos

O Castelo de Glamis não é só pedra e herança. É memória viva. É trauma, poder, luxúria, morte e mistério fundidos num só lugar.

É bonito? Deslumbrante. Parece saído de um conto de fadas.

Mas caminhar por seus corredores é como andar dentro de um sonho que virou pesadelo. Toda porta pode esconder um segredo. Todo reflexo no vidro pode não ser o seu.

E no fim das contas, talvez a verdadeira maldição não seja sobrenatural. Talvez seja o peso da história. O fardo de sangue nobre manchado por crimes escondidos, promessas quebradas e almas que nunca encontraram descanso.

Ou talvez — só talvez — tudo seja verdade.

Porque se você for até Glamis numa noite de chuva, parar diante da torre do relógio, e escutar com atenção… pode ser que ouça. O ranger de uma cadeira. O farfalhar de um vestido cinza. O barulho de cartas sendo embaralhadas. E uma voz sussurrando: “Quer jogar?”