A região da Capadócia está localizada no centro da Turquia, na área conhecida como Anatólia Central. Assim, encontra-se distante de Istambul, afastada do litoral e longe dos grandes centros urbanos. No entanto, está situada no coração de uma região que experimentou uma intensa atividade vulcânica há milhões de anos. Essa atividade desempenhou um papel significativo na formação da paisagem que se observa atualmente. Atualmente, é possível admirar os encantadores vales e montanhas da Capadócia, cada um com suas características distintas e singulares. O que se testemunha nessa região é uma peculiaridade exclusiva da Turquia. Onde mais poderíamos encontrar cidades subterrâneas com múltiplos andares abaixo da superfície, habitadas ao longo de séculos?
Além disso, deparamo-nos com formações rochosas elevadas e esculpidas, desempenhando diversas funções, como residências, igrejas e mosteiros. Acrescentando a isso, a presença de vales verdejantes, desfiladeiros rochosos e até mesmo montanhas cobertas de neve, proporcionando condições ideais para a prática de esqui. Sim, a neve também é uma presença marcante na região.
O período de inverno na Capadócia, Turquia, é caracterizado por temperaturas extremamente baixas e uma paisagem predominantemente branca, proporcionando inclusive a oportunidade de praticar esqui na região. No entanto, a prática desse esporte é restrita à montanha Erciyes Dağı, conhecida como Monte Argeu. Essa montanha, na verdade, é um vulcão extinto, atingindo uma altitude de 3916 metros, e está situada a 25 km ao sul de Kayseri, a maior cidade da área. É relevante notar que Kayseri abriga o maior aeroporto da região, sendo o principal ponto de desembarque para a maioria dos turistas. Apesar das condições gélidas durante o inverno, as visitas em outras estações do ano oferecem uma experiência bastante agradável. Na verdade, todas as estações apresentam uma beleza única na região. Portanto, independentemente da época escolhida para a visita, você certamente desfrutará de uma experiência memorável.
O vulcão ancestral previamente mencionado, em conjunto com outro vulcão inativo, o Hasan Dağı, iniciou o depósito de material há 50 milhões de anos, dando origem ao tufo calcário existente atualmente. Em síntese, a região foi recoberta por densas e variadas camadas de tufo calcário que resultaram da solidificação de uma mistura de basalto, cinzas e areia durante o processo de resfriamento. Posteriormente, fatores como o vento, a chuva e movimentos tectônicos desempenharam papéis significativos na modelagem da superfície ao longo do tempo. Este processo gradual resultou no surgimento de elevações e depressões, moldando progressivamente a paisagem original ao longo de séculos.
As formas visíveis nos arredores de Göreme, originadas por essa notável obra da natureza, apresentam uma ampla diversidade. Portanto, é possível observar facilmente as distintas eras geológicas dos tufos calcários depositados a cada erupção vulcânica. Algumas erupções produziram lava mais robusta, enquanto outras resultaram em formações mais porosas, propícias à ação do vento.
Devido à sua resistência, a superfície da região experimentou uma transformação altamente diversificada, resultando em uma variedade impressionante de paisagens. Em várias partes da área, os segmentos mais resistentes dos tufos calcários encontram-se mais próximos da superfície, sendo mais recentes. Como resultado, essas áreas experimentaram menos erosão em comparação com as porções mais antigas subjacentes. Consequentemente, foram moldadas formas distintas em cada vale, lembrando, por exemplo, chaminés de fadas, contornos de animais, estruturas semelhantes a aspargos (ou formas menos apropriadas para menores), castelos, entre outros. As cores também desempenham um papel notável, apresentando uma ampla gama que varia do vermelho ao verde, passando pelo branco e marrom.
ESCAVAÇÃO DAS ROCHAS
No entanto, a paisagem não experimentou mudanças apenas devido a fenômenos atmosféricos. É crucial destacar a contribuição da comunidade local, que, ao longo de milênios, escavou as rochas porosas, configurando um ambiente propício à sua subsistência. Em vez de erigir construções residenciais convencionais, optaram por utilizar os recursos naturais disponíveis. Assim, escavaram o interior de numerosos picos e encostas de morros para estabelecer seus lares, construir igrejas e até mesmo criar pombais.
Vale ressaltar a importância dos pombais naquela época, pois os monges recolhiam as fezes dessas aves para fertilizar suas vinhas. Desse modo, as videiras produziam uvas doces, fundamentais para a produção de vinho. Além de serem uma fonte de adubo, os pombos eram úteis como mensageiros. Esse conjunto de atividades resultou na proliferação de cavernas, tanto naturais quanto criadas pelo homem, na região. Atualmente, algumas dessas cavernas ainda são habitadas e, em muitos casos, servem como alojamento para visitantes da área. Se a ideia de dormir em uma caverna lhe agrada, a Capadócia é o destino ideal.
O processo de escavação de cavernas em rochas macias e porosas teve início durante a Idade do Bronze. A região é conhecida por sua ocupação contínua ao longo de milhares de anos, abrigando civilizações antigas, como os Hititas (séculos XIII a XII a.C.). A Capadócia, no entanto, foi habitada e influenciada por diversas outras civilizações provenientes da Europa e da Ásia Menor. Todas elas deixaram suas marcas no desenvolvimento e na história desse local ao longo do tempo.
IGREJAS ESCULPIDAS
No quarto século, os primeiros seguidores da fé cristã chegaram, deixando uma marca indelével nos costumes e nas crenças locais. Ao alcançar o século XI, já havia cerca de 3000 igrejas meticulosamente esculpidas em pedra na região. Atualmente, as igrejas e mosteiros disseminados por toda a área são destacadas atrações da Capadócia. Graças à habilidade dos monges meticulosos do passado, é possível contemplar magníficos afrescos em muitas dessas estruturas. Algumas delas, sem dúvida, permanecem bem conservadas, exibindo afrescos com cores vibrantes, e são facilmente acessíveis em toda a região. As igrejas escavadas na rocha foram adornadas por artistas locais altamente competentes, predominantemente utilizando tons de azul e vermelho, cores naturais abundantemente presentes na localidade. Tais igrejas desempenharam um papel crucial na catequese da população, especialmente em um contexto em que a maioria carecia de habilidades de leitura e escrita, tornando os desenhos e afrescos a forma mais eficaz de ensino.
No quarto século, a Capadócia ganhou renome como a "Terra dos Três Santos", em virtude dos notáveis teólogos nascidos na região: São Basílio Magno, seu irmão São Gregório de Nissa e São Gregório de Nazianzo. Sem dúvida, esses líderes contribuíram significativamente para a propagação da doutrina cristã em geral, e da Ortodoxia Oriental em particular. São Basílio, em especial, desempenhou um papel fundamental no desenvolvimento do monasticismo cristão, que culminou na construção de diversas igrejas rupestres em sua terra natal, especialmente em Göreme e nos vales gêmeos de Soğanlı.
Muitos monges, familiarizados com a vida subterrânea iniciada por São Basílio, optaram por permanecer na região, contribuindo para a expansão do enigmático monastério da Capadócia. Assim, a região se tornou um dos primeiros centros educativos do cristianismo no mundo, uma tradição que perdurou até o século XIV, quando a Turquia foi conquistada pelos otomanos, seguidores do islamismo.
PARQUE NACIONAL DE GÖREME
O Parque Nacional de Göreme foi estabelecido em 1985 com o propósito de preservar a localidade e seu valioso legado histórico e cultural. Devido às suas singulares formações geológicas, resultantes de processos vulcânicos e erosão, toda essa extensão territorial é verdadeiramente única no cenário global. Adicionalmente, os centros urbanos subterrâneos, bem como as numerosas residências e igrejas esculpidas em rochas (muitas adornadas com notáveis afrescos), representam patrimônios mundiais de valor incalculável. Com efeito, essa região possui uma significativa atração histórica e turística, razão pela qual recebeu a designação de Patrimônio Mundial pela UNESCO. O parque abrange uma área de 9576 hectares e é uma parada indispensável ao explorar a Capadócia, na Turquia.
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