Quando se fala de ação e suspense no cinema, "Rápida Vingança" de 2010 (título original: "Faster") é daqueles filmes que nos levam numa viagem cheia de adrenalina e, ao mesmo tempo, nos fazem refletir sobre as consequências da busca por justiça com as próprias mãos. Dirigido por George Tillman Jr., o filme traz Dwayne Johnson como Driver, um homem que, após dez anos preso, sai da penitenciária com um único propósito em mente: ajustar as contas com aqueles que destruíram sua vida e mataram seu irmão.
Imagine passar uma década aprisionado, com tempo de sobra para alimentar a raiva e o desejo de vingança. É isso que move Driver, e ele tem uma lista de nomes, um por um, para eliminar. Mas essa não é uma missão solitária; no rastro de Driver, temos personagens como um policial veterano interpretado por Billy Bob Thornton, que traz um contraste fascinante – um homem de lei que, ao longo dos anos, também carrega cicatrizes profundas. Do outro lado, temos um assassino frio e calculista (Oliver Jackson-Cohen), contratado para pôr um fim a essa jornada de justiça própria. Nesse emaranhado de vingança, surge também uma mulher (vivida por Carla Gugino), que, apesar de seu papel discreto, traz uma leveza e questiona Driver a confrontar suas escolhas, ajudando-o a perceber que, às vezes, o perdão pode ser mais difícil, mas mais libertador do que a própria vingança.
Mas, afinal, o que torna "Rápida Vingança" tão intrigante? É o modo como o filme nos faz repensar essa linha tênue entre justiça e vingança. Cada cena é carregada de uma intensidade que ultrapassa o óbvio das perseguições e tiroteios. A ação é crua, direta, e a cada confronto, somos lembrados de que a busca incessante pela justiça pessoal pode levar a um abismo de solidão e dor. As cenas de perseguição de carro são vibrantes e quase palpáveis, com o som dos motores rasgando o silêncio e o olhar determinado de Driver dizendo mais do que mil palavras. Como se ele fosse uma força da natureza, imparável, mas ao mesmo tempo quebrável.
Curiosamente, o filme também explora algo que poucos filmes de ação abordam: o preço da vingança na alma de quem a busca. Driver percebe que a paz que ele imaginava alcançar ao "riscar" cada nome da lista não é bem o alívio que esperava. A vingança, aqui, é como um veneno que consome, e mesmo quando ele se aproxima de seu objetivo final, o vazio parece só aumentar.
Por isso, "Rápida Vingança" acaba sendo muito mais do que um típico filme de ação. Ele se torna uma reflexão sobre as escolhas que fazemos e como elas, muitas vezes, nos aprisionam ainda mais do que qualquer cela de prisão. A jornada de Driver, com seus altos e baixos, com seus momentos de triunfo e perda, é quase como a de um anti-herói trágico, preso em seu próprio desejo de ajustar as contas. O final é tão impactante quanto agridoce, mostrando que, às vezes, o verdadeiro desafio está em abandonar o passado e escolher uma nova estrada, uma estrada onde a paz não é conquistada com sangue, mas sim com o abandono da própria vingança.
"Rápida Vingança" é, em última análise, uma viagem pelas sombras e os limites da alma humana, uma história onde o som de cada tiro ecoa as escolhas de um homem que, como tantos de nós, busca uma forma de lidar com o que perdeu, mesmo que o preço seja alto demais para pagar.