2011, Um documentário de Silvio Tendler - Desde 2008 o Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos. Eduardo Galeano, jornalista e escritor: "A história da América Latina é uma longa história da perda, da usurpação, do roubo dos recursos naturais. A consciência da necessidade de preservar esses recursos, de defender esses recursos não é tão acelerada como o processo do roubo que continua, os ladrões são mais rápidos do que a gente, são mais velozes do que nós. Um exemplo, o mais revelador, o mais indiscutível de todos é o que acontece com os agrotóxicos, que estão sendo permitidos. Esses venenos contra a natureza que estão sendo permitidos em paises que tem ...
governos progressistas em nome da produtividade. Ou seja, em nome de um critério econômissista do que é o progresso humano.
O que acontece com a terra, com a gente...a terra a gente é muito mais importante. Então se da essa contradição, governos que tem uma política progressista, aceitam os agrotóxicos como se fosse uma necessidade inevitável, sem perceber que há ai uma certa traição aos principios que esses mesmos governos estão predicando. Principios muito ligados a saúde humana e da natureza."
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São vários princípios ativos banidos da maior parte do mundo que circulam impunemente no Brasil, porque o lobi dos agrotóxicos que é poderoso, que movimenta recursos vultosos, o Brasil é o campeão mundial de agrotóxicos. Nenhum outro pais pulveriza tanto agrotóxico na lavoura. Esse setor movimenta mais de 7 bilhões de dólares em venda de produtos por ano. Eles questionam na justiça com sucessivas petições, embargos, protelando os processos. Então a reavaliação toxicológica da ANVISA fica amarrada as injunções do judiciário.
O que esta em jogo agora? Esta para ser decidido nos próximos dias a forma como o Brasil se posiciona em relação ao principio ativo metamidofós, usado nas lavouras de soja, batata, feijão, tomate, trigo e algodão. Quais são os problemas causados pelo medamidofós? Entre outros, atingem o sistema nervoso central, lapsos de memória em crianças, perda dos movimentos principalmente das crianças, reduz a imunidade, compromete o sistema reprodutor, ou seja é um veneno que foi proibido em paises como os EUA e China, que veja são bem diferentes no modo de vetar circulação de produtos. Paises da comunidade européia toda, paises da África, de novo paises bem distindos no modo de vetar criculação de produtos. O Brasil tolera.
Obs: O Brasil retira do mercado no final de janeiro de 2011 o principio ativo metamidofós. A retirada do produto do mercado, no entanto foi programada. As empresas que ainda importam o princípio ativo e fazem a formulação poderão manter a produção até 19 de novembro de 2011.
A chamada Revolução Verde pós Segunda Guerra Mundial prometia comida farta e sadia na mesa dos habitantes de todo o planeta. A pretexto de modernização dos campos a Revolução Verde impos o monocultivo em áreas extensas, expulsando o camponês e sua familia da terra que cultivava, trocando os homems por máquinas.
O uso de sementes geneticamente modificadas, os conhecidos transgênicos generalizou-se a pretexto de multiplicar a produção. O uso dos agroquímicos ou agrotóxicos foi intensificada a partir da década de 60, com o uso de adubos químicos e venenos. A química promete saúde, mas oferece riscos aos que consomem produtos geneticamente modificados e aos trabalhadores que manipulam os agrotóxicos. Hoje o Brasil possui e opera mais de 400 agrotóxicos registrados, inseticidas, fungicidas e herbicidas.
A tecnologia utilizada na Revolução Verde é proveniente da indústria da guerra. Durante a Segunda Guerra Mundial a IG Farben, a empresa alemã que fabricou o gás Zyklon B deteve o monopólio da produção química na Alemanha Nazista. Entre os seus principais proprietários estavam a BASF e a BAYER. Os Estados Unidos utilizaram no Veitnam de 1961 até 1971, o erbicida conhecido como Agente Laranja. Segundo a Monsanto, uma das empresas produtoras foi para salvar as vidas dos soldados americanos e aliados, desfoleando a densa vegetação das selvas vietnamitas e portanto reduzindo as possibilidades de uma emboscada. Além da Monsanto a Dow Química também participou da rede da morte.
Com o fim da guerra inúmeras ações foram movidas contra a Monsanto, a Dow e outros fabricantes de produtos químicos. Nos tribunais chegaram a um acordo que gerou uma indenização de 180 milhóes de dólares aos que combateram no Vietnam. A justiça da Corea do sul ordenou que a Monsanto e a Dow pagassem 62 milhóes a 6800 veteranos de guerra coreanos. O povo e o governo vietnamita não receberam indenização nenhuma, nem das empresas, nem do governo americano. A Monsanto acredita que as consequências resultantes da guerra do vietnã, incluindo o uso do agente laranja, devem ser resolvidas pelos governos envolvidos.
Essas crianças são vitimas tardias dos efeitos do agente laranja. A Monsanto não diz uma palavra e repassa a conta para o governo norte-americano, que entrega a fatura a Deus.
Fernando Ataliba, agricultor: "O que a REvolução Verde fez foi destruir, apagar, esquecer toda a herança, todo o acúmulo de conhecimento da agricultura tradicional ao longo dos seus 10 mil anos. E criou-se um negócio totalmente novo. E essa novidade, depois de 50 anos existindo, esta mostrando que ela não da certo. O que ela esta produzindo? Ela esta produzindo perda da fertilidade do solo, perda dos mananseais, perda da biodiversidade, contaminação do solo, das águas e das pessoas, contaminação do ar, mudanças climáticas. O que mais vamos esperar acontecer pra gente perceber que esse modelo novo não é um modelo bom."
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Roberto Carlos Lazaroto, agricultor: "A gente aqui roçava o mato, usava a semente criola e plantava. E produzia muito bem. Por volta de 1980,81,82 as empresa começaram a deixa semente, só que dai começou a ter uma produção enorme, comparando com os produto criolo. A gente produzia em média 50, 60 saco por hectar no caso do milho.... a gente começou a produzir cem cento e poucos, com pouco investimento. A primeira coisa que aconteceu de ruim foi que a gente perdeu o controle da semente. Em 10 anos a gente nao tinha mais semente criola....de nada. Inclusive das hortaliça. E hoje a maioria é transgênico, se tu nao compra o pacote completo, que vai um monte de produto químico... ele não produz. Tu tem que fazer todo o processo químico pra ter produção."
Dra Letícia Rodrigues da Silva: "No último ano os alimentos que foram os mais contaminados foram o pimentão, o pepino, o tomate, morango, abacaxi, uva...são esses alimentos que causam maior preocupação porque eles são consumidos in natura, a forma de produção deles muitas vezes são colhidos com um pequeno intervalo de segurança ou sem nenhum intervalo entre a aplicação do agrotóxico e a colheita. Então isso acaba gerando uma alta quantidade de produtos em desconformidade ou com agrotóxico acima dos limites permitidos pela regulamentação ou até mesmo com o uso de agrotóxicos proibidos, que acabam sendo produtos que muitas vezes estavam destinados a uma produção de soja ou uma produção de milho, algodão e que acabam sendo desviados e utilizados nas culturas menores e nas culturas de cosumo alimentar mais intenso."
Segundo a ANVISA, no ano de 2009, das 3130 amostras de alimentos, coletados em 26 estados, 29% apresentaram resultados insatisfatórios. Estavam acima do limite de agrotóxico tolerado nas seguintes proporções:
PARTE 2