Técnicas de manipulação mental - Parte 1

subliminalmessage540x3813/12/2011 - Tentar explicar o que são e como são praticadas as chamadas "técnicas de manipulação mental" numa sociedade quase totalmente controlada e manipulada como a nossa, não é tarefa fácil. Felizmente, o livro escrito pelo advogado e psicólogo Marco Della Luna, juntamente com o neurologista Paulo Cioni vem em nosso auxílio. Eis a primeira parte: Técnicas de manipulação mental! Afirmar que a nossa sociedade - como estruturada - é uma verdadeira gaiola mental, imediatamente agita os paladinos e os defensores dos direitos civis, que apresentam palavras como "liberdade" e"democracia", procurem imediatamente acalmar ...

todos e, em particular, as consciências deles.  Talvez não entendem. Talvez fingem de não entender que belas palavras como "liberdade" e"democracia" não significam muito e são exploradas pelo establishment económico-financeiro, apenas para dar a ilusão de não estar numa gaiola."Ninguém é mais escravo de quem pensa ser livre sem sê-lo."Johann Wolfgang von Goethe

Dizer às pessoas que são prisioneiras de um sistema é perigoso e contraproducente, porque pode desencadear motins e rebeliões, enquanto convencer os prisioneiros de ser livres e numa democracia, eliminar todas as formas adversa e qualquer tentativa de fuga.

O título de um livro do jesuíta Anthony de Mello ["Mensagem para um águia que acha ser uma galinha", NDT] a este respeito é interessante, porque se uma águia, que poderia facilmente voar livre no céu, cresce com a convicção de ser uma galinha, permanecerá sempre dentro do galinheiro. Seria capaz de voar, mas esse potencial (castrado pela sociedade) permanecerá latente para o resto da sua vida ou pelo menos até o "despertar" Tinha compreendido esta ideia Edward Bernays, técnico de Propaganda, que no seu ensaio Propaganda em 1929, explica como foi apenas o advento das formas democráticas de governo e da chamada liberdade do indivíduo, juntamente com a industrialização, a produzir a necessidade (por parte da política e da economia) de governar, isso é, manipular o pensamento e o comportamento das massas, como eleitores e como consumidores.

É por isso que hoje a manipulação mental tornou-se uma ciência e uma tecnologia, ma qual investir mais dinheiro do que em qualquer outro campo da psicologia. Não só, a manipulação é essencial na vida diária e na estrutura do mundo em que vivemos. Em tal cenário, onde a liberdade e o conhecimento são cada vez mais ameaçados, é essencial conhecer as ferramentas do ataque. Só com o conhecimento podemos defender-nos.

A importância da informação

A importância da informação está além de qualquer discussão. Informar, como o mesmo termo indica, vem de "em formar", ou seja, dar forma.  Mas dar forma ao que, se não a consciência?  Não surpreendentemente, todas os grandes ditaduras sempre começaram com o controle dos meios de comunicação (mídia), para moldar as mentes e as consciências das pessoas. Hoje a maioria da comunicação não tende a fornecer uma informação objetiva, mas a influenciar a psique, sobre os gostos, as decisões dos indivíduos, dos consumidores, dos investidores, dos eleitores, etc.

A totalidade das pessoas, educadas na passividade da televisão e na preguiça mental desde a infância, não desenvolve a capacidade de manter a atenção de forma autónoma,  se não está envolvida emocionalmente. Os manipuladores sabem isso muito bem e para transmitir as informações (comerciais, políticas, económicas, etc.) mantêm viva a atenção das pessoas atuando diretamente na emotividade. Isto é chamado de entretenimento. O paradoxo é que são as mesmas pessoas que pedem para ser entretidas e informadas e, obviamente, o sistema satisfaz o pedido: informa (na sua própria maneira) através do entretenimento.

A importância da mídia, como já mencionado, é enorme. Para efeitos de governo, particularmente nas sociedades baseadas no consenso, é essencial limitar, mas também de controlar e orientar a informação, a construção da representação ilusória do mundo da qual depende a produção e a gestão de consenso. A informação, por estes motivos,  é muito controlada: poucas agência de notícias, rigorosamente de propriedade privada e bancária, fornecem informações para quase toda a mídia (jornais, telejornais, rádio e internet).

Relaxamento e distração para um melhor controle

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O relaxamento é a mais simples das condições mentais que aumentam a sugestibilidade.  Este estado pode ser induzido ao fazer que as pessoas se cansem fisicamente e mentalmente, ou com tarefas e discursos repetitivos ou com a distração proporcionada pelos estímulos eróticos e/ou sexuais (bonitas mulheres semi-nuas que apresentam um programa ou vendem um produto, etc).A música também desempenha um papel importante, porque pode ser muito doce para fazer sonhar ou, pelo contrário, atordoar com o uso de ruídos ou sons violentos. Se uma audiência relaxada (na frente da televisão) for alvo de uma história com alguns conteúdos (a clássica história que vemos nos programas de entretenimento), obtemos a indução de um transe, em que é fácil fazer sugestões e, em seguida, instalações mentais.

A distração é, sem dúvida, a estratégia primordial implementada pelos meios de comunicação de massa.
Tecnicamente, ao distrair a atenção consciente (daí a ação do hemisfério cerebral dominante) de uma pessoa empenhada em algumas atividades ou distraída com notícias e informações que são absolutamente inúteis, deixa o subconsciente (o hemisfério não-dominante) desprotegido, possibilitando a instalação de imagens fascinantes, notícias, histórias, etc. Tudo o que é transmitido pela mídia (televisão, jornais, rádio), sob o controle capilar que existe, é total distração em massa.

As câmaras e os holofotes são centradas em questões totalmente "inúteis" para nós (a casa do partido no poder, os estupro, os crimes, os assassinatos em família, etc.), mas muito funcionais para o sistema, que desta forma não fornece as informações reais. Enchem, por assim dizer, a programação da mídia para encher os nossos cérebros com o lixo, as fofocas, as bobagens e as outras amenas idiotices.  Quando o limite for atingido, já não há espaço para as coisas importantes.

Obediência ao Sistema

Cada establishment serio tem o seu arsenal de meios de dominação, cujo objetivo final é conseguir compliance, isso é, respeito e obediência, conformação do povo. Dominar os outros significa obter compliance, mais ou menos voluntária. Claro, melhor se voluntária, obtida através da manipulação (ilusão, persuasão, intimidação ou condicionamento), ao invés de imposta pela força (ditaduras, golpes de Estado).

A escola

Obter as crianças para forma-las e condiciona-las está na agenda de cada Estado, liberal ou totalitário e democrático. Habituar as crianças, por meio da execução de ordens repetidas ao longo dos anos pelos professores, a seguir as ordens das autoridades; a gratificação sistemática, a ausência de regras e comparações com a realidade, acabam por formar criaturas incapazes de auto-disciplina, totalmente dependentes e incapazes de se organizar.  Essas crianças serão os adultos corruptos e dependentes do exterior e, portanto, mais facilmente manipuláveis. Nas escolas, por um lado o ensino das disciplinas fundamentais é projetado para impedir a formação de uma própria visão geral (história e ciência são dois exemplos triviais), por outro lado a tentativa é que as novas gerações não possam ter dúvidas de que o sistema de poder é democrático e legítimo.

A este respeito, o linguista americano Noam Chomsky escreve:

Dado que as escolas não ensinam a verdade sobre o mundo, as escolas devem usar a propaganda sobre a democracia com os alunos. Se fossem verdadeiramente democráticas, não haveria necessidade de bombardeá-los com banalidades sobre a Democracia A conformação e o ensino do povo dos Estados Unidos é o exemplo perfeito. O dia "estrelas e listras" começa com o hasteamento da bandeira, continua com a execução do hino nacional, as orações coletivas e as exaltações patrióticas.

Toda esta "democracia" e "liberdade" do povo tornam os EUA, surpreendentemente, o País mais provocador de guerra do mundo! É óbvio que a escola não pode ensinar a verdade porque a verdade faz os homens livres! Não surpreende, portanto, encontrar nos atuais livros escolásticos comentários sobre as propriedades extraordinárias dos alimentos geneticamente modificados (OGM), e como estes irão resolver a fome mundial. Este é a mais pérfida e destrutiva propaganda do regime: ao fazer crescer as crianças de hoje com tais falsidades (facilmente demonstráveis) será muito mais fácil influencia-las como adultos, e este é apenas um exemplo banal.

A nossa sociedade deve ser composta não de homens livres, mas duma massa de trabalhadores-consumidores-eleitores na base, e dum pequeno grupo ou camada superior de líderes, jovens empresários, políticos e banqueiros. Só estes últimos são levados a um nível privilegiado de conhecimento que lhes permitam continuar a dirigir a sociedade e manter o poder estabelecido.

A Neurociência

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Para fazer lançar luz sobre a manipulação mental e como esta é aplicada, é necessário ter conhecimento das principais funções do nosso cérebro. O cérebro é formado por dois hemisférios: direito e esquerdo. Ambos processam e analisam os mesmos dados, a diferença é que o hemisfério esquerdo processa de forma linear ou sequencial, o direito processa os dados simultaneamente. Não só o direito fica calado (o centro da linguagem é para a esquerda) e deve contar com o hemisfério esquerdo para obter explicações racionadas, com vista às decisões a serem tomadas em função do material (imagens, sons, etc.) processado a cada momento;praticamente tudo tem de passar pela esquerda.

Crescemos com a convicção de terem nascidos com um certo número de neurónios e que estes morrem lentamente sem voltar a nascer. As últimas descobertas da neurociência, pelo contrário, afirmam que os neurónios estão continuamente a formar novas sinapses, dissolvem as sinapses velhas, e de forma modesta, no cérebro são formados novos neurónios, especialmente em certas partes do cérebro. Este fato importante significa que a aquisição de novos conhecimentos, habilidades, comportamentos (por exemplo, aprender um poema, tocar piano, etc.) é possível também pela formação de novos circuitos e com um verdadeiro desenvolvimento das relativas áreas do cérebro.Assim, aprender coisas novas, não só treina o cérebro, mas também cria e desenvolve zonas cerebrais. Por outro lado, ignorar essas faculdades, é produzido o declínio.

O nosso cérebro é capaz de processar uma quantidade incrível de informação: mais de 400 biliões de bits por segundo, mas estamos conscientes de apenas 200 bits. Na prática, estamos cientes de meio bilionésimo do que acontece e chega ao nosso cérebro! Deste ponto de vista, podemos, com algum esforço e empenho, exercitar e cultivar a capacidade intrínseca de estar conscientes em todos os momentos da vida, ou, com preguiça, deixar que o encéfalo fique atrofiado.

Toda a indústria do entretenimento e da diversão (discotecas, álcool, drogas, etc.) trabalham duro para tornar agradável esta lenta mas inexorável atrofia e, por outro lado, a política da escola tende a torna-la legítima aos olhos dos mais jovens. Tudo isso porque uma população de indivíduos hetero-dirigidos (atrofiados no cérebro e na consciência) é muito mais manejável do que uma população de pessoas auto-dirigidas. Outra importante coisa necessária para entender o quadro geral é que a maioria das coisas que fazemos nas nossas vidas, de manhã à noite, são realizadas inconscientemente. Ao faze-las, não só não estamos conscientes de ser conscientes, mas não estamos sequer cientes de faze-las.

Este processo incrível será esclarecido com o exemplo das compras nos supermercados. Em resumo: o nosso inconsciente grava e elabora muitos mais dados dos pelos quais estamos cientes; o processo de elaboração verbal, de raciocínio, de coordenação motora, sensorial enquanto estamos a falar (ou escrever ou conduzir ou tocar piano ou jogar futebol) não só é totalmente ou quase totalmente subconsciente, mas também é imensamente mais rápido da consciência. Se é verdade, como é verdade, que noventa por cento do que fazemos é tratado de modo inconsciente, pôr as "mãos" nesta parte escura da nossa mente significaria ter um enorme poder de controle ...

A sensação de impotência

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Outra estratégia, intimamente ligada à questão do controle, é a enorme campanha midiática que infunde um sentimento de impotência. Uma verdadeira operação planeada que, por um lado, está a habituar à sensação de sentir-se impotente, e do outro dessensibiliza a violência, desativando qualquer reatividade emocional. Como tudo isso é implementado? Com o bombardeio de imagens e notícias violentas (assassinatos, massacres, destruição, brutalidade), sem nenhuma intervenção e/ou mudança para acabar com isso.

Porquê? Uma vez habituados a aceitar a ilegalidade, a deterioração, o roubo, o crime, a insegurança do território, as gangues, a imigração selvagem e assim por diante, vistas como coisas inevitáveis e sem solução, ao mesmo tempo não temos espaço para pensar e refletir, pois somos alvos de intermináveis tarefas extenuantes: tributação, subsídios, impostos, taxas, imposto de selo, revisão da caldeira, do carro, etc. ao ponto que não é possível para nós entender o que realmente está a acontecer e, em particular, não podemos organizar-nos em conformidade.

A sensação de impotência, por meio da comunicação de massa, está a afetar a sociedade ocidental, de maneira capilar, as pessoas já estão completamente apáticas e sem vontade de mudar. Porque devemos mudar nós mesmos e as nossas vidas se não vemos a luz, se as expectativas são totalmente pretas? Isso, no entanto, congela e paralisa as consciências de milhões de pessoas, totalmente à mercê do Sistema.

Cognição e comportamento

Já vimos anteriormente que a escola está estruturada para condicionar, socialmente e culturalmente as crianças. Temos de perceber que já na primeira infância são criadas falsas crenças acerca da realidade, os aspectos que mais nos afetam (relações com os Pais, as figuras de poder das quais dependemos). Do ponto de vista psicológico, estes  são sistemas falsos, censurados, distorcidos, não conformes com a própria realidade, com o fim  adaptativo de evitar o sofrimento e conflitos com certos aspectos da realidade, fazendo-nos viver numa realidade subjectiva alterada, tornada compatível com as necessidades e as defesas da nossa psique e com a exigência de manter o acordo com as pessoas das quais dependemos.

Algumas práticas de manipulação, envolvem (se bem projectadas, é claro) estes mecanismos, as distorções e remoções que são os seus produtos e, especialmente, os campos do medo, da agressividade e do sexo. Os manipuladores (que podem ser religiões, seitas, marketing e política) constroem com isso o adepto, o cidadão, o consumidor, o trabalhador. Após as figuras do poder dos pais, sucedem ou são associadas as políticas, governamentais, judiciais, mas também os "testemunhos" da publicidade!

PARTE 2