17/01/2022, por Roseli Andrion - As fortunas das 10 pessoas mais ricas do mundo mais que dobraram desde março de 2020. A conclusão é de um levantamento da organização não governamental britânica Oxfam. "Mesmo durante uma crise global, nossos sistemas econômicos injustos conseguem oferecer lucros inesperados para os mais ricos", destaca Danny Sriskandarajah, executivo-chefe da Oxfam. Segundo o estudo, a pandemia tornou os bilionários do mundo mais ricos e levou mais gente a viver na pobreza. Essa queda na renda dos mais pobres contribuiu para a morte diária de 21 mil pessoas. Para Sriskandarajah, os líderes políticos têm a oportunidade histórica de apoiar estratégias econômicas mais ousadas para "mudar o curso mortal em que estamos". O relatório sobre a desigualdade global da Oxfam é tradicionalmente divulgado no início da reunião do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça. É o segundo ano consecutivo que o encontro é realizado ...
online — desta vez, em razão da disseminação da variante ômicron. As discussões desta semana incluem o provável futuro da pandemia, a desigualdade na distribuição das vacinas e a transição energética. O fórum reúne líderes empresariais e políticos, celebridades, ativistas, economistas e jornalistas.
Sriskandarajah diz que o relatório da ONG coincide com a reunião em Davos em busca de atrair a atenção das elites econômicas, empresariais e políticas. "Este ano, o que está acontecendo está fora da realidade", destaca. "Um novo bilionário surgiu quase todos os dias na pandemia. Paralelamente, 99% da população mundial está pior por causa de lockdowns, menos comércio e menos turismo internacional.”
Mais 160 milhões na pobreza
O executivo relata que, nesse período, mais 160 milhões de indivíduos foram arrastados para a pobreza. "Algo está profundamente errado em nosso sistema econômico", conclui. Hoje, essas pessoas vivem com menos de US$ 5,50 (R$ 30) por dia. Para o Banco Mundial, US$ 5,50 por dia é a medida de pobreza em países de renda média alta. David Malpass, presidente do Banco Mundial, aponta que o impacto da inflação e as medidas para combatê-la devem causar ainda mais danos a países pobres. "As perspectivas para essas nações são cada vez piores", avalia.
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O relatório menciona o Brasil ao citar os mais pobres do mundo. “(...) em São Paulo, as pessoas nas áreas mais ricas podem esperar viver 14 anos a mais do que aqueles nas áreas mais pobres”, indica. “No Brasil, negros são 1,5 vezes mais propensos a morrer de covid-19 do que brancos.” De acordo com o documento, falta acesso à saúde e sobram fome, violência baseada em gênero e colapso climático — tudo isso contribuiu para uma morte a cada quatro segundos. “A pandemia está forçando os países em desenvolvimento a cortarem gastos sociais à medida que as dívidas nacionais aumentam”, aponta o texto. A Oxfam pede que os direitos de propriedade intelectual das vacinas contra a covid-19 sejam dispensados. Isso permitiria uma produção mais ampla e uma distribuição mais rápida dos imunizantes.
Os cálculos
De acordo com dados da Forbes, os 10 homens mais ricos do mundo são: Elon Musk, Jeff Bezos, Bernard Arnault e família, Bill Gates, Larry Ellison, Larry Page, Sergey Brin, Mark Zuckerberg, Steve Ballmer e Warren Buffet. Coletivamente, a riqueza deles foi de US$ 700 bilhões para US$ 1,5 trilhão. Os percentuais de crescimento, entretanto, são bastante distintos: enquanto a fortuna de Musk cresceu mais de 1.000%, a de Gates subiu "apenas" 30%. O relatório da Oxfam usa dados da Forbes Billionaires List e do relatório anual Credit Suisse Global Wealth (que apresenta a distribuição da riqueza global). A pesquisa da Forbes usa o valor dos ativos de um indivíduo e subtrai as dívidas para determinar suas posses. Salários ou rendimentos não estão incluídos.
Fonte: BBC