Originado da palavra grega ?a?a??? katharós, que singnifica puro, o catarismo era um movimento cristão que ocorreu na região Sul da França e na parte Norte da Itália no fim do século XI e foi até o começo do século XIV. Os cátaros eram considerados heréticos pela Igreja Católica e suas ideias são paralelas às crenças do gnosticismo, dos paulicianos (Oriente Médio) e dos bogomilos (Reino dos Búlgaros). Gnósticos e maniqueístas, os cátaros acreditavam na existência do Bem e do Mal. Para eles, a existência do Mal era ontológica, o que os tornava maniqueus.
Em contrapartida, se intitulavam como os únicos e verdadeiros bons cristãos, o que os faz serem lembrados na história como a seita cristã maniquéia. Além disso, incluíam em sua doutrina algumas características da mensagem sincrética do iniciado persa Mani, que espalhou a doutrina gnóstica pelo mundo antigo.
Algumas crenças dos cátaros eram que toda a matéria existente no mundo havia sido criada pelo deus do mal com o objetivo de aprisionar o Deus bom. Desta forma, torna-se maligno o universo material e seu criador, o que faz as ideias do catarismo entrarem em conflito com as do catolicismo, que prega que um Deus do bem criou o mundo e as pessoas. Conhecido como Demiurgo, seria um Deus menor e criador do mundo material, seria a fonte do divino e o princípio de todas as coisas.
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Com esta concepção de que todo plano material representava o Mal, eram contra a maternidade, pois alegavam que a "mater", ou seja, a mãe, estaria produzindo mais matéria a aumentando o mal presente no mundo. Eles afirmavam que a mulher, quando grávida, estaria possessa, pois ao gerar mais matéria, tornaria-se a fonte de todo o mal, pois um ser humano seria incapaz de gerar seres espiritualizados. De acordo com os cátaros, todo ser que nasce neste mundo já nasce imperfeito, possuindo um Karma. Casar e procriar eram duas coisas consideradas como obras do Deus Mal, mas ainda assim eram uma benção pois livrariam os homens de uma maior degeneração.
Trajetória dos Cátaros em Linha do Tempo
1167
Criam as 4 primeiras paróquias cátaras, na França.
1198
O papa Inocêncio terceiro suspende os bispos ligados ao movimento.
1208
Um enviado do papa excomunga um nobre cátaro e acaba sendo assassinado.
1209
Tem início a cruzada contra a seita. Em Béziers, sete mil são chacinados.
1233
O papa Gregório nono ordena a Santa Inquisição a reprimir heresias.
1244
Fim da seita com duzentos cátaros queimados em Montségur.
Os Cátaros - Desafiando a Igreja
Por Rose Mercatelli, 12/05/2017 - Quem visita a região de Languedoc-Roussilon, no sul da França, não se cansa de admirar a paisagem cercada de rochas e videiras, as mais antigas da Europa, que orgulha seus habitantes. Incrustadas na estrada sinuosa que corta a região, o viajante encontrará ruínas de castelos em Cobiéres e Ariége que, entre os séculos 11 e 12, serviram de refúgio ao povo cátaro. Em cidadezinhas como Montaillou, Arques, Peyrepertuse, Quéribus, Aguilar e Minerve, os moradores do Languedoc também não escondem sua admiração pela cultura cátara. Esse orgulho é visível nas pequenas livrarias com uma infinidade de livros sobre o modo de vida e a doutrina daqueles que se autodenominavam “os bons homens” e “as boas mulheres”, fundadores de um cristianismo alternativo que, entre outras coisas, não admitia se submeter à soberania papal e também não aceitava os dogmas da Igreja Católica, como a crença na Santíssima Trindade, por exemplo.
Nas palavras da Igreja Romana do século 12, o catarismo não passava de um movimento herético por não acolher qualquer tipo de domínio religioso ou político, da Santa Madre Igreja. Esta, em contrapartida, não tolerava qualquer interpretação espiritual que não seguisse à risca as instruções vindas de Roma. Por tudo isso, a luta contra os cátaros durou quase oito décadas (de 1167 a 1244), até que sua doutrina deixasse de ser uma ameaça ao poderio da Igreja Católica Apostólica Romana.
O início do movimento
Os cátaros formaram a sociedade secreta mais popular da Idade Média. Os adeptos do movimento eram pacíficos e muito estimados pela população do Languedoc, tendo muitos nobres entre seus seguidores. E não foi à toa que a doutrina cátara foi bem aceita na região. Na Idade Média, a próspera Languedoc era um centro de diversidade cultural onde conviviam em paz normandos, catalães, judeus e sicilianos. Exercido por cidadãos livres que abasteciam os feudos com seus produtos agrícolas, ferramentas, armas e um sem-número de manufaturados, a força do comércio na região também limitava os poderes da nobreza intimamente ligada ao clero.
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O início do catarismo é impreciso. Alguns historiadores acreditam que o movimento religioso nasceu em Constantinopla e foi trazido para a Europa Ocidental depois da 2ª Cruzada, por volta de 1147 e 1149. Outros pesquisadores sugerem que as primeiras ideias de um movimento religioso (que ainda não tinha um nome oficial) começaram antes, por volta de 1022, quando dois monges foram injustamente queimados vivos, acusados de satanismo.
O bispo de Toulouse, a maior cidade de Languedoc, foi contra a execução. Mas o que a autoridade eclesiástica escondia dos poderosos da Igreja é que ele se reunia secretamente com outros clérigos para discutir suas ideias pouco ortodoxas e as insatisfações com o catolicismo praticado na época. O grupo acreditava, por exemplo, que Deus era um espírito puro e que a criação do mundo não tinha nada de divino, mas era, sim, o resultado de uma obra perversa, criada pelas forças do mal.
As ideias dos primeiros cátaros que aspiravam a volta do cristianismo primitivo começaram a se espalhar pela Europa. A nova crença arregimentou adeptos na Catalunha (Espanha), na Alemanha, na Inglaterra e na Itália. Seguidores da doutrina cátara recebiam diferentes nomes de acordo com seu país de origem. Dessa maneira, na Itália, eram conhecidos como patarinos, na Alemanha, como ketzers, na Bulgária, como bogomils. Porém, foi na região do Languedoc que os cátaros floresceram e viveram em paz por várias décadas.
Rompimento oficial
O movimento, entretanto, levou mais de 150 anos para se afastar definitivamente da Igreja oficial. No século 12, mais precisamente em 1167, cátaros franceses se reuniram em uma assembleia no Castelo de Saint-Félix de Caraman, para oficializar o abandono do credo católico em quatro paróquias da região do Languedoc, Toulouse, Carcassone, Albi e Agen, abraçando as novas diretrizes do catarismo. Por causa das paróquias de Albi e Agen, o movimento também foi chamado de albigense. Nessa mesma assembleia, foram nomeados os bispos de cada região e fixados os limites de cada diocese.
Segundo uma das versões históricas, o termo cátaro viria do grego katharoi, que significa “os puros”. Mas a palavra entrou para o vocabulário medieval por volta de 1160, graças a um pregador católico da Renânia chamado Eckbert de Schönau que abominava a nova doutrina. Segundo Alain de Lille, um teólogo francês do século 13, sua origem estaria na palavra catus (“gato” em latim), pois os seguidores da seita, de acordo com Eckbert de Schönau, “faziam coisas ignóbeis em suas reuniões, como beijar o traseiro de gatos”.
A luta do bem contra o mal
Os novos fiéis não davam a mínima atenção para as palavras de Eckbert e continuaram em frente, espalhando sua doutrina e conquistando adeptos. O catarismo foi uma religião influenciada pelo maniqueísmo, doutrina filosófica, fundada pelo profeta persa Mani. O princípio básico da filosofia maniqueísta é a divisão do mundo entre Bom (ou Deus) e o Mal (ou Diabo). Dessa forma, toda matéria é intrinsecamente má e tudo o que é espiritual “nasce” naturalmente bom. Conforme as ideias do profeta, a fusão dos dois elementos primordiais, os reinos da luz e das trevas, teriam originado o mundo material. Por sua vez, os cátaros, seguidores do princípio da dualidade, também acreditavam que a criação do mundo e do ser humano era obra do Diabo e que a salvação estava em encontrar o reino da luz.
O cristianismo em sua origem
O catarismo também baseou seus fundamentos no Sermão da Montanha, um longo discurso proferido por Jesus, no qual o próprio Cristo ensinou aos seus seguidores lições de conduta e de moral, ditando os princípios que normatizam e orientam a vida cristã, aquela que conduzirá o homem à sua verdadeira liberdade. O Sermão da Montanha é considerado pelos estudiosos da religião cristã um resumo dos ensinamentos de Jesus a respeito do Reino de Deus, de como o homem pode ter acesso a ele e qual será a sua transformação quando chegar lá.
De acordo com a doutrina cátara, Cristo não foi um mensageiro de Deus que veio para ensinar o caminho da salvação. Sua morte não significa a redenção, como prega a Igreja Romana, mas representa a vitória do mal que jamais poderia ser vencido pela crucificação de Cristo. O sofrimento e a morte de Cristo serviram para alimentar ainda mais as forças das trevas. Eles também não acreditavam na cruz nem na eucaristia. A salvação, segundo eles, só era alcançada por quem seguisse ao pé da letra os preceitos do Sermão da Montanha, pois a Igreja Católica Romana era, sim, um reduto de anticristos.
Vida pura e casta
Eles abdicavam de suas posses materiais e procuravam levar uma vida pura, afastando-se o quanto podiam do mundo material, o qual consideravam corrupto. Seus padres se vestiam com hábitos negros e rejeitavam os sacramentos, como o batismo, a eucaristia e o matrimônio. E não se incomodavam com o sexo fora do casamento. “A castidade devia ser priorizada, mas se não fosse possível mantê-la, melhor seria manter encontros casuais do que oficializar o mal por meio do casamento, um sacramento não aceito por eles”, escreve a historiadora Maria Nazareth de Barros, autora de Deus Reconhecerá os Seus: A História Secreta dos Cátaros. Em consequência dos seus princípios de pureza e castidade, os cátaros também repudiavam a maternidade. Qualquer mãe, frente à impossibilidade de gerar entes espirituais e perfeitos, ao dar origem apenas a humanos imperfeitos, estaria produzindo ainda mais matéria impura e fonte do mal.
Entretanto, apesar de o casamento e a procriação fossem tidos como obras maléficas eram também considerados, ao mesmo tempo, uma benção, pois evitava uma degeneração maior entre seus seguidores por dois motivos. Primeiro porque, segundo a lei bíblica, é melhor casar do que abrasar. Depois, como eles acreditavam na reencarnação, o nascimento era visto pela doutrina cátara como uma possibilidade de resgate pelas imperfeições geradas em outras vidas.
A morte como salvação
A salvação para o catarismo era a libertação da alma de seu corpo material impuro. Por isso, os cátaros viam com bons olhos o suicídio. De acordo com Nachman Falbel, professor titular de História Medieval da USP, além do suicídio por envenenamento ou salto em um precipício, ou ainda a pneumonia voluntariamente contraída, era comum procurar a morte pela fome. Eram considerados bons homens depois de receberem o consolamentum, um ritual que simbolicamente representava sua morte para o mundo material e corrupto. Os que eram apenas simpatizantes da doutrina, mas que não tinham nenhum compromisso formal com o movimento, só recebiam o consolamentum nos momentos que antecediam sua morte.
Os altos sacerdotes cátaros eram denominados perfeitos. Eles andavam sempre em dupla, pregando entre o povo o Amor universal e ajudando a população carente. Por todos esses ensinamentos e diferenças entre o pensamento cátaro e o catolicismo oficial, a Igreja Romana via cada vez mais a nova doutrina como uma perigosa heresia a ser debelada.
Cruzada Albigense
Mas não apenas por causa da doutrina herética que a Igreja Católica queria fazer desaparecer os cátaros da face da Terra. Por trás, existia também o interesse econômico da Igreja, na medida em que os dízimos de inúmeras paróquias, principalmente as do Languedoc, não chegavam mais a Roma. No século 12, o papado tentou segurar o movimento, promovendo a reconversão de seus antigos fiéis, perdidos para o catarismo. Não resolveu. A Igreja, então, endureceu quando o papa Inocêncio III assumiu em 1198 e suspendeu os direitos eclesiásticos de diversos bispos do sul da França. Em 1208, o representante da Igreja Pierre de Castelnau excomungou um nobre e, em represália, foi assassinado. O conde de Toulouse, Raimundo VI, foi o acusado de ser mandante do assassinato. O acontecimento acirrou os ânimos dos católicos que passaram a usar a violência para acabar com os seguidores da nova doutrina.
Inocêncio III tentou conter o abuso de seus fiéis escrevendo bulas e reduzindo o luxo do Vaticano, severamente criticado pelos antigos católicos convertidos ao catarismo. Para angariar aliados, apoiou a fundação de ordens mendicantes, como a dos franciscanos (de São Francisco de Assis) e os dominicanos (de São Domingos de Gusmão).
Reconhecimento divino
Ainda por cima, Inocêncio III autorizou uma Cruzada, comanda pelo rei da França, Felipe II que, com outros nobres de Toulouse, iniciaram a carnificina que durou de 1209 a 1244. Na primeira fase da Cruzada, em julho de 1209, um exército de cerca de 30 mil homens, incluindo cavaleiros e infantes, desceu do norte da Europa para o Languedoc. No primeiro cerco em Béziers, que durou dois meses, os cruzados invadiram a cidade e aniquilaram quase toda a população, deixando para trás 20 mil mortos, entre eles muitas mulheres e crianças, sem se importarem se eram cátaros ou católicos. Quando um oficial perguntou ao representante do papa, o Abade Arnaldo Amauri, como ele conseguiria distinguir os hereges dos crentes verdadeiros, a resposta foi: “Matem-nos todos. Deus reconhecerá os seus.” Na guerra que se seguiu, todo o território foi pilhado, as colheitas destruídas, as cidades e vilarejos arrasados. O extermínio ocorreu numa extensão tão vasta que alguns historiadores consideram esse caso como o primeiro genocídio da história da Europa moderna.
Diante da fúria dos cruzados, uma a uma, as cidades de Languedoc foram caindo em poder dos franceses do norte e da Igreja sob a alegação de serem focos de atuação de cátaros. Carcassonne, depois de duas semanas sitiada, foi destinada a Simão de Montfort, o novo chefe militar da guerra santa. Na verdade, nos anos seguintes, a cruzada se transformou em um alto negócio para o nobre. Mais do que aniquilar os cátaros, seu alvo eram as terras e as joias da nobreza do Languedoc, não importa se apoiassem ou não os hereges.
As duas últimas fases
Em 1224, com o apoio do papa Honório III (Inocêncio III faleceu em 1216), começou a segunda fase da Cruzada Albigense quando o então rei da França, Luís VIII, liderando os barões do norte francês, empreendeu uma nova investida que durou cerca de três anos com muitas conquistas até chegar a Avignon, onde terminou o cerco contra os hereges.
Apesar de terem o apoio de pequenos condados, os cátaros não conseguiram resistir ao genocídio das Cruzadas, mas elas não conseguiram erradicar o catarismo de forma definitiva. Foi a Inquisição, a instituição que realmente conseguiu exterminar definitivamente o catarismo. Quarta-feira, 16 de março de 1244, aos pés de um penhasco da região de Ariège (Midi-Pyrenees), nos Pirineus franceses, 225 homens e mulheres cátaros foram queimados em uma grande fogueira nos arredores da fortaleza de Montségur. Entrincheirados a 1.200 metros de altitude, os seguidores do catarismo foram capturados após dez meses de cerco, tinham-se recusado a abjurar a sua fé.
Adaptado do texto “Os bons e os puros”
Revista Leituras da História Ed. 57
A Inquisição e a Cruzada contra os Cátaros
Por Ana burke, 16/08/2013 - O “glorioso século 12”, […] foi iniciado com a terrível Inquisição e a cruzada de 35 anos contra os cátaros (às vezes chamados de Albigenses ).
“A expressão “Inquisição” geralmente significava uma instituição especial eclesiástica para combater ou reprimir a heresia” (Enciclopédia Católica , viii, 26 p.) – “heresia” simplesmente significa “ter uma opinião diferente.” A Inquisição tornou-se algo permanente dentro do cristianismo e, para justificar os princípios do tribunal, os papas introduziram este instrumento poderoso na forma de uma série adicional de documentos fictícios chamados de ” Decretos forjadas de Graciano “. As falsificações são reunidas algumas das maiores imposições conhecidas para a humanidade, a mais bem sucedida no seu domínio sobre as nações ignorantes.
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Neste período da história cristã, centenas de milhares de pessoas foram massacradas pela Igreja e a mais bela metade da França foi destruída. Em 1182, o papa Lúcio III (1181-1185;. d 1185) ganhou o controle do aparato oficial da Igreja, e em 1184 ele declarou que os cátaros hereges autorizando uma cruzada contra eles. A cruzada é uma guerra instigada pela Igreja por supostos fins religiosos, e foi autorizada por uma bula papal.
Oitenta e seis anos antes, em 1096, o Papa Urbano II (1042-1099; papa 1088-1099) sancionou a primeira das oito Cruzadas da Igreja que se estendeu no tempo, para um total de 19, e eles continuaram com estas cruzadas ininterruptamente durante 475 anos (1096-1571 ). Heresia, dizia a Igreja, era um golpe no rosto de Deus e era o dever de cada cristão matar os héreges. Antes disso, o Papa Gregório VII (1020-1085; papa 1073-1085) declarou oficialmente que “a matança de hereges não é assassinato” e decretou um direito legal da Igreja e seus militantes matar os não-crentes no dogma cristão.
Até o século 19, os papas obrigaram monarcas cristãos a fazer da heresia um crime punível com a morte em seus códigos civis, mas não foi uma heresia que instigou a cruzada contra os cátaros :
O objetivo era “conseguir (roubar) terras adicionais para o papado aumentando as suas receitas, e os papas se envolviam em brutalidades, ameaças e todo tipo de estratagemas para atingir seus objetivos” (A história de controvérsia religiosa, o Dr. Joseph McCabe, 1929, p. 40).
Os cátaros eram pessoas pacíficas e piedosas, sendo escolhidos pela hierarquia cristã para serem destruídos totalmente. Achamos difícil hoje perceber o tumulto levantado pelo cristianismo e o ardor de campanhas amargas dos papas “contra os cátaros , e mais tarde contra os descendentes de Frederico II e, em seguida, contra os Cavaleiros Templários .
Papa Celestino III (1106-1198; papa 1191-1198) apoiou a decisão anterior do papa Lúcio III de aniquilar todos os Cátaros da face da Terra. Para fazer isso, agora no início do século 13, o Papa Inocêncio III ( Lotario di Segni , 1161-1216; papa 1198-1216), “um dos maiores papas da Idade Média” (Enciclopédia Católica, viii, 13 p.) , ordenou a Domingos de Gusmão (1170-1223) – que mais tarde foi feito santo pela igreja – a desenvolver uma tropa de seguidores impiedosos chamado de “o exército católico” (Enciclopédia Católica, v, p. 107), com uma força inicial de 200 mil soldados a pé e mais 20 mil cavaleiros montados a cavalo.
A população em geral os rotulava como “Cortadores de garganta”, mas São Domingos os considerava ” Exército de Jesus Cristo “(ibid.), e mais tarde ele aumentou o exército adicionando mais de 100 mil soldados. O escritor católico Bispo Delany (1227 dc) disse que a força de combate que a Igreja construiu era em 500 mil soldados contra um povo comum, populares desarmados e viram que, na prática, o sistema papal de religião era frívolo e falso.
A cruzada contra os cátaros começou em 22 de julho de 1209, e foi uma demonstração cruel da Igreja Católica. Arnaud Amaury (falecido em 1225), o Abade de Cister, comandou as tropas que carregavam uma bandeira com uma cruz verde e uma espada, e os membros da nobreza francesa, incluindo o duque de Borgonha e o conde de Nevers, o acompanhou […] Com as instruções de Abade Amaury, a Igreja iniciou um dos massacres mais cruéis dos seres humanos na história mundial.
O que se seguiu foi horrível. A cruzada começou em Béziers, e alguns cronistas dizer que todos os habitantes da cidade foram massacrados dentro de uma semana. Alguns estimam o número de mortos em 40 mil homens, mulheres e crianças. Diz-se que durante os primeiros dias, 6.000 ou 7.000 pessoas foram sistematicamente levados para a Igreja de Santa Madalena e abatidos individualmente.
É notável que, até tempos recentes, tem havido poucos comentários sobre a extensão dos horrores da Igreja contra os cátaros . Com o crescente interesse em Catarismo nas últimas décadas, tem havido tentativas por parte dos católicos para minimizar a seriedade e a extensão dessa indignação e convenientemente rebaixar a magnitude da carnificina a irrelevância. Tais esforços para suprimir a verdade da história cristã, embora não totalmente bem sucedida, parece ter fortalecido a fé daqueles que querem a verdade.
A maneira pela qual os escritores católicos tentam esconder mascarando essa indignação papal terrível é vergonhoso. O fato de que os papas realizaram esses assassinatos em nome de Cristo o que é especialmente lamentável para os cristãos. Se aceitarmos a desculpa da Igreja de que os cruzados eram homens com profundo sentimento religioso que começaram a reprimir um grupo de pessoas que não acreditavam no cristianismo professado formalmente, então estamos aceitando uma inverdade. O que é incontestável é que, quando o exército católico foi mobilizado, foi a mais terrível máquina de matar que a Europa já tinha visto .
A conseqüência do saque de Béziers foi impressionante e foi algo análogo aos efeitos do bombardeio atômico de Hiroshima na Segunda Guerra Mundial. Foi um horror de uma magnitude superior a qualquer coisa na memória do povo do Midi.
Depois de Béziers, as tropas marcharam triunfantes para Carcassonne. Poderia justificadamente ter sido considerada como um prêmio que só poderia cair depois de meses ou anos de cerco, mas sucumbiu em menos de um mês após o saque de Béziers ( A Grande Heresia , o Dr. Arthur Guirdham, Neville Spearman, Jersey, 1977). Europeus estremeceram quando ouviram que mais de 5.000 pessoas foram abatidos em Marmande em 26 de setembro de 1209, e Guillaume de Tudole registra uma descrição terrível de homens, mulheres e crianças sendo cortados em pedaços pelos Soldados de Jesus Cristo .
Que a suposta pregação de Cristo veio a ser a base de tal agressividade exuberante contra seres humanos é um assunto para reflexão. Os registros e literatura de os cátaros foram tão impiedosamente destruídos pela Igreja como foram os expoentes vivos da fé, e essa evidência é fornecido na Enciclopédia Católica (iii, pp 435-37) sob uma rubrica intitulada “esterilizado cátaros “.
Incapaz de alcançar constantes, esmagamento vitórias na batalha por causa de fortificações dos cátaros, os papas embarcaram em uma política oficial de destruição sistemática de suas fazendas, prédios, vinhas, campos de trigo e pomares. A devastação causada pelo exército católico foi imensa e a perda para a civilização é difícil de compreender. Historiadores estimam que mais de 500 cidades e vilas desapareceram do mapa, como resultado de predações. Depois de três décadas e meia de brutalidade e crueldade, o desprezo da Europa se aprofundou quando a batalha final contra os cátaros teve lugar no seu reduto, o castelo Montségur , em 1244.
Em tempos posteriores, a Igreja ingenuamente confessou que o motivo de sua carnificina sem precedentes e devastação dos cátaros era, “Sua riqueza … e o desprezo dos Cátaros para com o clero católico, por causa da ignorância, escândalos e vida mundana deste.”
(Enciclopédia Católica, i, p. 268).
” A Inquisição “, disse o bispo de Bruno de Segni , um escritor católico do século 16 “, foi inventada para roubar os ricos de suas posses pois o Papa e seus sacerdotes foram intoxicados com a sensualidade;. desprezaram a Deus porque sua religião tinha sido afogada em um dilúvio de riqueza ” (A História dos Papas, McCabe, ibid.).
Ao mesmo tempo, temos a reclamação do legado papal Elmeric , que disse que os papas perseguiram os Cátaros porque não havia “outros hereges mais ricos”.
Em 1252, o Papa Inocêncio IV autorizou oficialmente a criação das terríveis câmaras de tortura da Inquisição. Ele também incluiu novamente a prisão perpétua ou morte na fogueira, sem o consentimento dos bispos. A absolvição do acusado era agora praticamente impossível. Assim, com uma licença concedida pelo próprio papa, inquisidores eram livres para explorar as profundezas do horror e crueldade. Vestidos como demônios com vestidos pretos e com capuzes pretos sobre suas cabeças, inquisidores poderiam extrair confissões a partir de praticamente qualquer um. A Inquisição inventou os mais terríveis instrumentos para infligir dor.
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Muitos dos dispositivos estavam inscritos com o lema ” Glória somente a Deus “. Bernardus Guidonis , o inquisidor em Toulouse instruiu os leigos a nunca discutir com o incrédulo e aconselhou-os a “enfiou a espada na barriga dele a medida em que vai. ” George Ryley Scott descreve como os inquisidores se fartaram com a sua desumanidade, e desenvolveram um grau de insensibilidade raramente rivalizado nos anais da civilização, com as autoridades eclesiásticas condenando toda a fé fora de Cristo como demoníaca. Só o fato de ter uma acusação contra uma pessoa, e de ser convocado para a Inquisição era suficiente para terror abjeto no homem ou na mulher mais corajosa. Muitos poucos dos que entraram as portas de uma das salas de tormento escaparam vida, e eram, com raras exceções, mutilados, física ou mentalmente para sempre. Aqueles que foram jogados nas masmorras geralmente enlouqueciam no cativeiro, gritando em desespero para escapar de seus purgatórios. Outros voluntariamente cometiam suicídio durante o seu confinamento.
Os réus eram conhecidos por incriminarem-se tendo a chance desde que pudessem escapar dos horrores. Como Henry Charles Lea descreve, uma das condições de escapar das sanções era entregar (acusar) outros como hereges e apóstatas, e sob o terror geral, houve pouca hesitação em denunciar não só os amigos e conhecidos, mas os mais próximos e queridos parentes – pais, filhos, irmãos e irmãs – e isso acabou por prolongar indefinidamente as inquisições através de seus associados.
Segundo Voltaire, em: “Voltaire on the Wars against the Cathars of the Languedoc”, nos conta mais um pouco sobre toda a tragédia pelas quais passaram os inocentes Cátaros e seus defensores:
Simon de Montfort […] dominou grande parte do país, garantindo os castelos dos Senhores suspeitos, sitiando aqueles que não se colocaram sob seu controle, e atacando os hereges que se atreviam a se defender […] acendeu uma fogueira para essas pessoas infelizes, cento e quarenta e um deles se jogaram nas chamas cantando os salmos. […] nunca houve nada tão injusto como a guerra contra os albigenses. As pessoas não foram atacadas por rebelar-se contra o seu príncipe, mas o príncipe é que foi atacado e forçado a destruir seu próprio povo […] o entusiasmo para ganhar indulgências e riqueza multiplicou os cruzados. Os Bispos de Paris, de Liseux, de Bayeux, cercaram Lavaur. Oitenta cavaleiros foram presos, juntamente com o Senhor desta cidade, todos eles foram condenados à forca, mas a forca quebrou sob o peso e os cativos foram abandonados aos cruzados que os massacrou […] A irmã do Senhor dos Lavaur foi jogada em um poço, e em torno do poço, trezentos habitantes que não renunciaram a sua fé foram queimados [..] SÃO DOMINGOS ESTAVA À FRENTE DAS TROPAS, UM CRUCIFIXO DE FERRO NA MÃO, INCENTIVANDO OS CRUZADOS NA CARNIFICINA. ESTA NÃO ERA A POSIÇÃO DE UM SANTO […] Por dois anos, todo o prisioneiro foi mandado para a morte, mesmo após rendicão dos habitantes, tudo era reduzido a cinzas […] Finalmente, o Regent, Blanche, e o joven Raymond, cansados de massacres e exaustos por suas perdas, assinaram um tratado de paz em Paris […] O Conde de Toulouse teve que pagar dez mil marcos às igrejas do Languedoc […] dois mil para os monges imensamente ricos de Cister, quinhentos para os monges ainda mais ricos de Claraval, e mil e quinhentos para outras abadias, além de ser obrigado a sair por cinco anos para fazer a guerra contra os sarracenos e turcos, que seguramente nunca tinham travado guerra contra Raymond, ele abandonou ao rei todas as suas propriedades próximas ao Rhone, sem qualquer compensação, porque todas as suas propriedades lá pertencia ao Sacro Império Romano […] O jovem Raymond, para obter o perdão de seus pecados, cedeu ao papa em perpetuidade o condado de Venaissin além do condato de Rhone […] logo após essa extorsão, o imperador Frederico II transferiu o pequeno território de Avignon, que o papa tinha roubado, ao conde de Toulouse.Ele fez justiça, como soberano, e acima de tudo como um soberano indignado. Mas, seu filho, Philippe le Hardi, restaurou para os papas o condado de Venaissin […] Estas cruzadas contra o Languedoc duraram 20 anos. […] O desejo de se apropriar da propriedade dos outros acendeu neles uma luz […] e foi fundada a Inquisição (1204). Esta nova praga, desconhecida até então entre todas as religiões do mundo, recebeu a sua primeiro sob o reinado do Papa Inocêncio III, foi criada na França a partir do ano 1229 em Saint Louis. Um conselho em Toulouse neste ano começou, proibindo os leigos cristãos de ler a bíblia. Foi um insulto para a espécie humana: “Queremos que vocês acreditem, e não queremos que vocês leiam o livro em que se baseia esta crença”.
(1237), mas foi muito pior quando o rei teve a fraqueza de permitir em seu reino um Grande Inquisidor nomeado pelo papa de nome Robert […] Ele foi inquisidor em Paris, em Champaign, na Borgonha e em Flandres, levando o rei a acreditar que havia uma nova seita infectando suas províncias […] Usando esse pretexto, o monstro fez com que fossem queimados todos os suspeitos que não tinham dinheiro para resgatar a si próprios […] as suas iniqüidades e comportamento infame tornaram públicas, mas o que vai chocá-lo é que ele era um condenado à prisão perpétua, e o que vai chocá-lo mais é que o jesuíta Daniel não o mencioná-lo na seu relato da História da France […] Foi assim que a Inquisição começou na Europa […] o último grau de uma barbaridade absurda e brutal apoiada por informantes e executores da religião de um Deus que foi morto nas mãos dos algozes. Isso também foi uma maneira de tomar para si o tesouro dos povos e reis em nome desse mesmo Deus que nasceu na pobreza e que vivia na pobreza.
Para manter e perpetuar a hierarquia, a riqueza e o poder ABSOLUTO, a igreja romana vem mentindo, penalizando, torturando, matando todos aqueles que se colocam no seu caminho, desde que se decidiu que não haveria no mundo outras igrejas, doutrinas, ou religiões, que não fosse a religião católica apostólica romana e seus dogmas. E para que este poder permaneça para sempre, vale tudo, até mesmo adulterar toda a doutrina de Jesus cristo e jogar no inferno aqueles que tem olhos e vêem; ouvidos e escutam.
São Bernardo de Clairvaux, apesar da oposição aos cátaros, dizia:
“Se você questionar o herege sobre sua fé, nada é mais cristão …nada mais inocente, e o que eles dizem eles provam em suas ações … No que diz respeito a sua vida e conduta, eles não enganam ninguém, não passam por cima de ninguém, não usam de violência para com ninguém. Além disso, suas bochechas são pálidas devido ao jejum, eles não comem o pão da ociosidade;. eles trabalham com as mãos e, assim, fazem com que a vida das mulheres que estão deixando seus maridos, os homens que estão deixando de lado as suas esposas, migrem para os hereges! clérigos e padres, o jovem e o adulto, entre eles, quando não estão em suas congregações e igrejas, são encontrados frequentemente na companhia de tecelões de ambos os sexos “.
VERSÃO DA IGREJA CATÓLICA PARA O MASSACRE DOS CÁTAROS:
Segundo a Igreja Romana a Virgem Maria deu a São Domingos o Rosário e também incentivou a matança de mulheres, idosos, crianças e homens Cátaros.
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Corria o ano da graça de 1214. Havia bastante tempo que o Languedoc, região meridional da França, vinha sendo assolado por uma infame e terrível heresia: a dos albigenses. […] Convocada uma Cruzada para estancar o mal […] apesar de tanto sangue derramado, a heresia continuava a devastar as almas. Nesse estado de tribulação extrema da Cristandade, São Domingos, movido por inspiração divina, entra numa grande e densa floresta próxima de Toulouse (capital do Languedoc). Ali passa três dias e três noites em contínua oração e penitência, não cessando de gemer, de chorar e de se flagelar, implorando a Deus que tivesse pena de sua própria glória calcada aos pés pela heresia albigense […] Em conseqüência de tamanho ardor e esforço, acaba por cair semi-morto. E eis que então, MARIA SANTÍSSIMA, RESPLANDECENTE DE GLÓRIA, LHE APARECE […] ACOMPANHADA DE TRÊS PRINCESAS DO CÉU, LHE DISSE: […] se queres ganhar para Deus esses corações endurecidos, reza meu Saltério’. O Santo levantou-se muito consolado e, abrasado de zelo pelo bem desses povos, entrou na catedral. No mesmo momento os sinos tocaram, pela intervenção dos Anjos, para reunir os habitantes. No início da pregação caiu uma espantosa tempestade. A terra tremeu, o sol se nublou, os trovões e relâmpagos redobrados fizeram estremecer e empalidecer todos os ouvintes. SEU TERROR AUMENTOU AO VEREM UMA IMAGEM DA SANTÍSSIMA VIRGEM, EXPOSTA NUM LUGAR EMINENTE, LEVANTAR TRÊS VEZES OS BRAÇOS PARA O CÉU, PARA PEDIR AO SENHOR VINGANÇA CONTRA ELES (OS CÁTAROS) SE NÃO SE CONVERTESSEM E NÃO RECORRESSEM À PROTEÇÃO DA SANTA MÃE DE DEUS. […] A DEVOÇÃO DO ROSÁRIO CONTINUA ESTREITAMENTE VINCULADA A SÃO DOMINGOS, sem dúvida o seu primeiro grande propagador […] todas as vezes que alguém reza, de modo conveniente, seu Rosário, deposita sobre a cabeça de Jesus e de Maria uma coroa formada de 153 rosas brancas e 16 rosas vermelhas do Paraíso, as quais nunca perderão sua beleza ou seu brilho […] O Irmão Afonso Rodrigues, da Companhia de Jesus, recitava seu Rosário com tanto fervor que se via, com freqüência, a cada Pai-Nosso, sair de sua boca uma rosa vermelha, e a cada Ave-Maria uma branca, igual em beleza e em bom odor.
Fontes: http://pt.wikipedia.org
http://super.abril.com.br
http://www.caestamosnos.org
http://leiturasdahistoria.com.br
https://anaburke.com