QUALIDADE DE VIDA

Os perigos da automedicação

automed1Giancarlo Lourenço Matias: Acadêmico do curso de Medicina da UEM - Uma prática muito comum adotada pela grande maioria da população é a automedicação. As causas para sua existência são inúmeras, dentre tantas podemos facilmente citar algumas como a grande impossibilidade de uma boa parte das pessoas terem um acesso ao atendimento médico ou odontológico, seja por questões financeiras ou por próprio hábito de tentar solucionar os problemas de saúde corriqueiros tomando por base a opinião de algum conhecido mais próximo. Além disso a alta freqüência de propagandas através da mídia eletrônica é muitas vezes um fator contribuinte para a automedicação de pessoas leigas no assunto. Por trás deste ato aparentemente tolo e sem conseqüências está um problema em potencial para sua saúde. Paracelso, que viveu de 1493 a 1541, já afirmara que “a dose correta é que diferencia um veneno de um remédio” . Por isso uma dose acima da indicada , administrada por via inadequada (via oral, intramuscular, retal...) ou sem uso para fins não indicados, podem transformar um ...

inofensivo remédio em um tóxico perigoso. Embora a existência  de efeitos adversos seja tão antiga quanto a própria utilização de determinada substância , somente a partir  da segunda metade do século, com a tragédia da talidomida, na década de 60, é que a preocupação com os efeitos adversos dos medicamentos tornou-se um alvo freqüente das pesquisas dos laboratórios governamentais e das indústrias farmacêuticas. Atualmente, os conhecimentos nesse sentido são inúmeros e seu avanço é cada vez maior e isso fornece aos médicos importantes substratos a serem analisados no momento de  prescrever um determinado medicamento.

Outro problema relacionado à automedicação é a famosa interação medicamentosa. Mas afinal, o que é isto e do que se trata? Simples, quando medicamentos são administrados concomitantemente,  eles podem se interagir de três formas básicas, a saber: um pode potencializar a ação de outro , pode ocorrer também a perda de efeitos por ações opostas ou ainda a ação de um medicamento alterando a absorção, transformação no organismo ou a excreção de outro fármaco.

Além disso, o fato de determinadas substâncias usadas indiscriminadamente alterar as condições fisiológicas do organismo de um paciente é muitas vezes ignorado e isso certamente deve ser considerado. Exemplificando, o uso indiscriminado de medicamentos à base de um analgésio-antitérmico como a dipirona pode abaixar os níveis de células de defesa encontrados no sangue.

Um outro conceito a ser tratado, e tido por muitos (devido a falta de informação, provavelmente) como inofensivo, é o uso indiscriminado de medicamentos fitoterápicos, aqueles remédios naturais que segundo vendedores mais interessados  em rechear seu bolso do  que com a saúde pública , insistem em afirmar que não existem  efeitos colaterais. É um conceito equivocado achar que um extrato de um vegetal, só porque não foi industrializado e está livre de qualquer insumo químico, é tido como sem nenhuma contra-indicação. Um medicamento fitoterápico, ou do tipo homeopático (é bom diferenciá-los: o processo de fabricação de um medicamento homeopático é totalmente diferente de um fitoterápico, bem como sua concentração final, seu modo de ação e o tempo de tratamento) usado sem uma orientação especializada é um risco de reações indesejadas, e que pode ser evitada com uma simples conversa  com um profissional da área da saúde. Muitas vezes, o profissional qualificado mais acessível para muitos é o farmacêutico (não confundir com o balconista) que é um profissional qualificado para dispensar as especialidades farmacêuticas. Mas não se esqueça, médicos é que são responsáveis pelo receituário, e a troca  da receita médica pela indicação do balconista da farmácia é certamente um mau negócio, bem como aquela iniciativa de automedicar-se. Portanto, pense duas vezes antes de tomar aquele remédio, que possa lhe parecer inofensivo, ou que um amigo ou vizinho tenha o receitado. Às vezes , sintoma algum aparece, mas complicações podem ocorrer e quando isso ocorre é das formas mais inesperadas possíveis.


Cuidados


Dr. Abrão José Cury Jr. - Automedicação: o barato que sai caro e pode ser perigoso. Desperdício de dinheiro e efeitos danosos à saúde são alguns dos resultados

São Paulo, fevereiro de 2003. Apesar de saber que é perigoso ingerir remédios com base na indicação do balconista da farmácia, de amigos, ou achando que os sintomas são de uma doença que conhece ou já teve, muitas pessoas ainda recorrem a automedicação, para economizar a consulta médica e o exame diagnóstico. Porém, em geral, essa conduta sai mais cara. Os remédios podem agravar doenças, mascarar sintomas, ter efeitos colaterais danosos, ou no mínimo, servir para nada.

Existem pessoas que fazem uso de medicamentos que sobraram, sem ter certeza de que se trata da mesma doença. Outras não sabem que a indicação do balconista, ou de amigos, pode induzir à compra de medicamentos sem garantia de qualidade. Outras ainda com uma única receita médica, no mesmo dia, compram várias vezes o mesmo remédio e o consome indiscriminadamente.  O dr. Abrão José Cury Jr, presidente da Regional São Paulo da Sociedade Brasileira de Clínica Médica, médico  assistente da Universidade Federal de São Paulo e cardiologista do Hospital do Coração, dá exemplos de medicamentos freqüentemente consumidos sem indicação médica e mostra os perigos.

Laxante - Quando consumido indiscriminadamente pode levar a alterações intestinais. Se a pessoa estiver constipada (intestino preso), complica o quadro e pode levar à perfuração do intestino. Nos idosos, pode provocar desidratação e alterações metabólicas, colocando a vida em risco. Pessoas com tumor intestinal, em geral não diagnosticado, podem agravar a doença.

Xarope - A tosse pode ter várias causas, como infecção viral ou bacteriana, alergia, refluxo da hérnia de hiato e câncer das vias respiratórias. O xarope pode mascarar o sintoma, permitindo que a doença evolua sem controle, pode piorar o problema ou não ter efeito algum.

Antibiótico - Droga usada para tratar várias infecções, como as respiratórias, gripes e abscessos. Mesmo que a pessoa acerte na escolha, ao comprar sem indicação médica, pode errar no tipo e na dosagem, levando ao tratamento errado. Além disso, o indivíduo pode desenvolver resistência à droga e quando for realmente necessária, não terá efeito.

Antiácido - Muito usado para combater dor de estômago, que pode ser sintoma de úlcera, tumor, pancreatite e até de infarto do miocárdio. O uso inadequado pode retardar o diagnóstico, comprometer o tratamento e expor ao risco de morte.

Aspirina - Reconhecida como droga que previne o infarto, só pode ser consumida com indicação médica, mesmo no controle de outras doenças, porque tem efeitos colaterais importantes, podendo provocar problemas de estômago e hemorragias. Pode ser fatal se usada para combater a dengue.

Colírio - Sem indicação médica, a única coisa que se pode passar nos olhos é água limpa. Os colírios têm princípios ativos variados, como corticóides e antibióticos, podem mascarar ou exacerbar doenças e se a pessoa tiver problemas prévios, como glaucoma, pode agravá-los.

Cremes e pomadas - Muitas pessoas cometem o erro de achar que existem cremes e pomadas que tratam tudo, o que está errado porque cada um tem uma indicação adequada. O uso indiscriminado pode mascarar doenças, como câncer de pele, pode provocar dermatite de contato, ou pode não ter efeito.

Remédios naturais - Todos os medicamentos, sem exceção, têm efeitos colaterais e podem provocar riscos à saúde.

Vitaminas - Só devem ser tomadas quando há uma real necessidade até porque algumas, dependendo da dose, podem provocar doenças. A vitamina C, por exemplo, provoca distúrbios gastrointestinais e cálculo renal. A vitamina A, quando consumida por crianças, pode provocar hipertensão craniana.

Suplementos alimentares - Podem ter efeitos tóxicos, ou não fazer nada. Estudos em andamento, relacionam os suplementos com o desenvolvimento de arritmias cardíacas e com morte súbita.

Casamento de remédios - Algumas pessoas, ao acharem que estão com gripe, por exemplo, ingerem xarope para a tosse, que piora a secreção pulmonar, descongestionante nasal, que nos casos de sinusite e pneumonia piora o quadro, e injeções à base de eucalipto, absolutamente inúteis. Além disso, tudo junto pode provocar reações alérgicas e até choque anafilático.

"É importante que as pessoas saibam cuidar melhor da saúde, conheçam o risco da automedicação, valorizem mais o conhecimento médico e o ideal é que todos os medicamentos sejam vendidos apenas com retenção de receita", finaliza o dr. Abrão José Cury Jr.


Um risco óbvio a saúde


Quem costuma ir à farmácia comprar um remédio para aliviar o mal-estar ou qualquer dor rotineira deve tomar cuidado para não ficar pior e prejudicar a saúde. Segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias Farmacêuticas (Abifarma), todo ano cerca de 20 mil pessoas morrem no país, vítimas da automedicação. A maior incidência de problemas relacionados à prática está ligada à intoxicação e às reações de hipersensibilidade ou alergia.

Muito comum entre os idosos, o hábito de se automedicar representa um risco iminente à saúde. Em geral, eles já apresentam doenças crônicas e fazem o uso de medicamentos recomendados pelos médicos. Ao usar outros remédios, eles podem desestabilizar os tratamentos a que vêm sendo submetidos, assim como provocar uma intoxicação.

Segundo pesquisa realizada pela Secretaria Especial da Terceira Idade do Rio de Janeiro, das 2.019 pessoas entrevistadas, acima de 60 anos, 44% delas admitiram que usam medicamentos sem prescrição médica.

Marianela Flores Hekman, presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), diz que em seu dia-a-dia como geriatra são comuns os relatos de pacientes que passaram a tomar determinados medicamentos a partir das recomendações de vizinhas, amigas, parentes e farmacêuticos.

Quem costuma ir à farmácia comprar um remédio para aliviar o mal-estar ou qualquer dor rotineira deve tomar cuidado para não ficar pior e prejudicar a saúde. Segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias Farmacêuticas (Abifarma), todo ano cerca de 20 mil pessoas morrem no país, vítimas da automedicação. A maior incidência de problemas relacionados à prática está ligada à intoxicação e às reações de hipersensibilidade ou alergia.

automed2Muito comum entre os idosos, o hábito de se automedicar representa um risco iminente à saúde. Em geral, eles já apresentam doenças crônicas e fazem o uso de medicamentos recomendados pelos médicos. Ao usar outros remédios, eles podem desestabilizar os tratamentos a que vêm sendo submetidos, assim como provocar uma intoxicação.  Segundo pesquisa realizada pela Secretaria Especial da Terceira Idade do Rio de Janeiro, das 2.019 pessoas entrevistadas, acima de 60 anos, 44% delas admitiram que usam medicamentos sem prescrição médica.  Marianela Flores Hekman, presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), diz que em seu dia-a-dia como geriatra são comuns os relatos de pacientes que passaram a tomar determinados medicamentos a partir das recomendações de vizinhas, amigas, parentes e farmacêuticos.  - Isso é um perigo porque os medicamentos prescritos por médicos já têm efeitos colaterais que são monitorados pelo profissional. Por isso, tem de seguir à risca os horários e a quantidade indicada. Qualquer nova substância pode desencadear novos efeitos. Então, antes de tomar qualquer remédio é preciso perguntar a opinião do médico. Até mesmo o uso de fitoterápicos e de vitaminas deve ser informado. O ideal é que o idoso faça um resumo de todos os medicamentos ou leve as caixinhas deles para que o médico saiba tudo o que está se passando com o paciente de forma global - afirma Marianela.

Ela contou que já atendeu uma paciente com hemorragia digestiva provocada pela ingestão de um xarope contendo babosa e álcool.

- Foi bem difícil diagnosticar o que poderia ter provocado a hemorragia porque essa senhora não contou que estava tomando o xarope e todos os outros medicamentos estavam controlados e administrados de forma correta -

Ela também citou uma pesquisa da Universidade Luterana do Brasil (ULBRA) onde 40,7% dos idosos entrevistados em Canoas, no Rio Grande do Sul, têm o hábito de se automedicar.

De acordo com Antonio José Carneiro, professor adjunto e doutor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ulbra), os analgésicos, os antiinflamatórios e os antigripais são os medicamentos mais usados indevidamente pelos idosos. Porém, ele ressalta que mesmo os remédios aparentemente inofensiveis podem causar complicações.


Saiba Quando o Remédio Faz Mal a Sua Saúde

 
O problema da automedicação é uma realidade no país. Mas independente disso, os efeitos colaterais dos remédios fazem tanto mal quanto este ato impensado. Para evitar tais problemas é aconselhável a consulta ao seu médico antes de ingerir qualquer medicamento.

O grande problema dos medicamentos é que a maioria deles não atua diretamente na parte do corpo que está com problemas - eles precisam de longos percursos dentro do organismo até atingirem o alvo desejável. Nesse processo, que faz com que os remédios visitem com freqüência o estômago e o fígado, podem ocorrer sensações estranhas tais como as queimações no estômago.

É justamente aí que estão os maiores problemas de contra-indicações e efeitos colaterais. Além disso, um remédio pode ir para outra parte do corpo, atraído quimicamente. Um dos exemplos mais simples deste fato são os anti-histamínicos (usados nas alergias), que podem provocar sonolência, devida a sua ação no sistema nervoso central.

Alérgicos

Os alérgicos, além dos efeitos colaterais comuns a todos podem ver surgir manchas vermelhas que coçam muito. Caso os efeitos colaterais não desaparecem em poucos dias, o melhor a se fazer é suspender o seu uso, claro, com a orientação do médico.

Esclarecer na Hora da Consulta

Alguns efeitos colaterais não são previsíveis. Neste caso, informe ao médico todo e qualquer efeito sofrido com a utilização de outros medicamentos anteriormente.

Isto evita que um médico receite um medicamento que possa ter efeitos colaterais semelhantes. Qualquer medicamento que esteja usando deve ser mencionado, desde um simples xarope até pílulas anticoncepcionais. Também aí se incluem medicamentos homeopáticos.

É importante também saber do médico quais os alimentos e bebidas podem ser ingeridos. Informe-se ainda a forma correta do uso do remédio, sua freqüência e dosagem.

Analgésicos: Péssimo Exemplo

No Brasil os analgésicos são os remédios mais vendidos, e nem por isso deixam de trazer efeitos colaterais. O ácido acetil-salicílico, AAS ou Aspirina, pode provocar irritação estomacal e dificuldade de coagulação sanguínea, além de não poder ser ingerido depois de pequenas cirurgias e durante a menstruação. Já o acetaminofeno (tylenol) pode prejudicar o funcionamento do fígado, por causa da toxidez.

Por último, a dipirona, conhecida pela Novalgina, pode causar certa queda de pressão arterial, além de provocar em algumas pessoas uma doença rara, chamada agranulocitose, na formação de certos componentes do sangue.

 
Dicas de saúde

Na hora de se medicar, evite tomar remédios por conta própria ou seguir conselhos de amigos ou balconistas de farmácia. A pessoa mais indicada para receitar um medicamento é o médico. A auto-medicação pode ter efeitos indesejados e imprevistos, pois o remédio errado não só não cura como pode piorar a saúde.

Evite comprar medicamentos em feiras, camelôs e em farmácias e drogarias que você não conhece. Fique atento também com promoções e liquidações, pois preços muito baixos podem indicar que o medicamento tem origem duvidosa.

- Não esqueça de verificar na embalagem do remédio:

• Se consta a data de validade;

• Se o nome do produto pode ser lido facilmente;

• Se não há rasgos, rasuras ou alguma informação que tenha sido apagada ou raspada.

• Se consta o nome do farmacêutico responsável pela fabricação e o número de sua inscrição no Conselho Regional de Farmácia . O registro do farmacêutico responsável deve ser do mesmo Estado em que a fábrica do medicamento está instalada;

• Se consta o número do registro do medicamento no Ministério da Saúde;

• Se o número do lote, que vem impresso na parte de fora, é igual ao que vem impresso no frasco ou na cartela interna;

• Se você suspeitar que o remédio é falsificado, ligue para o Disque Saúde e peça orientação. O número é 0800-611997 e a ligação é gratuita.


Suspensão dos medicamentos contra a gripe (2009)


Marcelo Gigliotti - A decisão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) de suspender temporariamente as propagandas de medicamentos contra a gripe em razão da elevação dos casos de gripe suína no Brasil levanta uma questão importante na área de saúde pública: a automedicação, uma prática muito comum no Brasil.

De acordo com a Anvisa, a suspensão é necessária porque esses medicamentos são capazes de mascarar os sintomas da gripe suína. No que concordam especialistas.

– Essa gripe é uma doença nova, com situações atípicas. Por isso, não me parece sensato tomar remédios que possam mascarar sintomas sem uma avaliação médica – diz Vera Lúcia Luiza, pesquisadora da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp), da Fiocruz, que participa de um grupo de estudos sobre política de medicamentos no Brasil.

Foi justamente esta razão que levou a Anvisa a proibir propagandas de remédios com propriedades analgésicas e antitérmicas destinados ao alívio dos sintomas da gripe, tais como aqueles à base de paracetamol (como o Tylenol), dipirona sódica (Novalgina e outros), ibuprofeno e ácido acetilsalicílico (Aspirina e outros).

Indicador

automed3– Momentos como esse exigem um cuidado maior. É preciso ver, por exemplo, como a febre evolui. Ela é um indicador importante para orientar o diagnóstico do médico sobre gripe suína. A propaganda não estimula este cuidado. Ao contrário, acaba induzindo o consumidor a tomar este tipo de medicamento ao primeiro sintoma – diz o diretor da Anvisa, Dirceu Barbano. Segundo ele, a propaganda de remédios é o principal combustível para a automedicação. – Se a propaganda não induzisse ao consumo, a indústria não investiria 20% de seu faturamento em publicidade de seus produtos – diz o diretor da Anvisa. Para ele, além da indústria farmacêutica, as farmácias também têm um papel importante no estímulo à automedicação.

– Todos sabem que a situação mais comum é a prescrição de remédios no balcão das farmácias. Este setor deveria assumir a sua responsabilidade ética e sanitária – diz Dirceu Barbano, da Anvisa.

O cerco à automedicação no Brasil é uma preocupação da agência. Em junho, a Anvisa publicou outra resolução proibindo artistas de fazer fazer propaganda de remédios.

– Sabemos que a simples publicação de normas não vai resolver o problema. A solução requer uma série de fatores, inclusive quanto ao comportamento do consumidor – diz Barbano.

Segundo ele, o índice de automedicação no Brasil é muito alto e não só em relação a medicamentos que não requerem receita. O diretor da Anvisa diz que cerca de 50% dos antibióticos são vendidos sem receita médica no país. No caso dos anti-inflamatórios, este percentual chega a 60%.

Ele revela ainda outro dado preocupante: cerca de 25% dos casos de intoxicação provocadas por medicamentos estão relacionadas à automedicação.

O Hospital Pedro Ernesto, em Vila Isabel, lida com estes casos de intoxicação provocada pela automedicação.

– As pessoas se automedicam pensando nos benefícios, mas não sabem das consequências que os remédios podem causar – diz Andréa Silva, médica do Serviço de Alergia do Hospital Pedro Ernesto. – Até um simples analgésico para dor de cabeça pode ter efeitos colaterais. O ideal seria que toda medicação fosse indicada por um médico.

Segundo ela, existem reações graves, que podem até levar à morte.

– Uma reação mais intensa a um medicamento pode provocar um edema de laringe, dificultando a respiração – diz a médica.

Ela aprova a decisão da Anvisa de proibir a propaganda.

– Neste momento de epidemia, a pessoa pode ser levada a crer que estes remédios para os sintomas combatem a doença. Por isso, o controle é válido – diz.

A pesquisado da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz, Vera Lúcia Luiza, ressalva que a questão da automedicação não pode ser atribuída somente às propagandas.

– Me preocupa muito a oferta de atendimento médico. Muitas vezes, as pessoas não conseguem ir ao médico, por causa da precariedade ou da sobrecarga da rede pública de saúde. Então, para combater a automedicação, é importante garantir acesso mais fácil aos médicos – diz a pesquisadora.

Ela e seu grupo fizeram uma pesquisa em 2004, visitando 900 domicílios, procurando saber como as pessoas reagem em episódios de doenças agudas.

– Apenas 60% dos que tomaram medicamentos referiram ida ao médico – relata.

 


Fonte: http://www.urutagua.uem.br//ru33_automedicacao.htm
       http://emedix.uol.com.br/dia/03fev10sbcm-aob-automedicacao.php
       http://oglobo.globo.com/saude/terceiraidade/mat/2007/01/18/287460317.asp
       http://bvsms.saude.gov.br/html/pt/dicas/20automedicacao.html
       http://boasaude.uol.com.br/lib/ShowDoc.cfm?LibDocID=2847&ReturnCatID=763
       http://jbonline.terra.com.br/pextra/2009/08/14/e140821392.asp