CURIOSIDADES

Quem são os DALITS??

dalit1Poucas pessoas no mundo tem experimentado um nível de abuso e pobreza como os 300 milhões de Dalits ou "intocáveis" da Índia. Por 3.000 anos eles tem vivido num ciclo de discrimação e desespero sem esperança de escape. Para os Dalits, dor e sofrimento são parte da vida.

Eles estão presos a um sistema de castas que nega a eles adequada educação, água potável, empregos com decente pagamento e o direito à terra ou à casa própria. A cada duas horas Dalits são assaltados e duas casas de Dalits são queimadas. A cada dia, dois Dalits são assassinados. Discriminados e oprimidos. Dalits são freqüentemente vítimas de violentos crimes. Em 15 de Outubro no Estado de Haryana, cinco jovens Dalits foram linchados por uma multidão por tirarem a pele de uma vaca morta, da qual eles tinham legal direito para fazer.

A Polícia, segundo consta, ficou parada sem nada fazer e permitiu que a violência continuasse. Em 1999, vinte e três trabalhadores agrícolas Dalits (incluindo mulheres e crianças) foram assassinados por seguranças particulares de um fazendeiro de alta-casta.

O crime deles? Ouvir a um partido político local com considerações que ameaçavam o domínio do fazendeiro sobre Dalits locais como mão de obra barata.

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Embora leis contra a descriminação de castas tenham sido aprovadas, a discriminação continua e pouco é feito para processar os acusados. Em anos recentes, porém, tem havido um crescente desejo por liberdade entre os Dalits e castas baixas hindus. Líderes como Ram Raj tem vindo a frente exigindo justiça e liberdade da escravidão das castas e da perseguição. Um detalhada "Carta dos Direitos Humanos dos Dalits" foi redigida com apelos para a Comunidade Internacional e para a ONU, na esperança que isto colocaria um pressão possitiva sobre o Governo Indiano. Mas pouco tem mudado – até recentemente.


Em Outubro de 2001, líderes Dalits se encontram com 740 líderes cristãos na Índia em uma histórica reunião. Pela graça de Deus, os líderes Dalits reconheceram que a verdadeira esperança e liberdade para seu povo não será encontrada numa revolução social, mas em uma nova crença. Eles concordaram em permitir que as pessoas sigam a Cristo, se estas pessoas decidirem por isso. Os líderes cristãos, em troca, se comprometeram ajudar esse movimento em massa, apesar dos riscos envolvidos.


Originalmente, alguns anos atrás, o líder Dalit (especificamente Ram Raj e outros) tinham se encontrado com certos cristãos na Índia que tinham recusado aceitar este esmagador número de pessoas em suas igrejas. Desencorajado, os líderes Dalits, como o líder Dr. Ambedkar então se converteram ao Budismo. Pela graça de Deus, a porta está agora aberta para milhões experimentarem esperança e verdadeira liberdade através de Nosso Senhor.

Fatos sobre os Dalits:

• A cada dia, três mulheres Dalits são estrupadas;
• Crianças Dalits são freqüentemente forçadas a sentarem de costas nas suas salas de aula, ou mesmo fora da sala;
• A cada hora, duas casas de Dalits são queimadas;
• A maioria das pessoas das castas altas evitarão terem Dalits preparando a sua comida, por medo de se tornarem imundos;
• A cada hora, dois Dalits são assaltados;
• Em muitas partes da Índia, Dalits não são permitidos entrar nos templos e outros lugares religiosos;
• 66% são analfabetos;
• A taxa de mortalidade infantil é perto de 10%;
• A 70% são negado o direito de adorarem em templos locais;
• 57% das crianças Dalits abaixo da idade de quarto anos estão muito abaixo do peso;
• 300 milhões de Dalits vivem em Índia;
• 60 milhões de Dalits são explorados através do trabalho forçado;
• A maioria dos Dalits são proibidos de beber da mesma água que os de castas mais altas. 300 milhões de Dalits estão escravizados e sem esperança debaixo do julgo do hinduísmo.

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Créditos:
Texto recebido de Bette Vitorino
Formatação Gloria Guedes
Mid: Enya The Celts


Os Intocáveis

dalit2Os intocáveis na sociedade Hindu são aqueles que trabalham com trabalhos indignos, sujos, com o morto (animal e/ou humano), amontoados de cadáveres e outros empregos que lhes mantêm em constante contato com aquilo que o resto da sociedade indiana considera nojento e desagradável. Essas ocupações, entretanto, não são consideradas apenas como coisas nojentas que, não obstante, não devem ser feitas a alguém: eles são considerados individualmente sujos, e assim não podem praticar contato físico com os "não-sujos", as partes mais puras da sociedade. Vivem separados do resto das pessoas. Ninguém pode interferir na sua vida social, pois os intocáveis são os últimos no ranking social, são considerados menos que humanos e não são considerados parte do sistema de castas.


Desde sempre, os dalits são condenados a trabalhos mais degradantes e mal pagos, apesar da luta de Gandhi, após a independência, e de inúmeras leis criadas na tentativa de eliminar ou amenizar os problemas que o sistema de castas acarreta. Todavia, essas leis revelam-se impotentes diante da tradição, e o sistema subsiste. O sistema de castas é a base do hinduísmo. A religião se torna, então, um poderoso elemento social disciplinador e apaziguador: virtude e resignação são as palavras-chave na postura moral do indivíduo.

Para os intocáveis, só é permitido usar as roupas que acham no corpo dos mortos. Nas suas casas, comem de louças quebradas. Eles sofrem de restrições sociais extremas. Não podem rezar no mesmo templo, não podem beber da mesma corrente de água. Eles poderiam poluir a água e indiretamente poluir as outras castas que bebessem dali.

Nenhum intocável pode entrar no templo se houver a presença de alguém de uma casta superior - como os padres do templo, a casta mais superior, nunca estão fora, os intocáveis na prática são barrados de entrar em templos ou outros lugares onde se pratica a religião.

Para se ter uma idéia, quando os tsunamis de Dezembro de 2004 tragaram a costa do Estado indiano de Tamil Nadu, a morte agiu como niveladora social. Mas os esforços de reabilitação e o desembolso de ajuda econômica posteriores à tragédia não conseguiram superar a discriminação social que impera na Índia segundo o antigo sistema de castas inconstitucional, mas que existe de fato.

As vítimas de Tamil Nadu, o Estado indiano mais devastado pelos tsunamis, esperaram ansiosos a ajuda do governo e de agências humanitárias para poderem reconstruir suas vidas, mas os dalits - ou intocáveis - excluídos do sistema de castas hindu, não a receberam. "Não há um caminho até nossa aldeia. Ninguém sabe que vivemos aqui, e portanto ninguém vem nem procura vir", relata um intocável.

Neste distrito com importante população dalit, vivia a maioria dos 10 mil mortos em razão do maremoto em Tamil Nadu.

Em Junho de 2006, uma revista popular destinada ao público juvenil brasileiro, a Capricho, publicou uma entrevista com um intocável. Segundo o entrevistado, sua família tinha que beber água barrenta de um poço e, por seu irmão ter invadido o quintal do vizinho, o mesmo foi castigado amarrado numa árvore com ele e seu pai, depois de uma surra, tiveram que assisti-lo sendo devorado por formigas.

Os dalits estão sendo retratados, junto com as outras castas e a cultura indiana, na novela Caminho das Índias, da Rede Globo, da qual um dos protagonistas (Bahuan, personagem do ator Márcio Garcia) é dalit.

A Origem das castas e os Dalits

Lu Dias, bh Índia - Muito leitores, ainda embasbacados com a descoberta dos dalits, voltam, surpresos, a sua atenção para as castas, uma vez que acreditam numa sociedade liberal, onde muitos podem subir, em termos sociais e econômicos por meio do estudo e das riquezas acumuladas.

Contudo, na Índia, trabalho e riqueza não são parâmetros suficientes, para que o indivíduo melhore de vida. Nesse país, o chamado regime de castas usa critérios de natureza religiosa e hereditária, para formar seus grupos sociais.

Estudos comprovam que tal separação se deveu, por volta de 600 a.C., à cor da pele (escura) da população invadida, transformada em escravos pelos invasores de pele branca. Recebendo, a seguir, o apoio oficial da religião hinduísta.

As quatro castas mais importantes originaram-se da estrutura do corpo de Brahma (deus supremo da religião indu), segundo a visão hinduísta. Hoje, existem mais de 3.000 sub-castas não-oficiais, e que não param de multiplicar.

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As principais castas são assim representadas:

A boca - Brahmin (brâmanes) - compreende os sacerdotes, filósofos e professores;
Os braços - Kshatriya (xatrias) - formada pelos militares e governantes;
O estômago - Vaishya (vaixias) - composta pelos comerciantes, pastores e agricultores;
Os pés - Shudra (sudras) - formada pelos artesãos, operários e camponeses (trabalhadores braçais). Até há pouco tempo, nenhum membro desta casta tinha permissão para conhecer os ensinamentos hindus.
 
O leitor que, faz hoje faz a sua primeira visita ao blog, com certeza perguntaria:

- E onde ficam os dalits (ou párias ou intocáveis)?

À margem dessa estrutura social ficam os dalits (párias, sem casta ou intocáveis).

Isto porque, para a cultura hinduísta (constituída por mais de 80% dos indianos), os dalits não pertencem a nenhuma das castas. São apenas a poeira que jaz abaixo dos pés da suprema divindade (Brahma) . A eles são entregues os trabalhos mais degradantes e mal pagos.

Representam o que há de mais imundo sobre a Terra.

E todo aquele que, também, viola as regras de sua casta é expulso do sistema e transformado em dalit, pois a pessoa deve fidelidade absoluta à casta a que pertence.

E, uma vez rebaixada, coloca todos os seus descendentes na mesma posição. Trocando em miúdos, toda a família, gerada por ela, é castigada.

Qualquer membro, pertencente a uma das castas, que vier a tocar ou receber um pária, ou mesmo ser coberto por sua sombra, pode não apenas poluir a sua casa e família, assim como toda a casta a que pertence.
E para ser purificado demanda uma série de ritos, incluindo o jejum e o incenso.

Como já foi dito anteriormente, apesar de a Índia ser um país em franco desenvolvimento, o sistema de castas ainda é muito forte, embora banido da Constituição indiana. É um claro exemplo de como, nos países atrasados, as leis são atropeladas pelos costumes vigentes.

Muitos dalits estão acordando para a realidade cruel que os detém. E, para conseguirem romper, de certa forma, com o passado opressor, convertem-se ao Budismo (mais liberal e igualitário), ao Islamismo ou Cristianismo.


Apesar da discriminação sofrida, por parte dos colegas e professores, muitos dalits convertidos a uma nova religião, estão conseguindo um diploma de curso superior. O que tem contribuindo para o nascimento de grandes líderes dalits.

Se na Índia moderna os párias estão sujeitos a tamanha humilhação, é possível imaginar como é a vida dessa gente nos vilarejos, onde as injustiças são muito mais graves e onde, a maioria dos casos de abusos fica sem apuração, não chegando ao conhecimento público.

Os membros das castas mais baixas também tem se rebelado contra a situação em que vivem, ocorrendo várias revoltas pelo país.

As tradições culturais e a forte religiosidade existentes na Índia, ainda resistem bravamente às ações governamentais e transformações econômicas, que atingem a realidade presente dos indianos.
Enquanto isso, o regime tradicional já contabiliza mais de três mil classes e subclasses, que organizam esse complicado sistema de quebra-cabeça da sociedade indiana.

Dalits ainda discriminados na Índia

Fev 2009 - Incidente envolvendo funcionária do governo em templo hindu reacende discussão sobre o sistema de castas no país asiático. Nova Délhi - O ato de limpeza e purificação de um templo hindu em homenagem ao deus Shiva virou caso de polícia há duas semanas. Motivo: recebeu a visita de uma fiel dalit (antigamente chamados de “intocáveis”).

Pramila Mallick, integrante do primeiro escalão do governo da região de Orissa, não imaginava que sua prece e suas oferendas ao deus hindu Shiva fossem causar tanta polêmica e virar um escândalo. Assim que ela deixou o local, os sacerdotes brâmanes, da mais alta casta, fecharam as portas do templo, jogaram fora todas as oferendas dadas pela dalit, mudaram as vestes dos ídolos que ela tocou e lavaram o chão que ela pisou.


A discriminação por castas é proibida desde 1955, mas, na prática, continua. Rajni Tilak, ativista dalit, explica que as leis mudaram, mas a mentalidade dos indianos não acompanhou essa mudança. Segundo a ativista, há um esforço político para acabar com a discriminação, e financeiramente os dalits começam a avançar, mas o preconceito é muito arraigado e é mais difícil de ser eliminado na esfera social.

Quase um em cinco indianos pertence ao grupo dos "intocáveis". Eles somam cerca de 170 milhões de pessoas, ou 16% da população indiana, bem mais do que os chamados indianos de castas altas (que não passam de 8%). A maioria da população é formada por indianos de castas intermediárias. "Há muitos casos de dalits agredidos em vilarejos do interior porque estão vestindo roupas novas e modernas", diz.
 
Histórias de amor (como a que a novela Caminho das Indias vem mostrando) frequentemente acabam em tragédia.


Um exemplo que ficou conhecido em todo o país foi a história de Surjit Singh, um garoto dalits de 16 anos, trucidado em meados do ano passado no vilarejo de Una, no estado de Himachal Pradesh. Ele foi espancado por um professor porque escreveu um poema de amor para uma menina de casta alta. Muito machucado, no dia seguinte ele foi espancado de novo pela família da menina e acabou morrendo.

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Os ativistas em defesa dos dalits alertam que os casos de violência que têm se tornado mais comuns ultimamente são a reação das castas altas à ascensão dos "intocáveis". Os exemplos nos seus arquivos de casos de agressões são inúmeros.

A festa de casamento do casal dalit Rekha e Harkesh, no ano passado, acabou nas páginas dos jornais pelo motivo errado. O cortejo da festa desfilava pelas ruas do distrito de Ballabhgarh, no estado de Haryana, com vários carros e até uma carruagem puxada por um cavalo. Bem ao estilo tradicional dos casamentos indianos. Mas por ser um casamento de dalits, e o noivo ter ousado seguir o cortejo levado por um cavalo – que simboliza poder e riqueza –, a festa acabou em pancadaria: um grupo de indianos de castas altas os atacou com pedaços de pau.
Na noite de 16 de junho de 2008, Sahebrao Jondhale voltava para casa com sua caminhonete Tata Sumo quando foi obrigado a parar por um grupo de homens que jogaram querosene e atearam fogo no veículo. Jondhale – que vivia no vilarejo de Karanjala, no estado de Maharashtra – tinha comprado a caminhonete com o dinheiro que havia economizado em 15 anos de trabalho na maior metrópole da Índia, Mumbai. Segundo seus familiares, o crime foi encomendado por pessoas de castas altas do vilarejo, que se sentiam ofendidas ao verem um dalit ganhando mais dinheiro do que eles.

Ganpatrao Bhise, da ONG Samajik Nyaya Andolan, de defesa dos dalits, diz que esse tipo de crime é cada vez mais comum e a polícia frequentemente alega que trata-se de “disputa de bens”.
 
A mudança apenas começou

Fev 2009 - Escritor e professor universitário Chandra Bhan Prasad.
 
Nova Délhi - Autor do livro Dalit Phobia: Why Do They Hate Us? (Dalitfobia, por que eles nos odeiam?), Chandra Bhan Prasad nasceu em uma comunidade de artesãos que lidam com artigos feitos de couro de animais, os chamar, no estado de Uttar Pradesh. Tradicionalmente, na Índia, quem lida com carcaça de animais, com lixo, e com limpeza de latrinas é considerado “impuro”. Daí serem ocupações reservadas a indianos que estão fora do milenar sistema de castas hindus. Antigamente eram chamados de "intocáveis".
 
Prasad é um exemplo do que vem acontecendo nas últimas duas décadas com esses indianos. Hoje, eles não são mais chamados de “intocáveis”, mas de dalits (ou oprimidos), termo que também abriga os indianos de castas baixas que tradicionalmente se dedicam a trabalhos braçais. Prasad lembra que, quando era criança, era obrigado a chamar os indianos de castas altas de “mestres”.

Hoje, muitos dalits já se sentem à vontade para usar o termo comum de tratamento: “irmão” para os da mesma faixa etária e “tio”, para os mais velhos.

Prasad rompeu o cerco, e hoje o escritor é ativista dalit e também professor visitante do Centro de Estudos Avançados da Índia, da Universidade da Pensilvânia (EUA).
 
Na Índia de hoje, os dalits são tão oprimidos quanto antigamente?

ºNão, está melhorando aos poucos. O boom econômico criou muitas oportunidades de trabalho nas cidades. Os dalits têm abandonado o campo, onde tradicionalmente sempre viveram como servos, humilhados pelos senhores de terras e indianos de castas altas. Têm ido para as cidades, onde se dedicam a várias profissões, como caminhoneiros, operários de fábrica ou de construção, eletricistas, mecânicos. Das cidades, eles mandam dinheiro para suas famílias no campo, que também começam a se liberar das amarras dos senhores de terras com suas relações feudais. Pela primeira vez, os dalits têm a oportunidade de se livrar dessa escravidão. É um grande passo. Com isso, o estilo de vida deles também tem mudado. Pela primeira vez, têm consumido coisas como xampu, pasta de dente, comida processada, roupas já feitas. Ou seja, estão se transformando em consumidores dentro desse boom da economia indiana.

Como tem sido a reação dos indianos de castas altas à ascensão dos dalits?

Há uma forte reação das castas altas contra a liberdade dos dalits. Um processo similar ao que aconteceu nos EUA: o linchamento dos negros depois de sua emancipação. Agora, na Índia, acontece a mesma coisa. Quando jovens dalits das cidades voltam para seus vilarejos no interior com dinheiro, vestidos com roupas novas, jeans, relógios de pulso e óculos escuros, os indianos de castas altas reagem, atacando-os violentamente. Eles esperam que os dalits continuem com a mesma subserviência de antes, e isso não acontece, porque nas cidades os dalits se libertam. Há um outro fenômeno que começa a acontecer como consequência dessa nova realidade e que era impensável antes: jovens de castas altas se apaixonam por dalits. Em alguns casos, elas se casam com eles contra a vontade dos pais, ou fogem com eles. Isso não era possível até alguns anos atrás. Mas agora acontece, e também provoca reações fortíssimas das famílias de castas altas.
 
A Índia está preparada para ter o seu Barack Obama representado na figura de um governante dalit?
É muito cedo para termos um Obama indiano. Nos EUA, os negros já estão presentes em todas as esferas da sociedade: no cinema, nos esportes, na publicidade, na intelectualidade, e assim por diante. Na Índia, a ascensão dos dalits está limitada aos negócios. Não temos esportistas, jornalistas, nas propagandas de tevê ou de revistas, modelos, atores. Os dalits têm conquistado vitórias políticas importantes, como foi a ascensão de Mayawatti, uma dalit, como ministra-chefe do Estado de Uttar Pradesh, o mais importante da Índia, com 150 milhões de habitantes. Mas, se ela se tornar primeira-ministra, vai ser por acidente. As castas altas e intermediárias não estão preparadas para aceitar uma primeira-ministra dalit. A mudança na vida dos dalits apenas começou.

Dalits da ficção não correspondem com a Índia atual


dalit3Mar 2009 - Só se fala nos dalits em "Caminho das Índias". Também chamados de intocáveis - que não pertencem a nenhuma casta na sociedade indiana -, eles ensaiaram uma revolução na novela das nove para tentar ter os mesmos direitos dos "superiores". Só na novela. O drama retratado por Glória Perez não corresponde mais à realidade, segundo indianos que vivem hoje no Brasil. Eles não perdoam: acham a novela equivocada culturalmente e muito atrasada no tempo. "Os dalits não são mais pessoas discriminadas na Índia. A autora precisa atualizar essa novela, tudo o que vejo lá é de, pelo menos, 60 anos atrás", patrulha Dinesh Rajput, de 36 anos, que vive no Brasil há 11 anos. De acordo com o indiano, é difícil acompanhar uma trama que "insiste em mostrar coisas erradas de seu país". Mas Dinesh não aponta só a questão dos dalits como equivocada na trama de Glória Perez. "Nós indianos ficamos aflitos em ouvir as gírias erradas. ‘Badi’, por exemplo, que é usada em referência ao pai, está errada. ‘Badi significa balde, ‘Babadi’ que significa pai", explica. "Se não bastasse o exagero da questão dos dalits, teve ainda a relação sexual entre Maya (Juliana Paes) e Bahuan (Márcio Garcia). Aquilo foi um choque para nós", diz o indiano.

Bianca Shiva Nandini, monja e presidente da Associação Cultural Brasil Índia, explica que, fora da ficção, o casal seria punido. "Existe uma cultura de respeito muito forte por instituições como a família e o casamento. Na vida real, com certeza, a Maya seria expulsa da família e excomungada caso se envolvesse com um intocável, alguém que não é de confiança", fala. "Nenhum pai indiano que se preze deixaria isso acontecer impunemente", opina

Kiran Patil, sobrinho de Dinesh, que está no Brasil há um ano, discorda da monja e diz que "Caminho das Índias" exagera no tradicionalismo. "Eu acabei de chegar da Índia, e as coisas não são como é mostrado na novela. Eu não tenho vontade de ver a novela, justamente por ver coisas tão diferentes da realidade. É tudo muito desatualizado."

PALAVRA DE BAHUAN - Até o protagonista Márcio Garcia, que vive o dalit Bahuan, concorda com os indianos e diz que a trama é apenas um "recorte" da realidade. "A Índia é muito grande, e a Glória optou por retratar apenas uma parte dela, e então generalizou a questão dos dalits. Quando viajamos para lá, notamos que, nas metrópoles os dalits realmente não são mais tratados como excluídos, mas no interior isso ainda é uma realidade", explica. "Para Glória, seria difícil falar que essa realidade dos dalits é apenas em uma parte da Índia."

Glória Perez, por sua vez, insiste em que a pesquisa feita por ela e sua equipe, em sites de relacionamento e blogs, é fiel à realidade atual do país. "A situação dos dalits mostrada na novela é cor-de-rosa em comparação com que eles vivem lá", diz à Agência Estado. "O ativismo da Puja (Jandira Martini) é muito presente hoje no País."

Já Jandira Martini, que despontará na trama como líder dos dalits, também prefere seguir o raciocínio da autora. "É muito difícil entender a cultura indiana, principalmente a realidade dos dalits. Por isso, a Glória está inserindo esse assunto aos poucos na novela", explica. "Segundo os assessores indianos que nos atendem no estúdio, a questão dos dalits é real sim. Aliás, o que não falta pelo país são ativistas como eu (Puja)", completa.

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Apesar de ter inspirações no real, o indiano Dinesh acha que a autora fantasia a trama de propósito. "O colorido que ela mostra, a empolgação do povo indiano é bem fiel, mas a rotina dos comerciantes e outras muitas coisas são bem fantasiadas."

Bhuvana Mohandas, 63 anos, que viveu 11 anos como monge na Índia, reforça que toda novela é um exagero da realidade. "Não dá para julgar a Índia por uma novela, assim como não dá para julgar o Brasil a partir de 'Cidade de Deus'. A novela oferece a primeira impressão da Índia e mostra uma abordagem superficial do país e de sua cultura. Existem muitos caminhos para as Índias ".

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Dalit
            http://www.almacarioca.net/a-origem-das-castas-e-dos-dalits-lu-dias/
            Gazeta do Povo
           JC Online - AE