CIÊNCIA E TECNOLOGIA

Noradrenalina, uma molécula chave no comportamento e nas emoções

noradre111/11/2020 - Quando você define um objetivo específico e se sente motivado para alcançá-lo, existe uma molécula que favorece esse foco emocional e atencional: a noradrenalina. Descubra em quais outros processos ela está presente. Dar uma volta rápida no volante para evitar um acidente, ficar preocupado com aquele exame de amanhã, se sentir atraído por alguém, passar por um momento de acentuada ansiedade devido à pressão do trabalho… Essas e outras situações tão comuns na vida são mediadas por uma molécula decisiva e fundamental no sistema nervoso: a noradrenalina.

Como bem sabemos, cada aspecto do comportamento e das emoções é orquestrado por esse fascinante universo químico composto pelos hormônios e pelos neurotransmissores. Toda reação consciente ou inconsciente é mediada pela dopamina, serotonina, endorfinas, acetilcolina, GABA, etc. Essas substâncias químicas criadas pelo corpo enviam sinais entre os neurônios para realizar várias funções. Um nível alto ou baixo de qualquer uma dessas substâncias químicas significa, como podemos imaginar, experimentar mudanças. Você pode mudar o seu humor, sentir-se mais cansado ou experimentar altos níveis de estresse. A noradrenalina é uma das moléculas mais decisivas do organismo. Vamos conhecer as razões.

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Noradrenalina: o que é e quais são as suas funções?

A norepinefrina ou noradrenalina é uma catecolamina com um grande número de funções fisiológicas e homeostáticas. Além disso, ela atua como um hormônio e também como um neurotransmissor. A nível estrutural, é muito semelhante à epinefrina, outro tipo de catecolamina que, somada a outras substâncias essenciais como a dopamina e a adrenalina, são os elementos presentes nas reações associadas à sobrevivência, como a ação e a fuga.

Da mesma forma, deve-se destacar que a noradrenalina é uma das moléculas mais importantes na transmissão de mensagens entre os neurônios e, sobretudo, em processos localizados no sistema nervoso parassimpático (que controla as funções e atos involuntários).

Essa substância pode ser produzida em duas áreas do corpo. Por um lado, na medula suprarrenal, sendo liberada na corrente sanguínea e, assim, orquestrando uma série de mudanças e processos muito específicos, agindo como um hormônio. Por outro lado, também pode ser sintetizada no locus coeruleus ou cerúleo, uma área do cérebro que se conecta com áreas relevantes como o sistema límbico, o tálamo e o hipotálamo. Além disso, é importante saber que a noradrenalina é um dos 12 principais neurotransmissores. As suas funções, portanto, têm um grande impacto no corpo, tanto física quanto emocionalmente.

Quando o coração acelera

São muitas as razões pelas quais o nosso coração dispara: pelo nervoso, por ver algo que nos assusta e nos coloca em alerta, porque existe algo que nos emociona, etc… Quando a nossa frequência cardíaca aumenta, é a noradrenalina que medeia essa ativação. Força nos músculos para poder reagir Essa molécula basicamente desempenha um papel fundamental nos processos de sobrevivência. Ajuda-nos a reagir, fugir, defender-nos de ameaças ou agir perante qualquer estímulo do nosso meio. Assim, uma de suas funções mais importantes é levar um maior suprimento de sangue aos tecidos dos músculos para poder responder a todas essas situações.

Motivação para atingir objetivos

A noradrenalina é o combustível que nos permite alcançar objetivos e nos motivar para alcançá-los. Este neurotransmissor, juntamente com a dopamina, favorece funções essenciais como a aprendizagem, memória de longo e curto prazo e aquela agradável sensação de bem-estar quando alcançamos algo de que gostamos muito (sensação de recompensa).

A noradrenalina e a nossa capacidade de atenção

Daniel Goleman explicou em seu livro “Foco” que a atenção é como um músculo que deve ser treinado. Graças a ela, direcionamos toda a nossa energia e recursos para um objetivo, e algo assim é incrivelmente benéfico. Não seremos apenas mais produtivos, mas também teremos uma mente mais atenta e alerta. Neste caso, o neurotransmissor que medeia esse processo é a noradrenalina.

O desejo sexual

Sabemos que o desejo sexual, assim como a atração, é orquestrado por toda uma torrente de neurotransmissores. O amor, assim como a paixão e a atração sexual, é pura química, e um componente que se integra nessa fórmula é essa molécula polivalente.

Alterações da noradrenalina

Existem vários estados psicológicos e condições emocionais em que a noradrenalina evidencia determinadas alterações (níveis mais altos ou mais baixos). Na verdade, para criar drogas psicotrópicas, como alguns antidepressivos, esse neurotransmissor é levado em consideração. É por isso que podemos encontrar, por exemplo, os inibidores duplos da recaptação de serotonina e noradrenalina, muito eficazes no tratamento de vários transtornos depressivos.

Vejamos quais alterações podem surgir quando a noradrenalina varia a sua presença no organismo.

Depressão: alguns estudos, como o realizado no Instituto Nacional de Psiquiatria Ramón de la Fuente, no México, dizem que uma diminuição na produção e no metabolismo da noradrenalina pode mediar o desenvolvimento de uma depressão.

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Ansiedade e estresse: é importante observar que a noradrenalina, assim como o cortisol, são os principais hormônios que medeiam os processos de estresse. Além disso, quando esta situação se prolonga no tempo, a resposta neurofisiológica da ansiedade é ativada: taquicardias, dilatação da pupila, aumento da glicemia… Durante os ataques de pânico, por exemplo, os níveis de noradrenalina são muito elevados.

TDAH e noradrenalina: tanto crianças quanto adultos que sofrem de transtorno de atenção com ou sem hiperatividade apresentam uma anormalidade nesse neurotransmissor. Há um déficit na liberação de dopamina e noradrenalina e um alto nível de recaptação dos mesmos.

Para concluir, é fascinante ver como esses tipos de moléculas se articulam e medeiam infinitos processos. Tanto naqueles que nos acompanham rumo ao sucesso e bem-estar quanto naqueles que nos colocam em estados um pouco mais complicados. Em todo caso, cabe a nós regulá-los, seja com novas estratégias de enfrentamento, seja por meio de recursos farmacológicos.

Fonte: https://amenteemaravilhosa.com.br/