CIÊNCIA E TECNOLOGIA

Por que as abelhas africanas são tão perigosas?

abeass104/07/2018 - Porque elas são muito mais agressivas que suas irmãs européias. As africanas atacam em número maior e em apenas 30 segundos são capazes de injetar oito vezes mais toxinas em suas pobres vítimas. “Durante milhares de anos, por influência do meio ambiente, as características genéticas e comportamentais das abelhas africanas foram se diferenciando das européias, que são muito mais mansas e fáceis de domesticar”, afirma o biólogo Osmar Malaspina, do Centro de Estudos de Insetos Sociais da Universidade Estadual Paulista (UNESP). Acredita-se que o modo agressivo como os nativos africanos retiravam o mel, ateando fogo nas colônias, teria provocado a formação de um espírito tão guerreiro na espécie. Assim, as abelhas africanas ficaram tão preparadas para a autodefesa que percebem vibrações no ar a 30 metros de distância e já se sentem ameaçadas quando alguém chega a menos de 15 metros da colméia.

Quando atacam, podem perseguir sua vítima por mais de 1 quilômetro. De tão perigosas, passaram a ser conhecidas em todo o mundo como abelhas assassinas. O apelido não pegou à toa: desde a década de 50, mais de 1 000 pessoas já morreram por causa de suas picadas só no continente americano. No Brasil, elas chegaram em 1956, trazidas pelo agrônomo paulista Warwick Estevan Kerr, que queria melhorar a produção de mel – mais resistente a doenças, a africana é mais eficiente. Kerr trouxe 51 rainhas para o interior de São Paulo.

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Dois anos depois, um técnico deixou, por descuido, que algumas escapassem da colônia experimental. Desde então, elas espalharam tanto seus genes que, hoje, cerca de 90% das abelhas do país são descendentes do cruzamento dessa espécie com a européia. A partir do Brasil, elas invadiram quase toda a América do Sul e a Central, e chegaram aos Estados Unidos em 1990, driblando os vários centros de controle construídos na fronteira deste país com o México.

 

As abelhas africanizadas fazem jus ao apelido de abelhas assassinas?

 

10/12/2015, por Henry Nicholls - A reputação: As abelhas assassinas são enormes e equipadas com um veneno letal. A realidade: As abelhas assassinas são na verdade menores do que as abelhas mais comuns. Seu veneno também é menos poderoso. Elas são agressivas, menos em Porto Rico. A história das abelhas assassinas pode parecer uma história de ficção científica. Em 1956, um cientista brasileiro chamado Warwick Estevam Kerr importou abelhas africanas para a América do Sul com a intenção de criar uma linhagem mais produtiva. Algumas delas escaparam e procriaram com abelhas europeias, dando origem a uma nova espécie híbrida.

Essas abelhas africanizadas começaram a se espalhar. Em 1985, elas já haviam chegado até ao México. Em 2014, pesquisadores que estudam a proliferação desse híbrido pela Califórnia descobriram que elas haviam chegado a San Francisco. No início dessa invasão, as abelhas africanizadas foram apelidadas de "abelhas assassinas", inspirando pelo caminho uma onda de medo e de filmes de segunda categoria. Mas a verdade sobre as abelhas assassinas não é bem aquela que esses filmes nos levam a acreditar. Para começar, as abelhas africanizadas são levemente menores do que suas primas europeias, então carregam também menos veneno. Esse veneno não é mais potente, então se considerarmos abelha por abelha, a abelha assassina representa uma ameaça menor.

O perigo vem da forma como essas abelhas defendem uma colmeia. "As abelhas africanizadas respondem mais rapidamente à perturbação da colônia, e em maior número, com mais ferroadas", concluíram pesquisadores em 1982. A descoberta foi repetida em vários estudos posteriores. Essa resposta agressiva ajuda a explicar por que as abelhas africanizadas causaram a morte de centenas de pessoas nos últimos 50 anos. Na ausência de uma reação alérgica, são necessárias cerca de mil ferroadas para injetar uma dose letal de veneno em um adulto de porte médio. As abelhas europeias raramente são tão combativas. Mas as abelhas africanizadas podem ser.

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Apesar disso, a referência a elas como "abelhas assassinas" pode ser equivocada, comenta o entomologista Bert Rivera-Marchand, da Universidade Interamericana de Porto Rico, em Bayamón.

"O apelido dá a impressão de que essas abelhas estão aí para matar, quando elas na verdade estão defendendo sua colmeia", afirma Rivera-Marchand. "Independentemente do quão defensiva uma colmeia seja, abelhas à procura de alimento no campo não atacam e não há um comportamento agressivo verificado em enxames", complementa.

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Além disso, Rivera-Marchand descobriu uma particularidade em seu próprio "quintal": as abelhas africanizadas de Porto Rico, onde elas foram detectadas pela primeira vez em 1994, têm um comportamento defensivo mais reduzido. Em um estudo publicado em 2012, ele e seus colegas demonstraram que as abelhas porto-riquenhas são mais lentas para ferroar e fazem isso com menos frequência do que as abelhas africanas do resto do continente. As abelhas assassinas de Porto Rico se comportam exatamente como as abelhas europeias. A composição genética dessas abelhas "mansas" possui o padrão inconfundível das abelhas africanizadas. Ainda assim, por alguma razão ainda não descoberta, em menos de 20 anos elas perderam a agressividade que se espera de abelhas assassinas.

 

Como é que as abelhas assassinas matam suas vítimas?

 

30/01/2017, por Guilherme Hass - As abelhas africanizadas, uma espécie híbrida do cruzamento de abelhas-africanas com raças europeias, são também conhecidas como abelhas assassinas devido ao alto grau de agressividade e à capacidade de atacar coletivamente as possíveis ameaças às suas colônias. Sensível a qualquer tipo de vibração, a espécie tem uma característica extremamente defensiva, e o ataque coordenado da colônia pode levar uma pessoa à morte em poucos minutos. Quando uma colônia de raças europeias é perturbada, uma vítima pode ser picada cerca de 20 vezes, em caso de um distúrbio moderado da colmeia, ou até 200 vezes se toda a colônia se agitar. No caso das abelhas africanizadas, este número é dez vezes maior, e uma vítima pode levar até 2 mil picadas em um único ataque.

Além do acentuado instinto de defesa a da alta agressividade, a espécie tem dois componentes venenosos que são liberados em suas picadas. O meletin é o principal indutor de dor e corresponde a 50% do veneno. Já a enzima fosfolipase a2 é capaz de danificar o tecido humano e levar à insuficiência renal. A espécie híbrida de abelhas africanizadas foi cultivada a partir da pesquisa do geneticista brasileiro Warwick Kerr, que viajou à África para estudar as abelhas do continente e realizou o cruzamento com as raças europeias. Apesar de o experimento inicial ter saído do controle, resultando na agressividade da espécie, o estudo de Kerr é reconhecido e respeitado hoje pela comunidade científica.

 

Fonte: https://super.abril.com.br/
           https://www.bbc.com
           https://www.megacurioso.com.br