CIÊNCIA E TECNOLOGIA

Cientistas criam embriões híbridos de porcos e humanos

embripor126/01/2017, por France Presse - ientistas criaram pela primeira vez embriões que contém uma combinação de células-tronco de duas espécies grandes e muito diferentes - humanos e porcos -, um passo importante em direção ao desenvolvimento de órgãos para transplante, revela um estudo nesta quinta-feira. No entanto, a pesquisa ainda está em uma fase muito precoce e mostrou ser mais ...

difícil do que o esperado, relataram os pesquisadores na revista científica Cell. "Este é um primeiro passo importante", disse o autor principal, Juan Carlos Izpisua Belmonte, professor do Laboratório de expressão genética do Instituto Salk para Pesquisas Biológicas, na Califórnia.

"O objetivo final é desenvolver tecidos e órgãos funcionais e transplantáveis, mas estamos longe disso", acrescentou.

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Cientistas implantaram células-tronco adultas humanas - conhecidas como células-tronco pluripotentes induzidas - em embriões de suínos e permitiram que elas crescessem por quatro semanas. Mais de 150 embriões se desenvolveram em "quimeras" - como a mistura humano-animal é conhecida, em referência à figura híbrida da mitologia grega - que eram principalmente suínos, mas com um pequena contribuição humana. O trabalho envolveu cerca de 1.500 embriões de porcos e levou quatro anos, muito mais tempo do que inicialmente estimado, devido à natureza complicada das experiências.

A ideia de criar misturas entre humanos e animais alimenta controvérsias e levanta questões éticas, particularmente porque os experimentos poderiam teoricamente levar à criação de animais com qualidades humanas, e possivelmente inteligência. Mas segundo Jun Wu, cientista do Instituto Salk, o nível de contribuição humana para os embriões de porcos foi "baixo" e não incluiu precursores de células cerebrais.

'Emocionante'

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Bruce Whitelaw, professor de biotecnologia animal da Universidade de Edimburgo, que não participou do estudo, descreveu-o como "emocionante" porque este "abre caminho para avanços significativos". De acordo com Darren Griffin, professor de genética na Universidade de Kent, o "trabalho também nos ajudará a entender melhor a evolução, o desenvolvimento e as doenças" e pode eventualmente levar a uma solução para a escassez de órgãos.

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"Neste estudo, os autores seguiram as diretrizes legais e éticas existentes, permitindo que os embriões se desenvolvessem pelo tempo máximo permitido", acrescentou.

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"É importante que qualquer pesquisa futura seja conduzida com total transparência, de modo a permitir o escrutínio público e o debate", disse Griffin.

EMBRIÃO 'SUINUMANO'

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Próximo Passo

O próximo passo será tentar perceber até quanto é possível aumentar o número de células humanas nos órgãos dos embriões, de forma a que estes o tolerem. O método actual é o iniciar desta nova era. Mas ainda não é claro se o objectivo final de transplantação em humanos será alcançado ou não. Izpisua Belmonte concorda que serão necessários vários anos até que este processo seja capaz de criar órgãos humanos funcionantes.

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“Claro que o objectivo final das investigações com quimeras é aprender como podemos usar as células estaminais e as tecnologias de edição de genes para gerar tecidos e órgãos humanos geneticamente compatíveis. E nós estamos muito otimistas e acreditamos que a continuação do nosso trabalho vai levar a um eventual sucesso”, afirma a investigadora.

A Ética

Este tipo de pesquisa traz diversas questões de segurança e ética. Uma objeção significativa é a possibilidade de vírus ultrapassarem mais facilmente a barreira entre as espécies. Há também o fator ético de uma mistura tão intrincada de tecidos humanos e animais, bem como a preocupação de que esses híbridos possam desenvolver um cérebro humano.

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Fonte: https://g1.globo.com
           http://www1.folha.uol.com.br
           http://www.jornalciencia.com
          https://projetomedicina.com.br