CIÊNCIA E TECNOLOGIA

Tecnologia pode acabar com 5 milhões de empregos no mundo até 2020

empreg topo18/01/2016 - Conhecido como “quarta revolução industrial”, o processo de desenvolvimento da robótica, da inteligência artificial e da biotecnologia deve eliminar 7,1 milhões de empregos durante os próximos cinco anos, nas maiores economias mundiais, segundo um relatório do Fórum Econômico Mundial (WEF) publicado em Davos, na segunda-feira. O número, que deveria ser parcialmente compensado pela criação de 2,1 milhões de novos cargos, contribui para a previsão das Nações Unidas de um aumento de 11 milhões na taxa de desemprego global até 2020.

A avaliação, que estudou países como Estados Unidos, Alemanha, França, China e Brasil, destaca os desafios criados pelas tecnologias modernas, que automatizam e tornam redundantes diversas tarefas humanas, como a fabricação de produtos e cuidados com a saúde. Esses fenômenos provocarão grandes perturbações não só nos modelos empresariais como também no mercado de trabalho durante os próximos cinco anos, segundo a AFP, de acordo com o WEF, organizador do Fórum de Davos, que começará na próxima quarta-feira nesta cidade dos Alpes suíços. Estudos baseados em uma pesquisa global de executivos e funcionários de estratégia mostram que dois terços das perdas são esperadas para acontecer em setores administrativos, visto que as máquinas inteligentes assumem cada vez mais tarefas rotineiras.

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O relatório “O Futuro dos Empregos” conclui ainda que, apesar de o impacto das perdas variar consideravelmente em cada área, postos de trabalho serão perdidos em todas os setores da indústria — principalmente na saúde, devido ao aumento da telemedicina, e nos setores de energia e serviços financeiros. Por outro lado, haverá uma crescente demanda de profissionais qualificados, como analistas de dados e especialistas em representantes de vendas.

Como, diversas vezes, os empregos majoritariamente femininos se concentram em áreas em declínio ou em baixo crescimento, as mulheres serão as maiores prejudicadas com a perda de suas atividades, principalmente em vendas, trabalhos de escritório e funções administrativas. Enquanto os homens terão um emprego adquirido para cada três perdidos, elas enfrentam mais de cinco empregos perdidos para cada novo.

Quarta Revolução Industrial

O WEF criou o painel “a quarta revolução industrial” — um tema que abrange a robótica, nanotecnologia, impressão em 3D e biotecnologia. A quarta revolução transformará a economia mediante a combinação de diversos fenômenos já existentes, como a internet das coisas e o Big Data. Enquanto a primeira revolução industrial foi desencadeada pela generalização da máquina a vapor, a segunda se deu pela eletricidade e redes de montagem e a terceira pela eletrônica e pela robótica. Esses processos transformaram radicalmente os processos produtivos e os mercados de trabalho e, de acordo com o WEF, a quarta não será diferente.

“Sem ações urgentes e focadas para gerenciar essa transição a meio prazo e criar uma mão de obra competente para o futuro, os governos terão que enfrentar um aumento constante do desemprego assim como um agravamento das desigualdades”, explica Klaus Schweb, presidente e fundador do WEF, citado no comunicado.


Quarta revolução industrial vai acabar com o mercado de trabalho como conhecemos

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25/01/2016 - Não é a primeira vez que especulações a respeito da substituição do homem pela máquina, ou dos efeitos da tecnologia no trabalho executado pelos seres humanos desde o início da história são postas à mesa. Em Tempos Modernos, o cineasta Charles Chaplin, através da história de um operário protagonizado por ele próprio, discute o tema de relacionamento entre pessoas e maquinário. O filme é de 1936, ou seja, completa, em 2016, aniversário de 80 anos, prova de que o assunto não está no hall dos mais inéditos.

A diferença é que, agora, não se trata apenas do medo da automação tomar o lugar do trabalho mecânico, realizado principalmente em fábricas, mas também da emergência de ferramentas de inteligência artificial cada vez mais potentes, abrindo portas para que a tecnologia ocupe também postos de trabalho relacionados à necessidade de pensamento e, talvez em breve, de crítica. Coisa que nem Chaplin previa. O tema foi amplamente discutido no Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suíça, que teve início na quinta-feira (20) e chegou ao fim no último sábado (23). De acordo com o Fórum, a estimativa é que, em função da tecnologia, cerca de 7 milhões de empregos terão fim até 2021, enquanto outros dois milhões serão criados para operar com a mesma tecnologia, especialmente a robótica, a nanotecnologia, e a internet das coisas.

“Quando falamos na extinção de empregos, devemos ser claros a respeito de que ocupações são essas. A substituição de trabalhos automáticos já foi ultrapassada”, comenta o professor do departamento de economia da Pontíficia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) Leonardo Trevisan. Para Trevisan, inclusive, é uma substituição que pode ser vista com bons olhos, já que grande parte dos referidos trabalhos são alienantes e oferecem riscos para a saúde física e mental do trabalhador. “A partir da substituição pela máquina, podemos pensar em capacitar os profissionais para ocupar postos de inteligência e criatividade”, reflete.

Hoje, o ponto alto de discussão é a respeito das funções que exigem inteligência. “Isso se dá graças ao big data, que consegue armazenar uma grande quantidade de informações e dispô-las para o usuário de forma inteligente, ou seja, pode até substituir algumas profissões”, diz Trevisan. Além da robótica, a internet das coisas, um sistema de informações em que não apenas computadores e celulares, mas todos os objetos serão capazes de “dialogar”, deve revolucionar o mercado e as relações de trabalho. A indústria, por exemplo, terá facilidade de controlar melhor suas mercadorias e entender os anseios do consumidor, que vai se relacionar de forma mais comunicativa com os produtos, já que todos serão atrelados a sistemas de inteligência.

“O que estamos vivendo, na verdade, é uma ressignificação da nossa cultura. Se muitos postos de trabalho acabam, o que se espera é a explosão do empreendedorismo e a falência de um sistema em que as pessoas vendem sua força de trabalho para as empresas”, aposta o consultor de tendências do Porto Digital Jacques Barcia. Significa dizer que, sim, muitos empregos serão exterminados, mas o trabalho continuará vivo em novos formatos.

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OIT: 200 milhões não terão emprego

Um novo relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) estima que o mundo terá mais 2,3 milhões de desempregados este ano. Desse total, 700 mil virão do Brasil, o que representa 30% do avanço. Pela projeção da OIT, o número total de desempregados no mundo vai ultrapassar 200 milhões pela primeira vez em 2017, acima do número do ano passado e da projeção de 199,4 milhões para 2016.

"O número de desempregados em nível mundial aumentará em 2,3 milhões em 2016, e, em 2017, em 1,1 milhão. A maior parte desse crescimento acontecerá nas economias emergentes e os principais afetados serão Brasil e China (mais 800 mil)”, afirma a entidade. O relatório mostra que, na América Latina e no Caribe, o aumento dos desocupados no Brasil vai representar 63% do total do continente, que vai ter mais 1,1 milhão de trabalhadores sem emprego.

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"A significativa desaceleração das economias emergentes, aliada a um declínio acentuado nos preços das commodities, está tendo um efeito dramático sobre o mundo do trabalho”, afirmou o diretor-geral da OIT, Guy Ryder, em comunicado. Pelas previsões da OIT, a taxa de desemprego no Brasil subirá de 7,2% em 2015 para 7,7% em 2016, no maior salto entre as 20 grandes economias do mundo. A recessão acima de 3% no Brasil é citada no relatório para explicar a situação mais frágil das economias emergentes.

“O ambiente econômico instável, associado a fluxos de capital voláteis, a mercados financeiros ainda disfuncionais e à escassez de demanda global, continua a afetar as empresas e a desencorajar o investimento e a criação de empregos”, explica Raymond Torres, diretor do Departamento de Pesquisa da OIT, no comunicado. O relatório também chama a atenção para a qualidade dos postos de trabalho, que vem caindo no mundo. O emprego vulnerável, sem proteção social, ainda responde por 46% do total de empregos globais, afetando 1,5 bilhão de pessoas.

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“Uma resposta urgente e determinada à altura do desafio mundial de empregos é fundamental para a implementação bem-sucedida da Agenda para o Desenvolvimento Sustentável 2030, adotada pelas Nações Unidas”, concluiu Ryder


Fonte: http://oglobo.globo.com/
           http://jconline.ne10.uol.com.br/