CIÊNCIA E TECNOLOGIA

A Coleta de informações de todos os nossos dispositivos móveis, segundo John Mcafee

ativ109/2016 - Discutir sobre a privacidade nos tempos de hoje nunca é demais, quanto mais somos rodeados por novos dispositivos mais aumenta a sensação que somos vigiados, esse tipo de vigilância acontece de casos mais brandos como coleta de dados para aprimoramento de serviços ou melhores recomendações de anúncios a casos mais extremos como por exemplo toda a parafernália de táticas que a NSA e outras agências utilizam para pavimentar a vigilância global, e o mais incrível é que muitas pessoas ainda acreditam que tudo isso é mera ficção!

Em entrevista ao TecMundo, o polêmico e excêntrico Jonh McAfee, programador escocês criador do antivírus McAfee e ativo pesquisador no ramo da segurança, utilizou todo seu jeitão característico para alertar em que situação nos encontramos atualmente em relação a segurança. Pra começo de conversa, McAfee não acredita em segurança, seja ela digital ou de qualquer outro tipo: "por exemplo, um assaltante entra na sua casa e tem uma arma apontada para a sua cabeça; existe algum botão mágico que você aperta e a polícia magicamente aparece? A polícia se mexe após um chamado e tenta determinar quem é o criminoso. Então, segurança é uma ilusão. Realmente é uma ilusão. Quando um governo diz que tenta lhe manter seguro, o que ele realmente quer dizer é: nós tentamos lhe controlar."

Agora quando se trata de segurança em relação aos nossos dispositivos, o programador que inclusive é candidato à presidência dos Estados Unidos e está sendo acusado de estupro, tortura e homicídio, é ainda mais enfático: Não, não há segurança. E a razão de que não há segurança é que todos os nossos dispositivos móveis foram desenvolvidos, do começo ao fim, para coletar informações sobre nós. Informação é o novo dinheiro.

"Todos os smartphones são desenvolvidos para aplicações que sabem onde você está, para quem você está ligando, quanto tempo você usa o smartphone, quem são os seus contatos, aplicações que leem as suas mensagens e os seus emails. Quando você baixa um aplicativo, você precisa selecionar “Sim/Aceito” para aceitar todas essas condições. Mas ninguém realmente lê essas condições, ninguém presta atenção."

Essa questão de não haver segurança e que informação é o novo dinheiro é algo totalmente visível hoje em dia, grandes corporações como Google e Facebook que além de outras coisas vendem espaços para anúncios, aumentam sua assertividade com base nas informações de seus usuários, coletando e refinando dados para que cada vez mais o disparo de publicidade acerte o alvo.

Em relação ao caso Apple X FBI, que gerou uma repercussão imensa já que a agência americana simplesmente queria que a Apple criasse um backdoor no iPhone de um terrorista envolvido em um tiroteio em San Bernardino no ano passado, MacAffe diz o seguinte: "Com todo o respeito a Tim Cook e à Apple, mas eu trabalho com a equipe dos melhores hackers do planeta. Eu aposto que podemos quebrar a criptografia do iPhone. Este é um fato puro e simples", havia dito. Vou, de forma gratuita, descriptografar as informações no telefone com a minha equipe (...) Se vocês aceitarem a minha oferta, não vão precisar pedir à Apple para colocar um backdoor no seu produto, o que será o começo do fim da América", afirma McAffe.já que de acordo com o FBI era a única forma de desbloquear o aparelho, devido aos avanços da gigante de Cupertino em termos de segurança.

No final das contas, depois de Tim Cook, CEO da Apple, se manter firme na posição de não acatar o pedido, a agência conseguiu desbloquear o aparelho. Quando perguntado sobre o que os usuários e empresas poderiam fazer contra essa situação, mais uma vez McAffe foi bem direto "A primeira coisa a fazer é: jogue fora agora o seu smartphone. Jogue fora e compre um celular (nota: um celular, sem ser smartphone, ou seja, sem conexão com a internet). Estou falando sério. Hoje, os smartphones são os espiões pelo mundo. Eles têm uma câmera, eles têm um microfone, eles guardam todas as suas informações e todas essas coisas podem ser hackeadas."

"Isso significa que outras pessoas podem te observar, te ouvir, ler as suas mensagens e saber todos os detalhes íntimos de sua vida. Veja: eu uso um smartphone, eu sempre lido com ele sabendo que centenas de pessoas estarão me ouvindo. Ou me assistindo. Se você quiser viver assim, tudo bem. Se não, compre um dumbphone, um celular que “não possui um computador dentro”. Um celular que faça ligações, envie mensagens e só."

"Eu vou a convenções hackers constantemente, cerca de três vezes por mês. Então, por exemplo, eu tenho um amigo que tem um chip implantado na mão. Se ele pegar o seu smartphone, no momento em que ele encostar no dispositivo, ele já hackeou o aparelho. São coisas nas quais você não acreditaria. Não há nada privado, não há mais segredos neste mundo digital. E nós temos que nos acostumar com isso ou mudar isso."


Conheça a história de John McAfee, o pai do antivírus gratuito

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Dentro dos círculos dos aficionados por informática ele é considerado uma lenda. Para a maioria das pessoas, a McAfee ganhou destaque nos últimos anos devido a polêmicas. Acusações de assassinato, pedofilia e produção ilegal de drogas estão no seu currículo. Entretanto, isso não ofusca sua grande contribuição para o campo da informática. McAfee nasceu na Inglaterra e cresceu em Salem, Virginia. Recebeu seu diploma de bacharel em matemática pela Faculdade de Roanoke em 1967, e recebeu um doutorado honorário da Faculdade de Roanoke em 2008.

O programador teve uma infância conturbada. Seu pai era um alcoólatra que, quando McAfee fez 15 anos, se matou. Nos anos seguintes, John, começou a beber muito e usar drogas, mas ainda assim conseguia manter uma promissora carreira acadêmica. No final dos anos 1960, McAfee fazia uma série de trabalhos de programação para algumas das maiores empresas de tecnologia da época, incluindo Nasa, General Electric, Siemens, Univac e Xerox, ao mesmo tempo continuar a entrar em seus vícios.

Criação da McAfee

Em 1987 ele fundou a McAfee Associates, uma empresa de software de antivírus. Ele foi o primeiro a distribuir software antivírus usando shareware. Em 1989, ele abandonou a Lockheed e começou a trabalhar em tempo integral na McAfee Associates, que ele inicialmente trabalhava em sua casa em Santa Clara, Califórnia. A empresa foi criada no estado de Delaware, em 1992, e McAfee se desligou da empresa em 1994. Dois anos após, a McAfee Associates tornou-se pública, McAfee vendeu sua participação remanescente da empresa. Network Associates foi criada em 1997 como uma fusão da McAfee Associates e Network General. Esta empresa se ??tornou mais tarde Network Associates, um nome que manteve por sete anos, até que se tornou McAfee. A McAfee permanece até hoje como uma das maiores empresas de antivírus do mundo.

Alvo de Hackers

McAfee já afirmou em entrevista a uma revista que por ele se o desenvolvedor do primeiro programa antivírus comercial ele ainda é o alvo mais popular dos Hackers. Ele acrescentou que, para sua própria segurança outras pessoas compram seus equipamentos de informática, usam pseudônimos para a criação de computadores e login, além de mudar o seu endereço IP várias vezes por dia.

Problemas com a Lei

Em 2 de maio de 2012, a propriedade da McAfee em Orange Walk Town em Belize, foi invadida pela polícia. O porta voz das autoridades afirmou que ele foi preso por fabricação de medicamentos sem licença e posse de uma arma sem licença. McAfee foi preso na frente de sua namorada, que tinha 17 anos de idade na época. Em 12 de novembro de 2012, a polícia de Belize começou uma busca por McAfee como suspeito do assassinato do americano Gregory Viant Faull. Faull foi encontrado morto por ferimento à bala em 10 de novembro de 2012, em sua casa na ilha de Ambergris Caye. Faull era vizinho de McAfee. Ninguém foi formalmente acusado. Em entrevista à Wired, a McAfee mantém sua inocência. Ele também diz que está com medo que a polícia vai matá-lo e se recusou a responder perguntas de sua rotina para a polícia. Primeiro-ministro de Belize, Dean Barrow, afirmou que McAfee era “extremamente paranóico, maluco mesmo”.

McAfee o gênio da informática

Apesar de inúmeros relatórios, inquéritos e conferências de imprensa nas últimas semanas, ainda há um certo mistério em torno dos ataques cibernéticos contra a Sony Pictures. Nós até podemos nunca saber de todos os detalhes de como esse ataque foi orquestrado, mas um bem conhecido e excêntrico programador acha que sabe exatamente como o ataque hacker foi iniciado, Acredite, foi muito mais simples do que você poderia ter imaginado. John McAfee foi um convidado do programa Varney & Company do canal Fox Business esta semana para demonstrar como ele acredita que a Sony Pictures foi atacada pelos hackers. Em uma parte pré-gravada do programa, McAfee consegue invadir com facilidade o smartphone do apresentador Stuart Varney, rifle através de seus contatos e, em seguida, fazer uma chamada para o telefone de Varney, que parecia estar vindo da corporativo número Fox News.

McAfee diz que os hackers provavelmente utilizado um método semelhante ao entrar em contato com os funcionários da Sony . Eles, então, imitar os agentes do FBI e solicitar os nomes de usuário e senhas de qualquer um que eles poderiam atingir, alegando que se tratava de uma medida de segurança necessária, a fim de proteger-se contra possíveis ciberataques. Esta é uma história muito diferente do que o FBI disse à imprensa.Em um depoimento no mês passado , assistente do diretor do FBI disse ao Congresso que esta foi uma das violações mais sofisticadas de todos os tempos. Independentemente de como o maciço ataque foi realizado, ainda é divertido ver McAfee hackear de alguém do smartphone ao vivo na TV.


Pesquisadores revelam informações preocupantes em relação a como as empresas armazenam nossos dados

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08/2016 - Mais informações preocupantes em relação a esse caminho sem volta da coleta de dados foi mencionado por pesquisadores de segurança e até de um ativista, nessa matéria da BBC. Dentre o que foi mencionado o que causa mais espanto são as revelações do ativista austríaco Max Schrems, que chegou a solicitar ao Facebook os seus dados pessoais, e acabou por receber um CD-ROM com um documento de 1.222 páginas. Nesse arquivo digital sobre a vida de Screms estava os números de telefones e endereços de e-mail de amigos e familiares, todos os eventos que foi convidado a participar, a lista de dispositivos utilizado para acessar o Facebook, todas as pessoas que foram adicionadas na rede, as que a amizade fora desfeita, além das mensagens privadas.

O ativista que utilizou o Facebook durante três anos de forma ocasional, disse que os dados recebidos faziam parte de uma lista de 50 categorias diferentes, porém Schrems acredita que ao todo são mais de 100 categorias. O que significa que muitos dados não foram entregues. O que acaba por entrar naquele mérito em relação a quais dados são realmente retidos, e de que forma são administrados.

Com o poder que corporações como o Google e Facebook ostentam atualmente a posse de dados de reconhecimento facial que permite a identificação através de imagens e saber até quanto tempo que você passa lendo uma página sobre algum assunto específico.

Embora a computação em nuvem, a famosa Cloud Computing, seja sempre tratada de forma evolutiva, onde a capacidade de armazenamento para que as pessoas possam salvar suas informações continua crescendo, juntamente com outras possibilidades, alguns especialistas de segurança, como o Benjamin Caudill, continua aconselhando que os usuários não salvem dados sensíveis, como informações de cartões de crédito e imagens que você jamais gostaria que caísse na rede se algum dia o serviço fosse comprometido. Um episódio que remonta a necessidade de seguir essas dicas é o caso de 2014 de uma falha do iCloud, onde fotos íntimas de diversas celebridades acabaram vazando.

Outro problema no que tange a nuvem é mencionado pelo professor Dan Svantesson, que é especialista Direito da Internet na Universidade de Bond, na Austrália. Svantesson diz que como os diversos provedores de nuvem acabam duplicando os dados em servidores fora do país de origem da companhia é possível que essas outras nações onde essa cópia de dados foi recebida não tenham o mesmo nível de proteção da sua própria nação. Em relação as empresas mais da metade do armazenamento em nuvem está nas mãos de quatro gigantes: Amazon, com cerca de um terço da quota de mercado internacional e mais de 35 centros de dados, seguida pela Microsoft, IBM e Google.

 

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'Jogue fora agora o seu smartphone', diz John McAfee ao TecMundo


Por Felipe Pavão, 21/09/2016 - Johen Mcafee não precisa de apresentações. Se hoje você tem algumas ferramentas antivírus no seu computador ou tem o mínimo de preocupação com a sua segurança, direta ou indiretamente, este homem está ligado. Chamado de "visionário da tecnologia" e até "lenda da cibersec", McAfee está vivendo tempos conturbados: enquanto concorre à presidência dos Estados Unidos da América, ele também passa por uma investigação que envolve suspeitas de estupro, tortura e homicídio. Exatamente por causa das suspeitas citadas, está acontecendo uma derrocada na imagem de John McAfee — e também no valor de suas empresas. Ainda, o estigma de gênio louco parece estar se concretizando a cada novo capítulo da vida de McAfee.

O TecMundo iria conversar, cara a cara, com John. Ele estaria no Brasil hoje (21) e já havia reservado um tempo para o TecMundo após uma palestra no maior evento de Segurança da Informação e Ciber Segurança do Brasil, o Mind The Sec. Acontece que McAfee foi impedido de deixar os Estados Unidos e, de última hora, tivemos que mudar alguns planos. No final das contas, batemos um papo com McAfee via streaming de vídeo e pudemos notar um pouco o que se passa na cabeça desse homem.
Buscamos entender o que levou McAfee a se candidatar nos Estados Unidos e também saber o que ele pensa sobre a cibersegurança e o cibercrime no Brasil — e se o assunto crime virtual for de seu interesse, você também pode ler uma entrevista que fizemos com Misha Glenny, um jornalista britânico especializado no tema e nas ações que ocorrem em solo brasileiro.

McAfee para presidente?

"Algo precisa ser feito. Refletir sobre onde McAfee esteve é um excelente lembrete de que ele pode ser uma das únicas pessoas vivas que podem nos levar aonde precisamos ir como nação. Mais do que apenas um homem de negócios — mais do que apenas um homem inteligente —, McAfee é, na tradição do individualismo e da coragem humana que enche a história norte-americana, uma Força".

O parágrafo acima foi retirado do site oficial da campanha de John McAfee. Como você pode ver, toda a lenda que foi construída sobre o homem é levemente pintada até pela própria equipe de marketing. McAfee não seria um humano comum, seria "uma Força". Ele acredita nisso? Esse é o motivo? Precisávamos fazer a pergunta mais simples possível, para receber uma resposta tão simples quanto.

TecMundo: Por que concorrer à presidência?

McAfee: Porque eu precisava dizer algo ao povo norte-americano. Eu precisava falar sobre cibersegurança. E não há plataforma melhor para isso do que concorrer à presidência. Eu apareço na TV durante debates e foco nesse tema. Então, foi entregue uma oportunidade de aumentar a consciência sobre esse problema sério que enfrentamos.

Nota da redação: É certo dizer que, apesar de John estar na concorrência, ele provavelmente não vai levar o cargo de presidente dos EUA. Isso porque a disputa eleitoral é majoritariamente capitaneada por dois partidos: o Democrata, que apresenta Hillary Clinton, e o Republicano, que empurra Donald Trump. Outro ponto: McAfee estava concorrendo pelo Partido Libertário. O próprio partido, agora, está oferecendo o político Gary Johnson como candidato.

TecMundo: E o que você acha dos principais candidatos, Hillary e Trump?

McAfee: Bem, eu não os conheço. Eu nunca fui pescar com Trump e também nunca jantei com Hillary. O que eu sei é o que as notícias me dizem. Se as notícias no Brasil forem que nem as notícias nos EUA, elas são 95% fabricadas. Então, eu realmente não tenho uma opinião.

Estamos todos perdidos?

Você deve se lembrar do caso FBI x Apple — caso contrário, pode clicar aqui para refrescar a memória. De maneira resumida, o FBI travou uma batalha judicial contra a Apple para receber um software que liberasse o acesso ao iPhone de um investigado.

Na época, McAfee hackeou ao vivo na TV norte-americana o smartphone de um apresentador. Ainda, se ofereceu ao FBI para realizar o feito sem a necessidade da briga nos tribunais. "Com todo o respeito a Tim Cook e à Apple, mas eu trabalho com a equipe dos melhores hackers do planeta. Eu aposto que podemos quebrar a criptografia do iPhone. Este é um fato puro e simples", havia dito. Vou, de forma gratuita, descriptografar as informações no telefone com a minha equipe (...) Se vocês aceitarem a minha oferta, não vão precisar pedir à Apple para colocar um backdoor no seu produto, o que será o começo do fim da América".

O fim da América, como citou McAfee, seria a criação de um software backdoor nas mãos das autoridades que serviria como "aval" para futuras invasões de dispositivos.

TecMundo: Nós vimos o que você fez no caso FBI x Apple. Isso significa que qualquer smartphone pode ser hackeado? Não há qualquer tipo de segurança?

McAfee: Não, não há segurança. E a razão de que não há segurança é que todos os nossos dispositivos móveis foram desenvolvidos, do começo ao fim, para coletar informações sobre nós. Informação é o novo dinheiro. Todos os smartphones são desenvolvidos para aplicações que sabem onde você está, para quem você está ligando, quanto tempo você usa o smartphone, quem são os seus contatos, aplicações que leem as suas mensagens e os seus emails. Quando você baixa um aplicativo, você precisa selecionar “Sim/Aceito” para aceitar todas essas condições. Mas ninguém realmente lê essas condições, ninguém presta atenção. Então, porque os smartphones são desenvolvidos exatamente para coletar informações, hackeá-los é algo trivial.

TecMundo: Já que chegamos neste ponto, o que você pode dizer sobre a vigilância de massa?

McAfee: Eu não estou feliz com qualquer tipo de vigilância. Eu acredito que todos nós temos um direito fundamental à privacidade. E, assim que a privacidade é tirada de nós, perdemos grande parte de nossa humanidade.

Considere isso: a maioria das pessoas não pensa sobre o fato de que elas escolhem “a privacidade” diversas vezes ao dia. Quando você fala com um estranho, por exemplo. Você não conta ao estranho os detalhes íntimos de sua vida, ou conta? Então nós escolhemos diferentes níveis de privacidade em todas as nossas interações com o mundo. Se isso for retirado de nós, não teremos qualquer tipo de liberdade. Sendo assim, o mundo se tornará um caos.

Não é papo de gringo

Já citamos a entrevista que o TecMundo realizou com o jornalista Misha Glenny. Expert em cibercrime, Misha deixou claro que o Brasil — e o mundo — ainda sofre com a ação e também não aprendeu a lidar com isso. John McAfee também tem as suas opiniões. Acompanhe:

TecMundo: No Brasil, a cibersegurança é algo com que as empresas e as pessoas costumam não se importar tanto, infelizmente. Você acredita que os hackers e os crackers têm muito espaço no Brasil?

McAfee: Sim, claro! E eles têm espaço para o cibercrime em qualquer lugar. Mas eu quero apontar outra coisa: os governos que buscam jogar esse problema na segurança. Você realmente acredita que a polícia mantém você seguro? Por exemplo, um assaltante entra na sua casa e tem uma arma apontada para a sua cabeça; existe algum botão mágico que você aperta e a polícia magicamente aparece? A polícia se mexe após um chamado e tenta determinar quem é o criminoso.

Então, segurança é uma ilusão. Realmente é uma ilusão. Quando um governo diz que tenta lhe manter seguro, o que ele realmente quer dizer é: nós tentamos lhe controlar.

TecMundo: Então o que os usuários podem fazer? O que as empresas podem fazer? O que todos nós podemos fazer sobre isso?

McAfee: A primeira coisa a fazer é: jogue fora agora o seu smartphone. Jogue fora e compre um celular (nota: um celular, sem ser smartphone, ou seja, sem conexão com a internet). Estou falando sério. Hoje, os smartphones são os espiões pelo mundo. Eles têm uma câmera, eles têm um microfone, eles guardam todas as suas informações e todas essas coisas podem ser hackeadas.

Não há nada privado, não há mais segredos neste mundo digital

Isso significa que outras pessoas podem te observar, te ouvir, ler as suas mensagens e saber todos os detalhes íntimos de sua vida. Veja: eu uso um smartphone, eu sempre lido com ele sabendo que centenas de pessoas estarão me ouvindo. Ou me assistindo. Se você quiser viver assim, tudo bem. Se não, compre um dumbphone, um celular que “não possui um computador dentro”. Um celular que faça ligações, envie mensagens e só. Eu sei o quão esquisito isso pode soar, mas se você visse as coisas que eu vi, sobre o que hackers podem fazer, você não acharia isso estranho.

TecMundo: Então, o que você viu?

McAfee: Eu vou a convenções hackers constantemente, cerca de três vezes por mês. Então, por exemplo, eu tenho um amigo que tem um chip implantado na mão. Se ele pegar o seu smartphone, no momento em que ele encostar no dispositivo, ele já hackeou o aparelho. São coisas nas quais você não acreditaria. Não há nada privado, não há mais segredos neste mundo digital. E nós temos que nos acostumar com isso ou mudar isso.

A mídia não escapa

John McAfee tem os seus problemas com a mídia. Principalmente agora, que está sendo acusado de estupro, tortura e homicídio, ele voltou a figurar em manchetes pelo mundo. O canal Showtime ainda preparou um documentário chamado "Gringo: The Dangerous Life of John McAfee", que praticamente sentencia McAfee ao afirmar que ele cometeu diversos crimes em Belize, na América Central, local onde morou por um tempo.

Por isso, podemos dizer que o McAfee tem um problema com a mídia. Ou com as pessoas envolvidas neste caso. Perguntamos qual era a opinião dele sobre jornais, revistas e sites. A resposta foi incisiva.

McAfee: A mídia só tem um propósito: fazer dinheiro. E eles fazem mais dinheiro com mais pessoas assistindo ou lendo as notícias. Então, sério, se você está lendo notícias, você está lendo uma interpretação da realidade de alguém. E essa interpretação está distorcida de uma maneira que vá segurar a sua atenção.

O que você vê no noticiário? Você não vê coisas boas. Você não vê vovózinhas fazendo tortas, não. Você vê catástrofe. Tornados. Tsunamis. Quedas de avião.

Assassinatos. Isso é algo que interessa os humanos; eu não vejo o motivo, mas é. Então, quando você vê qualquer coisa na mídia, o que você realmente está vendo é uma propaganda para segurar a sua atenção para a próxima notícia.

Fonte: http://www.hardware.com.br/
           http://www.tecmundo.com.br/
           http://www.fatosdesconhecidos.com.br/