CIÊNCIA E TECNOLOGIA

A Banda "LERDA" do Brasil...Até quando? Parte 2

banda_lerdaBanda Larga no Brasil - Uma piada de mal gosto 03/07/2009 - Jomar Silva (engenheiro eletrônico, pós graduado em gestão de projetos e desenvolvimento de sistemas e Diretor Geral da ODF Alliance Chapter Brasil). Há algumas semanas, tive acesso a um relatório sobre a situação atual dos acessos de banda larga no mundo todo, e não me surpreendi em ver o Brasil classificado como um dos acessos mais caros e de pior qualidade. O que chamamos de banda larga no Brasil, na verdade é uma grande piada, contada pelas falaciosas empresas de telecomunicações, que são reguladas por uma entidade que simplesmente não cumpre com suas obrigações e ninguém faz nada sobre isso.

 Quer ver como eles mentem e te enganam descaradamente?

Vocês sabiam que a velocidade da banda larga que contrataram é apenas "ilustrativa", e que o valor real garantido em contrato é, em média, 10% disso? Sabia que esta velocidade "ilustrativa" não é bidirecional?

Trocando por miúdos, quando você fica todo feliz em ter 2MB de banda larga, na verdade seu contrato diz que você tem direito a 200kbps de banda, extensível (quando possível) a 2Mbps. Claro que esta "tremenda velocidade" é apenas no sentido chamado de downstream (da Internet para seu computador), pois no sentido contrário (upstream ou do seu computador para a Internet), a velocidade raramente passa dos 256 kbps (sendo 128kpbs o valor comumente utilizado). Esta última explicação pode agora te ajudar a entender o motivo pelo qual você consegue baixar muito rápido um e-mail com um anexo grande, mas demora muito para, por exemplo, re-enviar este e-mail para outras pessoas.

O que me deixa mais indignado ainda com as operadoras, é a constância com que cometem "erros de configuração" nas conexões dos usuários (já vi este "problema acidental" em inúmeras conexões ADSL, Cabo e 3G). Este "problema acidental" ocorre com frequência pois a maioria dos usuários não sabe como verificar a largura de banda que lhe está verdadeiramente sendo entregue. Por isso, gosto sempre de ensinar a todos como faze-lo: www.speedtest.net (basta acessar o site e seguir as instruções que ele vai te fornecer... em poucos segundos você vai descobrir quão honesta é sua operadora, ops... ato falho... quer dizer, quão bem configurada está sua conexão).

O caso mais grave que já vi foi de um parente que havia comprado um computador novo dual core, com 4Gb de RAM (um baita maquinão mesmo) e vivia se queixando que seu computador estava "lento na internet". Detalhe adicional: ele era assinante de banda larga ADSL de uma certa operadora espanhola em São Paulo (que prefiro não citar o nome para não infectar e poluir este blog) e é um mero usuário (não tem conhecimento técnico algum, com a imensa maioria dos usuários de Banda Larga no Brasil).

Depois de tanta reclamação (mais de um mês), resolvi dar uma passada na casa dele para ver o que estava acontecendo. Quando usei o SpeedTest lá, descobri que os 2Mbps que ele estava pagando eram na verdade 128kps. Ele ligou para o suporte técnico da tal operadora e o atendente insistia com ele que estava tudo certo e que o computador dele estava com o problema (a mesma ladainha que ele já havia ouvido algumas dezenas de vezes). Fui obrigado a pegar o telefone e conversar com o tal "técnico". Quando avisei a ele que eu sabia o que estava fazendo e falando (já trabalhei em centros de Pesquisa e Desenvolvimento de telecomunicações, banda larga e multimídia), e que a tal empresa espanhola estava cometendo uma fraude gravíssima, a voz do atendente tremulou... ele então se desculpou e passou a seu supervisor, que gentilmente se desculpou pois havia detectado um "erro de configuração" no modem ADSL e me pediu "por gentileza" para resetar o modem... Reset feito e modem navegando a 2Mbps... Já vi "erros de configuração" idênticos a esse em operadoras de cabo e 3G, mas confesso que a tal operadora espanhola é recordista nestes erros (testem suas conexões e veremos os resultados).

Falando em 3G, mais uma vez, uma falácia gigantesca. Já vi até operadora vendendo largura de banda que nem em laboratório se conseguiu colocar para funcionar direito ainda (tudo bem.. eles devem pensar que os usuários brasileiros são mesmo um bando de ignorantes fáceis de enganar, não é mesmo?).

Um exemplo interessante das maravilhas do mundo 3G é a minha magnífica conexão 3G do BlackBerry Bold da Claro (já fiz um review bem legal do BB Bold aqui no blog, e confesso que não vivo mais sem meu BlackBerry). Quando comprei, assinei o serviço de dados todo empolgado, pois teria uma conexão 3G (que no Brasil virou erroneamente sinônimo de Banda Larga Móvel), e não atentei ao detalhe que 3G é a tecnologia de transmissão, e isso em nada se relaciona com a banda. Meu BlackBerry Bold 3G da Claro não passa dos humilhantes 128kpbs, e nem adianta ligar lá para reclamar, pois nos contratos que assinei (como todo bom brasileiro, sem ler com a devida atenção), não existe nada sobre a largura de banda... sou um trouxa mesmo, não é? (no momento em que escrevo fiz um teste e minha super conexão 3G atingiu um pico de 31 Kbps... me deu saudades do meu modem U. S. Robotics Courier 33.600).

Em uma coisa, todas as operadoras se nivelam: atendimento ridículo quando ocorrem problemas.

Estou a 3 dias sem a minha conexão de banda larga (via cabo), e já fiquei plantado feito um imbecil por uma manhã inteira aguardando o "técnico" que nunca chegou... quem sabe amanhã.

Interessante é notar que ontem, o segundo dia do meu "apagão", acabei dando uma passada no consultório da minha irmã e ela estava aflita pois sua conexão 3G da Claro não funcionava. Ligamos para o suporte técnico e após alguns minutos de conversa (e eu explicar para o "especialista" deles) que na área onde ela estava o 3G estava fora do ar, pois meu BlackBerry também da Claro só se conectava via EDGE por lá, ele insistia que "a rede não possui problema algum"... antes que me esqueça, as luzes do modem 3G indicavam isso mesmo: sinal fraco e intermitente.

A ligação terminou quando ele me pediu para fazer qualquer coisa no "menu iniciar" do computador, e eu avisei que o computador da minha irmã roda Linux (sim, uma Nutricionista que usa Linux... e diga-se de passagem o adora, após ter perdido algumas semanas de trabalho com um tal Vista que simplesmente não funcionava). Voltando ao assunto, já viram a reação de um vampiro quando vê a cruz? A do "especialista" da Claro foi idêntica: "sr, nossos modems não funcionam em Linux e não damos suporte". Quando fui explicar a ele que o "modem deles" estava funcionando em Linux há singelos 12 meses, recebi como resposta "estou encerrando a ligação, pois o Sr não usa um sistema suportado"... resultado: SE VOCÊ USA LINUX, NÃO CONTRATE 3G COM A CLARO !!! (minha irmã está indo hoje contratar uma nova conexão com outra operadora).

Contei esta história, pois passei pelo consultório dela para bater um papo e ver se ela estava mesmo contente com o 3G, pois depois de dois dias (agora três) sem minha Banda Lerda via cabo, eu estava pensando mesmo em cancela-la e contratar um 3G... acho que ainda não dá para fazer isso.

Me sobrou o bom e velho ADSL... quer dizer, tinha sobrado, pois alguns minutos depois do bate boca com o "especialista" da Claro, recebi um telefonema do meu pai, nervoso pois precisava enviar um e-mail com urgência e sua conexão ADSL (da tal operadora espanhola) não estava funcionando (me doeu, mas tive que orienta-lo a ligar para o suporte técnico da operadora, apesar de saber que ele sofre de pressão alta :) )... alguns minutos depois li num portal da Internet que a tal operadora estava sofrendo mais um apagão (o segundo do mês), desta vez nos ADSL de algumas regiões de São Paulo (e claro, eles negavam o apagão e assumiam alguns "problemas isolados" (se esse pessoal fosse da OMS a gripe do porco seria classificada como "alguns meros resfriados localizados").

Sendo assim, num mesmo dia, todas as possibilidades de conexão "banda larga" que conheço estavam fora do ar, e todos os usuários tendo que aguentar os "especialistas e técnicos" das operadoras (aliás, se você que está lendo ainda não é formado e queria se especializar com rapidez, não vai para a escola não bobo: Arrume um emprego em um call center... você vira "especialista" e "técnico" em algumas horas... é sério).


A banda larga e seus gargalos no Brasil

16/09/2009 - As conexões rápidas com a internet no país deixam muito a desejar. A defasagem em relação às nações desenvolvidas é de cinco anos.

Desde 2005, a maior parte dos usuários de internet no Brasil já acessa a rede por meio da banda larga. A passagem das conexões discadas para as conexões rápidas representou um grande salto. Ficou para trás um mundo em que a simples mudança de página na web não era apenas um teste de paciência, mas uma aventura – não raro, as ligações caíam. Tornaram-se possíveis ações hoje corriqueiras, como assistir a vídeos ou trocar fotos por e-mail. A experiência cotidiana do brasileiro com a banda larga, no entanto, ainda pode ser frustrante. Um vídeo de três minutos do YouTube costuma levar duas ou três vezes esse tempo para ser visto. E usufruir recursos avançados da internet, como o download de filmes em alta resolução ou a participação em videoconferências, é praticamente impensável. Um estudo recente, encomendado pela empresa de tecnologia Cisco, corrobora essa impressão. O levantamento aferiu a eficácia da banda larga em 42 países. O Brasil ficou em 38º posto, à frente apenas de Chipre, México, China e Índia. "Na média, as conexões brasileiras com a web estão num patamar pré-YouTube. Têm cinco anos de defasagem em relação às dos países desenvolvidos", disse a VEJA o indiano Prashanth Angani, um dos responsáveis pela pesquisa.

Em todo o mundo, técnicos divergem sobre a definição de banda larga. No Brasil, encaixam-se nessa categoria as ligações com velocidade de transferência de dados a partir de 128 kilobits por segundo (Kbps). Na Europa, o mínimo exigido é 256 Kbps. Já a International Telecommunication Union (ITU), a agência das Nações Unidas para as telecomunicações e a radiodifusão, estipula taxas de pelo menos 2 Mbps. Por esse critério, nove em cada dez conexões brasileiras não podem ser consideradas como sendo de banda larga. No entanto, mesmo aqueles que dispõem de serviços que, na teoria, poderiam ser catalogados como rápidos em qualquer lugar do mundo enfrentam dificuldades no país. O diretor de arte Eduardo Ferreira, de 32 anos, é proprietário da NuYoung Creative, uma empresa especializada na criação de sites para grandes com-panhias com vídeos em três dimensões. Ele tem uma conexão de 8 Mbps. Por causa de instabilidades fre-quentes, mantém uma ligação sobressalente de 4 Mbps. "Mas, às vezes, nada disso funciona. Como uso arquivos digitais pesados, sou obrigado a gravar tudo em DVDs e mandar meu trabalho para os clientes não pela internet, mas por motoboys", diz Ferreira.

O meio mais eficaz de transferência de dados pela internet – e aqui só se está falando da internet "com fio" – são as fibras ópticas. Esses dutos são formados por filamentos de vidro puro. Eles enviam sinais de luz a longa distância, sem perda significativa de intensidade. No Japão, o país mais bem colocado na pesquisa da Cisco, essa tecnologia espalha-se por 42% da rede. É a cobertura mais ampla em todo o planeta. As conexões japonesas são, desde já, consideradas adequadas para o uso da internet em 2012, quando serão comuns a realização de videoconferências com imagens em alta resolução, o manuseio de sistemas completos de automação em residências e redes sociais repletas de filmes e fotos. No Brasil, a fibra óptica não representa nem sequer 1% da rede. Aqui, quem carrega as informações da internet são ainda, em 70% dos casos, os fios de cobre dos sistemas de telefonia fixa. Essa tecnologia é conhecida pela sigla ADSL (linha de assinatura digital assimétrica). Os cabos coaxiais, usados pelas empresas de TV por assinatura, cobrem outros 26% da infraestrutura, e o restante é composto de satélites e rádios. Entre outubro e dezembro do ano passado, o livreiro Edgar Escobar Júnior, de 39 anos, experimentou as maravilhas da internet com fibra óptica. Ele instalou uma conexão de 30 Mbps no sebo que mantinha em São Paulo. "O acesso ultrarrápido chamava a atenção dos clientes de alto poder aquisitivo, que sempre faziam boas compras. Com essa banda, eu também encetava negócios com pessoas de todo o mundo, por meio de videoconferências", conta ele. Em dezembro, o comerciante mudou-se. Como a rede de fibra óptica só está disponível em áreas restritas da capital paulista, ele teve de se conformar com uma conexão de 2 Mbps (que não é ruim para os padrões nacionais). Começaram os problemas: "Atualmente, tenho dificuldade de mostrar meu acervo de livros pela web. Gasto quinze vezes mais tempo nessa tarefa. Quero meus 30 Mbps de volta", diz o livreiro.

A eficiência da internet pelo sistema ADSL é condicionada, sobretudo, pela distância entre a casa do usuário e a central de transmissão de dados da operadora de banda larga. Se esse trajeto superar a marca de 5 quilômetros, a conexão com a rede dificilmente terá boa qualidade, independentemente da velocidade de banda contratada. Nesse sistema, a transferência de informações perde força ao longo do trajeto. Os entraves do sistema a cabo são diferentes. Nesse caso, o que pesa é o número de pessoas que compartilham da mesma "infovia". Quanto maior o total de usuá-rios pendurados num cabo, pior será a experiência de cada um deles na internet. Além disso, os cabos coaxiais foram idealizados para conduzir as informações num único sentido. Por isso, são bons para baixar arquivos (down-load), mas nem tanto para carregá-los (up-load). No entanto, a circulação de dados em mão dupla é cada vez mais usual – e necessária – na internet.

Em todo o mundo, ampliar continuamente a infraestrutura de rede para acompanhar as mudanças no uso da web é um desafio da indústria das comunicações. Hoje, o que se vê é a circulação cada vez mais intensa de fotos e filmes com alta qualidade de imagem. Em 2006, os vídeos representavam 12% do total de tráfego na internet. Em 2012, atingirão 90%. "Nos últimos cinco anos, o número de clientes dos nossos serviços cresceu oito vezes. Parece muito, mas a quantidade de banda que eles consomem aumentou muito mais: setenta vezes", diz Fabio Bruggioni, diretor de clientes residenciais da Telefônica. Essa explosão de demanda contribuiu para sucessivas panes do Speedy, a banda larga oferecida pela empresa no Brasil. A companhia chegou a ser proibida pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) de comercializar o serviço entre junho e agosto deste ano. Para retomar a oferta, comprometeu-se a aprimorar seus equipamentos (como servidores, que traduzem os endereços dos sites em códigos da internet) e melhorar o atendimento aos clientes.

A importância de investir na infraestrutura da internet não pode ser subestimada. Crescentemente, a capacidade de oferecer ligações velozes com a rede se transforma num fator-chave para a produtividade de um país. Na economia de uma nação, esse item de infraestrutura tende a ganhar a mesma relevância dos portos e aeroportos. "Desenvolver a banda larga é o desafio do presente. É algo tão importante quanto foram a expansão da rede elétrica e a construção de estradas em épocas anteriores", disse Julius Genachowski, presidente da Comissão Federal de Comunicações (FCC, na sigla em inglês) dos Estados Unidos, em um discurso no mês passado. Advogado, Gena-chows-ki foi um dos articulistas da bem-sucedida estratégia eleitoral de Barack Obama pela web. Um estudo do Banco Mundial divulgado em novembro de 2008 indica que, para cada 10 pontos porcentuais de aumento no uso de internet rápida, há um crescimento de 1,38% do produto interno bruto (PIB) per capita de um país. Ninguém ainda mediu o impacto da difusão da banda larga sobre o FIB de uma nação – a sigla significa felicidade interna bruta, conceito que às vezes é usado por psicólogos e economistas em discussões sobre o bem-estar de uma população. Mas deve ser considerável.

 

banda_2

 


Pane na banda larga: brasileiro é vítima da falta de concorrência


Daniela Braun 20/09/2009 - Sem opção ou regras mais rígidas de garantia de serviço, brasileiro é refém da instabilidade na banda larga dizem especialistas. Esta semana, o serviço Speedy, da Telefônica*, voltou a apresentar instabilidades deixando usuários do Estado de São Paulo sem acesso à internet pela terceira vez em menos de um ano. O volume de acessos em banda larga pela tecnologia ADSL, entretanto, mantém um crescimento bastante estável.

Somente a Telefônica observou um crescimento de 100 mil usuários na base de assinantes do Speedy entre dezembro de 2008 (2,55 milhões) e março deste ano (2,65 milhões).

Em São Paulo – Estado que concentra 39,7% das conexões de banda larga do Brasil – o ADSL da Telefônica registrou 66,1% de participação, e o acesso a cabo ficou com 33,8% em dezembro de 2008, segundo a consultoria International Data Corporation (IDC) Brasil.

No País, as conexões via ADSL cresceram de 5,93 milhões, no primeiro trimestre de 2008, para 7,25 milhões, no primeiro trimestre de 2009. No mesmo período, o volume de conexões via cabo saltou de 1,94 milhão para 2,75 milhões.

Falta de opção

Apesar da expansão do acesso em banda larga 3G, no último ano, o serviço que conquistou 4,6 milhões de usuários, segundo o portal Teleco, também coleciona reclamações por conta da instabilidade. “Ele ainda é uma opção complementar para quem já possui banda larga fixa”, observa Paulo Bruder, analista de telecom da IDC Brasil.

“Hoje temos duas opções no mercado [acesso a cabo e ADSL] e as duas têm problemas”, observa Eduardo Tude, presidente da consultoria Teleco.
 
A tecnologia ADSL continua conquistando usuários porque chega até eles. “A grande vantagem é a capilaridade” aponta Bruder. Por utilizar a mesma infraestrutura de telefonia, o ADSL requer, basicamente, que os equipamentos da central telefônica mais próxima sejam adaptados para o acesso à internet.

Já a tecnologia de acesso a cabo exige um novo cabeamento, próprio para o acesso à internet, e um investimento maior em relação ao ADSL, além de depender da infraestrutura de TV por assinatura, que já não é tão ampla como a de telefonia no Brasil. Resultado: “hoje o Brasil tem dois acessos ADSL disponíveis para cabo acesso a cabo”, observa o analista da IDC. “A maioria pessoas não tem opção”, afirma.

Considerando a malha telefônica, o problema de acesso rápido no Brasil estaria de resolvido, certo? Não. “Nem sempre onde chega o telefone há oferta de ADSL, porque a qualidade do serviço também depende da distância entre a central e a região a ser atendida. Se for muito grande, requer mais investimento da operadora. Se ele for mais alto do que a demanda, não vale a pena oferecer o serviço”, observa Eduardo Tude, presidente do Teleco.

Ao contrário dos serviços de telefonia fixa (STFC) e móvel (SMP), onde há regras rígidas e metas de universalização - se uma operadora não oferecer o serviço a um determinado número de municípios, por exemplo, é penalizada -, as regras são mais brandas para o Serviço de Comunicação Multimídia (SMC) no qual estão inseridos os prestadores de serviços de banda larga e de telefonia pela internet – hoje são mais de 1.700, sendo a maioria pequenas empresas, segundo dados do Teleco.

Concorrência

E se não vale a pena oferecer o serviço comercialmente, não há banda larga. Esta é a regra básica da expansão do serviço no País, segundo Eduardo Tude. “O SCM não tem metas de qualidade ou de cobertura. A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) não tem instrumentos de cobrança”, afirma.

A Anatel informou, na terça-feira (19/05) que está investigando a pane mais recente na Telefônica. A agência já abriu investigações nas duas últimas panes registradas pela operadora em julho de 2008 e em abril deste ano.

Independente da tecnologia, de um modo geral, o brasileiro sofre com a carência de acesso em banda larga, em velocidade e abrangência. Atualmente, há 10,4 milhões de conexões rápidas para 191 milhões de habitantes, ou 5,4 conexões de internet rápida para cada 100 brasileiros – em 2008 eram 4,4 conexões por 100 habitantes - revelam dados do Teleco e da IDC Brasil.

Direito do consumidor
“A banda larga tornou-se um serviço essencial. Há centenas de empresas e milhares de consumidores ‘pendurados’ nesta rede”, observa Tude. Se as regras do serviço não forem rediscutidas, segundo ele, as operadoras devem assumir um compromisso de auto-regulamentarão.

Por enquanto, as regras estão na mão do consumidor. Em São Paulo, é possível recorrer à Fundação Procon-SP (pessoalmente ou por carta) para entrar com processos contra as prestadoras de serviços por danos resultantes da instabilidade no acesso à internet. Em 2008, o Procon de São Paulo fechou um acordo coletivo de ressarcimento equivalente a cinco dias de acesso em banda larga para usuários do Speedy. Já as vítimas das panes mais recentes no serviço da Telefônica ainda aguardam um acordo, que pode sair até o final do mês.

“As medidas tomadas pelo Procon-SP dependem do empenho da empresa em solucionar os problemas”, afirma Paulo Arthur Goes, diretor de fiscalização do órgão.

Segundo Goes, se não houver acordo ou caso a operadora se mostre “resistente”, o Procon pode apresentar um ‘termo de ajustamento de conduta” obrigando a empresa a tomar medidas para garantir a qualidade do serviço. “A empresa deve assegurar que haja uma solução para evitar que isso se repita”, ressaltou. Outra opção é entrar com ações judiciais e multar a prestadora do serviço. De acordo com o Código de Defesa do Consumidor, o valor pode chegar a 3,19 milhões de reais se for identificado desrespeito ao consumidor.

A segunda opção, quando há concorrência, é mudar de serviço, aconselha Horário Belfort, presidente da Abusar. A associação, que defende os direitos do consumidor na internet desde 2000, já entrou com diversas ações contra operadoras de banda larga na justiça brasileira, incluindo questões como oferta de modems, contratos de nível de serviço – hoje, as operadoras garantem 10% da velocidade contratada – e instabilidades, mas com poucas conclusões. “Hoje, o único poder do consumidor é mudar de serviço. É dizer ‘cancela’”, conclui Belfort.

Banda larga do Brasil é 45ª entre 66 países - 30/09/2009 -  Coreia do Sul ultrapassou o Japão e a Suécia e assumiu a liderança em ranking anual que mede a qualidade da banda larga dos países, ajudada por incentivos do governo para tornar a nação como líder no mundo de tecnologia da informação, mostrou um estudo.

A pesquisa, conduzida pelas universidades de Oxford e Oviedo e patrocinada pela Cisco, mostrou que 62 de 66 países analisados melhoraram a qualidade dos serviços de Internet rápida voltada do ano passado para cá.

A relevância da banda larga com qualidade está aumentando, já que novos aplicativos de Internet  -como TV de alta definição - precisam de conexões mais rápidas e melhores, segundo o levantamento.

Os nove países melhores colocados --Coreia do Sul, Japão, Suécia, Lituânia, Bulgária, Letônia, Holanda, Dinamarca e Romênia-- já possuem banda larga com qualidade para tais aplicações.

O Brasil aparece na 45a posição no estudo, atrás de dois dos outros três países que compõem o grupo dos Bric: Rússia está em 18o lugar e China na 43a colocação, enquanto a Índia ocupa a 63a posição.

Na classificação por cidades, os municípios japoneses Yokohama e Nagoya aparecem no alto da lista, à frente de Kaunas, na Lituânia

 

Fonte: http://idgnow.uol.com.br/
       http://info.abril.com.br/noticias/
       http://www.gazetadopovo.com.br/economia/conteudo.phtml?tl=1&id=976013&tit=Banda-larga-lenta-e-cara
      http://www.gamevicio.com.br/i/noticias/38/38319-banda-larga-no-brasil-e-uma-das-piores-do-mundo-em-ranking/index.html
       O Globo