CIÊNCIA E TECNOLOGIA

Bioconstrução

bioconstru1Bioconstrução é o termo utilizado para se referir a construções onde a preocupação ecológica está presente desde sua concepção até sua ocupação. Já na concepção, as bioconstruções valem-se de materiais que não agridam o ambiente de entorno, pelo contrário: se possível, reciclam materiais locais, aproveitando resíduos e minimizando o uso de matéria-prima do ambiente. Todo projeto foca no máximo aproveitamento dos recursos disponíveis com o mínimo de impacto. O tratamento e reaproveitamento de resíduos, coleta de águas pluviais, uso de fontes de energia renováveis e não-poluentes, aproveitamento máximo da iluminação natural em detrimento da artificial, são exemplos de preocupações na ...

concepção desses projetos. A residência nas bioconstruções também segue a filosofia de responsabilidade ambiental dos seus ocupantes.


Bioconstrução combina técnicas milenares com inovações tecnológicas


Por Carol Cantarino - Princípios de sustentabilidade cada vez mais orientam a construção civil, considerado um dos setores que mais causa impactos no meio ambiente devido ao alto consumo de materiais, energia e geração de resíduos. Empresas têm investido na chamada responsabilidade ambiental e muitas delas estão se especializando em bioconstrução, uma modalidade da arquitetura e da construção civil cujo princípio é reunir tecnologias milenares e inovativas para garantir a sustentabilidade não só do processo construtivo mas também do período pós-ocupação de casas e apartamentos.

Uso de matérias-primas, recicladas ou naturais, disponíveis no local da obra; gestão e economia de água tais como reuso ou aproveitamento da água da chuva; fontes alternativas de energia como aquecimento solar ou energia eólica; coleta seletiva e reciclagem de lixo; técnicas construtivas baseadas na utilização do barro, palha ou bambu. A bioconstrução abrange uma série de tecnologias e a viabilidade ecológica, econômica e social de sua aplicação depende, principalmente, da avaliação do local da obra.

Sistemas de reaproveitamento da água e de aquecimento solar podem ser aplicados em qualquer residência ou apartamento da cidade de São Paulo por exemplo. Já a utilização de matérias-primas naturais depende do que estiver disponível no local de construção. "Cabe ao arquiteto fazer essa avaliação porque dessa disponibilidade é que depende a relação custo-benefício da obra", afirma Marcelo Todescan, um dos diretores da Todescan Siciliano Arquitetura, escritório especializado em projetos residenciais que utilizam técnicas bioconstrutivas.

MATERIAIS MENOS TÓXICOS

A opção pela utilização de matérias-primas locais também é feita em detrimento de materiais que agridem o meio ambiente seja em seu processo de obtenção ou fabricação, seja durante a aplicação ou ao longo de sua vida útil. A intenção também é a de que a construção seja menos tóxica e invasiva para os moradores. Por conta disso é que materiais como PVC (policloreto de vinil), alumínio, tintas, solventes e revestimentos sintéticos (como o carpete) são evitados nesse tipo de empreendimento.

A bioconstrução é considerada uma alternativa viável mesmo em grandes cidades como São Paulo. Todescan cita um projeto, já em fase de acabamento, inteiramente baseado nessa técnica. A casa, que fica no bairro da Granja Viana, foi erguida a partir da aplicação de uma técnica japonesa milenar denominada tsuchi kabe, empregada na construção de templos budistas. Ela combina a utilização de várias matérias-primas naturais: pedras são utilizadas nos alicerces e as paredes são construídas a partir de uma estrutura de madeira reciclada, bambu, terra e argila. A escolha da tsuchi kabe não foi aleatória: a maioria desses materiais encontrava-se disponível no local da construção, o que viabilizou economicamente a obra. Sistemas de captação e reuso de água e de aquecimento solar também foram adotados.

O arquiteto lembra que a bioconstrução não se resume à utilização de materiais ecologicamente corretos. O envolvimento do morador durante todo o processo de construção é bastante valorizado. Na casa construída na Granja Viana, foram realizados "mutirões" ao longo de três finais de semana: a família do proprietário, seus amigos e vizinhos reuniram-se para que juntos aprendessem e aplicassem técnicas relacionadas ao uso do barro e à pintura de paredes com cal.

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TECNOLOGIA SOLAR EM CASAS POPULARES

A utilização de fontes alternativas de energia renovável é um dos princípios mais valorizados da bioconstrução, mas a economia representada pela substituição da eletricidade por coletores solares para aquecimento de água ainda é desconhecida da maioria da população. "Cabe ao poder público divulgar e tornar essa tecnologia mais acessível, principalmente para as famílias de baixa renda". Essa é a opinião de Jane Tassinari Fantinelli, que defendeu doutorado sobre o assunto na Faculdade de Engenharia Mecânica da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). A arquiteta defende o uso de sistemas termo-solares por famílias carentes tendo em vista os resultados obtidos pelo Projeto Sapucaias, a primeira experiência monitorada de instalação de sistemas de aquecimento solar para a água de banho em área urbana no Brasil. Financiado pela Eletrobrás, o projeto foi desenvolvido ao longo de cinco anos junto a 100 famílias do município de Contagem (MG).

A utilização dos coletores levou a uma redução de 34,6% no consumo de energia elétrica. Mas a economia na conta a pagar foi muito maior: variou de 56 a 71%, já que, por causa da redução do gasto de energia, as famílias entraram tanto na faixa dos beneficiários das políticas de incentivo de baixo consumo das concessionárias, como nos programas de transferência de renda do governo federal - ambos prevêem descontos na tarifa de energia elétrica.

"A disseminação do uso de coletores solares depende de políticas públicas de planejamento energético. Se elas forem focalizadas nas famílias de baixa renda, resultados significativos, com certeza, serão alcançados", acredita Fantinelli.

Segundo a arquiteta, o consumo de energia está relacionado à renda. O tempo de banho das classes populares, por exemplo, é menor que o das classes de maior poder aquisitivo. Devido a essa diferença de comportamento, não só o gasto de energia, mas também o volume de água requerido pelas famílias de baixa renda são, conseqüentemente, menores, o que permitiu que o Projeto Sapucaias adotasse coletores solares compactos (dotados com placa de 2 metros quadrados e reservatório de água com capacidade para 200 litros) e, por isso, mais baratos.

Como não há produção em escala de tecnologia solar no país, a aquisição e instalação de um coletor solar compacto gira em torno de R$1.400. Entretanto, a economia propiciada pelo sistema compensa os gastos. Apesar de pouco divulgada, na Caixa Econômica Federal há uma linha de financiamento exclusiva para a compra de coletores solares.


Construção civil investe no equilíbrio ambiental

30/08/2010 - Considerado um dos setores que mais causa impactos no meio ambiente devido ao alto consumo de materiais, energia e geração de resíduos, a construção civil vem buscando cada vez mais princípios de sustentabilidade e se especializando em bioconstrução.

Bioconstrução é uma técnica de construção que utiliza materiais que não agridem o meio ambiente e reutiliza materiais locais e provenientes de resíduos industriais, aproveitando e minimizando o uso de matéria-prima do planeta. A bioconstrução também ajuda na minimização do gasto de energias para iluminação e conforto térmico, bem como o aproveitamento de águas da chuva e residuais.

Pensando nisso, o Próximo Passo irá utilizar as técnicas de bioconstrução, que prevêem o menor impacto ambiental possível utilizando os materiais locais (próximos da obra) e reciclados provenientes da planta industrial da Iveco, para construir sua sede na comunidade Cidade de Deus, em Sete Lagoas, Minas Gerais.

Segundo Cláudio Cassacia e Bruno Assunção, arquitetos responsáveis pela construção da sede, a utilização do conceito de bioconstrução no Próximo Passo “tem a intenção de contribuir com uma ação sócio-econômica-cultural-ambiental que favoreça o desenvolvimento da comunidade, valorize o reaproveitamento de materiais, contribua com a minimização do aquecimento global e propicie a geração de trabalho e renda para jovens e adultos da Cidade de Deus”.

Cláudio afirma que as tecnologias usadas pela bioconstrução, e que serão ensinadas em uma oficina de capacitação na comunidade, são de fácil aprendizagem e realização, pois originam-se de práticas tradicionais acrescidas de conhecimentos mais modernos. “Sendo simples, elas podem ser aplicadas pela comunidade, revertendo esta ação na melhoria e sustentabilidade do ambiente e na formação de agentes para um mundo mais sustentável”, destaca.

Para utilizar a técnica de bioconstrução, foram catalogados alguns materiais residuais da Ilha Ecológica da Iveco para aproveitamento na sede do projeto e nas aulas práticas da oficina, como madeira dos palets, estruturas metálicas, vidros ou janelas dos veículos, tanque de combustível e assentos. Para Cláudio, “a reciclagem de peças e resíduos que já consumiram energia para serem produzidos é uma maneira de evitar a retirada de mais matéria-prima da natureza”.

Vale lembrar que a bioconstrução não se resume à utilização de materiais ecologicamente corretos durante a construção. A ocupação também deve seguir a filosofia da responsabilidade ambiental.


Vantagens da Bioconstrução


Autonomia Tecnológica: “Todo homem e toda mulher deveriam ser capazes de construir uma casa para si e para sua família, usando a terra abaixo dos seus pés, e integrando algumas características da tecnologia moderna para fazer suas casas resistentes ao fogo, enchentes, furacões, terremotos e outros desastres”. (Nader Khalili)

Talvez essa seja a principal vantagem da bioconstrução, pois trata da liberdade das pessoas. Quando uma pessoa é capaz de manusear os recursos do local onde vive e transformá-los em uma casa ou outra edificação, terá a liberdade de construir sem depender da oferta do mercado ou da indústria.  Antigamente as pessoas transmitiam de geração para geração as técnicas construtivas, e estas eram uma representação da cultura local. É necessário este resgate cultural para a recuperação da autonomia das pessoas.

Conforto Ambiental: Uma casa com paredes de terra tem mais conforto térmico e acústico. As paredes feitas com terra são geralmente mais largas que as convencionais, o que retarda a entrada de calor no verão e a perda do calor no inverno. Além do mais, as paredes de terra têm a propriedade de “respirar”, mantendo a umidade relativa do ar entre 40% e 60%, outro fator de conforto determinante.

É importante lembrar que não basta as paredes serem feitas de terra para a casa ser confortável. É necessária uma boa orientação da casa e uma boa localização das aberturas, de modo a garantir uma boa insolação, sombreamento quando necessário e uma ventilação adequada.  A cobertura também influencia muito na questão do conforto térmico. Devemos evitar telhados baixos e preferir materiais de baixa condutividade térmica, utilizando isolantes quando necessário.

Criatividade: As técnicas e os materiais utilizados na bioconstrução nos convidam a construir casas mais bonitas e criativas. Sem a dependência dos materiais industrializados, que induzem à formas quadradas e cada vez mais padronizadas, podemos liberar a imaginação para construir casas diferentes s confortáveis, com identidade cultural.

Participação: Construir com técnicas de bioconstrução é muito prazeroso. O uso de materiais naturais permite que qualquer pessoa possa participar da construção, independente de sexo e idade. A bioconstrução induz a interação social, promovendo a relação entre as pessoas. A construção do abrigo adquire um outro significado, que reflete nas energias que permanecem no ambiente construído.

Economia: Por utilizar em grande parte material local, as edificações bioconstruídas podem se tornar muito mais econômicas que as convencionais. Somente substituindo as paredes convencionais por paredes de terra podemos ter uma economia de cerca de 30%. Na bioconstrução procuramos utilizar materiais reaproveitados e reciclados, outro fator de economia.

Além do mais as edificações são mais eficientes energeticamente, o que garante uma redução em gastos com calefação, resfriamento e iluminação.

A economia não é somente de dinheiro: em todas as etapas desde a construção dos edifícios até o uso dos mesmos, há um comprometimento com a natureza. Isto se dá através do uso de materiais e técnicas que utilizem o mínimo de energia e gerem o mínimo de resíduos,e de um planejamento que vise o mínimo gasto de energia ao longo do uso do edifício e um tratamento adequado dos resíduos.

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Bioconstru%C3%A7%C3%A3o
           http://inovacao.scielo.br/
           http://www.ceciliaprompt.arq.br