CIÊNCIA E TECNOLOGIA

Cigarro eletrônico - Parte 2

cigarro_eletrnico_5Tão ruim quanto o cigarro normal ou o melhor seria mesmo criar vergonha na cara e PARAR de fumar? Dentre os estudos que se destacaram, o pioneiro “Safety Report on the Ruyan® e-cigarette Cartridge and Inhaled Aerosol” conduzido na Nova Zelândia com ajuda do Canadá no ano de 2008 pelo Dr. Murray Laugesen evidenciou que o cigarro eletrônico, desenhado para ser uma alternativa segura ao tabagismo, “é muito seguro em relação aos cigarros de tabaco e também muito seguro em termos absolutos em todas as medidas que temos aplicado neste estudo”. Ainda, o mesmo pesquisador realizou outros estudos e debates, em que confirmou a segurança do cigarro eletrônico, provando cientificamente mais uma vez que o cigarro eletrônico não possui quaisquer níveis tóxicos de substâncias maléficas à saúde humana.

Contudo, neste mesmo contexto, em maio de 2009, a Food and Drug Administration (FDA) realizou um estudo que testou o conteúdo de 18 variedades de cartuchos do cigarro eletrônico produzidos por dois fornecedores norte-americanos (NJoy e Smoking Everywhere) e encontrou nos resultados traços da substância dietilenoglicol em um dos cartuchos fabricados pela Smoking Everywhere, além de traços de nitrosaminas específicas do tabaco (TSNAs), conhecidas agentes causadoras de câncer, em todos os cartuchos de uma das marca e em dois dos cartuchos da outra marca. O estudo, ainda, descobriu que os níveis de nicotina real nem sempre corresponderam à quantidade de nicotina que os cartuchos diziam conter. Ainda, a análise encontrou vestígios de nicotina em alguns cartuchos que diziam ser sem nicotina e outras preocupações foram levantadas sobre níveis inconsistentes de nicotina entregues quando em uso do dispositivo.

Com isso, em julho de 2009, a FDA emitiu um comunicado de imprensa desencorajando o uso de cigarros eletrônicos, repetindo as preocupações anteriormente citadas, afirmado que os cigarros eletrônicos podem ser atrativos ao público jovem e que não possuem advertências adequadas em relação ao risco para a saúde.

Porém, o estudo supracitado de 2008 do Dr. Murray Laugesen já havia concluído que os traços de TSNAs encontrados no cigarro eletrônico não chegam perto de atingirem níveis cancerígenos e que as mesmas quantidades de TSNAs são encontradas nos medicamentos para terapia de reposição de nicotina já aprovados pela própria FDA, tais como a goma de mascar com nicotina. Ainda, o estudo de 2009 do mesmo autor mostrou que o escore de emissão de tóxicos, que é baseado em 59 substâncias tóxicas, foi de 0 (zero) para o cigarro eletrônico, em contraste com 126 para a marca de cigarro Marlboro e de mais de 100 para outras marcas.

Além do Dr. Murray Laugesen, várias pessoas e organizações questionaram o estudo da FDA e entraram em defesa do cigarro eletrônico: “um grupo de proeminentes médicos e pesquisadores de tabaco, incluindo o Dr. Michael Siegel da Boston University School of Public Health, o Dr. Joel Nitzkin da The American Association of Public Health Physicians (AAPHP) Tobacco Control Task Force e o Dr. Brad Rodu, Endowed Chair da Tobacco Harm Reduction Research University of Louisville, desafiaram a FDA a fornecer os dados completos do estudo quantitativo sobre as quais a FDA baseou a sua advertência contra o cigarro eletrônico. Eles ainda afirmaram estar preocupados com a possibilidade de que a FDA falsamente teria incriminado os cigarros eletrônicos através de uma apresentação parcial dos dados científicos, provocando um impacto negativo significativo sobre a percepção pública dos cigarros eletrônicos, enquanto a melhor evidência disponível tem demonstrado que os dispositivos oferecem grande potencial para reduzir graves problemas de saúde entre os fumantes de tabaco tradicional”.

Somando a isso, segundo o Professor Carl Philips do Instituto Tobacco Harm Reduction da University of Alberta, Canada: “não há absolutamente nenhuma dúvida de que o cigarro eletrônico é uma alternativa mais segura que o cigarro de tabaco”, “ nós estimamos que provavelmente o cigarro eletrônico é 99% menos nocivo do que o cigarro de tabaco” e “os benefícios da mudança do cigarro de tabaco para o cigarro eletrônico são quase os mesmos benefícios de parar de fumar, sendo que isso se aplica também aos medicamentos usados para a terapia de reposição de nicotina, como a goma de mascar de nicotina. Se um fumante de cigarro de tabaco consegue mudar para o cigarro eletrônico, os benefícios são aproximadamente os mesmos do que parar de fumar: eles reduzem o risco de câncer, eles reduzem os riscos de doenças cardiovasculares, eles se livram dos problemas nos pulmões e nas vias aéreas e assim por diante. Neste caso a mudança é tão boa quanto parar de fumar, pois do ponto de vista da saúde não há motivos para se preocupar com a diferença entre parar de fumar e usar cigarro eletrônico”.

Ainda, sobre os achados do estudo feito pela FDA, o professor afirma que “não há nenhum significado dessas descobertas a partir de qualquer ponto de vista científico ou de saúde. Já do ponto de vista político o fato de eles terem feito isso foi bastante significativo. Assim, no primeiro ponto, o fato de existir no cigarro eletrônico quaisquer níveis detectáveis de quaisquer moléculas que podem ser encontradas na planta do tabaco não é de maneira alguma surpreendente. Considerando que a nicotina é extraída da planta do tabaco, a detecção de traços de moléculas contaminantes no cigarro eletrônico significa que, basicamente, qualquer molécula encontrada na planta do tabaco que é pequena o suficiente para ser um contaminante será também encontrada no cigarro eletrônico e, além disso, vai também ser encontrada no Nicoderm, Nicorette e em qualquer produto que contenha nicotina extraída da planta do tabaco. Então isso é completamente sem sentido, pois a quantidade de nitrosaminas encontradas no cigarro eletrônico foi tão extremamente menor do que aquela encontrada no cigarro de tabaco, que essa informação sequer importa, já que essa quantidade não causa nenhum risco importante de câncer”.

Por ultimo, a Electronic Cigarette Association se pronunciou dizendo que o teste da FDA foi muito limitado para chegar a conclusões válidas e confiáveis. Para provar isso, contratou a companhia Exponent Inc. para revisar o estudo feito pela FDA. Sendo assim, após análises, a Exponent Inc. evidenciou que o estuda da FDA, “em resumo, sofre de diversas limitações, que somadas resultam na falha em adequadamente apoiar os efeitos adversos do cigarro eletrônico na saúde e suas consequências, em comparação com medicamentos para terapia de reposição de nicotina já aprovados pela própria FDA no passado”. Assim a Exponent Inc., concluiu que o estudo feito pela FDA não tinha fundamentos para apoiar as reivindicações dos potenciais efeitos adversos para a saúde no uso de cigarros eletrônicos.

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Como se isso não bastasse, a FDA classificou os cigarros eletrônicos como sendo dispositivos de liberação de drogas, estando sujeitos à regulamentação sob a Lei de Alimentos, Medicamentos e Cosméticos (FDCA) para serem importados e vendidos nos Estados Unidos. Em seguida esta classificação feita pela FDA foi contestada nos tribunais e anulada pelo juiz Richard J. Leon, citando que "os dispositivos devem ser regulamentados como os produtos do tabaco, em vez de drogas e medicamentos”.

Em março de 2010, o Tribunal de Recursos dos EUA suspendeu a liminar na pendência de um recurso, durante o qual a FDA argumentou o direito de regulamentar os cigarros eletrônicos com base em sua capacidade anterior para regulamentar terapias de reposição de nicotina, como goma de nicotina ou adesivos. Além disso, a agência argumentou que a legislação do tabaco aprovada no ano anterior "expressamente exclui da definição de ‘produto do tabaco’ qualquer dispositivo que seja uma droga ou produto combinado e prevê que estes objetos devem ser regulamentados no âmbito das disposições pré-existentes da FDCA (Federal Food, Drug, and Cosmetic Act)".

Em 7 de Dezembro de 2010, o tribunal de apelações decidiu contra o FDA em uma unânime votação de 3-0, decidindo que a FDA só pode regulamentar os cigarros electrónicos como produtos de tabaco, e, portanto, não pode bloquear as suas importações. O juiz decidiu que tais dispositivos estariam sujeitos à legislação da droga apenas se comercializados para uso terapêutico (os fabricantes de cigarros electrónicos com sucesso comprovaram que seus produtos eram destinados a fumantes e não para pessoas que pretendem deixar de fumar). Hoje, o cigarro eletrônico é legal nos Estados Unidos, mas pode estar sujeito à legislação no âmbito estadual.

No Brasil, a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) decidiu que “Fica proibida a comercialização, a importação e propaganda de quaisquer dispositivos eletrônicos para fumar, conhecidos como cigarros eletrônicos, e­cigarretes, e­ciggy, ecigar, entre outros, especialmente os que aleguem substituição de cigarro, cigarrilha, charuto, cachimbo e similares no hábito de fumar ou objetivem alternativa no tratamento do tabagismo”
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Sendo assim, mais estudos precisam ser feitos para comprovar se há riscos à saúde pelo consumo de cigarro eletrônico, se esse eventual risco é maior ou menor que o risco dos cigarros de tabaco e, finalmente, se os cigarros eletrônicos poderiam ser usados como estratégia para parar ou diminuir o fumo.


Cigarro eletrônico é desaconselhado para deixar vício, diz OMS


25/09/2008 - Parar de fumar fumando é o sonho de consumo dos fumantes. E há sites que prometem exatamente isso: vendem o cigarro eletrônico como uma forma de fumar sem prejudicar a saúde e sem importunar as pessoas.

O produto é anunciado como um tratamento antitabagismo altamente eficaz. Mas há uma semana a OMS (Organização Mundial da Saúde) lançou um alerta, desaconselhando o método.

"Da forma como [o produto] está sendo comercializado, é um engodo", afirma Paula Johns, diretora da ACT (Aliança de Controle do Tabagismo). Não há nenhuma evidência científica sobre sua segurança e ele não pode ser apresentado como tratamento. "Há um consenso brasileiro sobre os tratamentos aprovados, e esse cigarro não está incluído", diz Johns.

Há pelo menos um site brasileiro vendendo a engenhoca como tratamento. Por R$ 380, entrega-se o produto em qualquer lugar do país. Basicamente, é um tubinho de aço com um cartucho de nicotina, que é aspirada com vapor d'água em quantidades determinadas.

Sergio Ricardo Santos, coordenador do PrevFumo, núcleo de prevenção ao tabagismo da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), diz que o grande problema é que o método mimetiza o ritual do ato de fumar.

"Outras formas de reposição de nicotina, como adesivos ou goma de mascar, não são prazerosas. O cigarro eletrônico é e, portanto, não atua nos gatilhos comportamentais que estimulam a vontade de fumar. E dificilmente alguém abandona o cigarro sem mudar o seu comportamento em relação a ele."


Pesquisa diz que cigarro eletrônico ajuda parar de fumar


09/02/2011 - Aparelho simula a sensação do fumo e tem solução vaporizada com nicotina. Estudo mostra que ele é mais eficaz que gomas de mascar ou adesivos. Os cigarros elêtronicos são uma ferramenta com potencial para ajudar a largar o fumo. Numa pesquisa conduzida pela Escola de Saúde Pública da Universidade de Boston, nos Estados Unidos, ele mostrou quase o dobro do resultado dos tradicionais produtos de substituição de Nicotina. O estudo foi publicado pelo “American Journal of Preventive Medicine”.

O cigarro eletrônico tem a aparência de um cigarro comum e funciona a bateria. Ao tragá-lo, o fumante inala uma solução vaporizada com nicotina, mas sem tabaco.

“Enquanto é reconhecido que a nicotina desempenha um papel no vício do cigarro, pouca atenção tem sido dada aos aspectos comportamentais do vício”, disse Michael Siegel, um dos autores do estudo. “Estes aparelhos simulam a experiência do fumo, o que aparentemente os faz efetivos como ferramenta para parar de fumar”.

A pesquisa

Foram ouvidas 222 que compraram o produto pela primeira vez de uma marca líder de mercado. Dentre os que responderam, 34,3% disseram que não estavam mais fazendo uso de nenhum produto com nicotina seis meses depois. O resultado médio de gomas de mascar e adesivos para o mesmo período de tempo varia entre 12% e 18%.

A grande limitação do estudo é que apenas 4,5% dos consumidores consultados responderam à pesquisa. Ainda assim, os cientistas que a conduziram consideram o resultado válido, pois foi a primeira amostra de dados que eles obtiveram de uma fonte imparcial.

Segundo eles, o cigarro eletrônico é uma “promessa de método para parar de fumar e vale ser estudado com técnicas de pesquisa mais rigorosas”.


Cigarros eletrônicos podem ajudar pessoas a abandonarem vício

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Os cigarros eletrônicos são um assunto controverso. Organizações salutares vêem esses cigarros como um substituto pouco saudável para os cigarros de verdade e um risco para pessoas que não estão viciadas ainda. Mas um estudo recente mostra que eles podem ajudar pessoas a pararem de fumar.

Pesquisadores da Universidade de Boston (EUA) enviaram questionários a 5000 pessoas que compraram pela primeira vez o cigarro eletrônico. Das 222 pessoas que responderam, 216 disseram ser fumantes, e seis meses depois 31% deles disseram ter abandonado o vício. Dois terços das pessoas que responderam disseram que haviam diminuído a quantidade de cigarros que fumavam por dia.

O Dr. Michael B. Siegel, responsável pelo estudo, diz que o número é impressionante porque apenas 18% dos fumantes que param de fumar conseguem manter essa resolução após 6 meses. Mas questionários como o feito por ele não podem ser usados como prova. Apenas um experimento clínico pode oferecer evidências quanto ao caso. Apesar disso, o estudo mostra que os cigarros eletrônicos tem potencial e podem ser usados no futuro da mesma forma que adesivos de nicotina são usados – como algo que pode ajudar pessoas a abandonarem o vício de fumar.

Os cigarros eletrônicos têm o mesmo formato e tamanho de um cigarro normal. Eles possuem uma pequena bateria e liberam vapor e pequenas quantidades de nicotina. Seus defensores dizem que eles funcionam como um instrumento anti-tabagismo porque dão ao usuário a ilusão de estar fumando mas causam menos danos ao organismo e são mais seguros. A FDA (Food and Drug Administration), órgão americano que regula comida e medicamentos nos Estados Unidos, discorda e acredita que esses cigarros podem causar danos ainda desconhecidos, já que eles não foram testados quanto à segurança e eficiência ainda. Além disso, há a possibilidade de superdosagens de nicotina e de contaminação do cartucho que guarda a substância.

Siegel diz que “essa é uma grande oportunidade para a saúde pública. Você tem companhias dispostas a colocar o produto no mercado como um dispositivo para parar de fumar. Mas eles estão receosos porque não querem ir contra a FDA”. Já a FDA está estudando o eletrônico e avaliando suas possibilidades e riscos.


França diz que cigarros eletrônicos têm mais nicotina do que o anunciado


21/04/2011 - Estudo mostra que esse tipo de produto pode ser perigoso para a saúde. A Agência Francesa de Segurança Sanitária de Produtos de Saúde (AFSSAPS) advertiu nesta quinta-feira (21) sobre a falta de regulação dos cigarros eletrônicos e sobre a publicidade enganosa desses produtos, alguns com mais nicotina do que o anunciado.
Os últimos estudos da agência, divulgados hoje pelo jornal Le Monde, revelam que a concentração de nicotina em alguns fabricantes é superior à assinalada e que a concentração dessa substância pode alcançar níveis perigosos para a saúde.

Esses cigarros, que surgiram no mercado francês com a entrada em vigor da lei antitabaco entre 2007 e 2008 e cuja venda é feita majoritariamente por meio da internet, são apresentados como uma forma para ajudar as pessoas a pararem de fumar, o que, segundo os especialistas, não é verdade.

Para a AFSSAPS, "há um problema de qualificação desse produto", que até o momento não é considerado um remédio e depende da Direção Geral da Concorrência, do Consumo e da Repressão a Fraudes (DGCCRF).

O Le Monde destaca que não existem estudos qualitativos nem quantitativos sobre as substâncias incluídas nesses cigarros, cuja venda em farmácias, segundo o Escritório de Prevenção do Tabagismo (OFT) francês, pode enganar os consumidores.

Nenhum fabricante pediu às autoridades autorização para comercializar esse produto, assegura o especialista da AFSSAPS Pascale Maisonneuve.

Stéphane Pader, diretor-geral do Edsylver, líder desses produtos na França, defendeu o cigarro eletrônico.

- Nosso produto não faz as pessoas deixarem de fumar, mas as ajuda a fumar de forma mais saudável.

O site do Edsylver adverte que, embora não prejudique a saúde do fumante, é contra-indicado aos jovens, às grávidas e às pessoas que tem doenças cardiovasculares.


Fonte: http://pt.wikipedia.org
       http://www1.folha.uol.com.br
       Portal G1
       Boa Saúde
       Portal R7