VERDADES INCONVENIENTES

A educação no Brasil é uma máquina de exclusão

edubras103/06/2018 - Se quisermos um Brasil inovador, competitivo, empreendedor e com mais crescimento, precisamos nos atentar ao capital humano das próximas décadas a partir de hoje. Se quisermos um Brasil inovador, competitivo, empreendedor e com mais crescimento, precisamos nos atentar ao capital humano das próximas décadas a partir de hoje.

Vamos nos transportar até a educação executiva de 2038. Se você já pode se impressionar com a quantidade de inovações disponíveis hoje, imagine daqui a duas décadas. Como prever avanços virou parte da cultura pop, a mente já se acostumou a ir longe quando visualizamos tecnologias que pautarão nossas rotinas – incluindo as que estão relacionadas à aprendizagem. Agora, façamos um esforço extra e tentemos pensar nas pessoas que viverão essas experiências na educação executiva do longínquo ano de 2038. Sabe onde elas estão hoje? No Ensino Fundamental. O futuro já começou a ser desenhado. Se quisermos um Brasil inovador, competitivo, empreendedor e com mais crescimento, precisamos atentar ao capital humano das próximas décadas a partir de hoje. É do projeto de vida dessas crianças, futuros empreendedores e executivos, que estamos falando.

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Falar sobre novos modelos de MBA ou tecnologias emergentes ainda é tema para poucos, justamente porque é muito difícil chegar lá. A grande questão mora em dois pilares essenciais: qualidade de ensino e oportunidades iguais. Ambos começam a ruir no grave cenário da Educação Básica, que é praticamente sinônimo de escola pública ao levarmos em conta o número de alunos matriculados.

O problema começa cedo. Segundo a Avaliação Nacional de Alfabetização (ANA) de 2016, 55% dos alunos no terceiro ano do Ensino Fundamental não têm aprendizagem adequada em leitura. E, de modo geral, quanto mais baixo o nível socioeconômico, pior o desempenho escolar. O que será destas histórias de vida? Além disso, embora se costume pensar que está resolvido o problema do acesso à escola, 2,5 milhões de crianças e adolescentes estão fora dela – grande parte no Ensino Médio, o último degrau para a universidade. A educação no Brasil é uma máquina de exclusão. De cada cem crianças que ingressam na escola, só 65 concluem o Ensino Médio. Dessas, apenas 18 aprendem português adequadamente, apenas cinco assimilam matemática como deveriam e só sete seguem rumo à faculdade.

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Não à toa, nossa produtividade está praticamente estagnada há 30 anos, enquanto vizinhos como o Chile mais que dobraram a capacidade de gerar riqueza tendo como um dos pilares o investimento em educação. Segundo o Fórum Econômico Mundial, somos o 80º país mais competitivo do mundo – mas, se isolarmos a variável do ranking que considera a qualidade da educação primária, despencamos para o 127º lugar. Por isso, se quisermos muito mais brasileiros com oportunidades de completar os estudos e chegar longe em 2038, precisamos dar um passo à frente. Sem a educação como prioridade de desenvolvimento, jamais entraremos no século 21.

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Esses alunos da educação executiva de 2038 talvez estejam concluindo o Ensino Médio até 2028. Dá para mudar radicalmente nosso cenário até lá. Estados como Ceará, Pernambuco e Rio de Janeiro mostram que é possível. Bastam três gestões de presidentes e governadores com boas políticas públicas, capacidade de implementação por excelentes times e continuidade. O grande desafio é que, para cumprir esse prazo, precisamos começar agora. Se quisermos permitir voos mais longos aos projetos de vida das nossas crianças, a saída é educação. O convite para o futuro está feito: educação já.

 

Fonte: https://epocanegocios.globo.com