VERDADES INCONVENIENTES

Máfia do Dendê

maden12002 - Paulo Francis chamava de Máfia do Dendê "os baianos que gostam de cantar na televisão". É a turma encabeçada por Caetano, disfarçada de liberal e intelectual, que controla a produção de música brasileira e apóia Antonio Carlos Magalhães. Ninguém ousa desafiá-los: não tem espaço, se for músico; e perde o emprego, se for jornalista. É um esquema canalha e corrupto, mas nunca discutido. Um método grotesco de promoção da mediocridade, que afoga a criatividade e cala a resistência. Isso é, em bom português, ...

ditadura. Imposta exatamente pelos metidos a bacanas que, há poucas décadas, brincavam de oposição. E, hoje, lucram com isso, colecionando elogios de celebridades, de Sontag a Almodóvar, e dinheiro fácil, incorporando estilos e reciclando fórmulas. Uma moleza. Mas não é, na verdade, só de moleza que eles gostam. Caetano, por exemplo. Em 1993, quando um jornalista foi procurá-lo em Londres para uma entrevista, quando comemorava 25 anos de exílio, foi curto e grosso: só concederia em troca de uma coisa. E vocês sabem qual é. O homem saiu correndo. E quase perdeu o emprego por causa disso. É assim que funciona: a Máfia do Dendê também tem os seus métodos próprios de tortura. Que são indiscutivelmente piores do que muitos aplicados pela Ditadura Militar. Uma aplicação de Caetano Veloso é talvez o pior massacre a que um homem pode se submeter. Esta é - reparem no trocadilho - uma ditadura invertida.

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Quem conta essa história, com todas as letras, é o premiado jornalista investigativo Cláudio Tognolli, em imperdível conversa com, entre outros, Roberto Freire e Sérgio Martins. E aponta, ainda, os membros da Máfia, que todo mundo sabe qual é: além de Caetano, Gilberto Gil, Maria Betânia, e Gal Costa. Não precisava nem dizer: exatamente os mesmos que, ontem, no Ibirapuera, reuniram mais de cem mil pessoas, embaixo de chuva. E por quê? Porque ninguém resiste à persistente propaganda, há semanas em cadernos culturais, da volta dos Doces Bárbaros. Muito mais bárbaros do que doces, ao que parece.

Essa patrulha nojenta encontra, na imprensa brasileira, um único opositor, segundo Tognolli: Luís Antônio Giron, "o homem que mais entende de música". Mas seu empenho solitário dificilmente será suficiente. A Máfia do Dendê abafa com facilidade ruídos dissonantes. E, com insistente promoção, cativa novas gerações, que mereceriam, em 2002, coisa melhor ou, no mínimo, diferente do que seus pais, há três décadas, tiveram. A doutrinação, que começa na escola - com Caetano elevado a poeta erudito - e passa pela imprensa - como se fossem eles expoentes do bom gosto -, está na hora de acabar. Esta ditadura está longa demais. Cansou.

 

A Máfia do Dendê Volta a Assaltar Cofres Públicos

 

2011, por Janer Cristaldo - Na Folha de São Paulo, edição de ontem (16/3), Mônica Bergamo publicou uma dessas notícias cujos protagonistas prefeririam não ver na imprensa. A cantora Maria Bethânia conseguiu autorização do Ministério da Cultura para captar R$ 1,3 milhão e criar um blog. A ideia é que o site "O Mundo Precisa de Poesia" traga diariamente um vídeo da cantora interpretando grandes obras.

Não é de hoje que a chamada Máfia do Dendê vem metendo a mão no bolso do contribuinte. Em 2007, o Ministério da Cultura autorizou os produtores do músico baiano Caetano Veloso a usar os benefícios fiscais da Lei Rouanet para bancar os shows de divulgação de seu último CD, o “Zii e Zie”. Caetano transferiu do meu, do seu, do nosso bolso, nada menos que R$ 1,7 milhão, através do programa Bolsa-Gigolôs da Artes, também conhecido como Lei Rouanet.

Na ocasião, Juca Ferreira, o então ministro da Cultura, declarou que a Lei Rouanet não tem nenhum critério estabelecendo que os artistas bem-sucedidos não podem ter seus projetos aprovados. “No ano passado, quando eu intervi para aprovar o show da Maria Bethânia, já tínhamos aprovado projetos da Ivete Sangalo, artista mais bem-sucedida comercialmente em todos os tempos. Não podemos sair discricionariamente decidindo, sem critérios.”

Em 2006, a irmã do irmão já recebera R$ 1,8 milhão. Outra contemplada com a Bolsa-Gigolô das Artes foi a empresa da cantora Ivete Sangalo, que captou R$ 1.950.650,84 para realizar seis shows em Recife, Manaus, Salvador, Florianópolis, Vitória e Brasília. Como disse um jornalista na ocasião, a Princesinha da Axé Music, Ivete não ficou bem na foto ao ser pilhada nesta história, logo ela que vivia na cozinha de ACM e passou a ter as benesses do Ministério da Cultura no Governo do PT. Não ficou bem na foto mas levou a grana e isso é o que importa.

Em 2009, foi a vez do ex-ministro Gilberto Gil ser contemplado com R$ 445.362,50 pelo Bolsa-Gigolô das Artes, para a realização do DVD "Gil Luminoso", sobre sua trajetória artística. Eita, Brasil generoso! Neste país, até vaidades pessoais merecem o patrocínio do Estado. Desde que o pavão seja amigo da Corte, é claro.

Na ocasião, disse o secretário-executivo do Ministério, Alfredo Manevy: “O dinheiro público se justifica porque aumenta a possibilidade de atender a quem não tem acesso a esse tipo de show. Não há problema em um artista consagrado receber recursos públicos, desde que isso se converta em benefícios para a população”.

Como se uma ode a si próprio, feita pelo capo baiano, trouxesse algum benefício para a população. Agora Maria Bethania rides again. A sanha dos baianos é insaciável. Milionários, apelam ao bolso dos sofridos contribuintes para alimentarem os seus. Para a criação de 365 vídeos nos quais a irmã do irmão exibiria sua voz mafiosa – perdão, maviosa – foi contratado o cineasta Andrucha Waddington, casado com a atriz Fernanda Torres.

Tutti buona gente! O cineasta considera um equívoco a polêmica em torno da decisão do Ministério da Cultura, que autorizou a irmã do irmão a captar R$ 1,3 milhão para o projeto do blog milionário. "Parece que internet não é um meio válido. Lá no blog, os vídeos vão ser vistos por milhões, e de graça. Preciso trabalhar com uma equipe, com o mesmo padrão de qualidade dos meus filmes".

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Desde quando algo que custa R$ 1,3 milhão é de graça? Só no bestunto de parasitas que acham que dinheiro do Estado cresce em árvores. Ontem ainda o Ministério da Cultura pôs as barbas de molho e divulgou nota. Que a aprovação do projeto pela Comissão Nacional de Incentivo à Cultura (CNIC) "não garante, apenas autoriza a captação de recursos junto à sociedade. Os critérios da CNIC são técnicos e jurídicos; assim, rejeitar um proponente pelo fato de ser famoso, ou não, configuraria óbvia e insustentável discriminação”.

Coitadinha da Maria Bethania, tão discriminada na vida. Algumas vozes de capi menores já surgem em defesa da Máfia do Dendê, alegando que renúncia fiscal não é dinheiro público. Como que não é? Renúncia fiscal é imposto que é desviado da União para o bolso dos assaltantes do Erário. Portanto, dinheiro público.

A Internet tem uma vocação para a gratuidade. Os blogs, que surgiram inicialmente como páginas de adolescentes, se revelaram como instrumentos eficazes de expressão e hoje todos os jornais os utilizam. Que um jornalista receba pelo blog que produz, se entende. Ele está exercendo sua profissão. O que não se entende é que uma baiana queira ser financiada pelo contribuinte para tecer loas a si mesmo.

Não bastasse o contribuinte financiar as vaidades de diretores e atores do cinema e teatro nacionais, não bastasse financiar silicone e hormônios para travestis, terá de financiar uma máfia que não têm pudor algum em enfiar a mão em seu bolso.

Que o mundo precise de poesia, se entende. Já Bethânia é perfeitamente descartável. Por muito menos que isso, os Estados Unidos declararam sua independência.

LA GRANDE FAMIGLIA

Charles Pilger me escreve:
Janer
Tem mais um tempero nessa história aí: os vídeos serão produzidos pela Conspiração Filmes, que tem como sócio-fundador o Lula Buarque de Holanda, que é sobrinho do ministra Ana de Holanda.
Nada de espantar, Pilger. Le famiglie sono grandi. O Ministério da Cultura, o dileto dos comunistas, sempre foi ocupado por il capo de tutti i capi. No caso, a irmã do stalinista Chico Buarque de Holanda. Na Itália, a Máfia é iniciativa privada. Mais honesta, não usa o Estado para locupletar os bolsos.
Dona Dilma sequer tem cem dias de governo e já tem corrupção das gordas em seu ministério.

PANACAS CULTUAM VIGARISTAS QUE LHES BATEM AS CARTEIRAS

Voltando à vaca fria: o Ministério da Cultura (MinC) é tão pródigo que já nem sabe com qual mão dá milho aos porcos. Leio na Folha de São Paulo de hoje (18/3): na nota em que a assessoria de comunicação do MinC tentava explicar a falcatrua da musa da Máfia do Dendê, estava escrito que o projeto de Bethânia, aprovado para captação pela Lei do Audiovisual, havia sido aprovado pela CNIC (Comissão Nacional de Incentivo à Cultura). Acontece que a CNIC só analisa projetos que se utilizam da Lei Rouanet.

Na verdade, a grana foi subtraída do bolso do contribuinte através da Lei do Audiovisual, que é gerida pela Ancine (Agência Nacional de Cinema). Os assessores de imprensa do MinC redigiram uma errata na noite de anteontem. Mudam as moscas. O substrato emético aquele continua o mesmo. A roubalheira é tamanha que o Minc já nem sabe quais armas usou no assalto.

O cineasta Andrucha Waddington, responsável pela produção de vídeos da decana da Máfia do Dendê, deixou claro que já tinha perdido a paciência. Ou os estribos. "Parece que eu tô roubando alguém", disse. Claro que está. Por que raios há de o contribuinte arcar com o financiamento de uma cantora de sucesso?

Costumo afirmar que, no Brasil, quando se puxa um fio de meada, vem um novelo junto. Bethânia teve liberados 1,3 milhão de reais para seu projeto, dos quais 600 mil iriam para sua modesta poupança. No prazo de um ano, isto dá 50 mil reais por mês, bolo de cédulas de fazer inveja até a deputados ou senadores corruptos. A deputada Jaqueline Roriz é moça tímida, de ambições modestas. Recebeu apenas um mísero pacotinho de 50 mil. Este é o pacote que Bethânia abiscoita. Por mês.

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Fosse só isso, seria só isso e nada mais. Puxado o fio, veio o novelo atrás. Ainda na Folha de hoje, leio que o Minc já autorizou Bethânia a captar R$ 10,5 milhões para seis projetos culturais desde 2006. O que, de lá para cá, dá a bela soma de mais de dois milhões de reais por ano. Poucos são os deputados corruptos que conseguem levantar, no ano, tal bolada. A mesquinharia e ganância dos baianos da Máfia do Dendê é tão desmesurada que, mesmo milionários, avançam no dinheiro público. Neste Brasil permissivo, onde em se roubando tudo dá, milhões de panacas pagam caro para comprar CDs e assistir shows de vigaristas que, antes mesmo do espetáculo, já lhes bateram a carteira.

Fonte: https://www.digestivocultural.com
           http://cristaldo.blogspot.com