VERDADES INCONVENIENTES

Vioxx, antiinflamatório que duplica o risco de ataques cardíacos e derrames

vimedica3Merck retira antiinflamatório Vioxx do mercado mundial, por Randsell Pierson (30/09/2014) - O laboratório Merck retirou na quinta-feira o antiinflamatório Vioxx, muito usado contra artrite, das farmácias de todo o mundo, por causa de um estudo que mostra que ele duplica o risco de ataques cardíacos e derrames. A medida fez as ações da empresa terem queda de quase 27 por cento, e seu valor de mercado diminuiu 25 bilhões de dólares. A decisão obrigou a Merck a reduzir suas previsões de lucro para 2004, que já vinham em queda, e expõe a companhia a vários problemas jurídicos, que podem acarretar bilhões de dólares em indenizações, ...

segundo analistas. O fato também lança dúvidas sobre a capacidade gerencial do executivo-chefe do laboratório, Raymond Gilmartin. Na Bolsa de Nova York, as ações da Merck perderam 12,07 dólares e fecharam cotadas a 33 dólares, menor valor em oito anos. O Vioxx vem sendo usado por 84 milhões de pessoas em todo o mundo desde seu lançamento, em 1999. É o quarto medicamento mais vendido da Merck, com faturamento de 2,55 bilhões de dólares em 2003 -- mais de 10 por cento do total da empresa. Ele faz parte de uma classe de remédios chamada inibidores COX-2, como o Celebrex, da Pfizer, e o Prexige (em fase experimental), da Novartis. Embora não haja estudos mostrando riscos do Celebrex e de outros, alguns observadores dizem que a retirada do Vioxx desperta dúvidas sobre toda a categoria. As autoridades dos EUA prometeram acompanhar os demais medicamentos de perto.

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Os investidores temem que o risco se espalhe também para um medicamento mais novo da Merck, o Arcoxia, também um inibidor COX-2, que já é vendido em 47 países, mas por enquanto não foi autorizado nos EUA. Uma decisão das autoridades norte-americanas sobre o Arcoxia está prevista para 30 de outubro.

"Vamos ficar mais interessados em dados de longo prazo sobre novos produtos", disse Steven Galson, diretor interino do Centro de Avaliação e Pesquisa de Drogas da FDA (órgão que regulamenta o setor nos EUA).

PREOCUPAÇÃO ANTIGA

As dúvidas sobre o Vioxx vinham ganhando força há anos por causa de estudos que mostravam que ele aumentava o risco de problemas circulatórios. Até agora, porém, a Merck insistia que ele era seguro. A decisão de retirá-lo do mercado -- inclusive no Brasil -- veio após exames de 2.600 pacientes, que mostraram que os consumidores do remédio tinham o dobro de chance de sofrer enfartos e derrames após três anos de uso, em comparação com pacientes que tomavam um placebo. O risco só apareceu após 18 meses de uso, segundo a empresa. A pesquisa visava a determinar se o Vioxx é capaz de evitar a reincidência de pólipos no cólon, que podem se tornar cancerosos.

A Merck já disse ter adotado todas as medidas para recolhimento do produto e, no Brasil, esse trabalho será acompanhado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), órgão vinculado ao Ministério da Saúde. Os consumidores que fazem uso contínuo do produto devem procurar seu médico, que definirá qual a melhor opção para o tratamento. A Merck já enfrenta ações judiciais por causa do Vioxx e, segundo analistas, elas vão aumentar, podendo gerar bilhões de dólares em indenizações.

Jim Hall, da empresa de pesquisas biomédicas Wood Mackenzie, lembra, por exemplo, o caso do laboratório Wyeth, que já teve de pagar 16 bilhões em indenizações a pessoas que teriam sofrido enfartos devido a um coquetel de emagrecimento. "O Vioxx é uma droga muito maior [em termos de vendas], portanto a exposição será bem maior". A Merck prometeu lutar contra eventuais ações. "Temos defesas substanciais nestes casos", disse Kenneth Frazier, diretor do laboratório. A queda no valor das ações da Merck, com a redução de um quarto de seu valor de mercado, pode transformar o laboratório em alvo de aquisições, apesar de a empresa tentar evitar fusões e priorizar parcerias, segundo analistas. Em entrevista coletiva por telefone, Gilmartin disse que o fim do Vioxx não modifica essa estratégia.

"A Merck é muito resistente ao jogo de fusões e aquisições, mas isso coloca muito mais pressão sobre ela", disse um banqueiro que investe em empresas de saúde e pediu anonimato.

Por outro lado, como ainda não está claro o valor que as disputas judiciais podem alcançar, é possível que nenhuma empresa queira assumir o risco de ficar com a Merck, segundo ele. Membros do conselho de diretores da Merck ofereceram apoio a Gilmartin, que prometeu não renunciar. O CEO da empresa tem aposentadoria prevista para 2006, e um dos diretores, Larry Bossidy, afirmou que um substituto está sendo procurado dentro e fora dos quadros do laboratório. "Achamos que os acionistas merecem saber que procuramos a melhor pessoa possível", afirmou. Um outro problema para a Merck é que, em 2006, expira a patente norte-americana para o seu medicamento Zocor, o mais vendido da empresa, contra o colesterol. A Merck diz esperar que os custos associados à retirada do Vioxx reduzam os seus lucros em algo entre 50 e 60 centavos por ação no segundo semestre. Mais detalhes financeiros foram prometidos para 21 de outubro.

 

Vioxx causou 140 mil problemas de coração nos EUA

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20/01/2005 - O antiinflamatório Vioxx, remédio retirado do mercado em setembro por aumentar o risco de ataques cardíacos, provocou até 140 mil casos de problemas de coração nos EUA, inclusive mortes, informa hoje a revista britânica The Lancet na internet. O medicamento, receitado a milhões de americanos que sofrem de artrite, foi retirado pela Merck depois de um estudo de três anos que confirmou um maior risco de ataques do coração e derrames cerebrais. Segundo o relatório publicado pela The Lancet e elaborado pela Agência americana de Alimentos e Remédios (FDA, em inglês), o tratamento com Vioxx aumentou em 34% a possibilidade de ter doença coronária.

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Os especialistas determinaram que, como conseqüência de sua comercialização desde 1999, entre 88 e 140 mil americanos foram vítimas de graves doenças coronárias, depois de examinar os casos de 1,4 milhão de californianos que tomaram o Vioxx ou outros tipos de fármacos anti-inflamatórios concebidos para aliviar a dor da artrite. Assim, das 27 mil pessoas que tomaram esse remédio na Califórnia e cujos casos foram analisados pela FDA, 8.143 sofreram problemas coronários, das quais 1.508 morreram de ataque do coração.

O médico David Graham, do citado organismo, declara à The Lancet que "no futuro, se for provado que um novo fármaco representa sérios riscos de efeitos colaterais, teremos que ser muito mais cuidadosos na hora de permitir seu uso". O Vioxx, cujo nome científico é rofecoxib e que pertence à família de fármacos conhecidos como Cox-2 inibidores, foi até sua retirada um dos produtos de maior venda da Merck e milhões de pessoas com artrites no mundo todo o consumiram.

 

Merck condenada por causa do Vioxx

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20/08/2005 - Medicamento está fora do mercado desde o ano passado. Os laboratórios Merck foram ontem condenados na primeira acção que tiveram de enfrentar por causa do anti-inflamatório Vioxx, que pode provocar ataques cardíacos. A indemnização que terão de pagar à viúva de um doente que tomou este medicamento por oito meses vai abrir a porta a numerosos pedidos de compensação. Este remédio foi retirado do mercado no final de Setembro do ano passado.Segundo um estudo da FDA (agência reguladora de alimentos e medicamentos dos EUA), o medicamento Vioxx pode ter causado mais de 27 mil ataques do coração e mortes súbitas antes de ter sido retirado do mercado.

A viúva de um doente que morreu em 2001 de arritmia cardíaca conseguiu ontem que um tribunal do Texas obrigasse os laboratórios a pagar-lhe 206 milhões de euros. A empresa já foi alvo de mais quatro mil acções, calculando-se já que, só em indemnizações, a Merck terá de pagar 14.800 milhões de euros, noticiou a Associated Press.
O laboratório estava com esperanças de ganhar esta acção porque não havia estudos que relacionassem o Vioxx com a arritmia, enquanto os outros dois casos já em curso pareciam mais sustentados. Mas a sentença, de que vai recorrer, foi-lhe desfavorável.

A decisão de retirar o Vioxx do mercado foi tomada depois de um estudo ter comprovado que o risco de os doentes terem ataques cardíacos duplicava ao fim de 18 meses. No próximo mês, a empresa volta a ir a tribunal enfrentar o caso de um doente que teve um ataque cardíaco em 2001. Segue-se, em Novembro, o primeiro caso federal, desta feita em Nova Orleães, que envolve um homem da Florida que após um mês a tomar Vioxx morreu, em 2001, vítima de um coágulo sanguíneo no coração.

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Os cientistas têm discutido se os problemas cardiovasculares provocados pelo medicamento se explicam pelo facto de bloquear uma substância que impede o sangue de coagular. Antes de ser retirado do mercado, o Vioxx, cuja substância activa é o rofecoxib, era prescrito para a osteoporose, artrite e a dor aguda. Representava seis por cento dos anti-inflamatórios receitados em Portugal, com cerca de 50 mil prescrições médicas por mês, a que correspondia um mercado anual de 18 milhões de euros.

Fonte: https://noticias.uol.com.br
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