VERDADES INCONVENIENTES

O Foro de São Paulo continua dando as cartas

fors1Graça Salgueiro, 03/11/2017 - Enquanto no Brasil as atenções estão voltadas para os escândalos de corrupção e quanto Temer teve que desembolsar do erário público para comprar consciências e votos de parlamentares, o Foro de São Paulo (FSP) segue seu curso impávido, interferindo nas decisões políticas da Venezuela e Colômbia, ao mesmo tempo em que se queixa da “intervenção” do “império” e países a este aliados. E nada se diz na imprensa nacional. Valendo-se do desinteresse dos brasileiros ao que acontece nos países vizinhos, Gleisi Hoffmann, presidente do PT, e Monica Valente, secretária de Relações Internacionais do PT e do FSP, emitiram uma nota conjunta onde saúdam a vitória do PSUV nas eleições para governador no último 15 de outubro, e registram, sem se dar conta, sua vocação ditatorial de se perpetuar indefinidamente no poder, ...

quando dizem com gáudio “…em dezoito anos de governos liderados pelo PSUV” .Como das inúmeras vezes anteriores, a fraude foi a estrela mais reluzente uma vez que, um país que passa por um dos piores momentos de sua história pela fome, miséria, assassinatos a soldo do Governo impunes, centenas de presos-políticos e massiva saída do país, é estarrecedor que de 23 estados, 18 dos governadores eleitos pertençam ao partido governista. O povo já havia rechaçado rotundamente a Assembléia Nacional Constituinte, instalada de forma ilegal e inconstitucional, mas o ditador Nicolás Maduro a impôs à revelia, apesar das condenações e não reconhecimento de países como Estados Unidos, Canadá, União Européia, OEA e quase toda a América do Sul, obtendo o apoio apenas de seus aliados do FSP em Resolução aprovada no XXIII Encontro ocorrido em julho, em Manágua [2]. Ninguém vê nada de esquizofrênico nisso e ainda há os que aplaudem chamando essa aberração de “democracia”.

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Enquanto isso, na Colômbia, o pacto Santos-FARC-FSP continua de vento em popa. Lá, o povo soberano também rechaçou rotundamente o famigerado “acordo de paz” através de um referendo em 2 de outubro de 2016, cujo resultado foi solenemente ignorado pelo governo, e agora apresenta sua jóia da coroa: um engendro chamado “Justiça Especial de Paz” (JEP) que fere tudo o que se conhece de Direito e Tratados internacionais, criada unicamente para beneficiar os narco-terroristas das FARC e condenar militares honrados, acusados através de falsos testemunhos e testemunhas falsas, de delitos que jamais cometeram.

É o caso do Coronel Hernán Mejía Gutiérrez, reconhecido comandante e herói do Exército Colombiano no período do ex-presidente Álvaro Uribe e também no combate ao holocausto do Palácio da Justiça, acusado por testemunhas falsas de ter “nexos” com para-militares, e agora vítima de perseguição judicial. O Coronel Mejía havia sido condenado a 19 anos de prisão mas decidiu apresentar uma carta à JEP afirmando que acolheria esse sistema, o que lhe garantiria a prisão domiciliar. No dia 5 de outubro em uma carta enviada à JEP, o Exército Colombiano solicitou sua liberdade condicional indicando que ele cumpria com os requisitos estabelecidos na Lei 1820 de 2016, mas uma juíza da Quarta Sala Penal revogou a medida e o encaminhou ao centro penitenciário La Picota, apesar dele estar gravemente enfermo.

Já é de conhecimento público que a testemunha-chave contra o Coronel Mejía foi Edwin Manuel Guzmán, um sargento que foi detido em Valledupar, quando o coronel descobriu que ele vendia armas e munições às FARC e aos para-militares. Num claro ato de vingança, esse sargento fez a falsa denúncia de que era o Coronel Mejía, e não ele, quem tinha “negócios” com notórios para-militares, que foi prontamente acolhida como verdade bíblica, ganhando a liberdade e ainda o status de “testemunha protegida”. Três anos depois, outros dois prisioneiros, em busca dos mesmos benefícios, confirmaram o falso testemunho dado pelo sargento.

Os colombianos estão organizando outro referendo para os próximos dias rechaçando e exigindo o fim da JEP, para que terroristas não sejam anistiados – como já está em vigor – e pessoas de bem e heróis nacionais não apodreçam nas prisões por crimes que nunca cometeram. Se depender de Santos-FARC, o justiçamento vai prosseguir até que eles tomem definitivamente o poder, pois esse é o sonho do FSP desde sempre. E eles não dormem nunca.

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Notas:

[1] http://forodesaopaulo.org/venezuela-mais-uma-vez-exemplo-de-democracia-e-participacao-cidada/

[2] http://forodesaopaulo.org/resolucion-en-solidaridad-a-la-revolucion-bolivariana-y-la-asamblea-constituyente/

Graça Salgueiro, escritora e jornalista, é autora do livro ‘O Foro de São Paulo – A Mais Perigosa Organização Revolucionária da América Latina‘, e apresenta o programa Observatório Latino, na Rádio Vox.