VERDADES INCONVENIENTES

Racismo e insanidade, histórias que o mundo prefere esquecer - Parte 1

racisin topo1Das dunas do deserto da Namíbia, na África, um segredo terrível está começando a emergir. Estes restos mortais são das primeiras vítimas do primeiro campo de extermínio do mundo. Um lugar onde os africanos foram exterminados pelo exército alemão, 30 anos antes de os nazistas chegarem ao poder. Estes restos mortais estão esquecidos nessas dunas a mais de 100 anos. Mas este lugar terrível não é o único. Espalhados pelo mundo, existem locais de massacres e genocídios do imperilialismo onde milhões morreram num episódio da história colonial que a europa sempre prefere esquecer. Essas pessoas foram vítimas da verdade por trás do mito do fardo do homem branco.

 

 

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Ao longo do século 19, cientistas, escritores e filósofos europeus desenvolveram idéias para justificar os assassinatos em massa da época do império. Essas mesmas teorias continuaram a inspirar alguns dos horrores e da selvageria que iria consumir a europa no século 20.

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O século 19 iria terminar com um dos maiores crimes do império, mas ele começou com um grande momento de otimismo. Nos anos de 1830 nas grandes plantações colonias do Caribe, a Grâ Bretanha preparava-se para acabar com a escravidão. 750 mil escravos, Caribe a fora, iriam ser libertados e como a Grâ Bretanha se gabava de sua benevolência nacional, presumia-se que os escravos agradecidos iriam se transformar em camponeses trabalhadores e cristãos.

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A luta contra a escravidão tinha sido liderada do púlpito por uma aliança de abolicionistas e missionários cristãos. Eles defenderam esta campanha em suas igrejas e salas de reuniões. Nos anos 1830 era a visão deles que dominava o debate nacional sobre raça.

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"Quando a escravidão foi finalmente abolida, houve uma enorme sensação de júbilo e conquista por parte dos abolicionistas. Não esqueçamos que esta era uma campanha de 50 anos, a partir de 1787, envolvendo centenas de milhares de indivíduos britanicos comuns, petições, etc. Então, quando a escravidão foi abolida os abolicionista tiveram uma certa sensação de triunfo. Acho que eles também sentiram que aquela pergunta: Não são homens e nossos irmãos? Tinha sido respondida."

A resposta dos abolicionistas a essa grande questão foi que, embora homens e irmãos, os negros eram homens e irmãos... inferiores.

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"Acho que naquele momento a perpectiva dominante era da ordem racial hierárquica, mas como uma questão de cultura e civilização. Nesta época, com certeza, os abolicionistas não achava que o povo negro era igual a eles. Acham que talvez, em algum ponto no futuro, eles possam vir a ser iguais."

A missão para elevar os negros e morenos do mundo a um nível supostamente superior dos ingleses brancos não ficaria confinada aos antigos escravos. Essa era para ser a grande tarefa que iria justificar a expansão do império britânico.

Prof. David Badydeen: "Os abolicionistas satisfizeram o aspecto de sua tutela e seu controle dos negros por terem lutado e conseguido a liberdade deles. O próximo passo era mandar suas tropas, os missionários, para a África e o Caribe para terminar o trabalho, por assim dizer. Aqueles eram os pagãos que precisavam ser trazidos para os braços do cristianismo. Essa noção de dar valores e compartamentos civilizados a outro povo é a ideologia em que se baseia o império."

No império que os missionários e abolicionistas partiram para criar, os povos indígenas iriam ver suas culturas destruidas, suas religiões erradicadas e mesmo assim tudo isso parece benigno quando comparado a realidade cruel em que se torno o imperialismo. Por que durante o século 19 esse sonho foi gradualmente sobrepujado por outra visão que alegava que as raças escuras não poderiam ser civilizadas e deveriam, em vez disso, ser exterminadas. O fato que iniciou o lento colapso da visão dos missionários aconteceu perto de um pequeno posto avançado do vasto e crescente império da Grâ Bretanha.

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Esta é a Tasmânia, na costa sul da Asutrália. O que os britânicos fizeram nessa pequena ilha iria repercutir por toda a era vitoriana. Quando os britânicos começaram a colonizar a Tasmânia em 1803, encontraram os antigos povos aborígenes da ilha. Apenas 5000 indivíduos vivendo em isolameno completo havia 10 mil anos, a margem do mundo habitável. Os colonizadores viam essas pessoas pelo prisma de idéias trazidas da europa.

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"Logo houve expressões de nojo e choque pela forma com que os tasmanianos viviam. Para os europeus parecia que os tasmanianos não tinham cultura, nao tinham religião, não tinham um deus. Assim eles os viram como gente que tinham ficado para trás na história e também os ligaram a uma idéia muito popular no século 18, a da grande cadeia do ser. Várias raças do gênero humano foram arranjadas em ordem hierárquica e na qual os tasmanianos eram singularmente selvagens e primitivos, portanto podiam ser tratdos quase como animais."

Os britanicos construiram uma nova capital e colonizaram as áreas rurais ao redor, terra que por milênios tinha sido o campo de caça dos aborígenes. Nesses campos e pastos, longe do controle das autoridades, os colonizadores ficaram livres para desalojar e maltratar os nativos.

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"A partir de 1820, grandes quantidades de terras são tomadas de seus donos e há uma luta enorme entreo o povo aborígene e povo branco. Claro que é muito difícil documentar muito da violência dos conquistadores porque eles sabiam que era contra a lei matar o povo nativo. A eles foi dito que os nativos eram súdito britânicos, mas com certeza eles revelam em seus diários e anotações o desejo de eliminar esse povo."

O que ficou conhecido como guerra negra foi um conflito oculto. A paisagem em si foi a única testemunha. Os colonizadores britanicos matavam todos os aborígenes que encontravam. Grupos inteiros eram massacrados. Raptos e violência viraram lugar comum. Os nativos atacavam regularmente os colonizadores para defender deseperadamente a sua terra e enquanto o número de mortes subia, o medo fundia-se com a raiva.

Prof. Henry Reynolds, Universidade da tasmânia: "Em tais circunstâncias era muito fácil, nos dois lados sem dúvida, ver o outro lado como sendo totalmente subhumano. Não tenho ´duvida de que os aborígenes achavam que os europeus não tinham moralidade alguma ou comedimento algum. Igualmente os europeus passaram rapidamente a ver aquelas pessoas como animais selvagens. Em uma sociedade tão racialmente dividida o conflito deriva facilmente para um sentimento de ódio."

O número de mortos da guerra negra teve implicações apavorantes para os aborígenes tasmanianos. Os britanicos que chegavam em quantidades cada vez maiores podiam substituir os mortos, os aborígenes (apenas 5000 indivíduos antes da guerra) não. E ao fim da década de 1820 eles corriam o risco de ser totalmente aniquilados. o único homem que tinha esperança de que a violência parasse era o governador colonial Jorge Arthur.

Prof. Henry Reynolds, Universidade da tasmânia: "O governador da Tasmânia é evangélico, conhece Wilderforce, e está ciente de que o seu futuro e sua reputação dependem, acima de tudo, de como irá lidar com esse problema. No fim dos anos 1820 ele ja tinha sido avisado pelo governo britânico de que o rápido declínio do número de aborígenes sugeria que eles poderiam acabar exterminados e que se isso acontecesse seria uma mancha indelével no império britânico. Além disso, por implicação, seria desastroso para sua carreira."

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O governador Arthur partiu para salvar os aborígenes da violência dos colonizadores e para convencêlos de suas boas intenções, mandou fazer cartazes que foram afixados em árvores na terra natal aborígene. Os cartazes mostravam uma fantasia de união interracial, falavam da justiça britânica, prometiam igualdade perante a lei. Um matador branco de um aborígene seria enforcado, mas se um aborígene matasse um colonizador, ele seria enforcado. Os cartazes também propagaram a mentira que os britânicos queriam integrar-se com os nativos. isso foi uma ficção e um completo fracasso, ja que nos campos continuavam as mortes dos dois lados.

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Robinson

Após anos de guerrilha, as ultimas centena dos 5000 nativos originais tinham aprendido a esconder-se no mato. Determinado a salva-los e tomar suas terras para a colonização branca o governador recorreu a um missionário Jorge Augustos Robinson. Ele era o líder de um grupo de aborígenes convertidos e tinha sido contratado para ir aos campos buscar os aborígenes remanescentes.

Prof. Henry Reynolds, Universidade da tasmânia: "Robinson recebeu a mensagem de que o governo queria chegar a algum tipo de acordo, uma negociação, um tratado de paz. Robinson e seus intermediários convenceram os nativos de que eles deveriam ir, temporariamente, para uma ilha, onde seriam cuidados e alimentados e que depois voltariam para sua terra natal."

A ilha chamava-se Flinders e 300 aborígenes recolhidos por Robinson foram transportados para la. Robinson foi com eles no papel de protetor chefe dos aborígenes. Foi construido um ascentamento completo para eles com casas, terras para cultivar e uma capela. Robinson o chamou de "Ponto de civilização". E um artista local foi trazido para pintar os retratos dos últimos tasmanianos.

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Um deles, Jeany, tinha sido capturada por Robinson logo após a quase aniquilação de seu povo pelos colonizadores.

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Unrad tinha sido chefe até sua comunidade ser eliminada por um vírus europeu.

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Outro líder local Malalarquena fora atraido para a ilha Flinders com a promessa de que os presos que atacaram seu povo seriam levados a justiça.

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E havia Tregalili, cujo marido tinha sido assassinado diante dela.

Todos eles tinha visto sua cultura sendo quase extinta. O pouco que restou, Robinson agora tentava apagar. Porque "ponto civilização" não éra apenas um acentamento, era essencialmente uma fábrica para transformar os chamados selvagens em cristãos civilizados.

Prof. Henry Reynolds, Universidade da tasmânia: "Ele acredita que para ser um cristão bem sucedido era preciso se ascentar, morar em uma vila. Ele quer mandar as crianças para a escola, quer ensina-las a arar, semear e torna-las agricultoras."

Forçados a adotar um modo de vida estrangeiro e confinados a uma ilha a centenas de quilometros de casa, os aborígenes começaram a sucumbir a doenças européias e ao que o médico local chamava de "espíritos deprimidos".

Prof. Bain Attwood, Universidade Monash: "Eles morrem, um a aum, não nascem crianças e deve ter havido um trauma imenso para eles. Um povo que ja tinha sido forte, saudável e sofre esse declínio enorme no período de uma geração."

Jorge Robinson. um suposto salvador dos aborígenes, ficou reduzido a um planejador dos seus futuros túmulos.

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Prof. Henry Reynolds, Universidade da tasmânia: "Frequentemente ele chora pelos enlutados porque esta muito comovido com o destino deles. Mas depois diz: "é melhor morrerem aqui tendo aprendido a mensagem dos evangelhos do que nos campos assassinados pelos colonizadores. Ele acha um jeito de aliviar a própria consciência. para que suas próprias crenças os proteja do relato total do que, em parte, era sua responsabilidade."

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Dos 300 aborígenes que foram atraidos para a ilha Flinders, na metade dos anos 1840, cerca de 260 estavam mortos. Jeany, Malalarquena e Unrad, todos sucumbiram. Tregalini foi uma das poucas sobreviventes, ela viveu até a velhice. Quando finalmente morreu em 1876 foi considerada por alguns como a última tasmaniana de sangue puro. Um povo cuja história pode remontar a 10 mil anos tinha sido, no período de uma única vida, quase exterminado.


Um crime que não era nada raro

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O que aconteceu na Tasmânia estava longe de ser um fato raro. Mundo afora, povos indígenas estavam sendo empurrados para a beira da extinção. No caso sul-africano, os povos khoisan foram retirados de suas terras, escravizados e mortos aos milhares por colonizadores britânicos e pelos Bôeres, um grupo de fazendeiros de origem holandesa lutou contra o domínio dos ingleses em territórios africanos. As mesmas força também atacaram os antigos bosquímanos do Calaari, caçando-os como se fossem animais.

Na região do norte do Canadá os povos Biotuquis, nativos, tinham sido totalmente dizimados pelos europeus. E na Améria do sul, guerras de extermínio, permitidas pelo governo argentino, estavam inrrompendo contra os índios pampas. Parecia que por toda a parte, colonizadores brancos estavam destruindo povos indígenas. E nesses mesmos anos o velho racismo que tinha nascido na era da escravidão começou a ressurgir.

Após a abolição, a concorrência dos novos produtores de açucar começa a minar as outrora poderosas plantações de cana-de-açúcar britânicas, e enquanto sua propriedades apodreciam os antigos donos de escravos começou a culpar o povo que os tinha deixado ricos, por sua ruina.

Prof. David Badydeen, Universidade de Warnick: "Quando as plantações caribenhas começam a perder muito dinheiro, eles cairam no estriótipo do negro indolente. Os donos de terras então puderam dizer para os abolicionistas e para os britânicos: "agora estamos arruinados porque não temos mais a liberdade de forçar os negros a trabalhar", Essas pessoas são intrinsecamente preguiçosas, vocês argumentos que eles são seres humanos, irmãos, mas na verdade não são. Ainda estão no nível das bestas."

Os que argumentaram que a abollição tinha sido um fracasso, devido a preguiça e selvageria dos escravos, agora alegavam que a visão cristã de um império civilizador também estava com os dias contados.

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"Pode se dizer que o impuso moral fugiu do movimento aboliciionista. As pessoas viram que aquelas raças não estavam se tornando civilizadas. Havia alguma coisa "difícil", elas resistiam,pareciam não aprender tão rápido quanto se apreciaria a ser mais dóceis. O otimismo cristão pela difusão da civilização e a cristianização mundo a fora dos povos de cor começou a se esvair."

Se as raças não brancas pareciam rejeitar a mensagem dos missionários, alguns britânicos começaram a perguntar se eles poderiam chegar a ter alguma civilidade. Certas idéias novas sobre raça na era vitoriana, tiraram sua evidência do mundo dos mortos. Baseado no estudo de cadáveres e esqueletos, a ciência burguessa da anatomia, fixou as bases de um novo racismo científico. Na Gra Bretanha, o mais importante cientista racial era um cirurgião de Edimburgo, agora esquecido. Arruinado por um escândalo de roubo de cadáveres nos anos 1820 ele fugiu da Grã Bretanha em desgraça, mas nos anos 1840 o Dr Robert kNox ressurgiu com a publicação de um novo livro: The Races of Man: A Fragment (As raças do homem: um fragmento)

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"A RAÇA É TUDO! LITERATURA, CIÊNCIA, ARTE.... EM UMA PALAVRA, A CIVILIZAÇÃO DEPENDE DELA. AS RAÇAS NEGRAS PODEM SER CIVILIZADAS? EU DEVO DIZER QUE NÃO. A RAÇA SAXÔNICA JAMAIS AS TOLERARÁ, JAMAIS SE MISIGENARÃO, JAMAIS VIVERÃO EM PAZ. É UMA GUERRA DE EXTERMÍNIO."

Prof James Moore, Instituto Durham de Estudos Avançados: "Ele via conflito racial e extermínio, acontecendo no mundo todo. Era natural para ele acreditar que os tipos raciais nasceram para lutar e que as raças superiores iriam dominar as naturalmente inferiores."

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Robert Knox não era uma voz solitária. Nos EUA um grupo liderado pelo renomado craniologista Samuel George Morton tinha começado a recolher crânios de diversas raças e a commpara-los.

Os crânios eram escolhidos para serem medidos, porque se reconhecia que crânio continha a parte mais importante do corpo humano, o cérebro. Quanto maior o crânio, maior o cérebro. O formado do crânio, o formato do cérebro. A escola norte americana de cientistas raciais concluiu que as raças, medidas por seus crânios, eram tão diferentes quanto as de espécies animais distintas.

Tasmanianos, africanos, índios americanos não eram raças mais baixas, talvez nem chegassem a ser totalmente humanas. Um escritor comparou o extermínio dessas raças por colonizadores brancos como sendo o derretimento da neve diante dos avanços dos raios do sol. Mas a teoria que teria mais impacto sobre a raça não veio dos anatomistas ou das medidas dos crânios, mas do trabalho de uma das maiores mentes do século 19.

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"A origem das espécies realmente jogou uma granada antes de tudo na ciência. Ela inventou a ciência da biologia, depois da religião e depois na sociedade. De certo modo o que Darwin fez foi dar um alibi para ser juiz. Se a evolução tinha mudado as raças e as espécies do mundo porque nao fez o mesmo com os humanos?"

PARTE 2