HISTÓRIA E CULTURA

Tesla, Reich e De Marco...homens MUITO a frente de seu tempo-Parte3

energenio tesla 27Reich com sua primeira esposa, Annie, que o conheceu como paciente aos 18 anos. Reich se mudou para Berlim em 1930, bem em tempo de testemunhar a ascensão dos nazistas – o ápice da blindagem de caráter. No entanto, apesar de continuar a desenvolver suas teorias e a escrever os comunistas também mostravam pouco interesse por seu material.

Seu contrato com os Editores Psicanalíticos Internacionais foi cancelado depois que ele começou a defender a educação sexual e os contraceptivos para adolescentes em vez da abstinência – ele chegou a sugerir que a expressão sexual desmistificada para crianças podia ser crucial para criar adultos saudáveis e que suas perguntas deveriam ser respondidas de maneira franca. Em 1932, num livro chamado O Combate Sexual da Juventude, o Dr. Reich protestou contra as mensagens mistas sob as quais os adolescentes lutavam para entender sua sexualidade.

“Os jovens são contaminados por um lado por moralistas e defensores da abstinência e, por outro lado, pela literatura pornográfica”, escreveu. “Ambas as influências são extremamente perigosas, a última não menos do que a primeira.” Naquele momento, na Alemanha, as apostas eram altas, observou o psiquiatra aos 27 anos: “A miséria sexual dos jovens modernos é imensurável, mas muito disso está fora de vista, abaixo da superfície”. Seus oponentes tomaram essa declaração com o significado de que as crianças deveriam assistir o coito dos pais, apesar de Reich jamais ter defendido isso.

Ele persistiu, argumentando fortemente contra a monogamia e defendendo “relacionamentos amorosos duradouros” que não seriam codificados pela lei, mas unidos pelo amor; qualquer outra coisa levaria a um “embotamento sexual”. Ele atacou o status de dependência econômica das mulheres, que mantinha elas presas em casamentos forçados. E, o mais radical de tudo, ele sugeriu que as crianças deviam ser criadas por uma comunidade estendida, libertando-as, assim, das neuroses de seus país biológicos. (Essas atitudes eram até certo ponto influenciadas por experimentos sociais similares que ocorriam na União Soviética.)

Dr. Reich estava entrando num território tabu que poucos ousaram violar, um território que permaneceria tabu até muito depois dele. Mas suas experimentações – e, particularmente, a resposta que ele engendrou – o mudaram, para melhor ou pior. Quando ele se encontrou com Freud novamente em 1930, seu ex-mentor parecia agora diminuído. Dr. Freud, escreveu ele, era um “animal enjaulado”.

Em 1933, a postura sexual do Dr. Reich levou os nazistas a uma ação. Ele e sua amante escaparam para a Dinamarca – para serem expulsos pelo Partido Comunista Dinamarquês. Então, eles partiram para a Suécia, onde Reich foi colocado sob vigilância; depois de a polícia ver vários pacientes entrando e saindo de seu hotel, eles ficaram convencidos de que ele era um cafetão. As autoridades negaram sua permanência no país. Mais choques se seguiriam: não só seu contrato de publicação do livro Análise de Caráter tinha sido cancelado, como, em 1934, quando ele apareceu na conferência anual da Associação Internacional de Psicanálise em Lucerna, ele foi informado que tinha sido expulso no ano anterior. Comoconvidado, ele apresentou um trabalho na conferência, mas o episódio marcou o fim de seus laços com a comunidade científica predominante para sempre.

“Disseram-me que meu trabalho em psicologia de massas, que era direcionado contra a irracionalidade do fascismo, tinha me colocado numa posição demasiada exposta”, ele escreveria mais tarde. “Por isso, minha filiação [...] não era mais sustentável. Quatro anos mais tarde, Freud fugiu de Viena por Londres, onde os grupos de psicanálise foram destruídos pelos fascistas [...] Subsequentemente, evitei contato com meus antigos colegas. O comportamento deles não era nem melhor nem pior do que o normal em casos assim. Isso era baixo e desinteressante. Uma boa dose de banalidade é tudo o que é preciso para abafar um assunto.”

“Consegui um Acumulador de Orgônio – E Isso Fez Eu me Sentir Incrível”

Foi na Noruega, onde ele se estabeleceu nos cinco anos seguintes, que o Dr. Reich desenvolveu uma nova teoria: ele passou a acreditar que o orgasmo carregava uma energia real, batizadade orgônio e expressa não somente pela resposta orgásmica, mas, na verdade, na energia vital em si. Essa energia, em sua visão, permeava a natureza e o cosmos, expressando-se em fenômenos atmosféricos como a aurora boreal. (Freud tinha postulado uma teoria semelhante em 1890, mas desistiu da ideia.) Mais tarde, o Dr. Reich afirmou que o orgônio poderia ser observado de forma objetiva e que era composto de partículas azuis chamadas bions que ele havia observado no microscópio. Essa talvez seja a teoria mais controversa de Reich – uma tentativa de mover a psicanálise para além do reino das “ciências humanas” e direcioná-la para o campo da física e da biologia. Para a comunidade de psicanálise, isso era pura heresia.

Depois de enfurecer os psicanalistas, os comunistas e os fascistas, Dr. Reich agora se preparava para enfrentar o ataque direto da comunidade científica como um todo. Cientistas noruegueses travaram uma guerra contra ele na imprensa liberal, rejeitando sua pesquisa (e se recusando a submetê-la a um estudo detalhado de controle) e buscando deportá-lo. O governo norueguês, que já tinha sido criticado por deportar Trotsky, permitiu a estadia de Reich – mas o proibiu de praticar a psicanálise.

Quando a Segunda Guerra Mundial estourou, Reich, então com 36 anos, fugiu para os Estados Unidos, estabelecendo residência em Forest Hills, Queens, e realizando experiências onde injetava bions em ratos com câncer. Mas Reich continuou a ser um ímã de infortúnio. No dia 12 de dezembro de 1941, cinco dias antes do ataque a Pearl Harbor e um dia depois que a Alemanha declarou guerra aos Estados Unidos, ele foi preso pelo FBI na Ilha Ellis. Mais tarde, isso se revelou um caso de identidade trocada com um dono de livraria comunista de New Jersey também chamado Wilhelm Reich – mas o FBI só iria reconhecer o erro dois anos depois, em novembro de 1943. Pelo resto daquele mês, Reich foi deixado dormindo no chão da cela juntamente com os membros presos do Bund Germano-Americano, uma organização nazista norte-americana que Reich estava convencido que queria matá-lo.

O FBI liberou Reich depois que ele ameaçou começar uma greve de fome, mas ele continuou na “lista de figuras chave” da Unidade de Controle de Inimigos Estrangeiros e ficou sob vigilância do Estado. O incidente demonstrou a Reich que ele podia ter deixado a Europa para trás, mas que não havia escapatória da psicologia de massas do fascismo.

Reich se tornou mais comprometido do que nunca com a causa de quebrar a blindagem emocional da humanidade. Em seguida, ele começaria a projetar o que se tornaria sua maior controvérsia: uma tentativa de aproveitar e concentrar orgônio com gaiolas de Faraday adaptadas, que ele chamou de acumuladores de orgônio. Isolados com materiais orgânicos como madeira e papel, o que Reich acreditava que forçava a energia do orgônio a oscilar dentro da caixa, o acumulador, segundo ele, podia curar distúrbios mentais e físicos – potencialmente até o câncer. No dia 13 de janeiro de 1941, Reich levou o dispositivo até Albert Einstein, que o testou entusiasmadamente e notou que os acumuladores criavam um aumento de temperatura. Mas quando o assistente de Einstein, o físico polonês Leopold Infeld, sugeriu que o acumulador de orgônio estava produzindo calor simplesmente por causa do gradiente térmico da sala, já que isso era elevado do chão, Einstein rejeitou as caixas e se recusou completamente a admitir novos testes com elas. Para Reich, isso foi um eco amargo da rejeição de Freud, o desprezo de outro guardião estabelecido e potencial figura paterna.

Reich adquiriu terras em Rangely, Maine, e abriu seu instituto “Orgonon”, onde ele continuaria suas pesquisas. Além do orgônio, ele identificou uma segunda força – a DOR ou “Deadly Orgone Radiation” (“Radiação Mortal de Orgônio”), um tipo de antimatéria orgásmica presente na (e responsável pela) degradação ambiental, que ele acreditava cobrir o mundo. Ele logo passou a ver seu trabalho em oposição direta ao que o governo norte-americano tinha feito em Hiroshima e Nagasaki: ele estava numa corrida armamentista pela energia da vida, não pela energia da morte.

Foi aí que Reich começou a construir enormes armas de orgônio que ele chamava de “cloudbusters” e que, segundo ele, podiam reverter a desertificação e criar chuva. Apesar de o governo usar a tecnologia de semeadura de nuvens desde os anos 1940 para tirar água de nuvens com iodeto de prata ou gelo seco, Reich usou uma abordagem menos convencional. Sua técnica de semeadura de nuvens pretendia tirar energia “ôrgonica” diretamente da atmosfera através de uma série de canos e depositá-la no solo ou num corpo de água, como um para-raios, criando nuvens na esteira do orgônio canalizado. Fazendeiros começaram a pagar para que ele produzisse chuva para suas plantações – supostamente com sucesso, pelo menos de acordo com os seus próprios relatórios.

Durante essa época, Reich afirmou que seus experimentos com as cloudbusters tinham gerado interesse de visitantes inesperados: ele acreditava que OVNIs alienígenas, ou “alfas de energia” na terminologia de Reich, estavam atacando a terra com DOR. Reich disse ter visto várias naves alienígenas sobre o Orgonon; uma vez, segundo o analista, ele e seu filho usaram uma cloudbuster para defender a Terra numa “batalha interplanetária em larga escala” no Arizona.

A resposta do FDA aos empreendimentos de Reich foi declará-lo uma “fraude de primeira magnitude” e obter uma liminar proibindo o envio interestadual de acumuladores de orgônio e qualquer literatura relacionada. Quando um dos associados de Reich desobedeceu a liminar, contra a vontade de Reich, e transportou um acumulador através das fronteiras estaduais, Reich foi preso por desacato e sentenciado a dois anos de cadeia.

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Reich sendo escoltado para a Penitenciária Federal de Lewisburg, março de 1957.

Na Prisão Federal de Lewisburg, Reich ficou conhecido entre os outros prisioneiros como o “homem da caixa de sexo”. Em novembro de 1957, aos 60 anos, ele morreu de ataque cardíaco, dias antes de ser colocado em liberdade condicional. Nenhuma publicação psiquiátrica ou científica cobriu seu falecimento. Além de alguns jornais anarquistas, seu trabalho ganhou um obituário de apenas um parágrafo na Time:

“Faleceu. Wilhelm Reich, 60 anos, psicanalista outrora famoso, depois, mais conhecido por suas teorias não ortodoxas sobre sexo e energia; de ataque cardíaco; na Penitenciária Federal de Lewisburg, Pensilvânia; onde ele cumpria uma pena de dois anos por distribuir sua invenção, o 'acumulador de orgônio' (violando uma liminar do FDA), um aparelho do tamanho de uma cabine telefônica que supostamente reuniria energia da atmosfera e podia curar, quando o paciente se sentava dentro dele, gripes comuns, câncer e impotência.”

Uma década depois, no meio dos anos 1960, a Time ponderou que “Dr. Wilhelm Reich talvez tenha sido um profeta”, e “Agora, às vezes, parece que toda a América é uma grande caixa de orgônio”. Mas, em 1957, o mundo pouco se importou. Em vez de testar suas teorias ou simplesmente descartá-las, a FDA queimou Reich numa grande fogueira.

Eu Ainda Sonho com Orgonon

Em sua busca por desenterrar as raízes das neuroses sexuais da humanidade, Reich desafiou quase todo o tabu da civilização ocidental, enfureceu quase toda força estabelecida da época e morreu na prisão por seus esforços. No entanto, sua influência pode ser ainda maior do que geralmente é creditado a ele.

Enquanto Reich definhava na prisão, a revolução sexual que ele tinha ajudado a iniciar estava começando a se manifestar. Elvis fez sua estreia na TV em 1956, mexendo seus quadris de uma maneira que, decididamente, irradiava orgônio, demonstrando o tipo de libertação de blindagem de caráter que Reich provavelmente queria de seus pacientes. No meio dos anos 1960, com o lançamento da pílula anticoncepcional, a revolução sexual estava em pleno andamento. (Aliás, “revolução sexual” é um termo cunhado por Reich.)

“QUANDO ENTREI NO ACUMULADOR E ME SENTEI, NOTEI UM SILÊNCIO ESPECIAL QUE, ÀS VEZES, SE SENTE NAS FLORESTAS PROFUNDAS [...] MINHA PELE ARREPIOU E EXPERIMENTEI UM EFEITO AFRODISÍACO SIMILAR AO DE UMA ERVA BOA E FORTE. O ORGÔNIO É DEFINITIVAMENTE UMA FORÇA COMO A ELETRICIDADE.” – WILLIAM S. BURROUGHS

Estudantes que participavam dos protestos em Paris e Berlim em 1968 jogavam cópias do Psicologia de Massas do Fascismo de Reich nos capacetes dos policiais. Jack Kerouac e Allen Ginsberg abraçaram as teorias de Reich; William S. Burroughs investigou os acumuladores de orgônio por anos e escreveu extensivamente sobre eles em seu trabalho. Ele chegou mesmo a construir sua própria caixa acumuladora, onde ele entrava para escrever (enquanto fumava haxixe).

“Quando entrei no acumulador e me sentei, notei um silêncio especial que às vezes se experimenta nas florestas profundas, às vezes numa rua da cidade, um zumbido que é mais vibração rítmica do que um som”, escreveu ele em Junky. “Minha pele arrepiou e experimentei um efeito afrodisíaco similar ao de uma erva boa e forte. Não há dúvida, o orgônio é uma força definitiva como a eletricidade. Depois de usar o acumulador por vários dias, minha energia voltou ao normal. Comecei a comer e não consegui dormir mais de oito horas. Eu estava no período pós-cura.” Assim como fez com a ayahuasca, Burroughs tentou curar a si mesmo do vício em heroína e da síndrome de abstinência com o acumulador. (Apesar de tentar quase todas as curas para vício em heroína do planeta, Burroughs nunca conseguiu permanecer limpo por muito tempo e morreu num programa de manutenção com metadona.)

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Kurt Cobain visitou William Burroughs em 1993. “Sentei na máquina de orgônio e havia viúvas negras lá dentro, ele [Burroughs] ainda tinha uma e eu estava com medo, porque tenho aracnofobia. Ele teve que matar todas as aranhas para mim.”

Saul Bellow, J.D. Salinger, Michael Foucault e Norman Mailer também desenterraram Reich; como Burroughs, Mailer construiu seus próprios acumuladores e saiu em busca de liberar a si mesmo por meio do que ele descreveu como um “orgasmo apocalíptico” – em seu ensaio “The White Negro”, Mailer fala do antiautoritário como aquele que “busca amor [...] amor como a busca de um orgasmo mais apocalíptico do que aquele que o precedeu”. Mesmo Sean Connery mergulhava em orgônio em seu próprio acumulador enquanto filmava alguns de seus filmes do James Bond.

O New York Times, numa crítica literária de A Psicologia de Massas do Fascismo, pediu uma reavaliação séria do trabalho do analista. Reich logo ficou tão em moda entre os intelectuais que, em 1968, Roger Vadim atormentou Jane Fonda com uma máquina do prazer criadora de orgônio em Barbarella, e Woody Allen fez uma paródia do acumulador de orgônio como o “Orgasmatron” em O Dorminhoco, de 1973. Quase uma década depois, Kate Bush e Terry Gilliam contariam a história de Reich no vídeo “Cloudbusting” de Bush, onde Donald Sutherland interpreta Reich e Bush faz o papel de seu filho Peter.

A ambivalência compreensível da disciplina psicanalítica sobre Reich não tinha mudado, mas a cultura sim. As ideias de Reich encontraram um interesse mais amplo. Como Norman Mailer resumiria depois para seu analista Walter Kendrick: “O que era importante para mim era a força, a clareza, o poder dos primeiros trabalhos [de Reich] e a audácia. E também o fato de que acredito, num sentido básico, que ele estava certo”.

As ideias de Reich nunca foram reavaliadas pela comunidade científica – nem pelos psicanalistas, que ainda o consideram uma mácula em sua história. Ainda assim, suas ideias terapêuticas se infiltraram numa comunidade psicanalítica mais ampla e tomaram novas formas, sob novos nomes, contribuindo para a psicologia corporal, psicologia do ego, a terapia Gestalt de Fritz Perls (que tenta tratar o paciente como um todo, não só seus sintomas individuais) e a terapia do grito primal de Janov (que, como a terapia de Reich, utiliza o grito e a vocalização para abrir a blindagem do paciente).

Em muitos aspectos, a influência de Reich pode ser detectada de modo mais flagrante na grande variedade de terapias corporais de “bem-estar” e mesmo na grande popularidade da massagem e da ioga. A ideia de Reich de que o homem era pego na “armadilha” da blindagem de seu próprio caráter encontrou um lar nos movimentos nascentes da Nova Era e do Potencial Humano.

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A casa, laboratório e escola de Wilhelm Reich é agora um museu em Rangeley, Maine. A antena astrolábio (esquerda) está montada no topo do observatório para detectar Energia de Orgônio. O lago Rangeley pode ser visto abaixo. Uma das “cloudbusters” de Reich (direita), no observatório. Fotos por Michael Kassner, CLUI.

Os livros de Reich continuam sendo publicados pela Farrar, Strauss e Giroux, e o American College of Orgonomy, em Princeton, Nova Jersey, continua sua linha de pesquisa, publicando o Journal of Orgonomy, realizando palestras públicas e oferecendo aulas de sensibilização. Terapeutas reichianos, apesar de em número cada vez menor, continuam a praticar suas ideias. O mundo dos reichianos, no entanto, continua fechado, seja por falta de interesse do público ou pela mentalidade de cerco dos defensores restantes de Reich. Alguns reichianos desonestos, como James De Meo, continuam a tentar novos experimentos, mas gerando cada vez menos publicidade. Os arquivos do Dr. Reich são mantidos pela Wilhelm Reich Infant Trust no Orgonon. Seu local de descanso final está na propriedade de 175 acres de floresta. O local é aberto a visitas.

Apenas 50 anos depois da revolução sexual que Reich previu, vivemos numa sociedade hiperssexualizada – um lugar onde somos constantemente barrados pelo oposto de repressão sexual. Tudo à nossa volta parece dificilmente acumular algum orgônio – propaganda, música pop, televisão, revistas, pornografia na internet.

Mas mesmo que a humanidade do século XXI possa parecer mais sexualmente liberada, Reich provavelmente teria visto o superestímulo da mídia como somente outra forma de “fugir” do contato amoroso com outro ser humano. Fervorosamente contra a pornografia, Reich talvez enxergasse uma civilização debruçada sobre computadores e bancadas de fábricas exploradoras, trocando a conexão com o físico pela conexão com um smathphone, e concluiria que a “praga emocional” continua viva e bem. Talvez ele enxergasse uma população mais blindada do que nunca, imersa num ambiente cheio de variantes da DOR, fora de contato com a vida, e necessitando talvez de uma liberação sexual completamente nova – um retorno ao mundo físico.


DR FREDERICO DE MARCO

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Para contar sobre a energia UM no Brasil, precisamos viajar no tempo, retrocedendo até 1940, em direção a ciade de Araraquara, que em Tupi Guarani era chamada de Aracoaara, "morada do sul". O Dr Frederico foi um dos médicos mais queridos e respeitados da cidade. E que, além de médico, era também cientista. Ele era considerado por muitos como um homem a frente de seu tempo. E foi indicado ao premio Nobel por suas atividades com um cientista. Todas as suas ações foram concebidas pra o bem comum. Um grande homem e um brasileiro exemplar.

Estudou os campos magnéticos, os íons, prótons, elétorns, a ionosfera e a energia como um todo. Assim com muitos cientistas da sua época, baseou-se em Nikolas Tesla, e prosseguiu em pesquisas e descobertas. Compreendeu a natureza dos raios cósmicos, chamando-os de energia UM, e criou um aprelho para registrá-la.

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Mestre Ernesto de Lia, pintando um retrato de Frederico de Marco, em uma das raras fotos em que foi registrado. E como ninguem faz nada nessa vida sozinho, os amigos e colaboradores do Dr Marco: Edmundo LUpo (aviador), Raphael Luccas Martinez (Mestre mecanico), Manoel Rodrigues , Leopoldo Graciato e Benedito Brasileiro de Souza. Frederico utilizou seus conhecimentos em energia livre para propiciar chuvas, e desejava estender essa prática ao nordeste brasileiro.

Figura excêntrica

Frederico de Marco era um homem sério, sisudo, de cabeleira esparsa, tez acentuada e vestido de preto. Mantinha um consultório médico em sua cidade natal, Araraquara, instalado em um casarão na esquina da Rua Gonçalves Dias com a Avenida Espanha. Lá, no porão, havia um complexo de aparelhos médicos e científicos onde atendia os clientes. Nas paredes podia ser visto rabiscados fórmulas, símbolos e equações e nas mesas, sempre inúmeras provetas, ferramentas e cadernos de anotação.

Era considerado um excêntrico por muitos devido à aparência, incomum para a época, e ao fato de fazer pesquisas científicas que fugiam do entendimento das pessoas. Uns o chamavam de visionário, outros de louco, mas sempre recebeu apoio de inúmeros cientistas, inclusive do exterior. Na cidade corriam boatos que diziam que Frederico de Marco tinha poderes hipnóticos.

Manda-Chuva

Sua maior façanha foi ter subido em um avião em um dia ensolarado do ano de 1940 e ter feito chover, após jogar sais, preparados por ele próprio, por cima das nuvens. Tal acontecimento foi registrado em uma placa de bronze que ainda hoje existe no Aeroporto Estadual de Araraquara Bartolomeu de Gusmão:

“Perpetua, este marco, como testemunho do povo araraquarense às primeiras experiências de chuva artificial realizadas em 1940 pelo professor doutor Frederico de Marco que, com avião pilotado por Edmundo Lupo, juntamente com Leopoldo Graciato e Benedito Brasileiro de Souza entraram nas nuvens provocando chuva. A fim de firmar a prioridade à posteridade o município de Araraquara colocou no lugar do acontecimento este símbolo histórico.”

Na verdade, suas experiências com chuva artificial começaram em 1914, e em 1917 chegou a realizar experiências em Buenos Aires. Por não perceber interesse das pessoas, apenas voltaria a pesquisar formas de chuva artificial por volta de 1940. Frederico de Marco chegou, inclusive, a criar um foguete de baixo custo que, ao ser lançado, espalhava iodeto de prata nas nuvens e com isso a precipitação ocorria.

Pesquisas

Frederico de Marco teve reconhecimento internacional e recebeu convites para trabalhar no exterior, mas nunca aceitou. Preferiu não deixar sua cidade natal, onde morreu pobre. Costumava dizer às pessoas: "Jamais usufruirei vantagens financeiras dos meus inventos e descobertas. Sou um intérprete de Deus. Um intermediário entre Ele e a humanidade. O resto não importa."

Em 1944 despertou o interesse de Einstein, com quem trocou correspondências após praticar experiência sobre o efeito da colisão de fótons. Sua intenção era explicar a natureza da luz.

PARTE 4