HISTÓRIA E CULTURA

O Olho de Horus-Edifu, O Caminho para a Compreenção (Episódio 8) Parte 2

templo_de_isis_em_denderaEdifu e Dendera - Edifu e Dendera são dois templos irmãos, dois observatórios que se complementavam para registrar de forma precisa a abóboda celeste sobre o polo norte e o polo sul do planeta. As estrelas polares eram o ponto de referencia para registrar qualquer variação no eixo da terra com relação ao sol. Esse angulo é que causa as estações, os solstícios e os equinóscios, o clima do planeta. O estudo e registro dessas estrela fixas e sua relação com ...

o sol e com as outras estrelas era muito importante, pois qualquer variação no seu movimento habitual, antecipava grandes mudanças na vida do homem. Eram as estrelas nefastas, as das grandes mudanças.

Foram localizados a uma distancia precisa de forma a produzir uma diferença de um grau exato em sua latitude. Dendera se localiza nos 26º e Edifu aos 25º de latitude ao norte do equador. Assim podiam registar facilmente o movimento do sistema solar pela galaxia, o que era fundamental pelos sacerdotes, pois determinava a passagem por diversas constelações, pelas energias fundamentais que determinem o caminho evolutivo do homem. As mudanças de era, a mudança de uma constalação zodiacal a outra determinaram as etapas em que os sacerdotes revelaram os seus mistérios do universo a seu povo, mudaram a localização de sua capital imperial e até os nomes de seus faraós.

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Todos os templos que construiram enquadravam em seus pórticos um setor do céu por onde se movimentavam os Mazarots, os polos do firmamento, permitindo-lhes registar os seus movimentos com facilidade. O Templo de Horus em Edifu estava virado para o polo sul e enquadrava a estrela Canopus, enquanto que o templo de Hathor em Dendera, enquadrava a estrela Alfa Draconis no polo norte. O templo de HOrus em Edifu, festejava o seu nascimento no equinóscio de verão, tres meses depois. O templo de Hathor em Dendera, festejava a renovação da vida, a fertilidade trazida pela inundação do Nilo, no dia do solsticio de verão.

O Templo secundário, dedicado a Isis em Dendera, enquadrava a estrela Sirio, as noites sobre o horizonte, sua personificação no céu, e com sua reaparição anunciava a enchente do Nilo e ao amanhecer o surgimento do sol no dia do solsticio de verão. Nesse dia a inundação marcava o fim do ano solar egípcio, celebrando-se em Dendera as festas do ano novo em honra de Hathor, a força que renova a vida e de Isis a que trazia a água sustento do egito. Tres meses depois, no templo de Nephitys em Edifu, do qual só existe a base, enquadrava um ponto no horizonte por onde aparecia a estrela Procyon, que anunciava o tempo de semear e ao amanhecer o surgimento do sol no dia do equinócio de inverno.

 

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Os astros determinavam quando subia o rio, quando semear e quando colher, determinando assim o calendário do Egito. Como os dois templos, as duas estrelas também tem uma estreita relação; Sirius pertence a constelação de Canis Maior e Procyon a Canis Menor. As duas são estrelas irmãs, como Isis e Neferts, as companheiras de Osíris e de Seth, o senhor da escuridão. Na mitologia grega são consideradas “Os cães de Orion”, pois o seguem pelos céus, e assim dão nome as suas constelações. Nessas datas, se realizavam procissões que união os dois templos, em 21 de junho, no solsticio de verão era festejado em Dendera baixando desde seu topo o fogo para todo o Egito, a marca do ano novo. Em 21 de setembro, no equinócio de inverno, se celebrava em Edifu a concepção de Horus, e em 21 de abril, no equinocio de verão, o seu nascimento. E por lá chegava a barca de ouro com a imagem de Hathor que vinha de Dendera pelo Nilo. Essa cerimonia era chamada de "Festival do Belo encontro", quando Hathor a força da vida, festejava em Edifu, a culminação do processo que ela havia iniciado. As estrelas e os sóis viagem de um horizonte ao outro pelo céu em barcos simbólicos. As imagens que estas estrelas representavam como Hathor ou Isis em barcas de ouro em procissoes pelo Nilo.

O antiquissimo templo dedicado a Horus, em Edifu, chamado Apolinopolis Magna pelos gregos, começou a ser reconstruido em 237 aC. durante o reinado do faraó Ptolomeu III, um dos reis macedonios que governaram o Egito como herdeiros de alexandre Magno. A obra durou 180 anos terminando em 57 aC. O povo de Edifu ocupou os terrenos que eram antes exclusivos do complexo religioso. Seus muros de proteção externos desapareceram a muito tempo e a maioria de suas construções foi destruida. O Templo principal, dedicado a Horus, o falcão dourado, permanece ainda intacto. Foi reconstruido pelos Ptolomeus paralelo ao Nilo, no mesmo local onde existira um templo antigo.


Orientação dos Templos


Os templos no egito que eram orientados para uma estrela em particular só eram úteis por aproximadamente 300 anos, uma vez que o movimento do sistema solar em torno da galaxia, tirava do foco a estrela objeto do registro. Por isso eram desmontados e reconstruidos reajustado em aproximadamente 4 graus, por essa razão são encontradas pedras marcadas por faraõs anteriores nas bases dos novos templos, era como girar o telescópio. O caso dos templos solares é diferente, pois o angulo entre o equador e a eclíptica por onde o sol se movimenta, muda somente 1 grau a cada 7000 anos. Os templos solares enquadrados com o ponto do horizonte onde surge o sol em uma data especial, serviam por milhares de anos. O eixo do Templo esta orientado para os 86,5 graus sudoeste, ali sobre os 26 graus sobre o horizonte se localizava todas as noites, praticamente sobre o polo sul, a estrela Canopus, a segunda mais brilhante dos céus depois de Sirio.

 

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Canopus, Alfa Cariani, situa-se a 74 anos luz da terra. e é a estrela mais brilhante da constelação de Carino, antes conhecida como Argonaves, guia do navio Argus, no qual jasão e os argonautas desembarcaram para encontrar o Velo Dourado. A fachada do templo com suas grandes torres enquadra a estrela do Polo sul, cada torre é um espelho da outra até nas inscrições de baixo relevo dos muros, simbolizando a existencia da simetria em um universo assimétrico, que permite o movimento.Na frente a figura do faraó esgrime uma espada para os inimigos do egito com um gesto ameaçador. Sobre o pórtico ha o disco alado com as duas serpentes, as duas torres produzem as imagens dos hieroglifos de um horizonte entre montanhas que enquadram o sol. A fachada de 35 metros de altura, equivalente a um edificio de 10 andares, sustentava 4 mastros altíssimos em cujas pontas tremulavam ao vento enormes bandeiras de cores brilhantes.

Atravessando o pórtico pelo eixo do templo, chega-se a um pátio aberto com galerias laterais, sustentadas com 32 colunas com tactéis floridos de diversos estilos e variadas formas. Na fachada interior, que se abre sobre o pátio inferior as imagens talhadas também estao dispostas simetricamente, como num espelho, variando apenas as formas simbolicas sobre suas cabeças. No muro interior, totalmente recuperado, e a colunata dao a forma perfeitamente simétrica ao patio externo. O equilibrio do conjunto enche de harmonia o espaço onde os iniciados recebiam suas lições. As diferentes cenas talhadas em baixo relevo explicam o processo evolutivo do homem, suas relações com as forças dos céus, a luta entre o espírito e a matéria, que permite que se encontre a verdade atraves dos opostos.

Nos tempos da Escola de Mistérios existia um lindo jardim nesse patio interno, onde os iniciados faziam exercícios para constatar na própria pele as informações passadas pelos mestres. Recebiam conhecimentos correspondentes ao seu nível de consciencia, trabalhavam sob a direção do mestre do misticismo, dedicando se ao objetivo principal de adquirir a neutralidade num mundo bipolar. Provaram que podiam levar sua consciencia individual até a conscinecia universal, entenderam a necessidade de um universo de contrastes, que produzissem vivencias, situações, processos, que permitissem uma decisão livre. Cada vida permite que se experimente um lugar diferente, uma familia diferente, diferentes condições de saúde e riqueza, diversas situações nas quais se pode cometer erros diferentes.

 

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Seth é derrotado na consciencia do homem graças aos erros cometidos por ele ao longo de muitas reencarnações. A comparação dos resultados obtidos com sua atuação produz a compreenção a luz na mente. Esperimentaram o principio vital de outros seres e entenderam que existe apenas uma grande consciencia no universo. Isso foi verificado diante de uma das palmeiras no jardim da galeria, onde se concentravam nesta até sentif o vento em suas folhas. Descobriram que somente mediante a entrega total se realiza uma fusão com o exterior. O tempo para de existir e a sua consciencia e a da planta se fundem em apenas uma, ocupando o mesmo expaço.


Concentração


O mestre lhes ensinou que qualquer concentração começa com o exercício intelectual, dirigindo-se a atenção para a planta e trazendo a mente tudo que se conhece sobre ela. A razão clareia a amente, organiza, avalia, compara, analisa até que se defina as características que transformam um ser em uma planta. Descobriram que, uma vez que se conhece tudo sobre o objeto da concentração o trabalho intelectual termina. Neste momento passavam a segunda fase de concentração, usando a intuição e todos os sentidos como forma de percepção. A fim de sentir tudo que a palmeira é, apalpando sua forma, observando sua cor, seu cheiro, seu sabor, escutando seu seu som interior. Na ultima fase realizavam exercicios de concentraçao espiritual. Ja nao pensavam na palmeira, ja nao sentiam como ela era, mas como na consciencia, o homem se converte em palmeira e consegue experimentar um estado de ser diferente do habitual. Nesse estado o ego desaparecia e o iniciado se encontrava com o seu eu superior. O tempo desaparecia, o silencio expandia a consciência, os braços se transformavam em galhos e uma paz interior inundava o nada. Desta maneira, no pátio puderam aumentar sua energia vital, sua frequencia de vibração, reunidos com outros companheiros, que tinham um nivel de consciencia similar, que se encontravam num estagio parecido no reino das reencarnações.

A fachada interior, desde o patio até o templo, é muito parecida com a fachada principal do Templo de Dendera, os planos e o desenho são muito parecidos. Os dois templos foram reconstruidos seguindo os planos de Imhotep, o arquiteto que construiu a piramide escalonada de Sakara. O muro entre as colunas filtra a luz, permitindo que apenas um pouco desta entre no templo por sua parte superior aberta, facilitando a penumbra inferior, para a observação das estrelas. Duas grandes estatuas de Horus, como falcão, com a dupla coroa do Egito, maracavam a entrada no Salão da Vida, atualmente só resta uma das estatuas de granito. Ao entrar no grande salão que os egipcios chamavam de Casa da Vida, sente-se uma mudança de temperatura imediata, respira-se a paz nesse ambiente.

12 colunas impressionantes sustentam o elevado teto que nunca pode ser decorado. Ao percorrer-se este salão, utilizado no trabalho diário pelos iniciados do Templo, as altas colunas com seus belos capitéis produzem uma sensação de equilíbrio e de permanencia. Assim como em Dendera, este salão tem uma pequena capela para guardar os papiros nos quais os escribas trabalhavam, e que eram necessários para as lições com os discipulos do templo.

PARTE 3