HISTÓRIA E CULTURA

Quem foi o "homem" da máscara de ferro?

masca5Motivado por especulações em um livro da série Os Três Mosqueteiros, de Alexandre Dumas, trata-se de um dos maiores mistérios da França do século 17. Segundo o autor, o rei da França Luís XIV matinha um prisioneiro condenado a esconder para sempre o rosto atrás de uma cruel máscara metálica. O detento realmente existiu, mas não há consenso sobre sua identidade. A teoria mais aceita atualmente é que não se tratava de ninguém importante.  

"A elite francesa dessa época era muito letrada, então existiria algum registro caso ele fosse alguém relevante", explica o historiador Guy Rowlands, da Universidade de St.Andrews, no Reino Unido. Seja lá quem tenha sido, sua morte completa 310 anos este mês.

Um enigma que não enferruja

Personagem pode ter sido truque de um carcereiro ambicioso

1. O mais provável é que ele se chamasse Eustache Danger - embora é possível que "Eustache" fosse seu sobrenome e "Danger" uma contração de "de Anger", indicando sua origem. Em 24 de agosto de 1969, ele foi detido na prisão de Pignerol, em uma cela de alta segurança com nada além dos recursos básicos de conforto (outro indício de que não era ninguém importante).

2. Quem fez sua fama, na verdade, foi seu carcereiro, Saint-Mars. Em busca de prestígio e reconhecimento, ele espalhou que cuidava de um detento especial. Quando foi transferido para a ilha de Sainte-Marguerite, em 1687, Saint Mars levou Danger com uma máscara de ferro sobre o rosto. Uma chamativa liteira fechada e um pelotão de escolta reforçaram o clima de mistério exagerado.

3. Foi nesse trajeto que alguém notou a máscara e registrou o fato numa carta anônima. Começava aí a lenda em torno da figura. Mas o mais provável é que o prisioneiro não a utilizasse o tempo todo, pois teria atrapalhado sua alimentação e sua saúde - e o coitado jamais teria durado mais de 30 anos no cárcere, conforme indicam os supostos registros em torno do caso.

4. Em 1698, Saint-Mars foi transferido para a prisão da Bastilha e solicitou ao governo que o encarcerado o acompanhasse novamente. Desta vez, a viagem foi feita usando apenas uma máscara de veludo, num transporte comum, reforçando a tese de que a figura só era importante para o carcereiro e não para o governo. Eustache continuou a usar a máscara de veludo até morrer, em 1703.

5. Entre 1717 e 1718, o filósofo Voltaire também foi detido na Bastilha, onde, segundo ele, recebeu informações confiáveis sobre a aparência e a idade do mascarado. Ele concluiu que, se a face precisava ser escondida, é porque poderia ser reconhecida. E a única figura reconhecível por qualquer um na época era o rei - daí a teoria de que se tratava do gêmeo de Luís XIV.

6. Voltaire nunca colocou essa suposição no papel. Mas foi o suficiente para que outro escritor, Alexandre Dumas, usasse a ideia como mote da aventura O Viscode de Bragelonne, que conclui a série de livros de Os Três Mosqueteiros. Essa história se propagou ao longo dos anos e inspirou o filme O Homem da Máscara de Ferro (1998), com Leonardo DiCaprio.


Não é ficção

 

A história do Hmem da Máscara de Ferro é uma história que a maioria de nós deve ter lido ou visto retratada em filmes. Contos fictícios deste prisioneiro do "Rei Sol" incluem uma romance do famoso autor Alexandre Dumas e um filme estrelado por Leonardo Dicaprio. No entanto, o homem da máscara de ferro não é um personagem de ficção, mesmo ue a sua prisão e identidade estejam envoltas em mistério. Ele era um prisionerio real de Luis XV, que esteve preso por pelo menos cinco anos, e talvez, mais de quarenta anos. O problema é que ninguém vivo hoje tem alguma idéia de quem era este homem. Além disso, tem havido tanta especulação, rumores e possíveis fatos como a sua identidade que os historiadores e os lustres da história nunca foram capazes de descobrir quem ele realmente era. No entanto, existem fatos e especulações que podem nos ajudar a formar a nossa própria opinião.

Deve-se salientar que muitos dos chamados "fatos" sobre o Hmem da Máscara de Ferro não são verificáveis. Basta dizer que a seguinte informação é camplamente considerada como verdade. Além disso, esta informação se encaixa com praticmente todas as histórias sobre o Homem da Máscara de Ferro, mesmo a menos provável do grupo. No entanto, é certo que o Homem da Máscra de Ferro era uma pessoa real e que ele foi obrigado a usar uma máscara.

O Homem da Máscara de Ferro foi um prisioneiro da Bastilha de 1698 até 1703. Foi dito por muitos que ele ja era um prisioneiro antes e que tinha simplesmente sido transferido para lá. No entanto, não há nenhuma prova disto, a menos que você confie em boatos. Quem quer que fosse, o Homem da Máscara de Ferro morreu em 19 de novembro de 1703. A certidão de óbito que esta associada a ele lista seu nome como Monsieur de Marchiel. Ela diz que ele estava em 40, no momento da sua morte. O Homem da Máscara de Ferro e amplamente considerado como tendo sido da realeza. Isto é baseado em pista sobre o seu tratamento durante o seu encarceramento.

Lendas e rumores sobre o Homem da Máscara de Ferro

A mais popular de todas as lendas sobre ester prisioneiro pertence a sua linhagem. Foi dito que ele era o irmão gêmeo do rei Luis XIV. A história continua a dizer que o homem estava escondido por causa de seus direitos ao trono. Outra história diz que o prisioneiro era de fato o irmão do rei, mas não seu irmão gêmeo. Esta versão também varia.

Em outra versão, o preso é irmão mais velho do rei e primeiro na linha de sucessão e por isso, Luis XIV o aprisionou. OUtra versão diz que o preso é irmão mais novo de Luiz XIV, mas que Luis era o filho bastardo da ex-Rainha e um de seus amantes. Portanto, o Rei Sol nãotinha direito ao trono. Todas estas versões dizem que o rei tinha o seu irmão preso e mascarado paa esconder sua identidade. No entanto, uma outra versão da história diz que o irmão do rei não morreu na prisão, mas ele escapou. Após ser bem sucedido em sua fuga, ele foi se encontrar com seus co-conspiradores. Ele, então, foi em direção a Paris, sendo morto qundo estava a caminho.

Especula-se que a máscara do prisioneiro não era de ferro, e sim pano. Além disso, ele pode não ter tido que usá-la o tempo todo, como muitos relatos sugerem. Ele pode só ter tido que usá-la quando ele estava público. Há alguns relatos de testemunhas que parecem, corroborar com estas afirmações. A idéia de que o Homem da Máscara de Ferro era da realeza provém das seguintes informações/boatos:

- Diz-se que a princesa Palatina teve conhecimento do prisioneiro que ela incluiu em sua carta. Ela disse que ele foi tratado de forma favorável, mas fortemente vigiado, para não tirar a máscara, sob ameaça de morte se o fizesse. Ela supostamente chegou a dizer que a máscara permaneceu em seu rosto todo o tempo;

- Votaire, que foi um prisioneiro na Bastilha, em 1717, alegou que ele tinha aprendido coisas de ex-funcionarios do prisioneiro mascarado duante seu tempo na prisão. Ele escreveu que o Homem da Máscara de Ferro estava usando a máscara, ja em, pelo menos, 1661. Ele também disse que ele era alto, bonito e tocava violão. Ele escreveu novamente sobre ele mais tarde, dizendo que ele tinha cerca de 60 anos no momento de sua morte. Esta teria sido a única maneira que ele poderia ter sido o irmão gêmeo de Luis XIV, coo o Rei Sol estava em seus 60 anos, quando o prisioneiro morreu. No entanto, isso significaria que o atestado de óbito que está associado ao prisioneiro é falso ou não é do prisioneiro;

- Joseph Lagrange também escreveu sobre o Home da Máscara de Ferro, depois de sua estadia na prisão. Ela foi um prisioneiro em Sainte-Marguerite durante a década de 1720. Ele disse que ele tinha ficado la durante meados da década de 1600. Voltaire também fez essa afirmação. Ele passou a dizer que Saint-Mars (o governador de Sainte-Marguerite e uma vez guardião do famoso prisioneiro) chamou o Homem da Máscara de Fero de "meu príncipe". Claro, esta afirmação é apenas boato. Além disso, Lagrange teria ouvido essa informação quase vinte anos depois que o prisioneiro havia morrido. Houve tempo suficiente para que rumores infundados circulassem. Então, novamente, isso poderia muito bem ter sido verdade.

Algumas outras especulações sobre a identidade do Homem da máscara de ferro o incluem como sendo o Duque de Beaufort ou Antonio Ercole Matthioli. O primeiro dizem ter sido o amante da mãe de Luis XIV. Ele foi preso e com isso ninguém iria sber que o rei era um bastardo. O último era um inimigo do rei que havia sido julgado por traição. No entato, infelizmente, ainda não existem provas de qualquer uma dessas afirmações. Com todos os rumores enrolados a história, é duvidável que ninguem nunca vai saber quem o home da mascara de ferro era.


Ao encontro do homem da máscara de ferro

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Por Larissa Godoy - Os astros famosos que passam sobre o tapete vermelho deste lado da baía ignoram, no Mediterrâneo, entre as águas azuis, uma ilha que abrigou, por 11 anos, uma celebridade misteriosa, um segredo ainda hoje irrevelado. Cannes tem seu espaço diante dos holofotes pelo menos uma vez ao ano, durante o seu festival de cinema. Nosso personagem, no entanto, tem uma estranha notoriedade, diferente da das estrelas do cinema, pois ninguém sabe quem, ao certo, foi o verdadeiro homem por trás da máscara de ferro. De Cannes, um passeio de barco de 20 minutos nos leva à cela que abrigou nosso famoso prisioneiro, localizada na ilha Sainte-Marguerite, a maior do arquipélago das ilhas Lérins – que comporta também a Ilha Saint-Honorat, as ilhotas Saint-Féreol e Tradelière. Contudo, nosso trajeto tem como ponto e partida outro lugar: Pignerol.

Conhecida também como Pinerolo, a cidade fica em Turim, na Itália, mas em alguns momentos de sua história esteve sob domínio francês: de 1536 até 1574, quando as tropas francesas invadiram o Piemonte na luta pelo domínio do norte da Itália e, novamente, em 1631, com o Tratado de Cherasco. Em 1696, a cidade volta a ser italiana definitivamente, sob os termos do Tratado de Turim, após o acordo de pacificação com Luís XIV. Foi durante a segunda ocupação dos franceses que o local se transformou em fortaleza militar, servindo de refúgio para o mascarado. Hoje, nenhum vestígio do prédio, que constituía a prisão pode ser encontrado numa das cidades mais francesas da Itália. Entretanto, no século XVII, essa prisão era uma das mais duras e isoladas da França.

Sempre ao lado do famoso prisioneiro estava Bénigne d’Auvergne de Saint-Mars, antigo mosqueteiro que, após a aposentadoria, iniciou sua carreira em prisões no mesmo momento em que caía em desgraça o ministro de Finanças de Luís XIV, Nicolas Fouquet, encarcerado também na fortaleza de Pignerol, em 1664. Saint-Mars conseguiu o trabalho por indicação de D’Artagnan, líder dos mosqueteiros, ao marquês de Louvois, secretário da Guerra, responsável pela fortaleza. À época, além de se incumbir dos cuidados do famoso homem mascarado, era também governador da prisão e responsável pelas transferências dos prisioneiros. O mosqueteiro é considerado um dos homens que poderiam ter conhecido a verdadeira identidade do Homem da Máscara de Ferro.

Estar encarcerado, no regime de Luís XIV, não significava necessariamente ter recebido um julgamento justo. Algumas vezes, o suposto infrator não estava ciente do motivo de sua prisão. Era necessária para efetuar uma prisão apenas a emissão da lettre de cachet, expedida pelo rei. Apesar de sua existência remontar à Idade Média, a expressão lettre de cachet foi popularizada pela intensificação do seu uso por Luís XIV. Os documentos eram expedidos pelo monarca e continham sua assinatura ou a do secretário de Estado. Inicialmente, tratavam de ordens de prisão contra a violação da segurança do reinado, mas logo seu sentido foi ampliado para a dita ordem pública.

Apesar de sua existência remontar à Idade Média, a expressão lettre de cachet foi popularizada pela intensificação do seu uso por Luís XIV. Os documentos eram expedidos pelo monarca e continham sua assinatura ou a do secretário de Estado. Inicialmente, tratavam de ordens de prisão contra a violação da segurança do reinado, mas logo seu sentido foi ampliado para a dita ordem pública.

Luís XIV mantinha para si a última palavra em temas da Justiça. Entre os motivos que mais levavam às ordens de aprisionamento estavam a violação da segurança do rei e do reinado, a prática de ofensas enquanto em serviço no exército, durante estada na corte ou em atividades diplomáticas; a publicação de artigos “desautorizados” que iam contra o ideário do trono; a prática de ofensas religiosas, o que se traduzia em ser adepto ao protestantismo, ou a qualquer outra religião que não a católica, e a violação da honra da família ou de sua fortuna através da extravagância, atos de loucura e devassidão.

A condição de aprisionamento era muito diferente de um preso para outro. Quanto maiores o status social e a fortuna, melhor o tratamento. Os mais afortunados estavam menos sujeitos à tortura, atividade comum no período. Por esse motivo, nosso homem mascarado dá indícios de ter pertencido a uma classe de grande importância. Mesmo com o uso contínuo do instrumento de tortura – a máscara –, a presença constante de Saint-Mars, que assegurava o bom tratamento do prisioneiro, indicava que o protegido era uma pessoa importante.

Todavia, vale lembrar que uma das hipóteses sobre a real identidade do sujeito sugere que, por iniciativa do próprio ex-mosqueteiro, houve um engrandecimento da lenda. Ao aumentar sua tarefa, Saint-Mars se valorizaria em seu círculo. Seria então o mascarado um sujeito qualquer sob os cuidados de um tenente de fortes sedento de reconhecimento? Obedecendo uma ordem de transferência, Saint-Mars passa a supervisionar outra prisão, em Exilles, também na Itália. Com ele, dois prisioneiros foram trazidos de Pignerol, entre eles o mascarado. Atualmente, o forte de Exilles é um museu que abriga parte da coleção militar de Turim, os uniformes militares das tropas alpinas, além de mapas e imagens que narram a história da fortaleza.

De Exilles, nosso mascarado seguiu para a ilha Sainte-Marguerite, onde permaneceu no Forte Real, no lado norte da ilha. O edifício, inscrito na lista de monumentos históricos franceses, foi prisão estadual e militar e faz parte atualmente do Museu do Mar. Seu melhor acesso é por Cannes, a partir do porto velho. Além da cela do Homem da Máscara de Ferro, a Ilha reserva uma coleção de objetos de naufrágios romanos. Nas celas subsequentes ao corredor do mascarado, as paredes recebem pinturas de Jean Le Gac, inspiradas na história do famoso desconhecido.

Do Forte Real, o Homem da Máscara de Ferro segue para o seu último refúgio: a Bastilha, em Paris – como sempre, acompanhado por Saint-Mars. No edifício que simboliza a monarquia francesa, dá-se um registro da passagem do prisioneiro, feito pelo tenente da prisão, Étienne du Jonca. Apesar do incêndio na Bastilha, em 1789, a destruição da documentação não foi completa e parte dela está disponível na biblioteca do Arsenal, também na França. Voltaire e o Máscara

Em 1717, foi também na Bastilha que o filósofo Voltaire passou 11 meses de sua vida, acusado de publicar um artigo sarcástico sobre Philippe d’Orléans, então regente da França. Voltaire é o primeiro autor a falar publicamente sobre o famoso cativo mascarado na obra. O século de Luís XIV. Dele vem outra teoria sobre a real identidade do dono da máscara: a de que ele era, na verdade, o irmão do monarca, a quem odiava.

A teoria, na verdade, pode ter sido uma maneira de ridicularizar a figura do rei, expondo a brutalidade do sistema judiciário em seu reinado. E mesmo pôr em dúvida a legitimidade do trono do monarca, insinuando que ele não seria o primeiro da linha do trono. Mas, como o nascimento de herdeiros do trono era um evento público, a hipótese de Ana da Áustria, mãe de Luís XIV, ter dado à luz gêmeos sem que ninguém notasse é bastante duvidosa. Com Alexandre Dumas, em O visconde de Bragelonne, essa versão ganha apoio. O autor relata que o prisioneiro, gêmeo de Luís XIV, teria nascido oito horas depois do Rei-Sol.

Durante sua permanência na Bastilha, o prisioneiro desconhecido foi mencionado em mais alguns registros, o último deles, o de seu óbito, em 19 de novembro de 1703, provavelmente por embolia pulmonar. Enterrado no cemitério Saint-Paul, por ordem de Saint-Mars, já então com 77 anos, recebeu o nome de sr. De Marchiel.

Nos registros de Étienne du Jonca, tenente da Bastilha, a máscara usada pelo prisioneiro desconhecido é descrita como feita de um material de veludo preto. Tudo que se sabe é que o prisioneiro era mantido sob a ameaça de morte caso retirasse o objeto. A intenção declarada era evitar que sua identidade fosse revelada. A lenda tratou de transformar o material da máscara em ferro.

Mais de 60 nomes são ligados à identidade do Homem da Máscara de Ferro. Uma das versões é a de que o prisioneiro teria sido um agente duplo, aprisionado por ter traído a confiança de Luís XIV ao revelar a venda secreta da fortaleza de Casal, na Itália, para a França. Essa tese baseia-se nos documentos de óbito do homem mascarado. Enterrado com o nome de sr. de Marchiel, uma possível variação do sobrenome do conde Ercole Matthioli, o traidor. No entanto, registros revelam que a morte desse conde data de 1694, quase dez anos antes do óbito do Homem da Máscara de Ferro.

Outra hipótese trabalha a ideia de que teria sido o conde de Vermandois, um filho de Luís XIV com Louise de la Vallière, uma de suas amantes, o homem por trás da máscara. O bastardo teria tido a audácia de afrontar seu meio-irmão, o delfim, e por isso foi encarcerado. A teoria foi desacreditada com a descoberta do corpo do conde na catedral de Arras.

Outro herdeiro ilegítimo da coroa também é apontado como um dos supostos nomes do homem da máscara de ferro. O prisioneiro teria sido o filho da Ana da Áustria, mãe de Luís XIV, com o duque de Buckingham. Outro que aparece na lista de possíveis nomes do mascarado é Fouquet. O ministro de Finanças foi aprisionado em Pignerol em 1664, morreu, oficialmente, em 1680, mesma data que marca a entrada do homem da máscara na prisão. Há quem diga que o registro do óbito foi uma estratégia para esconder o famoso prisioneiro.

A máscara serviria para evitar que Fouquet abusasse do seu poder dentro da prisão para conseguir sua liberdade. Nascido em 1615, no entanto, o ministro teria de ter 88 anos na data de falecimento registrada para o Homem da Máscara de Ferro, que aparentava a metade disso. Não existem provas de nenhuma das teorias. Mas o fato de a identidade do preso ter sido sempre ocultada apoia a hipótese de que ele era uma pessoa de importância, como um nobre, um ministro, quem sabe um príncipe. O mistério continua.Larissa Godoy é jornalista


Afinal, quem era o HOmem da Máscara de Ferro? Verídico ou apenas um personagem de romance


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A Bastilha, figura acima, foi construída em 1370 e tornou-se uma prisão durante o reinado de Carlos VI; todavia, durante a Regência do Cardeal Richelieu, no século XVII, tornou-se uma prisão para nobres ou letrados, opositores à religião oficial, adversários políticos, agitadores políticos, etc. No dia 14 de julho de 1789 o povo de Paris saiu às ruas e invadiu a Bastilha, fortaleza que simbolizava o Absolutismo real, libertando seus 7 prisioneiros remanescentes. Esse feito ficou conhecido como "A Queda da Bastilha", data comemorada pelos franceses com sendo a data nacional da França.

Retroagindo, por volta de 1679, durante o reinado de Luís XIV, um capturado do governo francês foi colocado diretamente sob a responsabilidade pessoal do Sr. De Saint-Mars, na época, respondendo pelo cargo de comandante da fortaleza e prisão de Pignerol, na Savóia. Não fosse pela tipicidade do caso, por ser de extrema lealdade e confiança, a guarda velada exigida do Sr. De Saint-Mars, poderia ser considerada até como um fato até certo ponto usual, em presídios com tais características. Porém, consta que o prisioneiro, sem qualquer registro oficial da prisão, além do nome, também tinha a sua idade desconhecida, sendo simplesmente, pelos seus companheiros e pelos carcereiros da prisão, como sendo o "Mascara de Ferro".

Esse era sem duvida alguma, o inusitado, o fora do comum, mesmo para tais locais, onde figuras impares eram "armazenadas", a peculariedade desse preso, o requinte de maldade, uma tortura, aparentemente não tão dolorosa, mais infinitamente incomoda; pois o rosto do prisioneiro ficava totalmente escondido sob uma espécie de máscara aveludada, na cor preta, ligada mecanicamente a um "colarinho"de ferro, cuja engenhosidade do mecanismo, impossibilitava a sua remoção sem ajuda de alguém. Embora que o reconhecimento facial do preso fosse praticamente nulo, os seus movimentos ágeis e maneiras refinadas e elegantes, conduziam a um raciocínio, mesmo subjetivo, de ser ainda jovem e da nobreza.

Por questões especificas, fora dos procedimentos rotineiros aplicados severamente na fortaleza presídio, o "Mascara de Ferro" , na maior parte do tempo, era mantido bem longe das vistas dos demais presos, inclusive, sendo a ala do calabouço, na qual ficava a sua cela, muito bem guardada, e, para completar a segurança, um contato restrito com a carceragem, sendo apenas uma pessoa escolhida para tal serviço. Todavia, em que pese o zelo extremo na segurança do "Mascara de Ferro", era tratado por todos com gentileza e respeito, principalmente pelo Sr.De Saint-Mars, comandante do presídio.

Em 1681, Saint Mars foi transferido para o comando do baluarte de Exilles, em Turim, que, naquela época, era de propriedade francesa; o preso também foi transferido e mantido como tal por seis anos, ou seja, no período completo em que durou a sua gestão. Transferido em 1687, para o Mediterrâneo, como comandante da Ilha de Santa Margarida, Saint Mars, mais uma vez o "Mascara-de-Ferro", ainda sob a sua responsabilidade, foi conduzido para outra prisão. O infeliz prisioneiro, encarcerado na masmorra da fortaleza, tentou em vão, de uma forma desesperada, estabelecer contado com o que poderíamos chamar de mundo exterior; com os parcos recursos que dispunha, ora através de fiapos de linho, ora com materiais residuais, tentava a todo custo revelar a sua identidade, com mensagens imperceptíveis ou simbologia desconhecida, pelo menos para os diretamente envolvidos.

Tamanha esforço foi totalmente em vão, não demorando ser descoberto pela guarda local, causando-lhe assim, mais represálias e ação redobrada na vigilância, permanecendo preso por aproximadamente 11 anos, quando, em 1698, Saint Mars, retirado do comando da ilha, para ir dirigir a prisão "A Bastilha", construída em 1370, situada em Paris, já celebre por ter abrigado os mais diversos e notáveis personagens. Como das vezes anteriores, tornando-se um procedimento usual, recebeu ordens expressas para levar o "Mascara de Ferro" para a Bastilha.

Foi uma longa viagem, planejada com detalhes cuidadosos, guarnecidas por uma robusta escolta de soldados para proteger as duas carruagens utilizadas no translado; uma delas, a primeira, levando o "Mascara de Ferro" e a segunda, conduzindo o novo comandante da Bastilha. Nesse ínterim, aproveitando da grande oportunidade de rever Plateau, a sua cidade natal, Saint Mars , interrompe por alguns dias a sua empreitada, hospedando-se na mesma, sendo tratado pomposamente, com grande satisfação dos seus conterrâneos.

Como não poderia ser diferente, ao ser levado da carruagem para as instalações destinadas a sua pessoa, o Mascara de Ferro foi alvo de grande curiosidade dos presentes; se não bastasse isso, todas as refeições de Saint Mars, foram sempre acompanhadas pelo misterioso prisioneiro, sendo que, conforme relatos, o cuidadoso militar, tinha ao seu alcance, devidamente preparadas, duas pistolas sobre a mesa, para que não duvidassem da seriedade e do zelo no cumprimento do dever. Finalmente em setembro de 1698, adentram à Bastilha, o novo comandante e seu prisioneiro permanente que por algum tempo foi mantido em cativeiro, numa cela, situada na Torre Basiniere; mais tarde, conforme registros nas anotações( Jornal) de Du Junca, carcereiro-chefe, ordenou Saint Mars, a sua transferência para a Ala Bertandiere.

Conforme procedimentos anteriores, também na Bastilha, oficialmente, nenhum registro do infeliz prisioneiro foi feito, permanecendo dessa forma, por mais cinco longos anos; com base ainda nos escritos de Du Junca , em novembro de 1703, subitamente e de uma forma totalmente misteriosa, o Mascara de Ferro adoece num dia e morre no outro, tendo sido enterrado no cemitério de Saint-Paul, e ai sim, pela primeira vez, seu suposto nome foi revelado, constando dos registros , como sendo De Marchiel, com 45 anos de idade.

Afinal, quem poderia ter sido o misterioso homem da mascara de ferro?

Em 1711 a cunhada do rei, a Princesa Palatine, mencionou a história em uma carta a sua tia. O prisioneiro foi tratado muito bem, ela disse, mas dois mosqueteiros vigiavam-no o tempo todo, prontos para matá-lo caso ele tentasse tirar a sua mascara. Ele odiava a sua mascara, dormia com a mascara, e provavelmente morreu com a mascara.

Durante os mais de vinte anos que esteve preso, por mais sigilo que se tenha tomado, inevitável que os rumores fossem espalhados, por toda a França, no reinado de Luis XIV; histórias fantásticas, mirabolante até, foram devidamente espalhadas por todo o pais, participando do processo também, inúmeras personalidades do meio artístico e cultural da França. Várias foram as versões que apareceram referente a lenda do homem da mascara de ferro; dentre as quais, enumeramos as mais divulgadas:

Era o irmão gêmeo do Rei, tendo sido excluso, pelo cardeal Richelieu, para poder preservar a integridade do governo da França; o motivo da colocação de uma mascara, foi o de proteger a sua verdadeira identidade, evitando que os cidadãos percebessem a grande semelhança com o Rei. Outra versão dos fatos afirmava que Ana, da Áustria, mãe de Luis XIV, tinha casado de forma secreta, com Mazarine, seu ministro, tendo, como resultado da união, um filho, um irmão consangüíneo de Luis XIV. Também, uma colocação muito divulgada sobre a lenda do Mascara de Ferro , era de que seria o duque de Mommouth, um pretendente ao trono da Inglaterra. Diziam outros, por sua vez, que o desafortunado prisioneiro era, nada mais nada menos, do que o ex-ministro da Finanças, Fouquet, que fora destituído e preso. Uma das versões fantásticas e até preferida era de que o intrigante prisioneiro seria o filho natural do Rei, com uma das suas amantes (Lavaltiere, Montespan ou Maintenon).

Com um pano de fundo com tais características, é até explicável que várias versões, como as relatadas acima, e outras mais mirabolantes, fossem divulgadas, sem que pudessem, efetivamente, estruturadas em provas, serem tidas como verídicas.

O mistério em torno do "Mascara-de-Ferro sempre intrigou os historiadores. Um dos primeiros homens de letras que criaram interesse universal em torno do assunto foi Voltaire, quando, em sua obra: "O Século de Luís XIV", mencionou o caso do enigmático prisioneiro. Consta que o próprio Voltaire acreditava na versão, de que o cativo não era outro senão o filho mais velho de Ana da Áustria. Varias verificações foram tentadas pelos autores de todas as partes da Europa, porém todos falharam ao estabelecer a identidade do homem da máscara-de-ferro, basenando-se em algum fato verídico. E, assim, mais algumas suposições viram juntar-se à inúmeras já existentes - era o duque de Beaufort, , herói da Fronde; um filho de Cromwell, o "Protetor da Inglaterra", Avedick, o patriarca armênio, que havia sido aprisionado, traiçoeiramente, por ordem de Luís XIV.

Em 1717 (*), o filosofo e escritor Voltaire foi preso na Bastilha, ficando encarcerado durante 11 meses, como responsável por um panfleto que não escrevera; aproveita o tempo preso para escrever a sua primeira tragédia, O edipe ("Édipo"), cujo sucesso, em 1718, abre-lhe o acesso aos meios intelectuais. Nesse ínterim, Voltaire contou a um amigo que na prisão relacionou-se com pessoas que tinham servido ao homem da mascara de ferro. Em seu livro "O Século de Luís XIV" ( Le Siécle de louis XIV), publicado em 1751, e nas suas "Questões sobre a Enciclopédia", pela primeira vez com estilo literário, lançou para a posteridade a lenda.

A versão aparentemente mais confiável, e acreditada na época, afirmava que o prisioneiro era o conde Mattoli, agente do duque de Mantua e que havia sido encarregado das negociações para entrega da cidade de Casale à França, tendo caído no desagrado do rei pelo modo como conduzira o "affaire". Segundo se afirmou; o rei mandara prendê-lo secretamente, entregando-o à guarda permanente de Saint Mars, que era, então, o comandante de Pignerol.

Na destruição da Bastilha, em 1789, com a conseqüente queima da maior parte de seus arquivos, tornou extremamente difícil a possibilidade de novas investigações. Apesar disso, em 1872, o Sr. Jung, oficial de gabinete que tinha acesso a todos os documentos até então existentes em França, efetuou um extenso e minucioso estudo do caso, que dera margem a tantas controvérsias.

No seu relatório concluiu:

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O prisioneiro, conhecido pela alcunha de "Máscara-de-Ferro", era um nobre de Lorena, o cavalheiro De Hermoises, acusado de insuflar uma revolta, conspirando ainda contra a vida de Luis XIV. Jung relaciona De Hermoises com a notória madame de Brinvilliers, cujas poções venenosas haviam acabado com a vida de muitas pessoas e que, sob tortura, confessou a trama que urdiam contra o rei de França.

A despeito dos esforços reconhecidamente honestos do sr. Jung, as suas conclusões não foram aceitas pela grande maioria; sendo assim, o mistério do "Máscara-de-Ferro", através dos séculos, permanece praticamente insolúvel, perfilando entre os grandes enigmas da história.


Fonte: Livro The Man Behind the Iron Mask, John Noone
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