Austríaco supera velocidade do som com salto da estratosfera

salto_614/10/2012 - Felix Baumgartner atingiu velocidade de 373 metros por segundo em salto. 'Eu não senti nada', diz piloto, sobre momento do recorde de velocidade. O austríaco Felix Baumgartner superou a velocidade do som ao saltar da estratosfera no início da tarde deste domingo (14). Segundo dados da Associação Aeronáutica Nacional dos Estados Unidos, o piloto atingiu a velocidade de 373 metros por segundo durante o salto (a velocidade do som é de pouco mais de 340 metros por segundo). A associação é o braço norte-americano da Organização Internacional de Recordes. Brian Utley, representante da associação que analisou os dados do voo, afirmou que o salto foi de pouco mais de 39 mil ...

metros e o tempo de queda livre chegou a 4 minutos e 20 segundos. Utley destacou que os dados são preliminares e ainda precisam ser certificados por outras organizações. Perguntado sobre como era a sensação de quebrar a barreira da velocidade do som, o piloto disse que “não sentiu nada” e não lembra o momento exato em que conseguiu atingir a velocidade.

“Quando eu estava lá, no topo do mundo, eu não pensava mais em quebrar recordes. Você fica humilde, você só quer voltar vivo. Foi a coisa mais importante do mundo, quando eu estava lá”, disse Baumgartner, na coletiva de imprensa concedida depois do salto. O piloto conta que, quando ele chegou ao local de onde saltaria, disse: “Sei que o mundo todo está me vendo agora e queria que o mundo pudesse ver o que eu vi. Você tem que ir muito alto para entender o quão pequeno é.”

Para o austríaco, o momento mais empolgante do salto foi “quando ele estava no topo do mundo”, pronto para saltar. Já o momento mais bonito, diz ele, foi quando se encontrou com Mike Todd, da equipe que acompanhava a missão: “Ele apareceu sorrindo como uma criança. Nós nos tornamos muito ligados, me sinto como um filho dele.”
Baumgartner afirmou, ainda, que enfrentou problemas na queda, mas a situação já havia sido antecipada. Segundo ele, os giros previstos para a queda acabaram sendo muito violentos, mas a situação foi contornada. Outra dificuldade do salto foi que o piloto perdeu contato com a central responsável pela missão por alguns momentos durante a queda.

Com o sucesso do salto, o austríaco conta que quer “inspirar a próxima geração”. “Quero ajudar quem quiser vir e quebrar meu recorde”, conta. Jonathan Clarck, diretor da equipe médica do projeto, contou que o piloto usou um sistema de monitoramento durante o salto e os dados obtidos serão usados em pesquisas. “O mundo precisa de um herói e hoje ele ganhou um”, disse.


Baumgartner achou que perderia consciência durante queda livre

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O austríaco Felix Baumgartner admitiu neste domingo que nos primeiros instantes da queda livre da estratosfera, achou que perderia a consciência, pela "violência" da queda e da velocidade de descida.

"Foi mais difícil do que esperávamos", afirmou o atleta em entrevista à emissora de televisão austríaca "Servus", propriedade do patrocinador do projeto.
"Durante uns segundos achei que perderia os sentidos, está sob pressão, não se sente o ar", disse Baumgartner.

Apesar desses momentos críticos, o austríaco não quis abrir um paraquedas especial, para estabilizar a queda livre. "Do ponto de vista da consciência, sempre soube o que estava acontecendo", relatou. O austríaco também detalhou as reações ao salto. "Foi muito difícil. Você está desidratado, está cansado. Lá em cima é muito diferente, o corpo reage de forma diferente".

Os cálculos da missão preveem que o atleta conseguiu obter a façanha nos 40 primeiros segundo de queda livre, quando atingiu 1.173 km/h. "Não senti isso (a quebra da barreira do som). Estava muito ocupado mantendo o controle. Não tenho ideia se voei através da barreira", disse.

Baumgartner conseguiu controlar a queda e evitar cair em parafuso, o que poderia ter levado a perder a consciência ou sofrer uma hemorragia cerebral. A queda livre de Baumgartner foi de quatro minutos e 19 segundos, o que não permitiu que ele batesse o recorde mundial nesta modalidade, que era de quatro minutos e 36 segundos. Esse recorde segue com Joe Kittinger, hoje com 84 anos, que em 1960, quando era membro das Forças Aéreas dos Estados Unidos, saltou de altura de 31.333 metros. Kittinger era um dos assessores de Baumgartner na tentativa de hoje. "Joe se gabou que seu recorde segue após 52 anos", disse o austríaco. O austríaco bateu duas marcas com o salto deste domingo: realizar o mais alto salto de paraquedas e subir ao ponto mais distante da Terra.


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Baumgartner saltou de uma cápsula levada por um balão à estratosfera por volta das 15h05. Às 15h11, o paraquedas abriu. Às 15h16, ele chegou ao solo. O salto estava marcado inicialmente para a terça-feira (9), mas foi cancelado devido aos fortes ventos. O balão que levou a cápsula até a estratosfera começou a subir às 12h30. A subida, que demorou 2h30, atrasou várias horas devido ao vento excessivo em Roswell, nos Estados Unidos, local escolhido para a realização da missão.

Horas antes, Baumgartner colocou seu traje pressurizado, que o protegeu das temperaturas de até 70 graus abaixo de zero registradas na estratosfera e que aclimatou seu corpo antes do lançamento. Além de oferecer oxigênio, a cápsula e o traje o protegeram de uma pressão tão baixa que explodiria seus órgãos internos. Para saltar, o austríaco respirou oxigênio puro para eliminar o nitrogênio de seu sangue, que poderia se expandir em alturas elevadas e com isso ameaçar sua saúde.

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O início da fase final de preparação do salto estava previsto para as 9h (de Brasília), mas as rajadas de vento atrasaram essa etapa. O projeto foi realizado em Roswell, nos Estados Unidos. “Ocorreu o mesmo que na terça-feira passada, quando os ventos atingiram a parte superior do balão”, explicou Don Day, o meteorologista chefe do projeto à televisão austríaca Servus.

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Na terça-feira passada, a subida do balão de hélio foi suspensa devido ao forte vento. Para o lançamento ocorrer, os ventos devem ser de menos de 3 km/h nos primeiros 244 metros. Às 7h55 (de Brasília) foram registradas rajadas de vento de 11 km/h no local da missão.

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O balão utilizado é o único de reserva, por isso, se o projeto não fosse realizado neste domingo, seria suspenso por vários meses, já que se ele fosse aberto não poderia ser reutilizado. O tecido sintético do balão é muito delicado, de apenas 0,002 centímetros de espessura.


Fonte: http://g1.globo.com
          http://revistaepoca.globo.com