TEMAS INEXPLICADOS

A incrível tecnologia dos Antigos - Parte 12

tecan118O Enigma da Tecnologia Antiga (livro: “A Incrível Tecnologia dos Antigos” de David Hatcher Childress) “Os sacerdotes me disseram que a Grande Pirâmide incorporava todas as maravilhas da Física”. – Heródoto (350 A.C.) Capítulo 7B – Usinagem do núcleo de granito por ultra-som. 

Diz Dunn: O detalhe mais significativo dos furos e núcleos estudados por Petrie é que a ranhura vai mais fundo no quartzo do que no feldspato. Cristais de quartzo são empregados na produção de ultra-sons e respondem à vibração nas ga­mas ultra-sônicas, podendo ser induzidos a vibrar em alta freqüência. Na usinagem de granito com ultra-sons, o material mais duro (quartzo) não oferece necessariamente mais resistência, tal como ocorre ao se empregar métodos de usinagem convencionais. Uma ferramenta de vibração ultra-sônica encontraria muitos parceiros simpáticos ao cortar granito, mesmo estando dentro do próprio! Em vez de resistir à ação de corte, o CRISTAL de quartzo é induzido a responder e a vibrar em simpatia com as ondas de alta freqüên­cia, amplificando a ação abrasiva da ferramenta.

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O fato de haver uma ranhura pode ser explicado de diversas formas: um fluxo de energia desigual pode ter feito com que a ferramenta oscilasse mais de um lado do que do outro; a ferramenta pode ter sido mal montada; um acúmulo de abrasivo de um lado da ferramenta pode ter criado a ranhura quando a ponta penetrou o granito.

Os lados afilados do furo e do núcleo são perfeitamente normais quando levamos em conta os requisitos básicos para todos os tipos de ferramenta de corte: que haja uma folga entre as superfícies não-funcionais da máquina e a peça sendo trabalhada. Em vez de termos um tubo retilíneo, teríamos, portanto, um tubo com a espessura de parede cada vez mais fina ao longo de sua extensão. O diâmetro externo vai ficando cada vez menor, criando folga entre a ferramenta e o furo; e o diâmetro interno vai ficando maior, criando folga entre a ferramenta e o núcleo central. Isso permite que um fluxo livre de abrasivo atinja a área de corte.

Uma broca tubular nessas condições também explica o afilamento das late­rais do furo e do núcleo. Usando uma broca tubular feita de material mais mole do que o abrasivo, a superfície cortante iria ficar cada vez menor. Por­tanto, as dimensões do furo corresponderiam às dimensões da ferramenta na extremidade cortante. Com o desgaste da ferramenta, o furo e o núcleo refletiriam isso na forma do afilamento.

Dunn afirma que com a usinagem ultra-sônica, a ferramenta pode pe­netrar reto na peça sendo trabalhada. Ela também pode ser aparafusada na peça. A ranhura espiral pode ser explicada caso levemos em conta um dos métodos que se costuma usar para avançar componentes de máquinas de maneira uniforme. A velocidade de rotação da broca não está implicada nesse método de corte, sendo apenas um meio de fazer com que o instrumento penetre a peça.

Usando o método da porca e do parafuso, a broca tubular pode avançar com eficiência para dentro da peça, girando no sentido horá­rio. O parafuso iria rosquear-se gradativamente pela porca, forçando a bro­ca oscilante para dentro do granito. Seria o movimento da broca induzido pelo ultra-som que faria o corte, e não a rotação. Esta só seria necessária para manter a ação de corte na superfície de trabalho. Por definição, o pro­cesso não é uma perfuração convencional, mas um processo de moagem no qual são usados abrasivos para impactar o material de tal forma que se con­segue remover uma porção controlada de material.

Diz Dunn

Outro método pelo qual as ranhuras poderiam ter surgido é o emprego de uma ferramenta rotatória de trepanação, montada de maneira excêntrica em relação ao seu eixo de rotação. Clyde Treadwell, da empresa Sonic Mill Inc., em Albuquerque, Novo México, explicou-me que quando uma broca excêntrica gira dentro do granito, ela vai sendo lentamente forçada a se ali­nhar com o eixo de rotação do eixo da máquina. As ranhuras, segundo ele, poderiam ter sido criadas quando a broca foi retirada rapidamente do furo. Se a teoria de Treadwell estiver correta, ainda irá exigir nível tecnológico bem mais desenvolvido e sofisticado do que se costuma atribuir aos antigos cons­trutores de pirâmides. Esse método pode ser uma alternativa válida para a teoria da usinagem ultra-sônica, embora o ultra-som resolva todas as per­guntas não respondidas das outras teorias. Podem ter sido propostos méto­dos que abrangem determinado aspecto das marcas de máquina, mas não chega ao método descrito aqui. Quando procuramos um único método que dê respostas para todos os dados é que nos afastamos da usinagem primitiva, ou até da convencional, e somos forçados considerar métodos um tanto anô­malos para esse período da história.

Caixas de granito em túneis de pedra

Em fevereiro de 1995, Dunn reuniu-se com Graham Hancock e Robert Bauval no Cairo para participar de um documentário. Enquanto estava lá, ele mediu alguns artefatos produzidos pelos antigos construtores de pi­râmides, que provam, sem sombra de dúvida, que métodos e instrumen­tos altamente avançados e sofisticados foram empregados por essa antiga civilização. O grupo estava examinando artefatos encontrados nos túneis de pedra no Templo do Serapeum, em Saqqara, local da pirâmide em de­graus e da tumba de Djoser. Diz Dunn:

Estávamos na sufocante atmosfera dos túneis, onde a poeira levantada pela passagem de turistas flutua no ar parado. Esses túneis contêm 21 imensos (sarcófagos) caixas de granito. Cada caixa pesa umas 65 toneladas, e, com a imensa tampa aplicada sobre ela, todo o conjunto pesa cerca de 100 toneladas. Logo na entrada dos túneis há uma tampa que não foi acabada e, atrás dessa tampa, mal se contendo nos limites de um dos túneis, há uma caixa de granito que tam­pouco foi acabada. As caixas de granito têm aproximadamente 4,2 metros de comprimento, 2,5 metros de largura e 3,6 metros de altura. Estão instaladas em “criptas” que foram cortadas em intervalos escalonados do leito de calcário nos túneis.

Os pisos das criptas ficam a mais ou menos 1,3 metro abaixo do piso dos túneis, e as caixas estão postas em um recesso, no centro. Bauval estava estudando os aspectos técnicos da instalação de caixas tão grandes em um espaço confinado, no qual a última cripta se situava perto do final do túnel. Sem espaço para que centenas de escravos puxassem as caixas com cordas para posicioná-las, como é que elas foram postas em seus lugares? Enquanto Hancock e Bauval filmavam, desci em uma cripta e coloquei meu esquadro contra a superfície externa da caixa. Estava perfeitamente plana. Acendi a lanterna e vi que não havia desvio na superfície plana. Subi e olhei para o interior de outra daquelas caixas imensas e, mais uma vez, fiquei espantado com a regularidade da superfície.

Procurei erros e não encontrei nenhum. Naquele momento, desejei ter o equipamento adequado para perscrutar a superfície toda e avaliar a obra em sua totalidade. Contudo, fiquei satisfeito por estar com minha lanterna e meu esquadro e poder me espan­tar diante desse artefato incrivelmente preciso e grande. Conferindo a tampa e a superfície sobre a qual ela se assentava, vi que ambas eram perfeitamente planas. Lembrei então que isso dava aos fabricantes dessa peça o crédito de uma vedação perfeita. Duas superfícies perfeitamente planas, impecavelmente sobrepostas, com o peso de uma delas expulsando o ar existente en­tre as duas superfícies. As dificuldades técnicas para se fazer o acabamento no interior de tal peça faziam com que o sarcófago na pirâmide de Quéfren parecesse simples.

O pesquisador canadense Robert McKenty estava me acompanhando nesse local, percebeu a importância da descoberta e come­çou a filmar com sua câmera. Nesse instante, soube como Howard Carter deve ter se sentido quando descobriu a tumba de Tutankamon. A atmosfera repleta de poeira dos túneis tornava a respiração desconfor­tável. Imaginei como me sentiria se estivesse polindo uma peça de grani­to, qualquer que fosse o método utilizado, e como o local ficaria insalubre. Com certeza, teria sido melhor fazer o acabamento da peça ao ar livre. Fiquei tão atônito com a descoberta que só me ocorreu mais tarde que os construtores dessas relíquias, por algum motivo insondável, queriam que elas fossem ultraprecisas.

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Eles se deram ao trabalho de levar para o túnel o produto inacabado, dando-lhe acabamento no local por um bom motivo! E isso seria lógico, caso se desejasse um elevado grau de precisão na peça em que se está trabalhando. Se você der acabamento preciso em um local com atmosfera e temperatura diferentes – como a céu aberto e sob um sol escaldante – e depois levar a peça para seu local de instalação – frio e se­melhante a uma caverna -, vai perder a precisão. O granito altera a forma sob condições de expansão e contração térmica. A solução, tanto naquela época como hoje em dia, seria preparar a superfície de precisão no local de sua instalação final.

Essa descoberta, e a percepção de sua importância crítica para os artífices que a construíram, foi muito além de meus sonhos mais loucos de desco­bertas que se poderiam fazer no Egito. Para um homem com o meu perfil, isso era melhor do que a tumba do rei Tutankamon. Em relação à precisão, as intenções dos egípcios eram perfeitamente claras. Mas com que finalida­de? Outros estudos feitos sobre esses artefatos deveriam incluir um pro­fundo mapeamento e inspeção com as seguintes ferramentas: interferômetro a laser com capacidade de avaliar superfícies planas; paquímetro por ultra-som para conferir a espessura das paredes e determi­nar se é realmente uniforme; plano óptico com fonte de luz monocromática. Será que as superfícies receberam um acabamento de precisão óptica?”

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Dunn entrou em contato com quatro fabricantes de granito de preci­são nos Estados Unidos e não encontrou um só que pudesse realizar tra­balhos desse tipo. Ele recebeu uma carta de Eric Leither, da Tru-Stone Corp., falando da viabilidade técnica de se criar diversos artefatos egípcios, in­clusive as gigantescas caixas de granito encontradas em túneis escava­dos na rocha no templo do Serapeum, em Saqqara. A carta dizia o seguinte:

“Caro Christopher,

Primeiro, gostaria de lhe agradecer por me proporcionar todas essas fasci­nantes informações. A maioria das pessoas nunca tem a chance de partici­par de algo assim. Você mencionou que a caixa foi feita a partir de um único bloco sólido de granito. Um pedaço de granito desse porte deveria pesar uns 90.000 quilos se fosse granito Sierra White, que pesa uns 80 quilos por pé cúbico. Se encontrássemos um pedaço desse tamanho, o custo seria enor­me. Só a pedra custaria por volta de US$ 115.000. O preço não inclui o corte no tamanho bruto desejado, nem despesas de frete. 0 próximo problema óbvio seria o transporte. Teríamos de conseguir licenças especiais com o Departamento de Trânsito, o que iria custar milhares de dólares. Segundo a informação que encontrei em seu fax, os egípcios deslocaram esse pedaço de granito por quase 800 quilômetros!. É um feito incrível para uma socie­dade que existiu há milhares de anos”.

Diz Dunn:

Eric disse, ainda, que sua empresa não teria equipamento ou capacidade para produzir as caixas dessa maneira, que faria as caixas em cinco peda­ços, as enviaria ao cliente e as montaria no local.

Outro artefato que inspecionei foi um pedaço de granito com o qual eu topei, literalmente, enquanto caminhava pelo platô de Gizé naquela tarde. Concluí, após uma análise preliminar dessa peça, que os antigos construtores de pirâ­mides tiveram de usar uma máquina com três eixos de movimento (X-Y-Z) para guiar a ferramenta no espaço tridimensional e criar a peça. Quando falamos em superfícies incrivelmente precisas e planas, como se trata de simples geo­metria, é possível explicá-las por métodos simples. Mas essa peça nos leva para além da simples questão “que ferramentas foram usadas para cortá-la?”, conduzindo-nos a outra muito mais abrangente: “o que orientou a ferramen­ta de corte?”

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Para respondermos a esta pergunta e ficarmos à vontade com a resposta, é útil conhecer um pouco de usinagem de contorno. Muitos dos artefatos criados pela civilização moderna não poderiam ser feitos simplesmente à mão. Estamos rodeados de artefatos que são fruto do emprego da mente humana, que cria ferramentas para superar as limi­tações físicas. Desenvolvemos máquinas operatrizes para criar os moldes que produzem os contornos estéticos dos carros que guiamos, dos rádios que ouvimos e dos aparelhos que utilizamos. Para criar os moldes que pro­duzem esses itens, é preciso que a ferramenta de corte siga com precisão um caminho tridimensional predeterminado. Em algumas aplicações, ela se move em três direções, usando simultaneamente três eixos de movi­mento ou mais. O artefato que eu estava observando teria exigido, no mínimo, três eixos de movimento para ser usinado.

Quando a indústria de máquinas operatrizes ainda estava no início, eram empregadas técnicas nas quais a forma final era dada manualmente, usando gabaritos-guia. Hoje, com o uso de máquinas de precisão computadorizadas, não há mui­ta necessidade de trabalho manual. Um pouco de polimento para remover eventuais marcas indesejadas de ferramenta seria o único acabamento manual necessário. Para afirmar que um artefato foi produzido dessa maneira, portanto, supõe-se uma superfície precisa com a indicação de marcas que mostram o caminho percorrido pela ferramenta. Foi isso que encontrei no platô de Gizé, na parte sul da Grande Pirâmide e a uns 90 metros a leste da segunda pirâmide.

Há tantas rochas de todos os tamanhos e formas espalhadas por essa área que, para olhos não treinados, esse artefato em particular passaria facil­mente despercebido. Para olhos treinados, pode chamar um pouco a aten­ção e despertar uma breve curiosidade. Tive a sorte dele ter chamado a minha atenção e de ter à mão as ferramentas para inspecioná-lo. Havia duas peças próximas uma da outra, sendo uma delas maior. Ambas formavam uma úni­ca peça, que se quebrou. Descobri que seriam necessárias todas as ferra­mentas que eu portava para inspecioná-lo adequadamente. Eu estava muito interessado na precisão e na simetria de seu contorno. Tinha em mãos um objeto que, em termos tridimensionais, poderia ser com­parado a um pequeno sofá.

A almofada é um contorno que se confunde com as laterais dos braços e com as costas. Avaliei o contorno usando um gaba­rito de perfil ao longo de três eixos de sua extensão, começando pelo raio perto das costas e terminando perto do ponto de tangência, que se mesclava suavemente no ponto em que o raio de contorno chega à frente. O gabarito de raio por fio não era o melhor modo de determinar a precisão dessa peça. Ao ajustar os fios em uma posição do bloco e passar para outra posição, o gabarito podia tornar a se acomodar no perfil, suscitando dúvidas sobre a possibilidade do artífice que o posicionara ter compensado alguma impre­cisão do contorno. Entretanto, colocando o esquadro em diversos pontos ao longo e em torno dos eixos de contorno, percebi que a superfície era extre­mamente precisa.

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Em uma junta perto de uma fissura na peça, podia-se ver a luz do Sol, mas o resto da peça mal deixava entrevê-lo. Nesse momento, eu já tinha atraído uma boa platéia. É difícil atravessar o platô de Gizé no horário de maior movimento sem chamar a atenção dos condutores de camelos, dos jóqueis de burricos e dos vendedores de quin­quilharias. Após ter retirado minhas ferramentas da mochila, arrumei dois ajudantes prestimosos, Mohammed e Mustafá, que não estavam nem um pouco interessados em uma gratificação. Pelos menos foi o que me disse­ram, mas posso dizer honestamente que perdi minha camisa nessa aventura. Eu tinha removido areia e sujeira de um dos cantos do bloco maior, lavando-o com água. Eu estava usando uma camiseta branca que levava em minha mochila para limpar coisas, a fim de poder obter uma impressão da peça com cera de modelar. Mustafá me convenceu a dar-lhe a camiseta antes de nos despedirmos. Mustafá segurou a ferramenta de fios em diversos pontos do contorno enquanto eu tirava fotos dela. Depois, peguei a cera de modelar e a aqueci com um fósforo, gentilmente fornecido pelo hotel Movenpick, e apertei-a contra o raio do canto. Raspei a parte borrifada e posicionei-a em diversos pontos. Mohammed segurava a cera enquanto eu tirava fotos. Nesse momento, havia um velho condutor de camelos e um policial a cavalo obser­vando a cena.

O que descobri com a cera foi um raio uniforme, tangencial ao contorno, ao verso e à parede lateral. Quando voltei para os Estados Unidos, medi a cera usando um gabarito de raios e descobri que o raio era real, medindo 11,1 milímetros. O raio lateral (braço) de mescla tem uma característica de projeto que é prática corriqueira na engenharia moderna. Cortando-se um relevo no can­to, uma parte complementar que deve se encaixar ou se ajustar contra a superfície com o raio de mescla maior pode ter um raio menor. Essa característica possibilita uma operação de usinagem mais eficiente porque permite o uso de uma ferramenta de corte de diâmetro maior, ou seja, de raio maior. Com mais firmeza na ferramenta, maior quantidade de material pode ser removi­da ao se fazer um corte. Acredito que há muito, muito mais coisas que podem ser inferidas usando-se esses métodos de estudo. Acredito que o Museu do Cairo contém muitos artefatos que, analisados adequadamente, levarão às mesmas conclusões a que eu cheguei estudando essa peça.

Máquinas motorizadas de alta velocidade devem ter sido usadas

Em conclusão, Dunn afirma o seguinte:

Máquinas motorizadas de alta velocidade, e o que poderíamos chamar de técnicas modernas em usinagem não-convencional, devem ter sido usadas na produção dos artefatos de granito encontrados em Gizé e em outros lo­cais do Egito, o que recomenda estudos sérios por pessoas qualificadas e de mente aberta, que poderiam tratar o assunto sem idéias preconcebidas. No que diz respeito à compreensão maior do estágio tecnológico dos anti­gos construtores de pirâmides, as implicações dessas descobertas são imen­sas. Não só temos evidências concretas que parecem nos haver escapado durante décadas, como também temos a oportunidade de reavaliar tudo des­de uma perspectiva diferente. Compreender a maneira pela qual determinada coisa foi produzida abre-nos uma dimensão diferente quando tentarmos des­cobrir porquê ela foi feita.

A precisão desses artefatos é irrefutável. Mesmo se ignorarmos a questão do modo como foram feitos, ainda nos defrontamos com outra: Por que essa precisão foi necessária? As revelações trazidas por novos dados sempre sus­citam outras perguntas. Nesse caso, é compreensível ouvir: “onde estão es­sas máquinas?”. Máquinas são ferramentas. A pergunta deveria ser aplicada universalmente e pode ser feita para qualquer um que acredite que foram empregados outros métodos. A verdade é que não se descobriu ferramenta alguma para explicar qualquer teoria sobre a construção das pirâmides ou o corte dessas caixas de granito!

Foram descobertas mais de 80 pirâmides no Egito, e as ferramentas que as produziram nunca foram encontradas. Mesmo que aceitemos a idéia de que ferramentas de cobre foram capazes de produzir esses incríveis artefatos, os poucos implementos de cobre des­cobertos não representam o número de ferramentas que teria sido usado caso cada pedreiro que trabalhou em pirâmides, apenas em Gizé, dispuses­se de uma ou duas. Apenas na Grande Pirâmide, estima-se que haja cerca de 2.300.000 blocos de pedra, tanto de calcário quanto de granito, pesando entre 2 e 70 toneladas cada. Trata-se de uma montanha de evidências, e não há um número de ferramentas sobreviventes que possa explicar essa criação.

O princípio da “navalha de Occam”, segundo o qual o meio mais simples de produzir algo é o mais provável a menos que se mostre inadequado, guiou minha tentativa de compreender os métodos dos construtores de pirâmides. No caso dos egiptólogos, falta um componente desse princípio. O méto­do mais simples não satisfaz as evidências, e eles têm relutado em levar em consideração outros métodos, menos simples. Restam poucas dúvidas de que a capacidade dos antigos construtores de pirâmides teria sido seria­mente subestimada. A mais clara evidência que posso apresentar é a preci­são e a mestria exibidas na tecnologia de usinagem, elementos que só foram reconhecidos recentemente.

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Algumas tecnologias dos egípcios ainda espantam os artesãos e engenhei­ros de hoje basicamente por esse motivo. O desenvolvimento de máquinas-ferramenta tem estado intrinsecamente associado à disponibilidade de bens de consumo e ao desejo de se encontrar clientela. Um ponto de referência para se julgar o avanço de uma civilização tem sido nosso atual estágio de progresso manufatureiro. A manufatura é a manifestação de todo esforço científico e de engenharia. Por mais de cem anos a indústria progrediu exponencialmente. Desde que Petrie fez suas primeiras observações críticas, entre 1880 e 1882, nossa civilização deu saltos a uma velocidade estonteante, provendo o consumidor de bens, todos criados por artesãos; no entanto, mais de cem anos depois de Petrie, esses artesãos ainda se espantam com os fei­tos dos antigos construtores de pirâmides. Espantam-se menos com o que acham que uma sociedade pode fazer usando ferramentas primitivas do que comparando esses artefatos pré-históricos com seu próprio nível atual de conhecimentos e de progresso tecnológico.

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A interpretação e o entendimento do nível tecnológico de uma civilização não devem depender exclusivamente dos registros escritos preservados de cada técnica desenvolvida. O estudo dos artefatos básicos de nossa sociedade raramente causa repercussão, sendo mais provável que um mural em pedra seja talhado para exprimir uma mensagem ideológica do que para revelar o método usado para gravá-lo. Os registros da tecnologia desenvolvida por nossa civilização baseiam-se em meios vulneráveis que poderiam deixar de existir no caso de uma catástrofe global, como uma guerra nuclear ou uma nova era glacial. Assim, após vários milhares de anos, a interpretação dos métodos adotados por um artífice pode ser mais precisa do que a interpre­tação de sua linguagem. A linguagem da ciência e da tecnologia não tem a mesma liberdade de que desfruta o discurso. Por isso, muito embora as máquinas e ferramentas não tenham sobrevivido aos milhares de anos des­de seu primeiro uso, temos de presumir, após uma análise objetiva das evi­dências, que existiram.

Teríamos muito a aprender com nossos ancestrais mais distantes se abrís­semos nossas mentes e aceitássemos o fato de que outra civilização de uma época distante pode ter desenvolvido técnicas de manufatura tão boas quan­to as nossas, ou até melhores. Ao assimilarmos novos dados e novas posi­ções a respeito de velhos dados, é prudente ouvir o conselho dado por Petrie a um americano que o visitou enquanto ele fazia pesquisas em Gizé. O ame­ricano disse que se sentia como se tivesse ido a um funeral após conhecer as descobertas de Petrie, que evidentemente teriam eliminado alguma das teorias da época sobre as pirâmides. Petrie disse, “Bem, então proporcione­mos um enterro decente às antigas teorias; e tomemos cuidado para que, na pressa, nenhuma das teorias feridas seja enterrada viva”.

Com uma coleção de artefatos convincente, que provam a existência de máquinas de precisão no antigo Egito, a idéia de que a Grande Pirâmide teria sido construída por uma civilização avançada que viveu na Terra há milhares de anos torna-se mais admissível. Não estou sugerindo que essa civilização tinha tecnologia mais avançada do que a nossa em todos os ní­veis, mas no que diz respeito à construção e às obras com pedras, a capaci­dade e as especificações deles excediam em muito as nossas. Fazer rotinei­ramente trabalho de usinagem de precisão em peças imensas, feitas de rocha ígnea dura, é extraordinário.

Em termos lógicos, a civilização dos construtores de pirâmides deve ter desenvolvido seu conhecimento do mesmo modo que qualquer civilização o faria, atingindo com o progresso tecnológico o “estado de arte” ao longo de muitos anos. No momento em que escrevo, muitos profissionais espalhados pelo mundo estão fazendo pesquisas. Essas pessoas estão determinadas a encontrar respostas para muitos mistérios ainda não solucionados que indi­cam que o planeta Terra abrigou outras sociedades avançadas no passado dis­tante. Pode até ser que, depois que esse novo conhecimento e ponto de vista forem assimilados, os livros de história sejam reescritos e que, se a humani­dade for capaz de aprender com os eventos históricos, a maior lição possível esteja sendo formulada agora em benefício das próximas gerações. Novas tecnologias e avanços científicos estão possibilitando uma observação mais próxima das bases sobre as quais se assentou a história do mundo, e essas bases parecem estar desmoronando. Seria ilógico, portanto, aderir de manei­ra dogmática a qualquer ponto teórico com relação a antigas civilizações.

A Grande Pirâmide e o poderoso cristal

Como podemos fazer para que um objeto responda de maneira simpá­tica à vibração do planeta? Como podemos utilizar essa energia? Como podemos transformá-la em eletricidade? Se pudéssemos utilizar essa ener­gia, provavelmente seria a maior invenção já criada.

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Diz Dunn:

Devemos, antes de tudo, compreender o que é um transdutor. Antes, fala­mos do efeito piezelétrico que a vibração exerce sobre o cristal de quartzo. A compressão alternada do quartzo produz eletricidade. Microfones e ou­tros aparelhos eletrônicos modernos funcionam com base nesse princípio. Fale em um microfone e o som de sua voz (vibração mecânica) é convertido em impulsos elétricos. O oposto acontece em um alto-falante, no qual os impulsos elétricos são convertidos em vibrações mecânicas. Também se especulou que a rocha da qual se extrai o quartzo cria os fenômenos que conhecemos como raio esférico. O cristal de quartzo é um transdutor, pois transforma um tipo de energia em outro. Compreendendo a origem da ener­gia e tendo meios para chegar até ela, precisamos apenas converter os ili­mitados estresses mecânicos lá existentes em eletricidade prática, usando cristais de quartzo!

A Grande Pirâmide era uma usina de força geomecânica que respondia simpaticamente às vibrações da Terra, convertendo essa energia em eletricida­de! Usava-se a eletricidade para acionar sua civilização, incluindo as máquinas operatrizes com que moldavam rocha ígnea sólida. Bem, você pode dizer, e como funcionava essa usina? Uma coisa é lançar uma frase contundente como essa, racionalizando suas próprias teorias sobre usinagem; mas precisamos de mais fatos e provas de que essa decla­ração é mais do que uma interessante teoria radical. Deve haver mais pro­vas baseadas na verdade e nos fatos!

Bem, vamos começar com o cristal de força, ou transdutor. Os transdutores dessa usina de força são parte integral da construção, que foi idealizada para ressonar em harmonia com a própria pirâmide e com o planeta. A Câ­mara do Rei, na qual inúmeros visitantes perceberam efeitos incomuns, e na qual Tom Danley detectou as vibrações infra-sônicas da Terra, é em si um poderoso transdutor.

Em toda máquina, há componentes que fazem com que ela funcione. Essa máquina não era diferente. Embora as câmaras e passagens internas da Grande Pirâmide pareçam desprovidas daquilo que poderíamos considerar aparelhos mecânicos ou elétricos, ainda há nela aparelhos de natureza si­milar à dos aparelhos mecânicos criados hoje em dia. Esses aparelhos podem ser considerados elétricos, pois têm a capacidade de converter ou de realizar a transdução de energia mecânica em energia elétrica. Você pode imaginar outros exemplos, pois as evidências ficam mais aparentes. Os aparelhos que ficam no interior da Grande Pirâmide desde que foi construída não foram identificados como tal, entretanto são parte integrante da função dessa máquina.

O granito com que essa câmara foi construída é uma rocha ígnea contendo cristais de quartzo de silício. Esse granito em particular, trazido de pedrei­ras situadas em Assuã, contém 55% de cristal de quartzo, ou mais. Um trabalho preparado por dois cientistas, Dee Jay Nelson e David H. Coville, mostra uma importância especial na pedra escolhida pelos cons­trutores para a Câmara do Rei. Dizem eles:

Isso significa que no revestimento da Câmara do Rei, por exemplo, há literalmente centenas de toneladas de partículas microscópicas de quartzo. As par­tículas têm forma hexagonal, bipiramidal ou rombóide. Cristais rombóides são prismas com seis faces e arestas quadrangulares que apresentam um paralelogramo em qualquer das seis faces. Assim, dentro da rocha granítica, há um elevado percentual de fragmentos de quartzo cujas superfícies, pela lei das médias naturais, estarão paralelas nas faces superior e inferior. Além disso, qualquer folga de plasticidade no agregado de granito permite a forma­ção de uma “piezo-tensão” sobre essas superfícies paralelas, causando um fluxo eletromotor. A grande massa de pedra acima das câmaras da pirâmide pressionam para baixo as paredes de granito por causa da força da gravida­de, convertendo-as em geradores elétricos perpétuos. […] As câmaras internas da Grande Pirâmide têm produzido energia elétrica desde sua construção há centenas de séculos. Um homem posicionado na Câmara do Rei entraria em um campo indutivo, fraco mas definido”.

Dunn comenta:

Embora Nelson e Coville tenham feito uma observação especulativa inte­ressante com relação ao granito dentro da pirâmide, não sei se estão muito certos ao afirmar que a pressão de milhares de toneladas de pedra criaria um fluxo eletromotor no granito. A pressão sobre o quartzo precisa ser alternada com o relaxamento para que a eletricidade flua. A pressão que estão descrevendo seria estática e, embora seja indubitável que pressione o quartzo até certo ponto, o fluxo de elétrons cessaria quando a pressão também cessasse. O cristal de quartzo não cria energia; ele apenas con­verte um tipo de energia em outro. Não preciso dizer que esse ponto, em si, leva a algumas observações interessantes sobre as características do complexo de granito.

A acústica da Grande Pirâmide

Uma chave para a teoria de Dunn sobre a Usina de Força de Gizé é a acústica da Grande Pirâmide. Acima da Câmara do Rei há cinco fileiras de vigas de granito, totalizando 43 vigas que pesam até 70 toneladas cada. Cada fileira é separada por um espaço grande o suficiente para se rastejar sobre ele. As vigas de granito vermelho foram cortadas em perfil reto, com três lados paralelos, mas aparentemente não foram tocadas na superfície superior, que foi deixada desigual, tosca. Algumas têm até furos.

Para cortar esses monólitos gigantescos, evidentemente os constru­tores julgaram necessário tratar as vigas destinadas à câmara mais eleva­da com a mesma atenção devida ao teto diretamente acima da Câmara do Rei: retas e lisas em três faces, com a parte superior aparentemente sem acabamento. É uma disposição interessante, levando-se em conta que as vigas exatamente acima da Câmara do Rei seriam as únicas visíveis para quem entrasse na pirâmide. Mesmo assim, a atenção recebida por essas vigas de granito do teto foi inferior à recebida pelo granito com que as paredes foram feitas.

Escreve William Flinders Petrie: “As vigas do teto não são de ‘granito polido’, como foram descritas; pelo contrário, sua superfície é áspera, tão bela e honesta quanto poderia sê-lo, mas não pretende passar por polida”. Prosseguindo com suas observações sobre o granito dentro da Câmara do Rei, Petrie comenta a respeito da pedra das câmaras superiores: “O piso de todas as câmaras acima da Câmara do Rei foi revestido com vigas hori­zontais de granito, quase inacabado nas partes inferiores que compõem os tetos, mas absolutamente sem tratamento nas partes superiores”.

Diz Dunn:

É notável saber que os construtores se esforçaram para dar acabamento tanto às 34 vigas que não seriam vistas depois que a pirâmide ficasse pron­ta quanto às nove vigas que formam o teto da Câmara do Rei, que seriam vistas. Mesmo que estas fossem vitais para a força do conjunto, certamente seriam permitidos desvios na precisão, fazendo com que o corte dos blocos tomasse menos tempo. A menos, é claro, que essas vigas superiores tives­sem um propósito específico, e/ou estivessem usando métodos de usinagem padronizados, que produziriam peças com pequena variação. A teoria tradicional diz que as vigas de granito serviam para aliviar a pres­são sobre a câmara, permitindo que esta fosse construída com teto plano. Discordo. Os construtores de pirâmides conheciam arquitetura e já tinham adotado em um nível inferior da pirâmide uma característica de constru­ção que fazia sentido em termos estruturais.

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Se analisarmos o teto arqueado e em cantiléver da Câmara da Rainha, veremos que há sobre ele ainda mais alvenaria do que sobre o teto da Câmara do Rei. Portanto, poderíamos perguntar: “se os construtores quisessem ter posto um teto plano nessa câ­mara, não teriam precisado apenas de uma camada adicional de vigas?”. Levando em conta a distância entre as paredes, uma única camada de vigas na Câmara da Rainha, assim como as 43 vigas de granito sobre a Câmara do Rei, não estaria suportando mais do que seu próprio peso. O que me levou a perguntar: “por quê cinco camadas de vigas?”. Incluir tan­tos blocos monolíticos de granito na estrutura é redundante, especialmente se levarmos em conta a quantidade de trabalho incrivelmente difícil que deve ter sido investida na extração, corte e transporte por 800 quilômetros desde as pedreiras de Assuã, erguendo-os depois até a cota de 58 metros da pirâmide. Com certeza, deve haver outro motivo para tal esforço e investi­mento de tempo.

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Prossegue Dunn:

As 43 vigas gigantes acima da Câmara do Rei não foram postas na estrutura para aliviar a Câmara do Rei de pressões vindas de cima, mas para uma fi­nalidade mais avançada. E possível discernir uma tecnologia simples mas refinada no complexo granítico do coração da Grande Pirâmide, e com essa tecnologia é que atuava a antiga usina de força.

As vigas gigantes de granito acima da Câmara do Rei podem ser considera­das como 43 pontes separadas. Como a ponte pênsil de Tacoma Narrows(2), cada uma é capaz de vibrar se uma energia suficiente e adequada for intro­duzida. Se quiséssemos nos concentrar em forçar apenas uma das vigas a oscilar, estando cada uma das outras sintonizadas com essa freqüência ou com uma harmônica dessa freqüência, as outras vigas seriam forçadas a vibrar na mesma freqüência ou em uma harmônica. Se a energia contida na freqüência forçada fosse suficiente, essa transferência de energia de uma viga para outra poderia afetar toda a série de vigas. Portanto, poderia haver uma situação na qual uma única viga do teto logo acima da Câmara do Rei influenciaria indiretamente outra viga da câmara acima dela, forçando-a a vibrar na mesma freqüência que aquela forçada originalmente ou uma de suas harmônicas. A quantidade de energia absorvida da fonte por essas vi­gas dependeria da freqüência natural de ressonância da viga.

A capacidade de dissipar a energia a que as vigas estão sujeitas deve ser levada em consideração, bem como a freqüência natural de ressonância da viga de granito. Se a freqüência forçada (impulso sonoro) coincidir com a freqüência natural da viga, e não houver muito amortecimento (se as vigas puderem vibrar livremente), então a transferência de energia seria a maior possível. Conseqüentemente, a vibração das vigas também. Fica muito claro que as gigantescas vigas de granito acima da Câmara do Rei têm um comprimento de 5,6 metros (a largura da Câmara), no qual elas podem reagir a movimentos induzidos e vibrar sem restrição. Pode haver algum amortecimento caso as faces de vigas adjacentes estejam tão próxi­mas que esbarrem umas nas outras. Contudo, se as vigas vibrarem em unís­sono, talvez esse amortecimento não ocorra. Para aperfeiçoar a capacidade de vibração das 43 vigas em ressonância com a freqüência forçada, a fre­qüência natural de cada viga deve ser a mesma da freqüência forçada, ou estar em harmonia com ela.

Vigas de granito afinadas

Afirma Dunn:

É possível afinar uma peça de granito como essas encontradas na Grande Pirâmide alterando suas dimensões físicas. Podemos obter uma freqüência precisa alterando o comprimento da viga apto a vibrar (tal como se faz com as cordas de um violão) ou removendo material da massa da viga, como se faz com sinos. (Afina-se um sino com uma vibração fundamental e suas har­mônicas, removendo-se metal de áreas críticas. Tocá-lo enquanto ele está sendo mantido em uma posição similar à das vigas acima da Câmara do Rei, como se faz com um diapasão, pode causar a oscilação da viga. A fre­qüência dessa vibração seria registrada, e mais metal seria removido até se chegar à freqüência correta).

Portanto, a forma atual das superfícies superiores dessas vigas de granito pode não ter sido resultado de um descuido, mas de cuidado e trabalho maio­res do que os dispensados às laterais ou à parte inferior. Antes de ser colo­cada dentro da Grande Pirâmide, cada viga pode ter sido suspensa pelas extremidades na mesma posição que ocuparia na pirâmide, prestando-se atenção na superfície superior. Cada viga de granito foi moldada e traba­lhada na vertical enquanto estava sendo afinada! Na verdade, milhares de toneladas de granito foram afinadas para ressonar em harmonia com a fre­qüência fundamental da Terra e da pirâmide!

A aparência das vigas de granito que se encontram acima da Câmara do Rei é a mesma que teria uma viga de granito que tivesse sido afinada da maneira descrita. Após cortar três faces retas, a face restante seria cortada e molda­da até se chegar a uma freqüência de ressonância específica. A remoção de material do lado superior da viga teria de levar em conta a elasticidade da mesma, pois uma variação da elasticidade da viga poderia levar à remoção de mais material em um ponto do que em outro. O fato de as vigas acima da Câmara do Rei terem formatos e tamanhos variados apoiaria essa suposi­ção. Em algumas das vigas de granito, não seria surpreendente encontrar furos feitos no material, um trabalho dos afinadores.

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Esquema da Câmara do “Rei”, dentro da Grande Pirâmide

Piazzi Smyth também fala dessas marcas em seu clássico livro The great pyramid:

Essas marcas, porém, só foram descobertas nesses ocos ou buracos escu­ros, as ditas “câmaras”, mas mais parecidas com “vazios estruturais”, aci­ma da “Câmara do Rei” da Grande Pirâmide, nos quais o coronel Howard Vyse entrou. Lá também vemos outros sinais de etapas práticas de traba­lho, como as “tocas de morcegos” das pedras, pelas quais os blocos pesados foram erguidos até seus lugares, e tudo foi deixado perfeitamente áspero.

Em vez de furos usados para erguer os blocos até o seu lugar, William Flinders Petrie especula sobre outra razão para a existência das “tocas de morcegos” mencionadas por Smyth. “O piso da câmara superior tem furos grandes, evidentemente para segurar as extremidades das vigas que sustentaram os blocos do teto du­rante a construção”.

Dunn comenta:

Outro motivo para a presença dos furos feitos perto da extremidade das vi­gas pode ser o de realimentar o centro da viga, em vez de transferir vibração para a alvenaria central. Embora devamos aceitar que ambas as razões apre­sentadas para as “tocas de morcegos” possam ser explicações plausíveis para sua existência, elas não excluem outras possibilidades, que ainda de­vem ser levadas em conta.

Segundo Boris Said, que estava com Tom Danley quando este realizou seus testes, a Câmara do Rei ressoa com uma freqüência fundamental, reforçada por toda estrutura desse compartimento, produzindo freqüências dominan­tes que criam um acorde de fá sustenido que, por sua vez, seria a freqüência que está em harmonia com a Terra. Said afirma que os xamãs indígenas afinam suas flautas cerimoniais em fá sustenido porque é a freqüência que a Mãe Terra considera sagrada.

Fazendo um teste de freqüência, Tom Danley colocou acelerômetros nos espaços acima da Câmara do Rei, mas não sei se ele chegou a testar a fre­qüência de cada viga. Said disse alguma coisa em sua entrevista com Art Bell que pode indicar o que Danley desejava obter com sua pesquisa: as vi­gas acima da Câmara do Rei eram como “defletores de um alto-falante”. Se­ria preciso fazer outras pesquisas antes de se poder confirmar a relação que esses furos poderiam ter com a afinação das vigas em uma dada fre­qüência. Entretanto, quando levamos em conta as características de todo o complexo de granito, bem como outras características encontradas na Gran­de Pirâmide, parece claro que os resultados dessa pesquisa estariam dentro das linhas daquilo que estou presumindo.

Sem a confirmação de que as vigas de granito foram afinadas cuidadosamen­te em resposta a uma freqüência específica, vou presumir que essa condição existe em função daquilo que se encontrou no local. Embora não tenha en­contrado registros específicos de algum pesquisador que tenha subido até as vigas acima da Câmara do Rei para medir suas freqüências de ressonância, muita coisa já foi escrita sobre a qualidade ressoante do sarcófago contido na câmara. Diz-se que o sarcófago ressoa a 438 hertz(3) e entra em ressonância com a freqüência da câmara. Isso pode ser facilmente testado e foi observado por diversos visitantes da Grande Pirâmide, inclusive por mim.

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Outra descoberta interessante foi feita pela expedição Schor. Este é um relatório preliminar, transmitido por Boris Said a Art Bell, mas já foi notado que o piso da Câmara do Rei não está assentado sobre rocha sóli­da. Não apenas todo o complexo granítico está cercado por imensas pare­des de calcário com um espaço entre o granito e o calcário, como o próprio piso se apoia naquilo que se caracterizaria como rocha de forma “corrugada”. Não é à toa que a câmara “toca” quando caminhamos por ela!

Quanto a isso, Dunn afirma:

Perceba também que as paredes da câmara não se apoiam no piso de grani­to, sendo sustentadas por fora, ficando 15 centímetros abaixo do nível do piso. Portanto, o conjunto granítico do interior da Grande Pirâmide está preparado para converter vibrações da Terra em eletricidade. Falta a quan­tidade suficiente de energia para impelir as vigas e ativar as propriedades piezelétricas. No entanto, os antigos previram a necessidade de mais ener­gia do que aquela que seria coletada apenas pela Câmara do Rei. Eles desco­briram que seria necessário valer-se das vibrações da Terra por uma área maior do interior da pirâmide, encaminhando essa energia para o centro de forças – a Câmara do Rei – aumentando substancialmente, com isso, a am­plitude das oscilações do granito.

Embora as modernas pesquisas sobre acústica arquitetônica se concentrem na redução dos efeitos de reverberação do som em espaços fechados, há ra­zões para se acreditar que os antigos construtores de pirâmides estavam tentando fazer o oposto. A Grande Galeria, que é considerada uma obra-prima da arquitetura, é um espaço fechado no qual se instalaram ressonadores nas ranhuras ao longo da saliência que percorre toda a extensão da galeria. Com o fluxo da vibração da Terra pela Grande Pirâmide, os ressonadores convertem a energia em som levado pelo ar. Graças a seu projeto, os ângu­los e superfícies das paredes e do teto da Grande Galeria causam a reflexão do som e seu foco recai sobre a Câmara do Rei.

Embora a Câmara do Rei também responda à energia que flui pela pirâmide, boa parte dessa energia fluiria ao largo dela. O desígnio e a utilidade da Grande Galeria é transferir a energia que flui por uma grande área da pirâmide para a Câmara do Rei, que entra em ressonância. Esse som, portanto, é focalizado na cavidade granítica de ressonância com amplitude suficiente para fazer com que as vigas do teto oscilem. Essas vigas, por sua vez, impelem as vigas acima de­las e fazem com que vibrem em harmonia simpática. Logo, a informação sonora e a maximização da ressonância, na verdade todo o conjunto de gra­nito, tornam-se uma massa de energia vibratória.

A qualidade acústica do projeto das câmaras superiores da Grande Pirâ­mide foi mencionada e confirmada por numerosos visitantes desde a época de Napoleão, cujos soldados descarregavam suas pistolas para o alto da Grande Galeria e percebiam que a explosão reverberava à distância, como um trovão ao longe.

Bater no sarcófago da Câmara do Rei produz um som profundo, semelhante ao de um sino, assustador e incrivelmente belo, e ao longo dos anos tornou- se hábito dos guias que conduzem turistas pela pirâmide demonstrar esse som ressonante. Esse som foi incluído no CD de Paul Horn Inside the great pyramid. Depois de ter sido informado sobre o som nítido produzido pelo sarcófago ao ser percutido, e sobre a resposta da câmara a esse som, Horn levou um aparelho que lhe diria exatamente a nota musical e a freqüência desse som. Horn afinou sua flauta segundo esse tom emitido, que era exata­mente o “lá” de 438 ciclos por segundo.

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Em um fascinante folheto que fala de suas experiências na Grande Pirâmide, Horn descreve fenômenos relativos à qualidade acústica das câmaras inferiores.

Chegara o momento. Era hora de tocar minha flauta. Pensei em Ben Pietsch, de Santa Rosa, Califórnia (o homem que havia informado Horn sobre o som do sarcófago) e em sua sugestão de percutir o sarcófago. Inclinei-me e bati na parte de dentro dele com a lateral carnuda do pulso. Veio um belo som arredondado no mesmo instante. Que ressonância! Lembrei que ele também tinha dito que “quando você ouvir esse som, você estará flutuando na histó­ria que está sempre presente”. Liguei o afinador eletrônico que estava em uma mão e com a outra percuti novamente o sarcófago, e lá estava o som – “lá” a 438 hertz, como previra Ben. Afinei a flauta nesse diapasão e pus-me a tocar. (O CD começa com esses eventos, e assim é possível ouvi-los “ao vivo”)

PARTE 13