PESSOAS ESPECIAIS

Geraldine Cummins - Parte 1

geraldine1Geraldine Cummins, filha do doutor em medicina e prof. Ashley Cummins, nasceu em Cark, Irlanda, no dia 24 de Ja-neiro de 1890 e desencarnou no dia 24 de Agosto de 1969. Ela teve uma modesta educação, no entanto, era bem viajada. Sobre a médium, diz Ernesto Bozzano em sua obra “Literatura de Além-Túmulo” (capítulo VIII): - A Srta. Cummins é uma escritora elegante, ...

autora de um romance e duas comédias escritas em colaboração com outros; é, ao mesmo tempo, hábil jogadora de Iawn-tenis. Acrescenta Bozzano, que cita este fato para demonstrar o perfeito equilíbrio do corpo do médium e seu espírito. A mediunidade da Srta. Cummins teve o seu desenvolvimento iniciada em Dezembro de 1923, em sessões com Miss E. B. Gibbes, sua amiga. Normalmente seu trabalho de composição é lento, mas a sua escrita automática tem uma velocidade notável. Em 16 de Março de 1926, por exemplo, ela canalizou 1.750 palavras em uma hora e cinco minutos. Em 1925, repentinamente, obteve os primeiros ditados relativos à história do primeiro século da igreja cristã.

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A entidade que os ditava assinava “O Mensageiro” e sua escrita mediúnica se processava com a médium em estado de meio-transe. O lápis corria muito rapidamente sobre o papel: 1.400 a 1.500 palavras eram ditadas, sem interrupção, numa hora. O ditado, uma vez terminado, era imediatamente retirado, na ignorância do seu conteúdo, com o fim de se evitar interferências possíveis de sua subconsciência.

Essa medida de precaução não impedia, entretanto, que o escrito continuasse, invariavelmente, no ponto preciso em que fora interrompido. As pessoas que assistiam ao ditado mediúnico não exerciam nenhuma influência sobre ele.
A obra tem por título: “Os Escritos de Cléofas”, são apresentados como uma “crônica sacra” complementar dos “Atos dos Apóstolos”, que chegaram até nós mutilados em algumas partes, em consequência das perseguições de que foram vítimas os primeiros cristãos.

Este livro despertou na Inglaterra, imenso interesse, suscitando vivas discussões em revistas metapsíquicas, es-píritas, religiosas e mesmo em jornais políticos, de tal forma que a primeira edição se esgo-tou em cinco meses.

Cléofas, conforme explicou o Espírito “O Mensagei-ro”, teria sido discípulo do Cristo, ao qual o Cristo apare-ceu no caminho de Emaús, três dias após sua morte, e com o qual se sentara para comer na cidade homônima de Emaús.

Em virtude das notícias divulgadas, começaram acorrer aqueles que foram analisar a atuação da médium, com o ob-jetivo de desmascará-la. No entanto, encontraram tanta sinceridade e espontaneidade na médium, que se propuse-ram a ler suas mensagens. Nelas foram encontrados tan-tos detalhes envolvendo questões históricas, referências geográficas e termos utilizados na antiga Palestina, que somente poderiam ter sido utilizados por quem tivesse vivido ou conhecido profundamente aquela região e os fatos que lá ocorreram.

Embora o conhecimento daqueles fatos pudesse ser obtido por um estudante dedicado, este não era o caso de Geraldine, que não se interessava por aqueles assuntos e nunca esti-vera no Egito ou na Palestina.

Enquanto isso, a médium acolhia, amavelmente, todos os que desejavam vê-la psicografar e daí as sessões se realizarem, constantemente, na presença de médicos, padres católicos, pastores protestantes, teólogos, his-toriadores, jornalistas, assim como na de alguns membros das duas sociedades de pesquisas psíquicas: a inglesa e a americana.

O reverendo Jon Lamond, que estava entre os que assistiram à sua produção, observou:

“Quem quer que seja o autor destas “crônicas sacras”, elas não são, certamente, o produto da mentalidade subcons-ciente da Srta. Cummins. Foi, de fato, ela quem os escreveu mediunicamente, assistida por sua amiga e provável auxiliar, Srta. Gibbes, mas o material de que se compõem as “crôni-cas” não podia, absolutamente, provir da médium.” (“Psychic Science”, 1929, págs. 337-8, citado por Bozzano em sua obra já enumerada).

Outro eminente teólogo, o rev. Cônego H. Bickerstett Ottleu termina um artigo consagrado a “Os Escritos de Cléofas” com a seguinte declaração, relatada por Bozzano (obra citada):

“Tive o ensejo de assistir, pessoalmente, por duas vezes, à produção da “mensagem” confiada ao instrumento inconsciente que era, nessa ocasião, a Srta. Cummins... Consagrei vários meses ao estudo e à análise a que estava apto a em-preender em virtude dos meus títulos acadêmicos. Além disso, faço notar que tinha começado essa pesquisa com um preconceito apriorístico bem firme, que me tornava cético em face dessas pesquisas, visto que, desde a infância, tinha aprendido a considerar como “vedado o domínio das comunicações espíritas com a vida que sucede à morte”. Ora, tenho o dever de reconhecer que “Os Escritos de Cléofas” trazem à apologética cristã de nossos tempos uma contribuição de importância suprema que se produz no momento justo em que se sentia mais vivamente a sua necessidade.” (“Journal of the S. P. R., 1929, pág. 91).
A srta. Gibbes escreve por sua vez, transcrito por Bozzano em sua obra citada:

“Relativamente à autenticidade supranormal de “Os Es-critos de Cléofas”, mister e faz considerar bem a circunstância de que eles foram severamente analisados por vários teólogos universitários, considerados como as melhores auto-ridades no assunto. Todos foram unânimes em exprimir a opinião de que “Os Escritos de Cléofas” são, de qualquer forma, autenticamente transcendentais, constituindo uma das mais importantes contribuições trazidas para conhecimento do período apostólico da cristandade. Declaram, do mesmo modo, que esses escritos contêm numerosos incidentes e epi-sódios que, se se considerar o grau de cultura daquela que os recebeu mediunicamente, são literalmente inexplicáveis no sentido de que tenham origem humana. Pode-se dizer outro tanto de grande número de citações geográficas e de incidentes históricos dos quais se pode constatar a veracidade, assim como na freqüente terminologia dos tempos apostólicos. Foi justamente sobre esses dados que se exerceu, especial-mente, a crítica dos teólogos competentes que verificaram a autenticidade e a exatidão constantes dos mesmos.” (“Light”, 1928, pág. 473).

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A primeira produção foram “Os Escritos de Cléofas”, editado em 1928; seguidos por “Paulo em Atenas”, em 1930, onde a narrativa é retomada e continuada. O terceiro livro – “Os Grandes Dias de Éfeso”, em 1933, que seguiu a mesma linha de pensamento e o quarto “The Road to Im-mortality” (“A Estrada da Imortalidade”), em 1932. Este livro foi um complicador maior, uma vez que esta série de comunicações foi assinada pelo Espírito Frederich W. H. Myers, que traz uma visão da evolução do Espírito humano através da eternidade. Sir Oliver Lodge ofereceu suas observações no prefácio do livro:

“Creio que se trata de uma tentativa genuína de transmitir aproximadamente verdadeiras ideias, através de um amanuense razoável de educação, caracterizada pela pronta disponibilidade de serviço dedicado, transparente e de honestidade.”
Myers desencarnou no dia 17 de janeiro de 1901, em Roma, Itália. Após o seu desencarne, houve uma enxurrada de comunicações reivindicadas ser do Espírito Myers através de vários médiuns, especialmente ingleses. As mais impor-tantes foram recebidas por Mme. Piper, Sra. Verral e Sra. Holland. Frank Podmore dizia que essas comunicações era uma criação subconsciente da médium. Enquanto a de Geral-dine Cummins, Sir Oliver Lodge recebeu testemunho através da médium Sra. Leonard de que estas comunicações atribuí-das a Myers eram verdadeiras.

Em 1936, Geraldine protagonizou um episódio que dividiu a opinião pública e se tornou fonte de especulações, forne-cendo “munição” para a imprensa sensacionalista. Ela afirmou que estava recebendo mensagens enviadas pelo topógrafo e coronel inglês Percy Harrison Fawcett.

A história do Sr. Fawcett é cercada de mistérios e controvérsias. Em 1925, quando ele já havia se aposentado e estava interessado na descoberta de civilizações perdidas, rece-beu, de presente, uma estatueta de um ídolo em pedra negra, que tinha sua provável origem no Brasil. Ao consultar um médium, ele foi convencido de que o artefato fora construído por membros de uma civilização que habitava “um grande conti-nente de forma irregular que se estendia do litoral da África à América do Sul”. O explorador acreditou que se tratava da Atlântida, e que aquele objeto pertencera a remanescentes daquela cultura, que ainda habitavam terras brasileiras.

Movido pela curiosidade, o explorador veio para o Brasil e adquiriu um mapa antigo que mostrava uma cidade sem nome localizada numa região inexplorada do Mato Grosso. Fawcett nomeou-a como cidade X, organizou uma expedição que incluía seu filho Jack Fawcett e se embrenhou pela selva à procura da confirmação de suas suspeitas. Em sua última carta dirigida à sua esposa, o coronel escreveu a respeito de informações que obteve sobre uma velha metrópole abando-nada, localizada às margens de um lago. Depois disto nunca mais se teve notícias confiáveis a respeito dos aventureiros.

Quando Geraldine divulgou seus contatos com o coronel, ela afirmou que ele enviava suas mensagens em estado de semiconsciência; estava ainda encarnado, mas bastante adoentado. Segundo a médium, ele afirmou ter encontrado relíquias e disse que os objetos tinham pertencido à civilização atlante. Ao final de quatro meses, as mensagens foram interrompidas.
Em 1948, a médium afirmou que ele voltou a contatá-la, desta vez para informar que finalmente estava desencarnado. E em 1955, deu publicidade ao livro “O Destino do Coronel Fawcett”.

Em 1951 publicou “Incognoscível Adventures”, que contêm material autobiográfico.

Mas, Geraldine não parou por aí. Segundo seus críticos, ela tinha uma sintonia com Espíritos de pessoas que ficaram bastante conhecidas quando encarnadas. E assim em 1957, ela informou que o Espírito Winnifred Coombe-Tennant e que tinha desencarnado em 1956, havia iniciado um contato que durou cerca de dois anos e meio sob o pseudônimo de “Mrs. Willett” e resultou numa série de quarenta manuscritos. Ela ainda publicou vários outros livros.

Enquanto “Os Escritos de Cléofas”, são obras mediúnicas de caráter espírita, o mesmo já não se pode dizer de outros ditados mediúnicos, uma vez que já não inspiraram tanta confiança e não mais havia Ernesto Bozzano para analisá-los. Além do que, os que fizeram este trabalho de análise, posterior a Bozzano, também não inspiram a confiabilidade do conhecimento e da imparcialidade.


A Mediunidade de Geraldine Cummins


Rodger I. Anderson - Sr. Anderson é um escritor free-lance com um interesse especial no problema da sobrevivência.  Ele também publicou artigos no Journal of Religion and Psychical Research, Parapsychology Review, e Theta.


Introdução


Poucos estudantes do paranormal não são familiares com o assim chamado “Caso do Broche Perolado”, relatado pela primeira vez em 1917 por Barrett, e agora entre os melhores casos de ocorrências sugestivas de vida após a morte. O caso, que envolvia um item de informação desconhecido a todos os presentes, foi um produto conjunto de duas mulheres experimentando a tábua ouija. Uma era Hester Travers Smith, a outra, uma jovem dama conhecida somente no relatório de Barrett como “Senhorita C”. Na visão de Barrett, a evidência fornecida por essas duas senhoras apontava inquestionavelmente para uma mensagem telepática do morto, mas a Senhorita C. tinha outra opinião. Para ela, parecia mais provável que o caso se tratasse de telepatia atrasada entre o alegado comunicador e ela própria, a informação estando latente em seu subconsciente até emergir pela notícia da morte do comunicador, o ornamento espiritualista da sessão e a tábua ouija. Na época, ela achou essa explicação plenamente satisfatória, embora quase 40 anos depois ela escrevesse com relação a isso: “Maravilhoso é o conceito da juventude” (Cummins, 1951, p. 26).

A “Senhorita C.” no relatório de Barrett era Geraldine Dorothy Cummins, que até sua morte, em 1968,  foi vista como uma das principais automatistas do mundo. O senhor William Barrett, no relatório já citado, descreveu-a como um jovem sensitiva de futuro promissor; E.B. Gibbes, sua principal investigadora por quase 30 anos, predisse que “é provável que ela entre para a posteridade como uma das melhores psicógrafas que já passou pelos anais da pesquisa psíquica” (1955, p. 162); Rosalind Heywood, ela própria uma investigadora e psíquica, descreveu os escritos da automatista como entre os mais interessantes que ela conhecia (1970, p. 406); e autoridades notáveis tais como Raynor C. Johnson (1963, p. 153), C. D. Broad (1970, pp. vii-viii) e Robert H. Thouless (1972, p. 159) acreditavam que seus manuscritos eram fortemente sugestivos de vida após a morte. Além desses e de outros reconhecimentos à qualidade de sua mediunidade, há diversas razões adicionais para considerá-la entre os sensitivos modernos mais interessantes. Entre elas, está a sua capacidade em transmitir nitidamente a totalidade de uma personalidade falecida, de modo que mesmo os que não conheceram a pessoa enquanto viva ficam impressionados com o poder de personificação. Outra é o fato que Cummins procurou combinar na própria pessoa os papéis de médium e experimentador, o que às vezes a colocava na peculiar posição de ser menos confiante sobre a origem espiritual de uma comunicação em particular do que o investigador. Seu caso é também de interesse já que ela negava qualquer desejo de provar a sobrevivência, embora de fato considerasse essa hipótese como a única adequada para explicar certos de seus escritos em transe. Por ela própria, preferia na morte “o sono doce de um esquecimento sem sonhos” (Cummins, 1951, p. 157).


O Processo de Comunicação


Para alcançar o estado mental mais conducente à comunicação bem-sucedida, Cummins realizava um exercício bastante simples, semelhante a esses ensinados hoje em Meditação Transcendental. Concentrando-se na palavra “tranquilidade”, ou às vezes na imagem de uma piscina escura, Cummins progressivamente estreitava seu campo de atenção até que ela ficasse separada do mundo ordinário. Assumindo “escutar a atitude necessária para minha audição interna”, ela então podia como taquígrafa registrar o que ela experimentava como um “não eu”. Isto, para Cummins, não representava um trabalho passivo de transe, mas um “trabalho nítido de atividade intensa”. Em suas palavras,

A condição de tranqüilidade clarifica o desejo [de comunicar] e cria eficiência. Uma vez lançado, o desejo parece como estando em um barco pequeno no lago ou no mar da imaginação. Aí, pilotado pelo desejo, impulsionado adiante pelas ondas de imaginação, o barco pode, em certas ocasiões, alcançar o objetivo escolhido (Cummins, 1970, p. 160).

Se este desejo de comunicar estiver ausente, como esteve em várias ocasiões, o manuscrito resultante normalmente sofria como conseqüência. Depois de os poucos momentos exigidos para ficar “calma,” Cummins começaria a escrever sob a direção de qualquer um de vários “controles”, o controle específico normalmente sendo determinado pela natureza da comunicação desejada. As mensagens pertencentes ao início da história cristã normalmente eram guiadas por um grupo de “mensageiros” sob a direção de uma personalidade chamado “Silenio”; comunicações pretendendo traçar a progressão da raça humana em outro estado de existência normalmente eram ditados por um soi-disant  “Myers”; enquanto todas as mensagens pessoais do morto eram transmitidas sob a égide geral de “Astor”, um antigo grego que foi designado pela primeira vez a Cummins pelo controle egípcio de Hester Travers Smith. Esse controle principal (ou “daemon”, como Cummins preferia) foi considerado pela automatista como um self secundário cuja personalidade era, na maioria dos aspectos, contra-similar a sua própria (Cummins, 1951, p. 23).  Diferentemente de muitos outros médiuns, no entanto, Cummins mantinha um relacionamento cordial com suas tropas de controles e comunicadores, que nunca se intrometeram em seu estado normal de vigília ou em seu sono.

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Os mecanismos de comunicação no caso de Cummins eram praticamente os mesmos que os exibidos por automatistas escreventes pelo mundo todo. Depois de sentar silenciosamente por alguns momentos, com a mão esquerda sobre os olhos, o seu cotovelo repousando na mesa, a mão direita de Cummins repentinamente se movia como se dotada de vontade própria, enchendo páginas e páginas de papel ofício com manuscritos perfeitamente legíveis sem hesitação ou correção. A caligrafia e a forma de se expressar diferiam tanto entre os comunicadores quanto da própria mão e estilo de Cummins, enquanto a taxa de composição era às vezes superior a 1.600 palavras por hora. Isto estava em contraste notável com a velocidade normal de Cummins, que normalmente não excedia algumas centenas de palavras por dia. Às vezes, uma comunicação cessava e não prosseguia durante semanas ou mesmo meses, mas ao continuar não mostrava qualquer quebra ou descontinuidade com o que tinha sido registrado antes. As testemunhas que se sentavam com Cummins normalmente ficavam muito impressionadas por esta exibição de escrita automática, embora a maioria tenha reconhecido que foi o conteúdo dos manuscritos, e não seu modo de produção, o que pôs Cummins à parte de outros automatistas que exibem uma facilidade semelhante na escrita, mas sem qualquer indicação de comunicação paranormal.

PARTE 2