PESSOAS ESPECIAIS

A vida insólita de Charles Fort, investigador do incomum

fort1"Proponho que existe um mundo ainda desconhecido e a humanidade apenas conquistará seu direito...

como proclamado senhor de tudo, quando este mundo for totalmente explorado e compreendido" - Charles Fort. Charles Hoy Fort teve uma vida extremamene curiosa. Nascido em 1874 em uma próspera família em Albany, interior de Nova York, Fort, hoje é considerado o verdadeiro iniciador dos estudos e pesquisas de tudo quanto existe de insólito e misterioso na face da Terra. Talvez tenha sido ele o primeiro pesquisador a buscar explicações para fenômenos inexplicáveis pela ciência oficial. Aos 18 anos, Fort deixou sua casa e passou a viajar pelo mundo querendo ganhar experiência de vida. Ele conheceu os Estados Unidos de costa a costa e viajou para a Europa e África, acumulando dezenas de empregos temporários que o levavam de um lugar para o outro.

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No tempo livre, fazia anotações a respeito de folclore, superstições e fábulas de cada local que conhecia. Envolveu-se em todo tipo de desventura trabalhando como marinheiro e conheceu vários países. Com 24 anos resolveu encerrar suas jornadas e decidiu retornar aos Estados Unidos e se estabelecer em Nova York, onde acabou casando com Anna Filling. Charles se tornou jornalista free-lancer, correspondente e escritor nas horas vagas tendo escrito mais de 10 novelas de ficção científica. Ele também continuava fascinado por fenômenos inexplicáveis e escrevia constantemente a respeito deles, além de realizar pesquisas. Se algo inusitado acontecia, Fort viajava até o local e entrevistava pessoalmente as testemunhas, tirava fotos e em alguns casos reencenava o ocorrido para captar detalhes. Seu olhar meticuloso ajudava a separar relatos verdadeiros de farsas.

Trabalhando para agências de notícias, Fort reunia notas e reportagens retiradas de jornais e revistas de todo o mundo, que lhe eram enviadas por amigos e incentivadores. Fort chegou a catalogar mais de 60 mil ocorrências inexplicáveis, envolvendo acontecimentos estranhos no campo do oculto, do paranormal e do sobrenatural. Na sua coleção constavam casos de aparições de fantasmas, possessão demoníaca, monstros marinhos, alienígenas, luzes misteriosas, desaparecimentos no Triângulo das Bermudas, avistamento de criaturas mitológicas e principalmente sobre as chamadas "chuvas bizarras". Todo esse material era armazenado em seus arquivos e usado como referência para os artigos publicados em uma revista artesanal, uma espécie de fanzine da época, chamado "Science and the Unknown" (Ciência e o desconhecido).

Em 1925, Fort deixou a América para viver na Inglaterra. Ele passou a residir em Londres próximo ao Museu Britânico, onde costumava passar horas vasculhando o acervo atrás de livros e documentos. Durante os 8 anos em que viveu na Inglaterra, Fort visitou a biblioteca do Museu diariamente, prosseguindo em sua pesquisa de material. Fort foi um dos primeiros a defender a hipótese de vida extraterrestre e da existência de seres alienígenas vivendo na Terra, espionando e colonizando aos poucos o nosso planeta. Para apoiar as suas teorias ele apresentava "artefatos" alienígenas e fotografias obtidas e enviadas pelos seus leitores. Charles acreditava que governos mundiais tinham conhecimento da existência de seres extraterrestres e que vigorava uma espécie de acordo entre os líderes mundiais e essas raças. Charles também era um leitor compulsivo e se dizia um cético disposto a mudar de opinião se provas lhe fossem apresentadas. Participante ativo de grupos de discussão, figura fácil em círculos espíritas e um entusiasta das chamadas ciências proibidas, ele alegava ter ingressado em várias sociedades secretas dedicadas ao oculto.

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Seu trabalho intenso de pesquisa, que envolveu estudos em uma série de ramificações das ciências foi transformado em um livro publicado em 1919, O Livro dos Danados (The Book of Damned). O livro foi recebido com entusiasmo pelos seus seguidores e com absoluta indiferença por outros, que o julgavam um louco desvairado. No Livro dos Danados, Fort analisava os fenômenos mais impressionantes com os quais havia cruzado durante suas investigações, ele também lançava um desafio aberto para que qualquer cientista capaz de desvendar a natureza desses fenômenos, o fizesse. Ninguém o fez! Em 1923, ele publicou "Terras Novas", a respeito de mitos sobre cidades e civilizações perdidas, no qual dedicou vários parágrafos a cidades ocultas no interior do Brasil.

Ele escrevu ainda "Lo!" e "Talentos Selvagens", menos conhecidos mas ainda assim reverenciados nos Estados Unidos e Inglaterra. Este último livro versa a respeito de parapsicologia, um campo em que Fort realmente depositava esperanças de se converter em uma ciência capaz de explicar os enigmas do mundo. Em "Talentos", Fort analisava as capacidades mediúnicas, a telepatia, telecinese, o fenômeno poltergeist e teleportação (termo que ele mesmo inventou). Fort morreu em 1932, vítima de uma "doença misteriosa" que o matou em poucos meses(acredita-se que ele sofria de leucemia). Após sua morte, suas teorias controversas, começaram a ganhar força em círculos de estudiosos (composto tanto por eruditos quanto curiosos) que se reuniam para discutir as idéias. Assim nasceu a Sociedade dos Amigos de Charles Fort ou Sociedade Forteana, um grupo devotado a dar prosseguimento ao estudo no campo do desconhecido.

O primeiro a declarar seu apoio a Fort foi o roteirista de cinema Ben Hecht, que em uma resenha a respeito do Livro dos Danados declarou: "Eu sou o primeiro discípulo de Charles Fort... daqui para frente sou um Forteano". Vários escritores conhecidos e indivíduos de renome se tornaram parte da sociedade que funcionava como um clube de debate com sede nas principais cidades norte-americanas e na Grã-Bretanha.

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Nessas sedes, Forteanos discutiam a existência de certos fenômenos e apresentavam evidências de outros. O primeiro "mandamento" da Sociedade é ter a mente aberta para novas idéias e linhas de pensamento, mesmo aquelas que desafiam a compreensão. Ao mesmo tempo. o Forteano tem que conservar um olhar cético. A Sociedade Forteana existe até os dias atuais, o número de membros nunca foi tão grande. Eles estão presentes em círculos de pesquisa, espalhados pela internet e em qualquer lugar onde há uma teoria da conspiração prestes a surgir.

Charles Fort como contato em cenários de Call of Cthulhu/ Rastro de Cthulhu

Contar com um aliado como Charles Fort pode ser interessate para os investigadores do Mythos. Eu tenho suspeitas que o personagem Jackson Elias, um escritor e aventureiro, apresentado na campanha "Masks of Nyarlathotep" foi inspirado em Charles Fort. Algumas teorias defendidas por Fort (e pelos seus seguidores) são incrivelmente estranhas, bizarras até, por isso a noção de um mal ancestral ameaçando toda a existência, talvez não seja encarada de todo absurdas. Fort, no entanto, se dizia um cético e a não ser que os investigadores tenham provas mínimas da existência do Mythos ele se mostrará reticente. Em uma abordagem diferente, o "pai do inusitado" pode ser ele próprio um investigador do Mythos, dedicado a compreender e combater essas forças tenebrosas. Ao longo de sua carreira como pesquisador é bem possível que Fort tenha encontrado indícios da existência e da ação do Mythos ao redor do mundo. Nas suas viagens como marinheiro é bem possível que ele tenha ouvido lendas referentes aos Profundos ou mesmo Cthulhu. Suas pesquisas de campo podem ter lhe fornecido um insight a respeito da ação de cultos e de bruxos. Fort também pesquisou cidades e civilizações perdidas, ele pode ter relacionado algumas dessas lendas com entidades do Mythos.

É bem provável também que um estudioso de tudo que é estranho tenha em algum momento ganho acesso a tomos dedicados ao conhecimento antigo. Em sua estada em Londres, Fort teria pesquisado o acervo da Biblioteca Britânica que possui vários livros do Mythos, inclusive uma edição do Necronomicon. Se Fort é um conhecedor ou não do Mythos cabe ao guardião determinar, assim como cabe a ele dizer qual a reação do pesquisador a essa descoberta e mesmo se a "morte misteriosa" dele foi consequência de algo mais sinistro.


O realismo fantástico de Charles Hoy Fort

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Na Topografia da Inteligência poder-se-ia definir o conhecimento como a ignorância - rodeada de risos -.
"Caem pedras com o raio. Os camponeses do mundo inteiro acreditaram nos meteoritos, a ciência excluiu-os. Os camponeses acreditam nas pedras de raio, a ciência exclui. É inútil sublinhar que os camponeses percorrem os campos, enquanto os cientistas se encerram nos seus laboratórios e nas salas de conferências - O Livro dos Danados - Charles Fort. ("Danados" são os fatos excluídos pelas ciências, quando não pode explicá-los e desvendá-los).

Charles Fort citando o estudo dos meteoritos, lança uma farpa em Lavoisier que afirmava há, mais ou menos, cento e cinqüenta anos atrás - do céu não podem cair pedras, no céu não existem pedras -. Entretanto, as "Pedras de Raio" não se parecem com meteoritos: têm uma cor verde lodosa e a forma de cunha. Possuem ranhura, mais ou menos profunda que divide a parte polida e cheia de sinais escuros, da parte superior , cinza claro esverdeada, não polida. Charles Fort as definiu como sendo comunicações de outros mundos com alguns de nós, ou com, talvez, alguma sociedade secreta, ou algo ainda incompreensível para nós. Os camponeses vêm estas pedras estranhas caírem com o raio debaixo das cercas, nos pés das árvores ou enterrada nos seus troncos. A pedra de raio conserva esta designação ou a de "achas do trovão" em todos os recantos do mundo, conforme pesquisa feita pelo Mestre do Realismo Fantástico. No candomblé é o corpo (OTÁ) de Xangô e Iansã, deuses que regem os raios e as tempestades.

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Na prática:

Em uma fazenda de Minas Gerais, foi encontrada a "Pedra de Raio" que a ilustração exibe, enterrada no pé de uma árvore. Os camponeses da região a reconheceram imediatamente, como sendo uma "Pedra de Raio", que despenca dos céus com os raios e é encontrada debaixo das cercas, no pé das árvores ou nos seus troncos. No Paraná, obtivemos a mesmíssima explicação e a mesma denominação, "Pedra de Raio", que um açougueiro mantinha no seu balcão, como "peso" de papéis de embrulho.

" Creio que nos pescam, mas apenas o menciono de passagem. Será que somos muito apreciados pelos superprovadores das esferas superiores? Estou certo de que flutuaram diversas redes na nossa atmosfera e que foram identificadas a trombas ou a furacões" (O Livro dos Danados - Charles Fort).

Na prática:


Três rapazes se dirigiam para a fazenda, altas horas da noite, por estrada deserta. Uma enorme rede, desenrolada dos céus à sua frente, bem baixa, tão baixa que os três abaixaram as suas cabeças, prevenindo-se contra o impacto da rede no vidro do automóvel. Como que por encanto, a rede foi recolhida no algures.
"Creio que nos pescam, mas apenas menciono de passagem"...

"Chuvas de substância animal... gelatinosa... admitir-se-á que nos espaços infinitos flutuem regiões viscosas e gelatinosas". Charles Fort.

Na prática: Em uma "experiência fora do corpo", sob o treinamento do "The Monroe Institute", uma brasileira, tutelada por mão muito feminina e delicada, foi obrigada a emergir de um mar gelatinoso e vermelho, como que subindo de uma dimensão inferior para uma superior.

Fonte: http://mundotentacular.blogspot.com.br
          http://www.jornalinfinito.com.br/